quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Em Jantar "Brincadeira" Toffoli expõe promiscuidade entre chefe do Judiciário, multinacionais influentes e governo dos EUA

Da esquerda para a direita: Eduardo Toledo (diretor-geral do STF), Douglas Pereira 
(Poder360), André Araújo (presidente da Shell no Brasil), William Popp (encarregado interino 
de negócios da Embaixada dos EUA), Paula Belizia (à frente, presidente da Microsoft Brasil), 
Paulo Celso Pereira (O Globo), Cláudia Safatle (Valor), Marcela Rocha (MR.com), Tales Faria 
(Poder360), Fernando Rodrigues ( Poder360), Dias Toffoli, Delcio Sandi (diretor de relações 
governamentais da Souza Cruz), Melchíades P. Filho (diretor da FSB), Daniela Vilhena 
(diretora jurídica da Souza Cruz), Nicola Callichio (presidente da McKinsey), Tiago Vicente 
(relações institucionais da Shell), Denise Rothenburg (Correio Braziliense), Daiane Nogueira 
(secretária-geral do STF), Guilherme Pera (editor-assistente do Poder360) e Guilherme 
Alpendre ( Poder360) Foto: Sérgio Lima/Poder360

O jantar do Toffoli com multinacionais e a Embaixada dos EUA: no cardápio, a ética pública e 
a independência do judiciário.
por Jeferson Miola, em seu blog
Imagine-se um país em que o presidente da Suprema Corte participa de um jantar promovido por 
uma empresa de jornalismo profissional ao qual comparecem – além dos jornalistas, por suposto – 
executivos de poderosas multinacionais e a Embaixada dos EUA.
Esse país existe, e não é nenhuma ditadura de alguma republiqueta desprezível; é o Brasil, e os 
comensais têm notórios interesses econômicos, geopolíticos e estratégicos no país.
Foi exatamente o que aconteceu na noite da segunda-feira, 26/11/2018.
O presidente Dias Toffoli, do STF, foi o “convidado principal da 11ª edição do encontro do Poder360-
ideias, divisão de eventos do Poder360 […] que promove debates, entrevistas, encontros, seminários 
e conferências com o objetivo de melhorar a compreensão sobre a conjuntura nacional”.
Toffoli esteve acompanhado do seu staff – a secretária-geral, o diretor-geral e o assessor de imprensa 
do STF e o secretário-geral do CNJ.
Além dos/as jornalistas, participaram do evento executivos do PIB multinacional, como o presidente, 
o vice-presidente jurídico e o executivo de relações corporativas da Coca-Cola no Brasil; o 
presidente da McKinsey & Company, conhecida como a líder mundial no mercado de consultoria 
empresarial; a presidente da Microsoft no Brasil; o presidente e o executivo de relações institucionais 
da Shell no Brasil; o diretor de relações governamentais e a diretora jurídica da Souza Cruz; e, cereja 
do bolo, o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil.
O serviço do saite Poder360 informou que “O jantar foi no tradicional restaurante Piantella, no 
centro de Brasília, e participaram do encontro jornalistas de vários veículos e empresários”. […] “A 
sala usada para o encontro fica no mezanino do estabelecimento e é decorada com fotos históricas de 
políticos e eventos do poder na capital federal”.
A reportagem do Poder360 anotou diversos temas abordados por Toffoli:
– sobre o indecente aumento salarial para a aristocracia judiciária, que custará mais de R$ 5 bilhões 
ao ano aos cofres públicos, Toffoli gaba-se que foi “O 1º desafio complexo vencido” [sic]. […] 
“Segundo o presidente do STF, a decisão é o ‘regaste da dignidade da magistratura e do Ministério 
Público’” [sic];
– sobre o limite salarial da casta privilegiada, ele entende que “Tem que acabar com o teto. O teto 
vira piso. […] O fato é que nós temos que redefinir essa questão relativa ao teto.”;
– ele reconhece que o ativismo político do judiciário tem o mesmo caráter golpista que teve o golpe 
militar de 1964: “É hora de o Judiciário se recolher ao seu papel tradicional. Deixar a política e os 
representantes eleitos pelo povo assumirem as proposições. […] Nós não podemos cometer o mesmo 
erro que os militares cometeram [em 1964].
E conclui com uma afirmação estapafúrdia, que deturpa a história: “O que a sociedade pediu [?!] foi 
para eles [os militares] entrarem, solucionarem o problema e saírem” [sic];
– sentindo-se à vontade, Toffoli antecipa juízo de valor sobre matéria que poderá ter de julgar, como 
a revogação da “PEC da Bengala”.
Em linha com os tempos bolsonaristas, usa a mesma linguagem do presidente eleito: “Isso aí é 
inconstitucional. Vai valer apenas para quem ele [Bolsonaro] indicar. É 1 esforço inútil. […] O Moro 
me disse que isso aí não existe na proposta dele.”.
O evento expõe uma perigosa e inconcebível promiscuidade entre o chefe do Poder Judiciário com 
multinacionais influentes e com o governo dos EUA.
Não se encontra na Constituição da República, tampouco na Lei Orgânica da Magistratura e no 
Código de Ética da Magistratura, algum dispositivo que Toffoli possa se amparar para justificar tão 
escandalosa intimidade.
Qual o critério para a seleção daqueles comensais é um mistério que o serviço do evento não deixa 
claro.
O certo é que se acontecesse um jantar desse estilo em Washington, o escândalo defenestraria o 
funcionário público – no caso, o juiz – em poucas horas.
Por questão de justiça, se é que se pode falar em justiça neste Brasil de exceção, deve-se lembrar que 
esta prática promíscua não foi inventada por Toffoli.
Carmem Lúcia, que o antecedeu na presidência da Suprema [sic] Corte foi a convidada do programa 
inaugural do Poder360-ideias em janeiro, em convescote que contou com a presença da Coca Cola, 
Shell, Siemens, Souza Cruz, Telefônica Vivo – além, naturalmente e por suposto, de jornalistas.
O serviço do Poder360 da época não informou o motivo para a ausência da Embaixada dos EUA 
naquele que também deve ter sido um momento tão íntimo e de inesquecível estupro do que deveria 
ser uma República, uma democracia e um Estado de Direito.
Naquele como neste evento, jantaram a ética e a moralidade pública e a independência do judiciário 
em relação ao poder econômico multinacional e a governo estrangeiro.
Nota: o registro fotográfico de Sérgio Lima/Poder360 não deixa dúvidas do clima agradável, 
amistoso e de congraçamento do jantar

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