sexta-feira, 30 de novembro de 2018

LULA: MORO SAIU DO ARMÁRIO


Em carta ao Diretório Nacional do PT, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva denunciou 
que o ex-juiz Sérgio Moro, que o condenou sem nenhuma prova, "saiu do armário em que 
escondia sua verdadeira natureza" de político de toga; "Se alguém tinha dúvidas sobre o 
engajamento político de Sergio Moro contra mim e contra nosso partido, ele as dissipou ao 
aceitar ser ministro da Justiça de um governo que ajudou a eleger com sua atuação parcial. 
Moro não se transformou no político que dizia não ser. Simplesmente saiu do armário em que 
escondia sua verdadeira natureza"
Companheiras e Companheiros,
Do fundo do meu coração, agradeço por tudo o que fizeram neste processo eleitoral tão difícil que vivemos, absolutamente fora da normalidade democrática. Quero que levem meu abraço e minha gratidão a cada militante do nosso partido, pela generosidade e coragem diante da mais sórdida campanha que já se fez contra um partido político neste país.
Agradeço à companheira Gleisi Hoffmann e a toda a nossa direção nacional, por terem mantido o PT unido em tempos tão difíceis; por terem sustentado minha candidatura até as últimas consequências e por terem se engajado totalmente, com muita força, na candidatura do companheiro Fernando Haddad.
Agradeço ao companheiro Fernando Haddad por ter se entregado de corpo e alma à missão que lhe confiamos. Ele enfrentou com dignidade as mentiras, a violência e o preconceito. Saiu das eleições como um líder brasileiro reconhecido internacionalmente.
Agradeço à companheira Manuela D’Ávila e aos partidos que nos acompanharam com muita lealdade nessa jornada.
Saúdo os quatro governadores que elegemos, em especial a companheira Fátima Bezerra, e também os que não conseguiram a reeleição mas não desistiram da luta nem dos nossos ideais. Saúdo os senadores e deputados eleitos e todos os que, generosamente, se lançaram candidatos, fortalecendo a votação em nossa legenda.
A luta extraordinária de vocês nos levou a alcançar 47 milhões de votos no segundo turno. Apesar de toda perseguição, de todas as tramoias que fizeram contra nós, o PT continua sendo o maior e mais importante partido popular deste país. E isso nos coloca diante de imensas responsabilidades.
O povo brasileiro nos deu a missão de manter acesa a chama da esperança, o que significa a defesa da democracia, do patrimônio nacional, dos direitos dos trabalhadores e do povo que mais precisa. Tudo isso está ameaçado pelo futuro governo, que tem como objetivo aprofundar os retrocessos implantados por Michel Temera partir do golpe que derrubou a companheira Dilma Rousseff em 2016.
Esta não foi uma eleição normal. O povo brasileiro foi proibido de votar em quem desejava, de acordo com todas as pesquisas. Fui condenado e preso, numa farsa judicial que escandalizou juristas do mundo inteiro, para me afastar do processo eleitoral. O Tribunal Superior Eleitoral rasgou a lei e desobedeceu uma determinação da ONU, reconhecida soberanamente em tratado internacional, para impedir minha candidatura às vésperas da eleição.
Nosso adversário criou uma indústria de mentiras no submundo da internet, orientada por agentes dos Estados Unidos e financiada por um caixa dois de dimensões desconhecidas, mas certamente gigantescas. É simplesmente vergonhoso para o país e para a Justiça Eleitoral que suas contas de campanha tenham sido aprovadas diante de tantas evidências de fraude e corrupção. É mais uma prova da seletividade de um sistema judicial que persegue o PT.
Se alguém tinha dúvidas sobre o engajamento político de Sergio Moro contra mim e contra nosso partido, ele as dissipou ao aceitar ser ministro da Justiça de um governo que ajudou a eleger com sua atuação parcial. Moro não se transformou no político que dizia não ser. Simplesmente saiu do armário em que escondia sua verdadeira natureza.
Eu não tenho dúvida de que a máquina do Ministério da Justiça vai aprofundar a perseguição ao PT e aos movimentos sociais, valendo-se dos métodos arbitrários e ilegais da Lava Jato. Até porque Jair Bolsonaro tem um único propósito em mente, que é continuar atacando o PT. Ele não desceu do palanque e não pretende descer. Temos de nos preparar para novos ataques, que já começaram, como vimos nas novas ações, operações e denúncias arranjadas que vieram neste primeiro mês depois das eleições.
Jair Bolsonaro se apresentou ao país como um candidato antissistema, mas na verdade ele é o pior representante desse sistema. Foi apoiado pelos banqueiros, pelos donos da fortuna; foi protegido pela Rede Globo e pela mídia, foi patrocinado pelos latifundiários, foi bancado pelo Departamento de Estado norte-americano e pelo governo Trump, foi apoiado pelo que há de mais atrasado no Congresso Nacional, foi favorecido pelo que há de mais reacionário no sistema judicial e no Ministério Público, foi o verdadeiro candidato do governo Temer.
Não teve coragem de participar de debates no segundo turno, de confrontar conosco suas ideias para a economia, o desenvolvimento, a geração de empregos, as políticas sociais, a política externa. E vai executar um programa ultraliberal, de entreguismo e privatização, que não foi apresentado aos eleitores e muito menos aprovado nas urnas.
Ele explorou o desespero das pessoas com a violência; a indignação com a corrupção e a decepção com os políticos. Mas não tem respostas concretas para nenhum desses desafios. Primeiro porque a proposta dele para segurança é armar as pessoas, o que só vai aumentar a violência. Segundo, porque Sergio Moro e a Lava Jato premiaram os corruptos e corruptores da Petrobrás. A maioria está solta ou em prisão domiciliar, gozando as fortunas que roubaram. E por fim, Bolsonaro é, de fato, o representante do sistema político tradicional, que controla a economia e as instituições no país.
As mesmas pessoas que elegeram Bolsonaro vão julgá-lo todos os dias, pelas promessas que não vai cumprir e pelo que vai acontecer em nosso país. Temos de estar preparados para continuar construindo, junto com o povo, as verdadeiras soluções para o Brasil, pois acredito que, por mais que queiram, não vão conseguir destruir nosso país.
O PT nasceu na oposição, para defender a democracia e os direitos do povo, em tempos ainda mais difíceis que os de hoje. É isso que temos de voltar a fazer agora, com o respaldo dos nossos 47 milhões de votos, com a responsabilidade de sermos o maior partido político do país.
E como diz a companheira Gleisi, não temos de pedir desculpas por sermos grandes, se foi o eleitor que assim decidiu. Queremos e devemos atuar em conjunto com todas as forças da esquerda, da centro-esquerda e do campo democrático, num exercício cotidiano de resistência.
Temos de voltar às ruas, às fábricas, aos bairros e favelas, falar a linguagem do povo, nos reconectar com as bases, como disse o Mano Brown. Não podemos ter medo do futuro porque aprendemos que o impossível não existe.
Até o dia do nosso reencontro, fiquem com um grande abraço do

Luiz Inácio Lula da Silva

FRANÇA E BRICS ISOLAM BOLSONARO: SEM ACORDO AMBIENTAL, NÃO TEM ACORDO COMERCIAL


Começam as retaliações às declarações intempestivas de Jair Bolsonaro; o presidente da 
França, Emmanuel Macron, disse nesta quinta-feira (29) que a possibilidade de apoiar o 
acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul depende da posição de Bolsonaro sobre 
o Acordo Climático de Paris, que o capitão ameaçou romper; "Não podemos pedir aos 
agricultores e trabalhadores franceses que mudem seus hábitos de produção para liderar a 
transição ecológica e assinar acordos comerciais com países que não fazem o mesmo. 
Queremos acordos equilibrados", disse Macron. Assim como a França, os países dos BRICs 
(Rússia, Índia, China e África do Sul) também defenderam a "plena implementação" das 
normas ambientais do acordo; ou seja, na prática, Bolsonaro vem sendo isolado na cena 
internacional; mais cedo, Bolsonaro disse que não assinaria acordos que prejudicassem o 
agronegócio

Da Sputnik Brasil - O BRICS emitiu comunicado nesta sexta-feira (30) com críticas ao 
protecionismo e fez defesa da Organização Mundial do Comércio (OMC) como fórum do comércio 
mundial e da importância do Acordo de Paris.
A nota é assinada pelos líderes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
"Reafirmamos nosso total apoio ao sistema multilateral de comércio baseado em regras, representado 
pela OMC (...). O espírito e as regras da OMC são contrários a medidas unilaterais e protecionistas. 
Instamos todos os membros a se oporem a essas medidas inconsistentes com a OMC, a reafirmarem 
os compromissos que assumiram na OMC e a recuarem de tais medidas de natureza discriminatória e 
restritiva", afirmou o bloco em sua nota.
Os líderes das cinco principais economias emergentes disseram estar prontos para conversas francas 
com outros membros da OMC que ajudariam a melhorar o trabalho da organização.O texto também 
pontua que o BRICS está comprometido com a "plena implementação" do Acordo de Paris e diz 
sobre "a importância e a urgência" de garantir recursos ao Fundo Verde para o Clima. "Instamos os 
países desenvolvidos a proverem aos países em desenvolvimento apoio financeiro, tecnológico e de 
capacitação, para aumentar suas capacidades de mitigação e adaptação [à mudança climática]", diz a 
nota.
Os líderes do BRICS pediram à comunidade internacional para unir esforços sob a égide da ONU na 
luta contra o terrorismo e aderir a uma abordagem multifacetada deste problema.

COMENTÁRIO DO DIA: QUEM SE AGACHA MAIS: BOLSONARO PAI OU FILHO?

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Oliver Stone: “Precisamos tirar Lula da cadeia”


Em entrevista ao jornal Brasil de Fato, Oliver Stone, cineasta e 
roteirista estadunidense, prestou solidariedade aos brasileiros, 
pediu que todos resistam ao governo de Bolsonaro e defendeu a 
liberdade de Lula .
Assista ao vídeo:

PULHOCCI DÁ O ULTIMO GOLPE !! POE TORNOZELEIRA E VAI PARA CASA. DE QUEBRA FICA COM 30 MILHÕES


Fonte na Polícia Federal. Repetindo: Pulhocci terá R$ 30 milhões desbloqueados. Como 
acontece nesses casos, parte desses R$ 30 milhões irá para seu advogado, Adriano Bretas, mas 
Pulhocci manterá uma bolada com ele. Irá para casa, mas, para isso, terá que continuar 
dizendo o que os investigadores querem — Lula, claro, no centro de tudo. Pulhocci viverá sem 
honra, mas com muito dinheiro no banco.
247 - O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, preso desde setembro de 2016 na carceragem da 
Polícia Federal em Curitiba, já foi levado à sede da Justiça Federal do Paraná para colocar uma 
tornozeleira eletrônica. Dali, ele seguirá para sua casa, onde cumprirá o regime semiaberto 
domiciliar. 
O acordo que permitiu sua saída da prisão foi firmado após ele incluir em sua delação premiada os 
nomes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente deposta Dilma Rousseff como 
estando envolvidos em casos de corrupção.
Conforme determinação da 12ª Vara Federal, Palocci deverá pagar mensalmente os custos da 
tornozeleira eletrônica, da ordem de R$ 149. A progressão da pena de 12,2 anos de reclusão – e a 
redução da sentença para 9,10 anos de prisão - foi decidida nesta quarta-feira (28) por dois dos três 
desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), que julgaram que 
os termos do acordo de delação premiada do ex-ministro foram efetivos. O tempo que ele já passou 
na prisão será descontado do total da pena.

BOLSO VÍDEO SHOW: Bolsonaro desmente Onyx diante das câmeras e diz que participou de decisão sobre a COP 25








Crime contra a economia popular e calote: a ficha corrida do futuro ministro do Turismo.

 
porJoaquim de Carvalho
O futuro ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, responde a cerca de 20 processos no
Tribunal de Justiça de Minas Gerais, dos quais um é por crime contra a economia popular.
Marcelo Álvaro Antônio foi acusado de vender lotes que não lhe pertenciam e que também não 
estavam aprovados pela prefeitura.
Várias pessoas reclamaram e uma delas, Joaquim Maurílio Souza, registrou queixa na Delegacia de 
Polícia, além de entrar com um processo na justiça civil.
O advogado de Joaquim na esfera cível, procurado pelo DCM, disse que Marcelo Álvaro e um sócio 
fizeram acordo e devolveram o dinheiro à vítima.
Mas o processo criminal prosseguiu e agora, dezesseis anos depois, a audiência de instrução e 
julgamento foi marcada para o dia 5 de fevereiro do ano que vem.
O julgamento, é preciso destacar, foi marcado antes que o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio 
fosse anunciado ministro de Jair Bolsonaro.
Caso condenado, Marcelo pode pegar até 5 anos de reclusão, conforme dispõe a Lei 6766/79, que 
dispõem sobre a regularidade de loteamentos.
O advogado Hélcio Lemos Xavier, que defendeu Joaquim na área civil, é apresentado como 
responsável pela defesa dele também na esfera criminal.
Mas ele diz que é um erro de cadastro e não está à frente nesta ação. Mas se recorda do caso que 
envolveu seu cliente.
“Marcelo, o irmão (Marco Túlio) e mais um sócio venderam lotes de uma área que foi reclamada 
pela Rede Ferroviária Federal. Não podiam ter vendido. O Marcelo fez acordo, pagou, mas ficou a 
ação criminal”, contou.
Na área cível, o futuro ministro do Turismo responde a cerca de 20 processos. Em um deles, é 
acusado de não pagar dívida da campanha de 2012, quando se elegeu vereador.
“Fui contratado para coordenador a campanha na zona norte de Belo Horizonte. Trabalhei durante 
três meses, ele só pagou dois”, afirma Isaltino de Castro.
Isaltino trabalha como assessor político há mais de 15 anos e teve cargo de confiança no gabinete de 
dois deputados mineiros, Célio Moreira e Wálter Tosta.
Por designação de Célio, ajudou Álvaro na eleição para vereador, mas, segundo ele, não recebeu 
pelas despesas do último mês de campanha.
Desde então, cobra o agora deputado e futuro ministro na justiça.
Em 2017, a juíza Fernanda Baeta Vicente julgou a ação improcedente, embora, na sentença, 
reconhecesse que Isaltino prestou serviços à campanha, mas o futuro ministro não reconheceu a 
dívida, que hoje é superior a 30 mil reais.
Segundo o deputado, o trabalho de Isaltino na campanha teria sido voluntário.
Mas ele contesta.
“As despesas estão todas comprovadas e se relacionam à campanha. Uma delas é com uma empresa 
de turismo”, afirma.
Isaltino é dono da agência Translidertur, mas não tem ônibus próprio.
Em 2012, durante a campanha, Álvaro teria pedido a ele que fretasse um ônibus para levar lideranças 
evangélicas da Igreja Maranata, da qual o deputado é membro, para um congresso religioso em São 
Paulo.
Isaltino fretou o ônibus junto à Pássaro Livre. O veículo, com motorista, ficou cinco dias em São 
Paulo, e não houve o pagamento pelo serviço prestado, na época fixado em R$ 5 mil.
“Como a dívida não é dele? A igreja é a que ele frequenta, os líderes todos dizem que foram no 
ônibus fretado por ele, eu apenas fiz a intermediação”, explica.
Isaltino diz que tentou fazer a cobrança amigavelmente, mas não teve chance. “Não havia outro 
caminho senão recorrer à justiça, eu preciso pagar pelos serviços prestados”, afirma.
No caso do ônibus, pode haver uma agravante. Como, segundo Isaltino, foi oferecido para agradar 
eleitores, as lideranças evangélicas, o caso poderia ser considerado um meio de compra de voto.
Também são relacionados documentos que provam o encaminhamento de eleitores para clínicas 
médicas, o que, em tese, também poderia ser caracterizado como compra de voto.
Isaltino recorreu da sentença que julgou sua ação improcedente. O fundamento da juíza foi a 
ausência de um contrato de prestação de serviços — que, a rigor, não existe em campanha nenhuma.
Marcelo Álvaro Antônio nasceu Henrique Teixeira Dias. Mudou o nome para se candidatar em 2012, 
incluindo o Álvaro Antônio para lembrar ao eleitor de quem era filho.
Seu pai, Álvaro Antônio Teixeira Dias, foi vereador, deputado estadual, deputado federal e vice-
prefeito de Belo Horizonte. Tinha prestígio e voto, muito popular na região do Barreiro, populoso 
bairro da capital mineira.
Foi secretário de Tancredo Neves, quando governador, e de Newton Cardoso. Faleceu em 2003, mas 
o filho só foi se candidatar pela primeira vez em 2012.
No bairro, é conhecido por ter sido um jovem agitado.
Álvaro Antônio ganhou notoriedade nacional em 2016, quando votou a favor da abertura de processo 
de impeachment contra Dilma Rousseff.
Dedicou o voto à mulher, a duas filhas, à mãe, ao bairro do Barreiro. Esqueceu de mencionar o filho. 
Na mesma sessão, voltou ao microfone para corrigir o lapso, e dizer que, se não fizesse isso, teria 
problemas em casa.
Em 2017, foi anunciado por Jair Bolsonaro como coordenador de sua pré-campanha em Belo 
Horizonte.
Na época, filiado ao PR, foi acusado de golpe contra o PEN, rebatizado Patriotas, partido pelo qual 
Bolsonaro disputaria a eleição — acabou saindo pelo PSL.
Álvaro foi para esse partido com Bolsonaro, chegou a ser anunciado como possível vice, e agora se 
tornou ministro. Leva para o governo o nome do pai e uma lista grande de processos na justiça.
PS: Procurei o gabinete do deputado Marcelo Álvaro Antonio e ainda não obtive retorno. Tão logo 
ele responda às questões encaminhadas, serão publicadas.

O CHANCELER DO BOLSO AINDA NEM ASSUMIU E JÁ TEM APELIDO: "PASTOR TARJA PRETA"...KKKK....


Circula em grupos de WhatsApp de funcionários de carreira do ministério das Relações 
Exteriores uma carta aberta e apócrifa ao futuro chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, 
contendo veementes críticas aos posicionamentos que tem manifestado o ministro indicado em 
entrevistas e em seu blog pessoal; segundo consta na carta apócrifa, Araújo resume sua 
atuação a "aparições em blogs e artigos e a tentar desconstruir e desmantelar uma instituição, 
seus integrantes e sua qualificada atuação internacional"
“Pastor das Relações Exteriores”
247 - Circula em grupos de WhatsApp de funcionários de carreira do ministério das Relações 
Exteriores uma carta aberta e apócrifa ao futuro chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, contendo 
veementes críticas aos posicionamentos que tem manifestado o ministro indicado em entrevistas e 
em seu blog pessoal.
A carta foi enviada por um servidor do Itamaraty. Outros três diplomatas do órgão confirmaram que 
o texto está circulando nos grupos de celulares dos servidores do ministério e que ninguém duvida se 
tratar de uma carta escrita por um diplomata brasileiro. Temendo represálias, todos os funcionários 
ouvidos só concordaram em dar declarações sob a condição do anonimato.
A mensagem apócrifa traz respostas a críticas que o futuro chanceler tem feito a seus colegas de 
Itamaraty, como as de que boa parte dos diplomatas "são pretensiosos e precisam ser reeducados". e 
que será preciso "libertar o Itamaraty do marxismo cultural".
Também é intenção do autor responder a um artigo publicado pelo escolhido de Bolsonaro em um 
jornal local do Paraná, que pode ser lido aqui. O texto critica a classe diplomática, o Itamaraty e até 
as Nações Unidas: "No idioma da ONU, é impossível traduzir palavras como amor, fé e patriotismo."
Então, segundo consta na carta apócrifa, Araújo resume sua atuação a "aparições em blogs e artigos e 
a tentar desconstruir e desmantelar uma instituição, seus integrantes e sua qualificada atuação 
internacional. Todos somos marxistas e precisamos ser reeducados. Apenas ele é dono da verdade e 
ainda usa a expressão 'diplomatas pretensiosos' para tentar desqualificar os demais."

MORO NUM PAIS TROPICAL


ser um país com algumas originalidades musicais, carnavalescas, geográficas, mas um país 
atrasado de um povo atrasado. E não há o que responder." E prossegue: "onde, no mundo não 
atrasado, um juiz faria dezenas de conduções coercitivas ilegais, prisões como coação ilegal a 
depoentes, gravações ilegais de acusados, parentes e advogados, divulgação ilegal dessas 
gravações, excesso ilegal de duração de prisões, e sua impunidade permanecesse acobertada 
por conivência ou medo das instâncias judiciais superiores? Condutas próprias de ditadura, 
mas em regime de Constituição democrática."
A torrente de acusações judiciais que, de repente, voltou a cair sobre Lula, Dilma Rousseff e até 
Fernando Haddad —em contraste com o presente antecipado de libertação do delator Antonio Palocci
— até agora não teve êxito algum em sua função extrajudicial. Não fez parecer que a continuidade 
de acusações nega a finalidade, nas anteriores à eleição, de impedir a candidatura de Lula e sua 
previsível vitória.
O próprio beneficiário do efeito extrajudicial, Sergio Moro, facilitou o fracasso. Ao renegar a 
afirmação de que jamais se tornaria político, e incorporar-se ao governo que ajudou a eleger, mais do 
que desmoralizou o seu passado de juiz —como disse que aconteceria, se passasse à política. Tornou 
mais desprezível a imagem do futuro governo e do país exposta a cada dia pela imprensa mundial.
Voltamos a ser um país com algumas originalidades musicais, carnavalescas, geográficas, mas um 
país atrasado de um povo atrasado. E não há o que responder.
Onde, no mundo não atrasado, um juiz faria dezenas de conduções coercitivas ilegais, prisões como 
coação ilegal a depoentes, gravações ilegais de acusados, parentes e advogados, divulgação ilegal 
dessas gravações, excesso ilegal de duração de prisões, e sua impunidade permanecesse acobertada 
por conivência ou medo das instâncias judiciais superiores? Condutas próprias de ditadura, mas em 
regime de Constituição democrática.
No mundo não atrasado, inexiste o país onde um juiz pusesse na cadeia o líder da disputa eleitoral e 
provável futuro presidente, e deixasse a magistratura para ser ministro do eleito por ausência do 
favorito.
O juiz italiano da Mãos Limpas tornou-se político, mas sua decisão se deu um ano e meio depois de 
deixar a magistratura. Moro repôs o Brasil na liderança do chamado subdesenvolvimento tropical, 
condição em que a Justiça se iguala à moradia, à saúde, à educação, e outros bens de luxo.
A corrupção financeira tem equivalentes em outras formas de corrupção. A corrupção política, com 
transação de cargos ou postos no Legislativo, por exemplo. A corrupção sexual, a corrupção do 
poder das leis por interesses políticos ou materiais. Combater uma das formas não gera a inocência 
automática em outras.
A maneira mesma de combater a corrupção pode ser corrupção imaterial. Ao falar dessa variedade 
de antiética e imoralidades, no Brasil fala-se até do Supremo Tribunal Federal. A transação do seu 
presidente, Dias Toffoli, e do ministro Luiz Fux com Michel Temer, para um aumento em que os 
primeiros e maiores beneficiários são os ministros do STF, ajusta-se bem a diversos itens daquela 
variedade.
Sergio Moro é dado como futura nomeação de Bolsonaro para o Supremo. Muito compreensível.

BOLSONARO BATE CONTINÊNCIA PARA ASSESSOR DE TRUMP E HUMILHA BRASILEIROS


Na manhã desta quinta, o presidente eleito Jair Bolsonaro provou que governa para servir a 
interesses dos Estados Unidos e não do povo brasileiro; bateu continência ao para o assessor de 
segurança de Donald Trump, John Bolton, ao recebê-lo em sua casa no Rio; conhecido como 
'senhor da guerra', Bolton quer que o Brasil, a nova colônia dos EUA América Latina, 
pressione a Venezuela e sufoque Cuba; Bolsonaro já acabou com os Mais Médicos, deixando 
milhões de brasileiros sem assistência, e pode entrar num conflito com venezuelanos; militares 
nacionalistas, como o general Mourão, estão preocupados com a humilhante submissão do 
Brasil; segundo decreto que regulamente o tema, "a continência parte sempre do militar de 
menor precedência hierárquica"; assista o vídeo do momento humilhante para o país.

247 - Na manhã desta quinta-feira (29), o presidente eleito Jair Bolsonaro provou que governa para 
servir a interesses dos Estados Unidos – e não do povo brasileiro – ao bater continência para o chefe 
do Conselho de Segurança Nacional de Donald Trump, John Bolton; conhecido como 'senhor da 
guerra', Bolton quer que o Brasil, a nova colônia dos Estados Unidos na América Latina, pressione a 
Venezuela e sufoque Cuba; Bolsonaro já acabou com os Mais Médicos, deixando milhões de 
brasileiros sem assistência, e pode entrar num conflito com venezuelanos; militares nacionalistas, 
como o general Mourão, estão preocupados com a humilhante submissão do Brasil aos Estados 
Unidos. Assista no fim desta reportagem o vídeo humilhante para o Brasil.
Segundo o "Regulamento de Continências, Honras, Sinais de Respeito e Cerimonial Militar das 
Forças Armadas (RCont)", publicado pela portaria número 660/MD, de 19 de maio de 2009, pelo 
então Ministro da Defesa Nelson Jobim e que regula o tema, "A continência parte sempre do militar 
de menor precedência hierárquica" (artigo 14, paráfrafo 2º). Ou seja, ao bater continência a Bolton, 
Bolsonaro reconhece-o, pelo código militar, como seu superior.
A visita de Bolton ocorre no marco das relações que o presidente eleito do Brasil pretende 
estabelecer com os Estados Unidos. Se prevalecer sua vontade e do clã da Barra da Tijuca, serão 
relações de subserviência, vinculando o Brasil aos desígnios do imperialismo estadunidense e aos 
interesses comerciais e geopolíticos da superpotência do Norte. Depois de visitar Bolsonaro, Bolton 
segue para a reunião do G-20 em Buenos Aires. 
No encontro com Bolton, Bolsonaro foi acompanhado pelos futuros ministros Fernando Azevedo e 
Silva (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Ernesto Araújo (Relações 
Exteriores).
Bolton trouxe a mensagem beligerante do governo dos Estados Unidos contra Venezuela, Cuba e 
Nicarágua. Em discurso no início deste mês, John Bolton chamou os três países de "Troica da 
Tirania", e acrescentou, em tom belicoso: "Esse triângulo de terror que se estende de Havana a 
Caracas e Manágua é a causa de imenso sofrimento, ímpeto de enorme instabilidade regional e a 
gênese de um berço sórdido do comunismo no hemisfério ocidental. Os Estados Unidos esperam que 
cada um dos lados do triângulo caiam, a Troica vai se esfacelar".
O "falcão" americano foi o principal proponente das novas sanções contra Cuba, que foram impostas 
pelo govenro Trump há uma semana, e é grande crítico da aproximação dos EUA com a ilha, 
implementada durante o governo Obama.
É longa a biografia de Bolton como "senhor" da guerra. Participou dos governos de Ronald Reagan, 
George Bush e George W. Bush. Foi um dos articuladores da Guerra do Iraque em 2003, durante o 
governo de George W. Bush, e recentemente defendeu o uso da força contra o Irã e a Coreia do 
Norte.
No último governo Bush, ele ajudou a "vender" para a comunidade internacional a teoria de que 
Saddam Hussein possuía armas de destruição em massa no Iraque. Posteriormente foi comprovado 
que o regime do então líder iraquiano não tinha esse tipo de armamento.
No afã para invadir o Iraque, Bolton pressionou pela demissão do brasileiro José Bustani, que era 
presidente da agência das Nações Unidas responsável por monitorar a existência de armas químicas. 
Na época, o novo conselheiro de Trump era subsecretário de Estado do governo George W. Bush.
José Bustani queria enviar especialistas ao Iraque antes da invasão dos EUA para verificar se, de 
fato, Saddam possuía armas de destruição em massa, como alegavam os americanos.
O brasileiro afirma que recebeu um telefonema "ameaçador" de Bolton, na ocasião. Pouco depois, 
Bustani foi demitido do cargo com o voto de um terço dos países-membros da ONU.
O governo de Trump tem interesse em envolver o Brasil na sua política de sanções econômicas e 
planos intervencionistas contra a Venezuela.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Em Jantar "Brincadeira" Toffoli expõe promiscuidade entre chefe do Judiciário, multinacionais influentes e governo dos EUA

Da esquerda para a direita: Eduardo Toledo (diretor-geral do STF), Douglas Pereira 
(Poder360), André Araújo (presidente da Shell no Brasil), William Popp (encarregado interino 
de negócios da Embaixada dos EUA), Paula Belizia (à frente, presidente da Microsoft Brasil), 
Paulo Celso Pereira (O Globo), Cláudia Safatle (Valor), Marcela Rocha (MR.com), Tales Faria 
(Poder360), Fernando Rodrigues ( Poder360), Dias Toffoli, Delcio Sandi (diretor de relações 
governamentais da Souza Cruz), Melchíades P. Filho (diretor da FSB), Daniela Vilhena 
(diretora jurídica da Souza Cruz), Nicola Callichio (presidente da McKinsey), Tiago Vicente 
(relações institucionais da Shell), Denise Rothenburg (Correio Braziliense), Daiane Nogueira 
(secretária-geral do STF), Guilherme Pera (editor-assistente do Poder360) e Guilherme 
Alpendre ( Poder360) Foto: Sérgio Lima/Poder360

O jantar do Toffoli com multinacionais e a Embaixada dos EUA: no cardápio, a ética pública e 
a independência do judiciário.
por Jeferson Miola, em seu blog
Imagine-se um país em que o presidente da Suprema Corte participa de um jantar promovido por 
uma empresa de jornalismo profissional ao qual comparecem – além dos jornalistas, por suposto – 
executivos de poderosas multinacionais e a Embaixada dos EUA.
Esse país existe, e não é nenhuma ditadura de alguma republiqueta desprezível; é o Brasil, e os 
comensais têm notórios interesses econômicos, geopolíticos e estratégicos no país.
Foi exatamente o que aconteceu na noite da segunda-feira, 26/11/2018.
O presidente Dias Toffoli, do STF, foi o “convidado principal da 11ª edição do encontro do Poder360-
ideias, divisão de eventos do Poder360 […] que promove debates, entrevistas, encontros, seminários 
e conferências com o objetivo de melhorar a compreensão sobre a conjuntura nacional”.
Toffoli esteve acompanhado do seu staff – a secretária-geral, o diretor-geral e o assessor de imprensa 
do STF e o secretário-geral do CNJ.
Além dos/as jornalistas, participaram do evento executivos do PIB multinacional, como o presidente, 
o vice-presidente jurídico e o executivo de relações corporativas da Coca-Cola no Brasil; o 
presidente da McKinsey & Company, conhecida como a líder mundial no mercado de consultoria 
empresarial; a presidente da Microsoft no Brasil; o presidente e o executivo de relações institucionais 
da Shell no Brasil; o diretor de relações governamentais e a diretora jurídica da Souza Cruz; e, cereja 
do bolo, o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil.
O serviço do saite Poder360 informou que “O jantar foi no tradicional restaurante Piantella, no 
centro de Brasília, e participaram do encontro jornalistas de vários veículos e empresários”. […] “A 
sala usada para o encontro fica no mezanino do estabelecimento e é decorada com fotos históricas de 
políticos e eventos do poder na capital federal”.
A reportagem do Poder360 anotou diversos temas abordados por Toffoli:
– sobre o indecente aumento salarial para a aristocracia judiciária, que custará mais de R$ 5 bilhões 
ao ano aos cofres públicos, Toffoli gaba-se que foi “O 1º desafio complexo vencido” [sic]. […] 
“Segundo o presidente do STF, a decisão é o ‘regaste da dignidade da magistratura e do Ministério 
Público’” [sic];
– sobre o limite salarial da casta privilegiada, ele entende que “Tem que acabar com o teto. O teto 
vira piso. […] O fato é que nós temos que redefinir essa questão relativa ao teto.”;
– ele reconhece que o ativismo político do judiciário tem o mesmo caráter golpista que teve o golpe 
militar de 1964: “É hora de o Judiciário se recolher ao seu papel tradicional. Deixar a política e os 
representantes eleitos pelo povo assumirem as proposições. […] Nós não podemos cometer o mesmo 
erro que os militares cometeram [em 1964].
E conclui com uma afirmação estapafúrdia, que deturpa a história: “O que a sociedade pediu [?!] foi 
para eles [os militares] entrarem, solucionarem o problema e saírem” [sic];
– sentindo-se à vontade, Toffoli antecipa juízo de valor sobre matéria que poderá ter de julgar, como 
a revogação da “PEC da Bengala”.
Em linha com os tempos bolsonaristas, usa a mesma linguagem do presidente eleito: “Isso aí é 
inconstitucional. Vai valer apenas para quem ele [Bolsonaro] indicar. É 1 esforço inútil. […] O Moro 
me disse que isso aí não existe na proposta dele.”.
O evento expõe uma perigosa e inconcebível promiscuidade entre o chefe do Poder Judiciário com 
multinacionais influentes e com o governo dos EUA.
Não se encontra na Constituição da República, tampouco na Lei Orgânica da Magistratura e no 
Código de Ética da Magistratura, algum dispositivo que Toffoli possa se amparar para justificar tão 
escandalosa intimidade.
Qual o critério para a seleção daqueles comensais é um mistério que o serviço do evento não deixa 
claro.
O certo é que se acontecesse um jantar desse estilo em Washington, o escândalo defenestraria o 
funcionário público – no caso, o juiz – em poucas horas.
Por questão de justiça, se é que se pode falar em justiça neste Brasil de exceção, deve-se lembrar que 
esta prática promíscua não foi inventada por Toffoli.
Carmem Lúcia, que o antecedeu na presidência da Suprema [sic] Corte foi a convidada do programa 
inaugural do Poder360-ideias em janeiro, em convescote que contou com a presença da Coca Cola, 
Shell, Siemens, Souza Cruz, Telefônica Vivo – além, naturalmente e por suposto, de jornalistas.
O serviço do Poder360 da época não informou o motivo para a ausência da Embaixada dos EUA 
naquele que também deve ter sido um momento tão íntimo e de inesquecível estupro do que deveria 
ser uma República, uma democracia e um Estado de Direito.
Naquele como neste evento, jantaram a ética e a moralidade pública e a independência do judiciário 
em relação ao poder econômico multinacional e a governo estrangeiro.
Nota: o registro fotográfico de Sérgio Lima/Poder360 não deixa dúvidas do clima agradável, 
amistoso e de congraçamento do jantar

APÓS TER GARANTIDO MORO E BOLSONARO, PULHOCCI É PREMIADO E VAI PRA CASA

Os desembargadores da 8ª Turma do TRFde4 João Pedro Gebran Netto e Leandro Paulsen 
decidiram nesta quarta-feira (28) que o ex-ministro Antonio Palocci deverá cumprir pena em 
regime semiaberto domiciliar e terá a duração da punição reduzida; ainda falta o voto de 
Victor Laus, mas a maioria já está formada por conceder benefícios a Palocci, depois que ele 
fez acusações contra o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff em acordo de delação 
premiada com a Polícia Federal.

247 - Depois de fazer acusações contra o ex-presidente Luiz InácioLula da Siulva e contra a 
presidente deposta Dilma Rousseff, o ex-ministro Antônio Palocci irá para prisão domiciliar.
Dois dos três desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) 
decidiram nesta quarta-feira (28) que Palocci deverá cumprir pena em regime semiaberto domiciliar 
e terá a duração da punição reduzida.
O caso de Palocci começou a ser julgado no TRF-4 em outubro. O desembargador João Pedro 
Gebran Neto, relator dos processos da Lava Jato na corte e responsável por homologar a delação de 
Palocci, havia votado para que o ex-ministro recebesse a prisão domiciliar e a redução de sua pena 
(de 12 anos, 2 meses e 20 dias para 9 anos e 10 meses) como benefícios por conta do acordo de 
colaboração.
Hoje, o desembargador Leandro Paulsen, que havia pedido vista, retomou o julgamento e seguiu o 
relator. Falta ainda o voto de Victor Laus, que completa a 8ª Turma.
Palocci está preso preventivamente em Curitiba desde setembro de 2016. Em junho do ano passado, 
ele foi condenado em primeira instância a 12 anos, 2 meses e 20 dias pelos crimes de corrupção 
passiva e lavagem de dinheiro. O tempo que o político já passou na prisão será descontado do total 
da pena.

A vida dura do usuário de maconha no Brasil (mas só se for negro e da favela)


Comissão de Assuntos Sociais do Senado pode votar na semana que vem projeto que legaliza o 
uso terapêutico da cannabis.
Artigo publicado originalmente em espanhol na Revista Cáñamo 250 e em português na Smoke Buddies
Na atual legislação penal brasileira, portar ou fazer uso de qualquer tipo de substância como são as
chamadas “drogas ilícitas” –maconha, cocaína, crack e outras– é sujeito a uma pena de até 15 anos 
de prisão em regime fechado. A última mudança legislativa ocorreu em 2006, e o texto não define 
com precisão deixando de forma subjetiva a autoridade policial como responsável por definir se 
houve apreensão de algum “usuário” ou “traficante”, mas chegou-se a pensar que isso levaria a 
descriminalização das drogas.
Entretanto, após 10 anos da aprovação desta legislação, o encarceramento quase dobrou –passou de 
401.200 pessoas presas para 726.700 pessoas presas em 2016, segundo dados do Ministério da 
Justiça. Atualmente, um terço dos presos no país responde por crimes relacionados às drogas, 
segundo levantamento do G1 com dados do Infopen. O estudo aponta que os crimes ligados as 
drogas respondem por um terço da população carcerária do Brasil. No caso das mulheres, a situação 
é ainda mais grave: 60% da população carcerária feminina no Brasil está presa por algum crime 
relacionado às drogas.
Antes mesmo das políticas proibicionistas globais de Nixon, já havia repressão ao uso de maconha no Brasil desde 1830, quando uma lei proibia o uso do “pito do pango” para “negros, mestiços e outros vagabundos”
É importante lembrar que antes mesmo das 
políticas proibicionistas globais de Nixon, no 
Brasil –e no Rio de Janeiro mais especificamente 
já havia a repressão ao uso de maconha. 
Uma lei de 1830 proibia o uso do “pito do 
pango”, como era conhecido o “baseado”, para 
“negros, mestiços e outros vagabundos” –mais 
uma prova de como o racismo está adensado nas 
questões sociais do país há décadas. A própria 
palavra “maconha” é um anagrama de cânhamo, 
fibra retirada da planta. Com o avanço da 
repressão ao uso do cânhamo, as pessoas 
passaram a chamar o santo por outro nome e surgiu a expressão maconha.
Voltando um pouco ao passado, havia uma lei no Brasil, chamada de Lei da Vadiagem, na década de 
1930, onde as pessoas eram obrigadas a estar com sua carteira de trabalho ou seriam presas. Assim, 
isso funcionou como uma cortina de fumaça, uma vez que também esta legislação foi utilizada como 
uma ferramenta racista, tendo como objetivo público, a criminalização da maconha, da capoeira e do 
samba, frutos da cultura das pessoas negras sequestradas vindas de países da África e que foram 
escravizadas no Brasil.
Nas favelas, caso alguém fumando maconha sofra uma “dura”, a primeira coisa que acontece é uma agressão, verbal ou física, por parte do agente de segurança. Nos locais frequentados pela classe média, o máximo que acontece é pedir que se apague o baseado
Hoje o samba e a capoeira são patrimônios 
culturais brasileiros e mundialmente conhecidos 
e reconhecidos como parte da vida das pessoas, 
seja caminhando enquanto volta do escritório 
onde trabalha ou com o som que vem pela janela 
nas tardes de domingo. Contudo, não houve 
mudanças significativas com relação à maconha, 
que segue criminalizada e proibida, 
especialmente para as pessoas negras e para os 
moradores das favelas e periferias que sofrem 
todos os dias com tortura, tiroteios, 
desaparecimentos forçados e os assassinatos que, 
segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Publica. 
Em contraponto, a realidade da população de 
classe média carrega uma grande quantidade de privilégios sociais, seja com relação ao uso 
pessoal e recreativo, seja com os que precisam utilizar maconha medicinal.
Existem na cidade do Rio de Janeiro mais de 900 favelas, e as pessoas que fumam um cigarro de 
maconha perto de suas casas em um destes lugares, caso sofram uma “dura” ou batida policial, a 
primeira coisa que acontece é uma agressão, seja verbal ou física por parte do agente de segurança. 
Nos locais frequentados pela classe média, o máximo que acontece é pedir que se apague o seu 
baseado, e em alguns minutos tudo volta ao normal.
No caso dos cultivadores, seja para uso como medicina ou para romper sua ligação com as facções 
que “traficam” maconha, a realidade segue por ruas diferentes para as quase 2 milhões de pessoas 
que vivem nas favelas da segunda maior metrópole da América Latina e que têm as mesmas 
necessidades.

Dos 18 projetos apresentados sobre o tema no Congresso Nacional, apenas quatro apontam uma 
posição favorável pelo fim da guerra às drogas e rumo à regulamentação da maconha. Nesta quarta-
feira, 21 de novembro, por pouco não foi votado o projeto de iniciativa popular que regulamenta o 
uso terapêutico da maconha pela Comissão de Assuntos Sociais do Senado. A votação do projeto, 
que descriminaliza o semeio, o cultivo e a colheita de Cannabis sativa para uso terapêutico pessoal, 
em quantidade não maior que a suficiente ao tratamento, e que teve parecer favorável da relatora 
Marta Suplicy (MDB-SP), acabou adiado para a semana que vem por um pedido de vista.
Outra proposta, o projeto de lei 10.549/2018, foi apresentada em julho pelo deputado Paulo Teixeira 
(PT-SP) com o objetivo de atualizar a legislação com um viés para o direito individual e o respeito 
pelos direitos humanos em geral. Aprovado o projeto, a posse, o cultivo, o transporte e o consumo de 
maconha ficariam descriminalizados, sendo possível portar até 40 gramas de maconha por mês e 
cultivar em casa até seis plantas femininas com buds/camarões. A nova legislação prevê associações 
para o cultivo coletivo, além do cultivo individual seja para uso medicinal ou pessoal.
Conversei com o deputado Paulo Teixeira sobre o projeto.
Gabriel Murga – Que impacto o projeto terá sobre a situação das pessoas presas por estarem 
carregando quantidades pequenas de maconha?
Paulo Teixeira (PT-SP) – Acredito que terá um grande impacto. Existem muitas pessoas presas por 
tráfico, sendo elas réus primários, havendo atuado sem violência e portando baixa quantidade de 
‘droga’, sendo uma delas a maconha. No sistema prisional tem muita gente com este perfil, um perfil 
que na minha opinião não deveria estar ali. A lei penal retrocede para beneficiar o réu, sendo assim 
essa lei beneficiaria de forma importante as pessoas que foram presas com pequena quantidade (de 
maconha). E terá um grande impacto também porque a lei estabelece que não se pode encarcerar 
pessoas primárias, com bons antecedentes e que não tenham atuado com violência. Esta lei não vai 
ser boa apenas para as pessoas presas, mas também para impedir novas prisões de pessoas com este 
perfil.                         
GM – Quando o projeto estará pronto para ser votado?
PT – Essa legislatura não quis enfrentar a questão, e por isso demorei para protocolar, porque havia 
uma promessa de que eu seria o relator deste projeto, o que nunca aconteceu. Por isso que protocolei 
perto de terminar essa legislatura. Então, será após essa legislatura e espero que seja uma melhor que 
a que temos agora.
GM – O que o senhor pensa da falta de acesso das pessoas mais pobres ao uso medicinal da 
maconha, enquanto os remédios importados são inacessíveis pelo seu custo?
PT – É um paradoxo que o Brasil importe remédio a base de maconha; é um paradoxo em primeiro 
lugar que pessoas tenham que entrar na justiça para obter remédio para essa procedência. E um 
paradoxo maior é importar princípios ativos que já existem no Brasil e que poderiam ser sintetizados 
ou não. Muitas pessoas poderiam ser curadas obtendo a planta e fazendo seu uso direto. Então, na 
minha opinião, vai baratear o remédio e vai ampliar o uso da planta diretamente, que é muito útil 
para várias funções. Terá um impacto muito positivo se aprovado no Congresso.
GM – O que podem fazer as pessoas que desejam essas mudanças?
PT – Em primeiro lugar, conhecer o projeto e dar o seu apoio. Em seguida, pressionar o Congresso 
para que o vote.


Na última semana de julho deste ano foi lançada uma ação chamada Droga é Caso de Política, da Plataforma Brasileira de Políticas sobre Drogas, grupo que reúne 50 organizações que atuam pela redução da violência e os danos ocasionados pelo proibicionismo. A ação tinha como objetivo central esclarecer quem eram os candidatos que apoiam a descriminalização, o autocultivo de maconha, ou apenas o uso medicinal, independente de partido ou ideologia política partidária. Se inscreveram mais de 250 candidatos à presidência, aos governos estaduais, deputados e senadores. Destes, foram eleitos dez deputados federais, onze estaduais e um distrital.
Para o coordenador de relações institucionais da PBPD, Gabriel Elias, “nos últimos anos aconteceram avanços sobre a reforma da política de drogas na sociedade. Apesar disso, temos dificuldade de que o debate chegue ao Congresso. Por isso nós decidimos criar o site para que os eleitores possam levar isso em consideração no momento de definir seus votos”.
Ele faz coro com a fala do deputado Paulo Teixeira. “Os projetos não deram um passo à frente nas suas tramitações porque existe uma maioria que impede qualquer debate sobre o tema no Congresso”, pontua. “Além do projeto mais recente, existem dois apresentados desde 2014, na Câmara dos Deputados, e o que chegou ao Senado por sugestão popular. Acreditamos que na próxima legislatura mais parlamentares eleitos com um compromisso de mudar a política de drogas no Brasil”, que ressalta também o aumento de 20% para 32% para o apoio da descriminalização da maconha, segundo o Datafolha, nos últimos cinco anos.
Tem muita gente que acredita que todas as lajes da favela vão poder plantar pés de maconha, que as pessoas vão viver com a produção que está em seu terraço e isso não é real. Existem muito mais igrejas que pontos de vendas de drogas nas favelas
Quem também tem essa visão é Daiene Mendes, 
jornalista carioca que já escreveu para o jornal 
britânico The Guardian e faz parte do 
Movimentos, um grupo de jovens de várias 
favelas e periferias do Brasil que acredita que 
uma nova política de drogas é urgente. Daiene 
mora no Complexo do Alemão, bairro com mais 
de 120 mil moradores segundo dados de 
organizações locais como o Data Favela. Os 
números são diferentes dos dados que oficiais de 
2010, que apontam cerca de 69 mil moradores 
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e 
Estatística, o IBGE.
“Historicamente as pessoas da favela, os pobres, 
os negros, sempre estiveram excluídos de todos os lugares de decisão. É difícil imaginar como 
poderia haver uma mudança no cenário, contribuir para mudança ou para a formação política de 
algo, se as pessoas nunca se viram inseridas dentro de nenhuma política pública. Nunca se viram em 
nenhum desses espaços. Isso começa a mudar um pouco no governo do ex-presidente Lula, quando 
vêm as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e as pessoas começam a ter uma 
noção de governo, do Estado, dentro da favela”, pontua Daiene Mendes.
O Complexo do Alemão abriga uma região que tem 15 bairros em seu entorno e que sofre 
diretamente com os conflitos armados, execuções, assassinatos e violações de direitos fundamentais 
como o acesso ao saneamento básico, saúde e educação, já que as escolas e unidades de saúde, são 
fechadas em casos de tiroteios. É uma área com grande potencial cultural e musical, como as rodas 
de rima, slams que acontecem com autonomia dos moradores e sem apoio governamental.
Paulo Teixeira: “É um paradoxo que o Brasil importe remédio a base de maconha, que pessoas tenham que entrar na Justiça para obter remédio para isso. E um paradoxo maior é importar princípios ativos que já existem no Brasil”

“A favela é o território do conservadorismo. 
Então tem muita gente que acredita que todas as 
lajes da favela vão poder plantar pés de maconha, 
que as pessoas vão viver com a produção que 
está em seu terraço e isso não é real. A favela 
está conectada com preceitos religiosos, eu 
sempre digo que existem muito mais igrejas que 
pontos de vendas de drogas nas favelas. A partir 
daí temos a noção desse cenário, deste contexto 
que a gente está falando”, afirma a jornalista.
No ano passado, o Rio de Janeiro teve apenas 14 
dias em que as 1573 escolas municipais 
funcionaram em sua totalidade, ou seja, sem 
nenhuma escola ou creche fechada por tiros; nos outros 184 dias, ao menos uma unidade escolar 
deixou de funcionar por conta da violência armada, segundo dados da Secretaria Municipal de 
Educação. Isso é um perverso reflexo da suposta “guerra às drogas”, que no Rio de Janeiro e outras 
cidade do país afeta a população que tem menos acesso aos seus direitos por parte do Estado, exceto 
no caso do braço armado que está presente. Apenas entre fevereiro e junho de 2018 foram 
assassinadas 609 pessoas na cidade em decorrência de confrontos motivados pela apreensão de 
drogas e armas.
Para o advogado e consultor jurídico Emílio Figueiredo, da Reforma, não existe um bom caminho 
sem que se pense em reparação histórica para os moradores das periferias. “Não há como 
regulamentar a maconha sem fazer reparação histórica. Qualquer modelo que eu pense hoje é um 
modelo que vai privilegiar os pontos tradicionais de venda, as pessoas afetadas pela violência. Não é 
possível pensar em legalizar excluindo essa realidade. Eu prefiro atrasar a regulamentação e fazer 
um modelo coerente com a realidade do Brasil do que correr e fazer um modelo de qualquer jeito 
como muitos querem por aqui”, aponta Emilio.
Em 2017, as escolas do Complexo da Maré ficaram fechadas durante 14 dias. Uma em cada três escolas do Rio teve que fechar as portas por conta da violência armada. Este é um perverso reflexo da suposta “guerra às drogas”
Apenas em junho foram assassinadas 155 
pessoas em confronto com a polícia e outros 
agentes de segurança, segundo dados da 
Secretaria de Segurança Pública do Rio de 
Janeiro. Durante o mesmo período foram 
assassinados 12 agentes de polícia, sendo 11 
militares e um civil.
“Agora, por que estes espaços têm essa 
percepção digamos ‘maligna’, sobre as drogas? 
Porque as pessoas estão mais próximas dos 
efeitos negativos da política de drogas que dos 
efeitos positivos que elas podem nos 
proporcionar. Há uma percepção sobre as drogas por experiência muito próxima de pessoas que 
usam drogas e têm problema com o abuso da droga, a referência é sempre negativa”, opina Daiene 
Mendes.
Desde fevereiro, a cidade do Rio de Janeiro se encontra sob intervenção militar na segurança pública 
por meio de um decreto do governo federal, mas a situação não melhorou, pelo contrário. Em média, 
uma pessoa foi assassinada a cada oito horas na capital carioca em confrontos com as forças policiais 
no último ano, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública.

FUX, O SUPREMO MALANDRO: A PORTA DO AUXÍLIO-MORADIA CONTINUA ABERTA!


Decisão de Fux abre brecha para retorno do auxílio-moradia. Na decisão que revogou o 
pagamento do auxílio-moradia para o Judiciário e o Ministério Público, o ministro Luiz Fux , 
do Supremo Tribunal Federal ( STF ), deixou um caminho aberto para a volta do benefício. Ele 
proibiu o pagamento do penduricalho em todo o país com o argumento de que não havia 
recursos públicos para arcar com o gasto, já que o Judiciário receberia reajuste salarial de 
16,38% a partir de 2019. Mas em nenhum momento declarou a inconstitucionalidade do 
auxílio-moradia. A partir dessa brecha, Fux determinou que o Conselho Nacional de Justiça e 
Conselho Nacional do Ministério Público regulamentem novamente o pagamento do auxílio, 
com regras iguais para as duas carreiras. O benefício está previsto na Lei Orgânica da 
Magistratura Nacional. Como essa norma não foi considerada inconstitucional, nada impede 
que o auxílio volte a ser pago. A brecha criada por Fux só foi possível porque a decisão foi 
tomada individualmente.   
POR MIGUEL ENRIQUEZ
Sancionado praticamente na undécima hora pelo presidente Michel Temer, às vésperas do 
vencimento do prazo legal, o aumento salarial de 16,38% concedido pelo Senado aos ministros do 
Supremo Tribunal Federal (STF), está sendo visto como um escárnio diante da situação de 
dificuldades pela qual atravessa o País, provocando a justa ira da população.
A indignação é maior quando se prenuncia um arrocho sem precedentes em desfavor dos 
assalariados, seja pelas ameaças em relação aos reajustes do salário mínimo, seja pela prometida 
reforma da Previdência, anunciadas pelo próximo governo.
O aumento, que terá um efeito cascata sobre a remuneração de todo o funcionalismo público, deverá 
produzir um impacto calculado em nada menos de R$ 4,1 bilhões anuais nos cofres da União e dos 
Estados, foi questionado pelo próprio futuro presidente, Jair Bolsonaro.
“Complica, quando fala em fazer reforma da Previdência, tirar dos mais pobres e aceitar um reajuste 
como esse”, afirmou em seu linguajar claudicante Bolsonaro, que defendeu que Temer vetasse a 
iniciativa.
Numa demonstração de fisiologismo, de retomada da velha prática do toma lá, dá cá, por parte de 
Temer e dos ministros Dias Tofolli, presidente do STF e seu colega Luiz Fux, com a preciosa 
participação dos presidentes da Câmara e do Senado, foi acertada também a revogação do 
escandaloso auxílio moradia, concedido monocraticamente em liminar pelo topetudo em 2014, que 
estendeu o benefício a todos os integrantes da Judiciário e do Ministério Público, em âmbitos federal 
e estadual.
Ou seja, concedeu-se um aumento salarial inoportuno e impopular, em troca do cancelamento de 
uma vantagem indevida, que simplesmente não poderia ter sido criada, ainda mais pela decisão 
unilateral de um magistrado.
Patrocinador da farra do boi, Fux, que continua defendendo sua decisão anterior, justifica a 
revogação do auxílio moradia como motivada pela situação fiscal do país, que provocou um novo 
contexto “com amazônica repercussão.”
Contexto esse, diga-se, que contou com a bilionária contribuição de Fux, um juiz conhecido por se 
dizer capaz de “matar no peito” as situações mais complicadas e obrar em favor de interesses 
corporativistas.
Segundo a ONG Contas Abertas, o penduricalho universalizado, que favoreceu inclusive 
magistrados e procuradores proprietários de moradias nas localidades onde atuam, ocasionou gastos 
extras de R$ 5 bilhões, entre setembro de 2014 e fevereiro deste ano.
Na relação dos beneficiados pelo mimo, sobre o qual não incide tributação, estendido a 17 mil juízes, 
figuravam, além de uma filha de Fux, Mariana, desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de 
Janeiro e dona de dois apartamentos no bairro nobre do Leblon, estrelas da Lava Jato, como os juízes 
Sérgio Moro e Marcelo Bretas, cuja mulher também recebe o auxílio de R$ 4.300 mensais.
Moro, inclusive, chegou a classificar essa verba como compensação pelo atraso nos reajustes da 
magistratura, que estava desde 2015, ainda no governo Dilma Rousseff, sem correção. Como se 
fosse um supremo RH do Judiciário, Fux corrigiu por conta própria essa anomalia há quatro anos.
Tanta generosidade leva a uma indagação. Até que ponto a decisão de um único ministro do STF, 
capaz de causar uma sangria de recursos públicos dessa envergadura, em favor de uma categoria de 
funcionários, pode ser relevada, resolvida com um simples “foi mal”, sem nenhuma penalidade?
A gravidade do que se poderia definir como um caso de gestão temerária no âmbito do Judiciário é 
preocupante, sobretudo quando se sabe que Fux sentou em cima das liminares que discutiam o 
auxílio moradia e só as liberou no final do ano passado. Reconhecidamente lerdo nessas questões, o 
STF nem sequer marcou data para seu julgamento no plenário.
E não se pense que o assunto auxílio moradia foi soterrado pelo polêmico reajuste salarial 
sancionado por Temer. Ledo engano. Já desde a primeira hora, entidades como a Associação 
Nacional dos Procuradores da República (ANPR), a Associação dos Magistrados do Brasil (AMB) e 
a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra) saíram a campo 
criticando a decisão do “parça” Fux.
Essas entidades sustentam que o auxilio moradia é um direito legal, tese também defendida por Fux, 
que recuou por razões táticas, para viabilizar o aumento dos salários.
Na verdade, não sem antes determinar que a suspensão do seu pagamento só deverá ocorrer quando 
os contracheques de suas excelências registrarem o reajuste aprovado pelo Congresso, ele remeteu a 
decisão final para o Conselho Nacional de Justiça e para o Conselho Nacional do Ministério Público, 
que deverá definir quem tem direito de receber o auxílio moradia.
Um pirulito para quem acertar o que vai rolar.

MAIS UMA: OTÁRIO DO CARALHO DIZ QUE EDUCAÇÃO SEXUAL GERA PUTARIA NAS ESCOLAS


Depois de emplacar dois ministros, o escritor Olavo de Carvalho volta a atacar a esquerda, a 
universidade e qualquer um que ouse discordar de suas ideias. Sobre educação sexual nas 
escolas, ele diz: "Quanto mais educação sexual, mais putaria nas escolas. No fim, está 
ensinando criancinha a dar a bunda, chupar pica, espremer peitinho da outra em público". 
Carvalho ainda critica os 'gayzistas' e o aquecimento global que, como o chanceler Ernesto 
Araújo, julga não existir

247 - Depois de emplacar dois ministros, o escritor Olavo de Carvalho volta a atacar a esquerda, a 
universidade e qualquer um que ouse discordar de suas ideias. Sobre educação sexual nas escolas, 
ele diz: "Quanto mais educação sexual, mais putaria nas escolas. No fim, está ensinando criancinha a 
dar a bunda, chupar pica, espremer peitinho da outra em público". Carvalho ainda critica os 
'gayzistas' e o aquecimento global que, como o chanceler Ernesto Araújo, julga não existir. 
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o guru de Bolsonaro desqualifica de antemão toda 
crítica que possa ser feita contra ele e celebra a ascensão da direita conservadora no Brasil. Carvalho 
diz que o Brasil viveu uma ditadura da esquerda, que todos os meios de comunicação são tomados 
por ideias esquerdistas e que 'finalmente', a democracia ressurgiu com a eleição de Bolsonaro. 
Carvalho mergulha na iconoclastia como registro básico para toda e qualquer ideia a ser formulada. 
Para ele, o mundo todo está errado e só ele está certo. Torna-se, assim, muito atrativo para os 
Bolsonaros, pai e filhos, que veem no discurso de Carvalho, a panaceia para chancelar os projetos 
extravagantes de poder e de controle social.
Sobre sua relação com Bolsonaro, ele diz: "minha relação com ele é, literalmente nenhuma. Eu tive 
um hangout (conversa por aplicativo) com ele. Conversei com ele por telefone três vezes, com o 
filho umas duas ou três, dois deles estiveram aqui por algumas horas. Isso foi tudo.
O escritor ainda fala sobre ofertas que recebeu para compor o novo governo: "Me ofereceram dois 
ministérios, da Educação e da Cultura. Eu rejeitei os dois. Se fosse para aceitar um cargo público, o 
único que eu aceitaria seria esse. Por quê? Motivo muito simples, eu odeio isso, isso para mim seria 
a minha morte. Mas o Brasil precisa de dinheiro. E onde é lugar para buscar dinheiro? É aqui, porra!"
Carvalho comenta também sobre sua contribuição para a ascensão da direita no Brasil: "o que eu fiz 
foi o seguinte: arrebentar com a hegemonia intelectual esquerdista em algumas áreas do país. Isso eu 
fiz basicamente com dois livros, na verdade, três: 'A Nova Era e a Revolução Cultural', 'O Imbecil 
Coletivo' e 'O Mínimo que Você Precisa Saber para não Ser um Idiota'. Esses três livros provocaram 
um furor no meio esquerdista, mas nunca foram respondidos à altura. No mundo, a intelectualidade 
esquerdista também caiu. Sobraram só dois que pensam, que são David Harvey e o Antonio Negri. 
Como a intelectualidade brasileira é dependente do exterior, a queda da intelectualidade esquerdista 
internacional provocou o fim da intelectualidade esquerdista brasileira."

BIBLIO-IDIOTISMO: Trump, Bolsonaro, o aquecimento global e o apocalipse: quando a mudança de embaixadas para Jerusalém sinaliza o fim dos tempos


Profecia do Oriente Médio: Trump é Ciro, o Grande, reencarnado, destinado a 
anunciar o fim dos tempos?
Jamie Seidel, da News Corp Australia
A profecia está se desdobrando no Oriente Médio. Motins. Assassinatos. Guerra. No seu 
centro está o presidente Donald Trump. E seus seguidores evangélicos esperam que ele 
traga o Armagedom.
A mudança da embaixada dos EUA para Jerusalém foi ousada.
Seu resultado foi previsível.
A disputa territorial entre os palestinos e o recém-recriado (depois de 1875 anos) Israel 
vive em erupção esporádica desde 1948.
Qualquer mudança no delicado equilíbrio de poder certamente se transforma em violência.
Trump destruiu as esperanças de novas negociações de paz entre Israel e a Palestina.
Também prejudicou a credibilidade dos EUA como intermediários da paz no Oriente Médio.
Como isso aconteceu não faz muito sentido — a menos que você olhe através dos olhos 
evangélicos de alguns dos principais conselheiros e confidentes de Trump.
A decisão foi sobre política doméstica.
Não diplomacia internacional.
A decisão de transferir a embaixada cumpriu uma promessa fundamental da campanha 
eleitoral de Trump. Representou também uma vitória para os grupos de interesse pró-
israelenses linha-dura.
Mas o grupo de apoio eleitoral mais proeminente de Trump — evangélicos conservadores 
— vê tudo isso como um drama bíblico.
Por fim, sua grande nação tem uma embaixada na capital de Deus — Jerusalém. E isso 
significa que eventos cataclísmicos proclamados pela profecia estão prestes a acontecer.
O próprio Trump está no coração desta profecia.
Seu destino é visto como intrinsecamente ligado ao de um antigo rei persa.
O presidente dos Estados Unidos é o braço direito de Deus, muitos evangélicos acreditam. 
Trump é uma ferramenta imperfeita que Deus está usando para criar obras perfeitas. Isso 
significa nada menos que o fim dos tempos. E uma passagem de ida para o céu.
CAVALEIROS DO APOCALIPSE
O presidente Trump se cercou de crentes sinceros que compartilham uma teologia do fim dos tempos.
O vice-presidente Mike Pence é um estóico evangélico. Ele não faz nenhum segredo de que acredita que a guerra no Oriente Médio é a vontade de Deus. Que Deus quer que Israel retorne aos judeus. O Armagedom é parte do plano de Deus.
Pence mantém laços com organizações sionistas cristãs que vêem isso como o cumprimento desejável da profecia bíblica.
Seus próprios discursos regularmente repetem tais imagens, com declarações sobre como “uma profecia literalmente aconteceu” com a criação de Israel em 1948.
“Quando abrirmos a embaixada norte-americana em Jerusalém, vamos, em um sentido muito real, acabar com essa fricção histórica, abraçaremos a realidade”, disse Pence em entrevista à Christian Broadcast Network.
O ex-conselheiro de Trump, Steve Bannon, também falou abertamente sobre ser um sionista cristão. É uma facção evangélica que coloca ênfase especial no apoio a Israel para garantir que o plano de Deus possa ser executado.
É uma visão baseada em Gênesis 12: 3, na qual Deus promete a Abraão: “Abençoarei os que te abençoarem, e quem te amaldiçoar eu amaldiçoarei; e todos os povos da Terra serão abençoados através de você ”.
Simplificando, você não pode errar aos olhos de Deus se você apoiar Israel.
Depois, há o secretário de Estado, Mike Pompeo, o secretário do Trabalho, Alex Acosta, e o secretário da Habitação, Ben Carson.
Eles estão entre os 10 integrantes do governo Trump que são defensores proeminentes do grupo Ministérios do Capitólio.
É o lobby evangélico, que busca “ensinar a Palavra de Deus e compartilhar o Evangelho de Jesus Cristo com legisladores estaduais, juízes e autoridades constitucionais”.
DEFENSOR DA FÉ
O culto do arrebatamento é diverso e abrange muitas denominações cristãs. Mas é 
particularmente popular entre os evangélicos dos EUA.
Os evangélicos brancos foram o bloco eleitoral mais ativo de Trump durante a campanha 
eleitoral de 2016.
No centro de tudo isso está uma interpretação particular da profecia bíblica — um 
amálgama de passagens do livro do Apocalipse do Novo Testamento, mas também de 
Daniel e Isaías, do Antigo Testamento. E todo pregador aplica sua própria interpretação 
particular.
Resumindo, acreditam no Armagedom — uma guerra apocalíptica do Oriente Médio — e 
na segunda vinda de Jesus Cristo. Quando isso acontecer, 144.000 almas cristãs terão 
acesso ao céu. O resto permanecerá na Terra para ser punido.
Neste contexto, o caos no Oriente Médio é interpretado como uma coisa boa. Para eles, é 
um sinal de que a segunda vinda está próxima. Os esforços de paz estão simplesmente 
adiando a vontade de Deus.
Curiosamente, é uma crença muito semelhante à profecia que o Estado Islâmico usava 
para inspirar seus combatentes jihadistas.
Para o EI, o confronto final entre o Islã e os infiéis traria a segunda vinda do profeta Jesus, 
que anunciaria o fim dos dias. Uma diferença é que a batalha final será realizada em 
Dabiq, no norte da Síria, e não em Meggido (Armageddon), no norte de Israel.
Ambas as visões religiosas são fundamentalistas.
Ambos acreditam que os textos sagrados devem ser interpretados literalmente, em um 
contexto atual, apesar de suas muitas contradições e do texto antigo e alegórico.
A ciência é rejeitada. A evidência não tem peso contra a palavra de um pregador.
CRUZADOS DO CAPITÓLIO
O governo Trump valoriza muito seu grupo de estudo bíblico semanal.
Ele é administrado pelos Ministérios do Capitólio.
Seu foco é abertamente apocalíptico.
A escatologia é a grande palavra teológica que encerra o estudo de eventos futuros, 
conforme registrado na Bíblia”, decreta um recente boletim.
“Não é segredo que cristãos nobres e crentes na Bíblia têm pontos de vista divergentes 
sobre o que as Escrituras ensinam sobre as especificidades que cercam a segunda vinda 
de Cristo. Uma coisa, no entanto, que a maioria dos crentes concorda é que o estudo do 
futuro pessoal do crente — como descrito na Bíblia — deve ser altamente motivador e 
ligado ao aqui e agora”.
No início deste mês, os Ministérios do Capitólio publicaram um sermão relevante para 
temas atuais do governo Trump, incluindo Irã, Síria e Israel.
Intitulado A Bíblia, sobre quando a guerra é justificável, argumenta que a violência é 
justificável porque o apóstolo Pedro ordenou que todos os homens se submetessem “a 
todas as instituições humanas”.
Também enfatiza que o próprio Deus “julga e faz a guerra”.
Em sua perspectiva, toda instituição humana é o governo dos EUA. E o agente de Deus é 
presidente Trump.
Portanto, Trump tem a autoridade de Deus para fazer o que quiser.
Considere a evolução da crise das mudanças climáticas.
Um argumento é o seguinte: a Bíblia diz que a Terra foi criada para o homem. O homem 
não deveria ter vergonha de explorá-la. Portanto, os Ministérios do Capitólio insistem em 
seu grupo de estudos bíblicos do governo Trump que o ambientalismo deve ser uma 
religião herética.
Não há nada com o que se preocupar, argumentam: Deus “renovará continuamente a face 
da terra até formar um novo céu e uma nova terra, no fim dos tempos”.
CAVALEIROS DA CRUZ
O presidente Trump proclamou seu pastor favorito como sendo Robert Jeffress, da Igreja 
Batista de Dallas
Em 2014, Jeffress escreveu um livro declarando que o presidente Barack Obama estava 
pavimentando o caminho para a chegada do Anticristo (se ele não fosse o próprio 
Anticristo).
Ele assumiu uma posição proeminente em defesa de Trump durante a campanha eleitoral 
de 2016. Mas o relacionamento próximo só ficou óbvio quando Jeffress conduziu oração 
particular com a família Trump na manhã de 20 de janeiro de 2017 — o dia em que Trump 
assumiu o cargo.
Jeffress prega o arrebatamento para todos os que ouvirem.
“O Islã está errado. É uma heresia do poço do inferno”, diz ele. “O mormonismo está 
errado. É uma heresia do abismo do inferno”. A Igreja Católica é liderada por Satanás. 
Todos os judeus estão condenados ao inferno. Todos os homossexuais são excluídos.
“As religiões como mormonismo, islamismo, judaísmo, hinduísmo não apenas afastam as 
pessoas do verdadeiro Deus, elas levam as pessoas a uma eternidade de separação de 
Deus, no inferno”, disse Jeffress em um sermão de 2008.
“O inferno vai ser preenchido com boas pessoas, religiosas, que rejeitaram a verdade de 
Cristo”.
Ele está em êxtase porque suas crenças estão sendo espelhadas pelo Presidente: “Nós 
agradecemos todos os dias que você nos deu um presidente que ousadamente está do 
lado certo da história, e mais importante do seu lado, meus Deus, quando se trata de 
Israel”.
Jeffress não é de forma alguma o primeiro profeta do arrebatamento. O televangelista Billy 
Graham abraçou a ideia. O fundador da Mega-igreja, Pat Robertson, tornou o apelo central 
em seu grupo. E depois há muitos pregadores no rádio e no YouTube, todos competindo 
para ter mais seguidores.
Além disso, há o televisivo John Hagee, de San Antonio, um dos fundadores dos 
“Christians United for Israel” e o maior apoiador da mudança da embaixada dos Estados 
Unidos para Jerusalém. Ele é sempre visto em eventos importantes do Partido 
Republicano.
Quando o furacão Katrina matou 1.200 pessoas em Nova Orleans, Hagee proclamou: 
“Nova Orleans tinha um nível de pecado que era ofensivo a Deus, e eles receberam o 
julgamento de Deus”.
Hagee afirma repetidamente que a Segunda Vinda de Jesus Cristo é iminente. E Israel é o 
coração de tudo isso.
“Acredito que neste momento Israel é o cronômetro de Deus para tudo o que acontece a 
cada nação, incluindo os Estados Unidos, a partir de agora até o arrebatamento e além”, 
disse ele numa entrevista a uma emissora canadense, a CBN.
E quando Cristo vier, diz Hagee, os judeus verão o erro de seus caminhos e acreditarão: 
“Eles vão chorar como alguém que chora a perda de seu único filho, pelo período de uma 
semana”.
ESCADA PARA O CÉU
O pastor do presidente Trump, Robert Jeffress, não se conteve durante a controversa bênção da mudança do Consulado dos Estados Unidos em Jerusalém para embaixada.
“Israel abençoou este mundo apontando-nos para você, o único Deus verdadeiro, através da mensagem de seus profetas, das Escrituras e do Messias”.
Havia olhares desconfortáveis ​​de judeus israelenses e caretas nervosas de muitos representantes internacionais.
Mas a maioria dos norte-americanos que lotavam as arquibancadas gritaram amém quando ele concluiu a oração de abertura com “no espírito de Nosso Senhor Jesus. Amém”.
O televangelista John Hagee fez a bênção final da cerimônia: “O Messias virá e estabelecerá um Reino que nunca terminará.”
Os dois pregadores elogiaram Trump.
Jeffress disse: “(O presidente) está do lado direito de você, Deus, quando se trata de Israel.”
Hagee afirmou: “Que todo terrorista islâmico ouça esta mensagem: ‘Israel vive’”.
Foram presenças simbolicamente potentes.
O fato de estarem lá gerou controvérsia: os EUA têm uma separação constitucional entre igreja e estado. A abertura da embaixada foi um evento civil. Mas os dois pastores foram oficialmente autorizados a impor sua própria teologia aos presentes.
A mudança da embaixada dos EUA — e a aceitação que ela conferiu à reivindicação de Israel sobre Jerusalém — vem de há muito tempo.
O Congresso dos Estados Unidos votou pela mudança em 1995. Mas sucessivos presidentes republicanos e democratas atrasaram o ato. Eles temiam suas implicações. Isso poderia levar à violência. Poderia desestabilizar ainda mais a política radical do Oriente Médio.
Agora é um fato.
Mas Jerusalém ocupa um lugar muito especial entre os crentes no arrebatamento. Israel é a nação no centro da história mundial, argumentam eles. Jerusalém é o coração de Israel.
E a batalha pelo coração de Israel é a óbvia ignição para o Armagedom.
“Jerusalém tem sido objeto do afeto de judeus e cristãos ao longo da história e a pedra de toque da profecia”, disse Jeffress à CNN no ano passado. “Mas, mais importante, Deus deu Jerusalém — e ao resto da Terra Santa — ao povo judeu.”
Para os evangélicos de Trump, a mudança para Jerusalém não é sobre a política mundana. É um movimento que facilitará a profecia.
De acordo com essa visão de mundo, a restauração de Jerusalém como a capital de um Estado judeu é um passo fundamental para o fim dos tempos.
Os judeus conseguirão demolir a Cúpula da Rocha e a mesquita Al-Aqsa [a mais sagrada para os muçulmanos] e construir a terceira encarnação de seu templo sagrado em Jerusalém. (O primeiro foi destruído pelos babilônios e o segundo pelos romanos).
Isso, por sua vez, anunciará o Armagedom.
GÓTICO AMERICANO
A obsessão dos Estados Unidos por um apocalipse arrebatador está profundamente ligada à sua identidade cultural.
Era uma crença central dos puritanos ingleses que fugiram para lá nos séculos XVI e XVII.
Desde então, isso evoluiu para se tornar parte integrante da tradição evangélica americana.
Essa teologia acredita que a criação de Deus passou pelas eras da “Lei” — entre Moisés recebendo as tábuas dos 10 mandamentos e a crucificação de Jesus Cristo — e “A graça” — a ascensão e expansão da igreja cristã. O período final — ou dispensação — está próximo, dizem eles. Este será o “Reino Milenar”.
“A maioria dos evangélicos concorda com a crença de que a segunda vinda de Cristo iniciará um período de 1.000 anos em que Cristo governará uma terra pacífica e próspera”, disse o doutor em religião Neil Young numa entrevista à revista Newsweek. “Israel também é parte fundamental dessa história, pois os cristãos acreditam que os eventos ali são fundamentais para o fim dos tempos”.
“A essa altura, a decisão de Trump de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel é a única coisa concreta que seus seguidores evangélicos podem apontar como parte do cumprimento da profecia bíblica para trazer a segunda vinda de Cristo”, acrescentou.
Precisamente quantos evangélicos americanos acreditam nisso é incerto, com as pesquisas variando entre 48% e 65%.
Aqueles que se classificam como evangélicos constituem cerca de 35% do eleitorado americano. Mas essa filosofia de apoio a Israel leva os evangélicos a um conflito direto com os próprios cristãos do Oriente Médio — principalmente árabes palestinos — e muitos outros grupos religiosos e seus líderes, inclusive o papa Francisco.
CIRO, O GRANDE
Ele raramente vai à igreja. Foi casado três vezes. Está envolvido em escândalos sexuais.  Ganha dinheiro em mesas de cassino. Gosta de lembrar a todos que é “alguém que teve sucesso material e conhece um grande número de pessoas com grande sucesso material”.
Já declarou que nunca pediu perdão a Deus.
Mas isso não incomoda os apoiadores evangélicos de Trump. Cerca de 81% daqueles que se identificam como cristãos evangélicos votaram nele.
Deus pode usar o mais improvável dos homens para decretar sua vontade, argumentam.
Eles enxergam Trump como o instrumento da vontade de Deus. Sua moral e comportamento pessoal não tem nada a ver com isso, contanto que Trump decida de acordo com o que eles vêem como a vontade de Deus.
“Para os seus seguidores evangélicos, há uma sensação de que a eleição improvável de Trump para a presidência prova que ele foi escolhido por Deus”, disse Young à Newsweek.
“Ele não deveria ter vencido a eleição, então o fato de que conseguiu — e essa vitória veio através do Colégio Eleitoral [Trump perdeu na soma nacional de votos] — apenas demonstra que somente Deus poderia fazer acontecer.”
O presidente tem precedentes, acreditam os apoiadores evangélicos.
Segundo o Antigo Testamento, o fundador do Israel original, o rei Davi, era um adúltero e assassino. No entanto, Deus o fez rei e declarou que ele era “um homem segundo o meu coração”.
O pastor de Trump, Jeffress, traça um segundo paralelo. Ele pinta o polêmico reinado do presidente como semelhante ao do bíblico rei Ciro.
O livro do Antigo Testamento de Isaías descreve Ciro como o rei da Pérsia e, como tal, um dos maiores inimigos de Israel. Mas ele foi escolhido por Deus para fazer o seu trabalho — conquistando a Babilônia e libertando o povo judeu.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, um dos maiores defensores internacionais de Trump, abraça o paralelo: “Lembramos da proclamação de Ciro, o Grande — rei persa. Há dois mil e quinhentos anos, ele proclamou que os exilados judeus na Babilônia poderiam voltar e reconstruir nosso templo em Jerusalém… E nos lembramos de como algumas semanas atrás, o presidente Donald J. Trump reconheceu Jerusalém como a capital de Israel. Senhor Presidente, isso será lembrado pelo nosso povo ao longo dos tempos”.
Naturalmente, muitos integrantes da base de poder de Netanyahu enxergam os acontecimentos em um contexto profético muito diferente dos evangélicos de Trump. Mas eles estão felizes em caminhar juntos, desde que isso sirva à sua própria agenda.
Muitos esperam que tudo acabe com o estabelecimento do seu Terceiro Templo [no local que hoje é sagrado para os muçulmanos].
Pelo menos um grupo judaico ortodoxo acredita que sim: o Centro Educacional Mikdash já produziu uma “moeda do [futuro] templo”, que sobrepõe uma imagem do presidente Trump a outra, de Ciro, o Grande.