sexta-feira, 31 de julho de 2015

O atentado terrorista contra o Instituto Lula é filho da permissividade com que manifestações de ódio vem sendo tratadas no Brasil


Marcello Reis, do Retardados Online, é um dos propagadores do ódio e da violência

por : Paulo Nogueira

O atentado terrorista contra o Instituto Lula é filho da permissividade com que manifestações de ódio 
vem sendo tratadas no Brasil.
A impunidade leva a novos degraus.
Primeiro você xinga, calunia, massacra nas redes sociais. Depois, começa a jogar bombas.
O Brasil tem que adotar uma política de tolerância zero com o ódio.
Em Nova York, nos anos 1990, o então prefeito Michael Bloomberg revolucionou o combate à 
criminalidade com a adoção da tolerância zero.
O sujeito que fazia xixi em área pública, se não coibido, depois estava cometendo pequenos furtos, e 
depois sabe-se lá o que ele faria.
O papel da extrema direita na disseminação do ódio impune, em geral pela mídia, é central.
Veja o que algumas pessoas falaram a respeito do atentado.
No Twitter, Danilo Gentili escreveu que Lula forjou o ataque, e que o máximo que ele conseguiu foi 
as pessoas lamentarem que ele não estivesse lá na hora.
Piada?
Na verdade, crime. Gentili acha que pode fazer uma acusação grave dessas sem nenhuma 
consequência.
E não dá para culpá-lo. Ele foi processado por racismo por um negro depois de mandá-lo comer 
bananas.
O juiz disse que não havia ofensa.
Felipe Moura Brasil, blogueiro da Veja que ultrapassou qualquer limite da sanidade, também disse 
que Lula inventou a bomba.
“A melhor defesa para o PT é se atacar”, escreveu ele no Twitter.
Lobão fez o que se espera de Lobão.
Numa sociedade civilizada, você não pode fazer uma acusação tão grave, e com tamanha dose de 
ódio irracional, e não responder por isso criminalmente.
Mas é o que acontece no Brasil de hoje.
A Justiça é o que é, mas mesmo assim os promotores do ódio e os assassinos de reputação têm que 
ser processados.
No mínimo, eles enfrentarão aborrecimentos. E terão que arcar com despesas de advogados.
O que não pode acontecer é nada.
Neste sentido, Lula merece aplausos por decidir processar o diretor de redação da Veja e os 
repórteres que assinaram a matéria sobre a delação que não existiu.
Romário deveria fazer o mesmo.
Talvez a perspectiva de um passivo jurídico elevado leve as empresas jornalísticas a refrear seus 
aloprados.
O Brasil não haverá de ser para sempre a terra do valetudo jornalístico. Uma hora a opinião pública 
exigirá penas duras para assassinos de reputação homiziados na mídia.
Aconteceu em países avançados, e acontecerá também no Brasil.
Agora mesmo, nestes dias, a revista americana Rolling Stone enfrenta uma ação de indenização de 
7,5 milhões de dólares por haver relatado um estupro numa universidade com uma série de erros 
factuais.
No plano das coisas previsíveis, até o momento em que escrevo não aparecera nenhuma 
manifestação de solidariedade a Lula de FHC, de Aécio e do PSDB.
Mas o que importa agora é reprimir os agentes do ódio. Tolerância zero com eles.
Ou o Brasil acaba com o ódio ou o ódio acaba com o Brasil.
É tempo de fazermos a escolha.
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VIDEO BOMBA !!! A PF (DO ZÉ RUELA CARDOZO) QUE VAI INVESTIGAR O ATENTADO

Para entender o jogo do impeachment e o caso Catta Preta



Luis Nassif

O factoide protagonizado pela advogada Beatriz Catta Preta é significativo para se entender a próxima etapa do jogo do impeachment.
Beatriz trabalhava no escritório do ex-procurador, ex-desembargador Pedro Rotta, já falecido. Uma breve pesquisa na Justiça Federal indicará que Rotta provavelmente foi o recordista na concessão de habeas corpus para grandes traficantes. Uma breve investigação sobre os bens que ficaram em nome da viúva mostrará parte da sua carreira jurídica.
Como procurador, Rotta foi transferido para São Paulo por Golbery do Couto e Silva para resolver os problemas do Banco Cidade com a justiça. Posteriormente, tornou-se desembargador do TRF3. Foi através do escritório de Rotta que Beatriz conheceu seu futuro marido, processado por falsificação de dólares.
Ela é peça central para entender o jogo da Lava Jato. Por que razão uma advogada criminal pouca conhecida, que transitava apenas pelo baixo submundo do crime, se tornou advogada de todas as delações? Quais seus contatos anteriores, para se tornar o canal entre os detidos e a força tarefa e o juiz Sérgio Moro? Quem bancava seus honorários, se não eram os detidos? E porque os detidos se valeram apenas dela para aceitar o acordo de delação?
A frente heterogênea
Não é preciso decifrar o enigma Catta Preta para entender os desdobramentos do seu último lance, contra Eduardo Cunha.
A frente anti-Dilma é composta de diversas cabeças, com poucas afinidades entre si.
Mais cedo ou mais tarde as alianças de ocasião tenderiam a se desfazer, conforme já cantei há tempos aqui.
Eduardo Cunha tornou-se instrumento da mídia para enfraquecer Dilma. Ao mesmo tempo, tornou-se o principal osbstáculo ao impeachment. Se Dilma fosse impichada por razões eleitorais, o vice-presidente Michel Temer iria junto. E a República ficaria por bons meses nas mãos dele, o suspeitíssimo Eduardo Cunha.
Nem o mais irresponsável oposicionista gostaria de correr um risco desses. Não bastasse a enorme capivara e falta de limites, Cunha representa uma força política – a dos evangélicos – que é a maior ameaça ao predomínio da Globo.
É por isso que os bravos comentaristas políticos da velha mídia, como em uma quadrilha junina (a ponte quebrou! Olha a cobra!) se mantiveram alertas e disciplinadamente unidos em torno de ordens que mudam ao sabor dos ventos.
A última ordem é: delenda Cunha. Com ele fora do jogo, abre-se espaço para uma solução palatável: o vice-presidente Michel Temer, com influência no PMDB, especialmente com Cunha fora do jogo, e largo trânsito no PSDB – quando o partido foi formado, seu mentor Franco Montoro pediu-lhe que ficasse no PMDB para ser o ponto de contato com o grupo que o acompanhou.
É em torno dele que estão se articulando grupos do PMDB alijados pelo governo Dilma (Renan, Jucá etc), grupos do PSDB ligados a José Serra e grupos de mídia.
Remove-se um obstáculo ao impeachment, mas não os demais.
Para tirar Dilma terão que aplicar um golpe paraguaio. As implicações sociais e políticas continuarão sendo grandes. Terão que convencer um dos pais da Constituição de 1988 – o próprio Temer – a embarcar em uma aventura. E administrar os interesses políticos dos três grupos do PSDB: Alckmin, Serra e Aécio.
O fim do pacto com a Lava Jato
O próximo passo da oposição será o enfraquecimento da aliança com a Lava Jato, assim que estiverem mais firmes as articulações em torno de Temer.
A Lava Jato e o juiz Sérgio Moro conseguiram implantar um regime de terror no país. Interessa enquanto peças do enfraquecimento do governo Dilma. Não mais que isso. Gilmar Mendes já começou a externar críticas e, em breve, pode-se esperar o fim do pacto entre mídia e Lava Jato.
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ÓDIO AO EX-PRESIDENTE LULA JÁ INSPIRA TERRORISMO - Vídeo: as imagens do atentado



O ministro (sic) da Justiça (sic) disse que ia mandar ver com o diretor geral da Policia Federal – aquele que tentou impedir a deflagraçao da Operaçao Satiagraha – ​se a PF poderia colaborar com a Policia do Alckmin – aquela que tem acordo com o Marcola – para investigar o atentado.
Coitado do Lula.
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quinta-feira, 30 de julho de 2015

Requião: querem fazer na Petrobras o que fizeram na Sabesp!


Senador do PMDB ataca projeto de tucano, que pretende retirar da Petrobras a participação 
exclusiva no pré-sal, e critica governo Dilma por ceder a pressões do mercado

Requião: ‘Projeto de Serra para pré-sal é perda total. Querem acabar com a Petrobras’

São Paulo – Crítico ácido do governo da presidenta Dilma Rousseff e, ao mesmo tempo, da oposição, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) tem se destacado como um dos parlamentares que mais tem contribuído para combater o Projeto de Lei do Senado (PLS) 131/2015, de José Serra (PSDB-SP). O tucano pretende mudar a Lei de Partilha do Pré-sal, aprovada em 2010, para acabar com o papel da Petrobras como operadora exclusiva do pré-sal, e sua participação mínima, de 30%, nos leilões de exploração de petróleo, o que em última instância tem sido percebido pelas centrais sindicais como um ataque destruidor à soberania do país.
“Estão fazendo com a Petrobras o que fizeram com a Sabesp em São Paulo e a Sanepar em Curitiba. Isso significa que estão diminuindo os investimentos em extração e em projetos de médio e longo prazos, mudando o cronograma de investimentos da empresa, e aumentando os preços para aumentar o lucro dos acionistas. A Petrobras está engasgada pelo tipo de administração que tem e pela orientação da Fazenda”, afirma Requião.
Irônico em sua abordagem da realidade, o que reflete sua indignação com os ditames neoliberalistas na política e economia, o senador é do tipo de político que não tem papas na língua e gosta de uma polêmica. Nesta entrevista, ao comentar os episódios recentes da Operação Lava Jato, que investiga a tomada da Petrobras por meio de propinas a empresas prestadoras de serviço, ele ironiza as tarjas pretas que protegeram nomes da oposição nos vazamentos seletivos e a ilação que tenta associar a palavra ‘vaca’ a João Vaccari Neto, o tesoureiro do PT preso pela operação. “Agora, se um daqueles nomes traduzidos por letra era uma vaca, seguramente o JS era o bezerro. Não é José Serra, é o filho da vaca”, afirma provocando risos.
Requião considera que reforma política que não elimina financiamento empresarial e coligações é “tapeação”, porque o dinheiro de empresas “manda no Congresso” transforma partidos em bancadas financiadas. Sobre o comportamento da imprensa, defende a legalização do direito de resposta. “Se o Jornal Nacional chamar o José das Couves de ladrão, estelionatário, desonesto, improbo e tiver de desmentir no dia seguinte, no mesmo espaço, ele perde a credibilidade e importância. O direito ao contraditório é fundamental e ele não existe na mídia brasileira.”

Há um debate acalorado, polêmico, por conta do projeto de lei do Senador José Serra. O que é importante para a população entender sobre o projeto, para que se possa fazer a defesa da Petrobras?


O Wikileaks dizia que o Serra (senador José Serra) tinha um compromisso de acabar com o pré-sal e entregá-lo sob o regime de concessão a empresas estrangeiras, notadamente a Chevron. O Serra negou isso durante meu discurso no plenário, mas não é o que demonstra o projeto que ele fez. O projeto mantém a legislação de partilha, mas entrega o comando do processo todo, que é o controle dos custos, o fornecimento de máquinas e insumos fora do Brasil, o controle da vazão. Ou seja, eles tiram o que quiserem e quando quiserem, e vão tentar tirar a quantidade máxima de petróleo de custo baixo, e entregam isso às concessionárias com o pretexto que a Petrobras não tem condição de explorar o pré-sal.
Isso é uma falácia mas, na verdade, o Serra não deixa de ter razão, porque o ministro Joaquim Levy (da Fazenda) proibiu o BNDES de fazer empréstimo à Petrobras, e a presidenta Dilma nomeou uma diretoria de mercado no comando da empresa, um conselho de administração de mercado. Então, estão fazendo com a Petrobras o que fizeram com a Sabesp em São Paulo e a Sanepar em Curitiba. Isso significa que estão diminuindo os investimentos em extração e em projetos de médio e longo prazos, mudando o cronograma de investimentos da empresa, e aumentando os preços para aumentar o lucro dos acionistas. A Petrobras está engasgada pelo tipo de administração que tem e pela orientação da Fazenda.

O sr. considera isso um choque de neoliberalismo?


Não é só um choque. É o neoliberalismo funcionando sem limites na condução da economia brasileira, e de uma forma absolutamente errada. Não estou comparando o Brasil com a Grécia, os gregos produzem azeite e turismo, mas é o mesmo projeto que levou a Grécia à falência de hoje. Quando isso começou na Grécia, em 2010, a dívida era de 104% do PIB, e hoje, cinco anos depois, com desnacionalizações, arrocho salarial, diminuição de direitos trabalhistas e privatizações, o déficit da Grécia é de 180% do PIB. Ela está sendo submetida de uma forma vil aos interesses da banca do mercado que comanda a política europeia.

Por que acontece isso?


A Dilma cedeu à pressão do mercado, cedeu às exigências do capital. Colocou o Levy para fazer esse tipo de política que ela diz concordar, mas só uma ressalva, ela, ainda por não ser uma liberal puro sangue, está mantendo as politicas compensatórias, as bolsas (programas sociais, como o Bolsa Família).
Mas eu vejo que essa política fracassou de forma completa. O governo não reduziu o déficit, ele reconheceu que essa política de arrocho e recessão havia diminuído a receita fiscal e que era impossível cumprir a meta. Eles simplesmente disseram oficialmente que não vão cumprir a meta.

Ontem (28) tivemos em São Paulo e Brasília manifestações contra a reunião do Copom…

Tem um artigo do Serra na Folha que é um ‘encanto’. Ele considera o Copom uma reunião de vestares, que provavelmente estão em um templo de adoração à deusa Vesta, completamente isolados do mundo e agindo tecnicamente. Ele faz um protesto porque um membro do Copom adiantou à Folha a sua opinião, que deveria aumentar os juros, o que é uma estupidez. O Serra diz que não foi para isso que ele e o FHC criaram o Copom, porque o comitê não pode discutir nada por antecipação. O comitê se reúne diante das explicações colocadas pelo Banco Central, ele toma uma posição que é imediatamente anunciada pela Secom (Secretaria de Comunicação do governo), ou seja, ele estabelece o predomínio celestial dos técnicos em finanças sobre os interesses da democracia e da população. É a política que vige hoje no mundo hoje, de reação ao estado social, do trabalho e dos executivos e da prevalência da suposta capacidade técnica dos gestores do mercado. É a submissão do país aos interesses do capital financeiro.

Existe alguma projeção, algum numero que dá uma dimensão do prejuízo que viria com o projeto do Serra sobre o pré-sal?

Perda total. Perderíamos o controle do preço, o controle da vazão, que influencia no preço, e eles teriam o controle dos custos, comprando insumos fora do Brasil, faturando como quisessem, como faz toda multinacional.

O projeto educacional com verbas do pré-sal estaria acabado?

Dança! Porque aumentam os custos, eles vão aumentar o custo de produção, vai diminuir isso tudo, será reduzir a uma expressão muito simples, ditada pelo interesse do capital investidor.

Por que o governo Dilma, que é um governo popular, estaria cedendo à pressão?

Cedeu porque cedeu, cedeu à pressão do capital e dos bancos.

O resultado das eleições no ano passado, que mostrou o país divido, não contribui?

O que diferencia a política da Dilma da política do Aécio é que ela ainda mantém a política social.

Qual seria o caminho para recuperar a Petrobras?

O primeiro caminho é demitir essa direção e colocar uma direção que tenha uma visão nacional, e não uma visão imediatista do mercado financeiro, a mesma que quebrou os Estado Unidos em 2008. Essa visão é a que esquece o planejamento de médio e longo prazos, o investimento na inovação e tecnologia, e se dedica apenas a obter o lucro dos acionistas no momento.
Como se viabiliza a Petrobras hoje? A ideia que desenvolvemos no Senado, com alguns companheiros, é a emissão de letras do Tesouro, que seriam repassadas ao BNDES e a Petrobras tomaria esse volume de recursos através de debêntures, e imediatamente ela punha para funcionar o seu planejamento anterior, eliminando os ladrões, os desvios, o superfaturamento, com uma direção limpa e nacionalista.

Mas para isso a Petrobras precisa de uma capacidade de endividamento…

A Petrobras tem a maior capacidade de endividamento do planeta, ela não pode ser analisada pelo seu valor de mercado hoje, não tem nada a ver com seu valor patrimonial. O valor patrimonial da Petrobras é um valor estratégico para o Brasil, é o valor do nosso futuro e das nossas reservas de petróleo no território nacional. Não tem limite isso, não é quantificável. O endividamento da Petrobras hoje é muito menos devido ao roubo diante dos investimentos que foram feitos e do retorno desses investimentos.

O sr. acredita que há um ataque orquestrado à Petrobras?

Sim, por parte do Levy, por parte das medidas tomadas pelo nosso governo e por parte do Serra e de alguns parlamentares. É evidente que estão tentando acabar com a Petrobras, ou você acha que o Serra, de uma hora para outra, tentaria facilitar o governo da Dilma, viabilizando que ela venda alguns poços de Libra e do pré-sal para fechar seu superávit primário?! Isso é totalmente descartado por qualquer raciocínio moderadamente inteligente.

E como o sr. vê a atuação da Operação Lava Jato nesse contexto?

Eu vejo, do ponto de vista do garantismo jurídico do qual eu sou um adepto, grandes furos. Mas do ponto de vista nacional, muito bom. Estão expondo o que não seria exposto. É claro que existem verdadeiras esdruxularias, por exemplo, hoje descobri que o procurador da República Deltan Dallagnol vai a uma igreja e diz (não com todas as letras, mas se pode inferir) que a Lava Jato é a maior operação policial. É um culto, é uma obra de Deus. É uma estupidez isso. Ele é uma espécie de novo jihadista, um cruzadista, está sendo dirigido pelo Senhor. É uma bobagem monumental. Por outro lado, tem outras bobagens, você descobre que a vaca citada não é o Vaccari, é uma vaca (um animal) premiada. Mas uma vaca premiada adquirida por R$ 2,2 milhões seguramente é uma lavagem de dinheiro, muito comum nos leilões de gado, onde as empresas e os bancos compram por preços altíssimos, pagam com o dinheiro comunitário, o dinheiro empresarial, e recebem de volta na pessoa física, como caixa dois. É evidente isso e conhecido no Brasil inteiro.
“A legalização do direito de resposta é mais importante que qualquer controle da mídia. Se o Jornal Nacional chamar o Zé das Couves de ladrão, e tiver de desmentir no dia seguinte, no mesmo espaço, perde credibilidade. O direito ao contraditório é fundamental e não existe na mídia brasileira”


A lavagem de dinheiro em países em desenvolvimento como o Brasil não está minando a democracia?


Veja os leilões de obras de arte. De repente, o banco compra um quadro por R$ 15 milhões. Na verdade, ele paga R$ 500 mil para o dono e fica com R$ 14,5 milhões. Mas o banco saiu, os acionistas perderam e alguém da direção que decidiu a compra ficou no caixa dois. Agora, se um daqueles nomes traduzidos por letra era uma vaca, seguramente o JS era o bezerro. Não é José Serra, é o filho da vaca (risos).

Por conta desse contexto da Operação Lava Jato, e dos incansáveis vazamentos seletivos, o sr. acredita que é preciso discutir a regulação da mídia?

A minha proposta é a legalização do direito de resposta. Isso é muito mais importante do que qualquer espécie de suposto controle da mídia. Se o Jornal Nacional chamar o José das Couves de ladrão, estelionatário, desonesto, improbo e tiver de desmentir no dia seguinte, no mesmo espaço, ele perde a credibilidade e importância. O direito ao contraditório é fundamental e ele não existe na mídia brasileira.

Mas com essa finalidade teve um projeto que o sr. aprovou recentemente?


Aprovei por unanimidade no Senado e está engavetado por Eduardo Cunha (presidente da Câmara, do PMDB-RJ) na Câmara. Nem em regime de urgência é votado. Provavelmente, o Cunha está esperando um parecer do círculo religioso para saber se pode ou não pode pôr em votação. Um culto estranho…

Como vê a questão da tarja preta?

Tarja preta foi uma estupidez, uma burrice monumental de um agente ou de um delegado. Provavelmente aecista mesmo, ou foi para colocar o Serra em evidência, o que seria imaginar muita inteligência por parte dele, porque não tem justificativa. Lá estavam também detentores de foro privilegiado, como Alckmin (Geraldo Alckmin, governador de São Paulo), e outros que apareceram na integralidade dos seus nomes.
Ele põe tarja preta no JS, que hoje já se sabe que é o bezerro da vaca, e não coloca tarja preta nos outros, e não coloca tarja preta no escritório da secretária do bezerro e nem nos números de telefone.
Como o sr. está vendo a gestão do Beto Richa, a questão inclui principalmente…
Você está falando no que não existe, não é?! Não existe gestão no Paraná.
Principalmente na questão dos professores…
Não, na questão da administração dos recursos públicos. Pelo que a gente vê hoje, tem uma quadrilha comandando o estado do Paraná.
Voltando à Lava Jato…
Você veja, 13 ou 14 anos atrás houve a primeira delação premiada do Youssef (Alberto Youssef, doleiro). Se quiser, procure “delação premiada”, entra ali na pesquisa. Você vai ver que ele denunciou o governo do PSDB e do DEM inteirinho. Mas, como os fatos eram estaduais, não foi ele que levou à frente. Até hoje, as pessoas não foram nem sequer citadas, passados 14 anos. Jaime Lerner, o presidente do Tribunal de Contas, aquele pessoal todinho, com pacotes e pacotes de dinheiro, e nada aconteceu em relação a isso. Então, isso deu esta complacência, teve continuidade no governo… Deu continuidade na administração do Beto Richa.
Agora, no histórico jurídico, digamos assim, da delação premiada, a lei mais recente é da presidenta Dilma…
Veja bem, a delação premiada é corriqueira, ela tem de ser confirmada por fatos processuais.

Mas o sr. vê nesse aparato jurídico que garante a delação premiada, inclusive nesta lei mais recente, algum problema, algum buraco que deixou espaço para os vazamentos seletivos?

Existem críticas à condução policial do Ministério Público e do próprio juiz nas ações. Mas esta crítica garantista não pode se transformar na garantia da impunidade desse bando de ladrões.

Esses vazamentos seletivos tão falados deveriam estar previstos na lei?

Não, o Serra não acredita nisso, ele acha que no Banco Central nunca houve. Só não haveria vazamento seletivo se a Polícia Federal e o Ministério público fossem compostos por querubins e vertais. Claro que o vazamento seletivo acaba sendo uma derivação da natureza humana das pessoas múltiplas que conduzem um processo desses. Veja, estão protestando hoje contra o vazamento do depoimento do Júlio Camargo em relação ao Eduardo Cunha. Não existe vazamento. Porque o Eduardo Cunha não era réu. Ele era testemunha em uma ação, e seu depoimento foi público. Ele já tinha sido ouvido pelo Supremo (Tribunal Federal) e dito a mesma coisa. Neste caso não era nem delação premiada, ele era testemunha dos processos. Então, a rigor, o Supremo Tribunal Federal deve considerar absolutamente correto o depoimento.

Qual a perspectiva que o sr. tem para este segundo semestre nos trabalhos do Senado?

O Senado está trabalhando sob comando. Tem relatores únicos. O relator exclusivo do Senado agora é o Romero Jucá (PMDB-RR). A gente, eu, por exemplo, me considero completamente marginalizado das decisões do Senado. Eles indicam o Vital (do Rêgo, PMDB-PB) ministro do Tribunal de Contas e você só sabe disso no dia da votação. Então, os senadores como eu não participam de nada no Senado.
Agora, vai ser uma chapa quente no Congresso inteiro. Temos um projeto que estabelece que as relatorias sejam distribuídas conforme o Judiciário distribui processos. Por um computador que funciona com algorítimo. Eu apresentei esse projeto com 60 assinaturas ou mais dos 81 senadores. Está engavetado.
“Olha, reforma política é proibir coligação e proibir doação de pessoa jurídica. O resto é tapeação. Hoje o dinheiro da pessoa jurídica manda no Congresso. Nós não temos mais partidos, praticamente, temos bancadas financiadas”

O que se pode esperar do Senado na questão da redução da maioridade penal?

Eu espero que ele rejeite isso. Você não pode admitir mais a impunidade de um menino de 17 anos e 9 meses que matou quatro pessoas. Mas você não pode admitir esses tipos de condenações. Crimes de tipo aberto, o que existe na França. Na França, quem decide a periculosidade do crime é o juiz e o promotor. Então, se eles brigaram com a mulher de manhã cedo, ou estão irritados por alguma coisa, eles pegam teu filho que roubou uma maçã no bar da esquina, e condenam.
Aqui inventaram, para atenuar, essa do crime hediondo, que é uma estupidez, ninguém sabe exatamente o que é isso. Eu acho que tem de haver uma solução. Tentaram essa solução do José Serra, que não tem muita ligação com a realidade, que é aumentar o período de segregação nestas escolas disciplinares, estes reformatórios.
Então, está muito mal conduzido isso. Pode ser que tenham de estabelecer alguns tipos que levariam à condenação do menor. A reincidência e o tipo de crime. Mas isso muito bem definido por lei, para não ficar ao visto de juízes e promotores.
A redução pura e simples é um retrocesso bobo. Você vê, Nova York discute hoje a volta da responsabilidade criminal para 18 anos.

Em relação à reforma política, seria importante mudar o financiamento de campanha?

Olha, reforma política é proibir coligação e proibir doação de pessoa jurídica. O resto é tapeação. O dinheiro de empresas manda no Congresso. Nós não temos mais partidos, praticamente, temos bancadas financiadas.

E chegamos a isso também por conta da jurisprudência sobre as eleições, que também veio evoluindo nesse sentido?

Não. É evidente que os tribunais estão legislando. Mas o fundamental é o financiamento privado. Se forma a bancada, aí entra na questão do liberalismo mesmo. O povo não tem mais influência. É precarização do trabalho, precarização do Congresso por meio do financiamento de pessoa jurídica e precarização do Executivo através do domínio absoluto da economia pelo Banco Central.
Isso é cada vez mais comum no mundo hoje. Se você quer uma crítica, tem um livro de um alemão, que chama-se Wolfgang Streeck. Como não leio alemão, li em uma edição em português do livro. Muito interessante, chama-se Tempo Comprado.

O que esperar do futuro?


Só tenho um desejo. Que essa crise seja curta. Para o Brasil voltar a ser reconstruído do ponto de vista nacional, democrático e popular. Agora, o risco é que a crise leve a uma solução, por exemplo, como a eleição do Berlusconi na Itália.
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NYT, LAVA JATO E O PROGRAMA NUCLEAR BRASILEIRO


O jornal americano The New York Times "registrou com clara satisfação a prisão do 
almirante Othon Pinheiro da Silva, presidente afastado da Eletronuclear, apontando-o como 
chefe de um programa nuclear clandestino durante a ditadura e um 'militar nacionalista' 
resgatado do ostracismo em 2003 pelo governo do presidente Lula"; O programa nuclear 
brasileiro nunca foi clandestino" e, ao afirmar que a energia nuclear será, em algum momento, 
"fundamental" para o desenvolvimento do País, com o esgotamento das hidrelétricas, diz que a 
prisão de Othon "tem relação direta" com essas questões; "Mas culpado ou inocente, por tudo 
o que ele sabe e representa, não pode ser submetido à sanha dos procuradores e delegados por 
delações premiadas".

POR TEREZA CRUVINEL

O jornal americano The New York Times registrou com clara satisfação a prisão do almirante Othon Pinheiro da Silva, presidente afastado da Eletronuclear, apontando-o como chefe de um programa nuclear clandestino durante a ditadura e um “militar nacionalista” resgatado do ostracismo em 2003 pelo governo do presidente Lula.
O programa nuclear brasileiro nunca foi clandestino, vinculando-se inicialmente a um acordo internacional com a Alemanha, que muito irritou os Estados Unidos. Foi o acordo que possibilitou a construção das usinas Angra I e Angra II. Mas Angra III já vem sendo construída com tecnologia nacional pela Eletronuclear, tecnologia desenvolvida a partir das pesquisas estratégicas realizadas pela Marinha. Estas sim, tratadas como segredo de Estado, tanto quanto as empreendidas pelos países ricos nesta e em outras áreas. Othon teve papel relevante neste processo, do qual é considerado como principal líder intelectual.
Como escreveu o economista e jornalista José Carlos de Assis em artigo republicado pelo 247, “o almirante Othon é um arquivo vivo de tecnologia”. Foi sob sua coordenação que o projeto Aramar desenvolveu as super-centrífugas brasileiras que processam o urânio a custos 70% menores que outros países, inclusive os Estados Unidos, que sempre quiseram se apropriar da tecnologia brasileira.
O programa nuclear brasileiro foi metaforicamente detonado por Collor, quando fechou o “buraco da serra do Cachimbo”, depósito de dejetos nucleares do programa, em sinal de sua paralização. E por Fernando Henrique, quando deixou o projeto Aramar definhar por falta de verbas. Lula, depois de empossado, visitou o projeto e de fato resgatou o almirante Othon ao resgatar o programa e retomar os investimentos na construção da terceira usina nuclear.
O Brasil foi privilegiado pela natureza com um potencial invejável para a geração de energia hidrelétrica, limpa e relativamente barata. Mas esta fonte está se acabando, quase todos os rios já foram devidamente explorados, forçando a construção de novas usinas na região Norte. Em algum momento, a energia nuclear, bem como a de outras fontes, como a eólica, será fundamental para o desenvolvimento nacional.
A prisão do almirante Othon, um homem de 76 anos, tem uma relação direta com as questões acima. A Lava Jato não apresentou até agora provas de que os recursos na conta de sua empresa sejam oriundos de corrupção. Ela presta serviços aos construtores das dezenas de pequenas hidrelétricas espalhadas pelo Brasil. Será preciso demonstrar a origem dos recursos. Mas culpado ou inocente, por tudo o que ele sabe e representa, não pode ser submetido à sanha dos procuradores e delegados por delações premiadas. O Estado brasileiro tem grande responsabilidade por seu destino, ao qual estão vinculados segredos da política nacional de defesa.
Mas até agora, não se ouviu uma palavra do Governo.
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CONTINUAMOS NA LÓGICA DO CAPITAL FINANCEIRO

O coração do mercado financeiro

No Blog do Zé

De novo, alta nos juros. Mais despesas com a dívida interna, mais queda na atividade econômica e menos arrecadação. Continuamos na lógica do rentismo e do capital financeiro bancário. Nos últimos doze anos, o Brasil alocou o equivalente a R$ 2,5 trilhões de juros para o pagamento de juros da dívida pública federal.
Como escrito no Boletim de Conjuntura da Fundação Perseu Abramo hoje, “a combinação de ajuste fiscal e ajuste monetário, da maneira que vem sendo conduzida, implica uma transferência de renda direta dos trabalhadores e das populações mais carentes, que dependem dos serviços e transferências públicas, para as classes que vivem de renda, ancoradas na dívida pública”.
Enquanto isso, o país produtivo para. Vamos para uma brutal recessão com aumento do desemprego sem resolver os problemas do déficit público e do crescimento da dívida, objetivo da política de ajuste fiscal e alta de juros segundo o governo.
A inflação cairá, mas a que preço? O pior é que há, haveria outro caminho. Mas não há, no país, maioria e correlação de forças para fazer as reformas necessárias, seja a tributária ou a política. A única boa notícia é que o ciclo de alta da Selic terminou. A má é que podemos ter a mais longa recessão de nossa história, o que exige medidas políticas e econômicas para evitar uma crise social e o agravamento do desemprego.
É preciso tomar medidas para evitar uma recessão e um desemprego maiores, estimulando as exportações, tirando do papel as concessões, retomando os investimentos nos setores básicos (petróleo, gás e energia, habitação), evitando uma queda brutal no comércio e nos serviços e mantendo o agronegócio em crescimento.
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Dublé de Empresário, João Doria lança-se como pré-candidato do PSDB em SP

Datena, Dória, a elite paulistana merece …

Dória, como se sabe, é um empresário típico da Casa Grande paulista: o produto dele é apresentar 
ricos a políticos e políticos a ricos.
O último político (sic) a se beneficiar do empreendedorismo de Dória foi o Eduardo Cunha, que 
falou para uma plateia de uns setecentos parvos, membros do LIDE, instituição do Dória que paga a 
passagem e a hospedagem de jornalistas (sic) para cobrir seus eventos (sic) nacionais e 
internacionais (sic). 
Dória tem um jatinho, que ele utilizou para conduzir o Príncipe da Privataria, quando participou 
daquele caça-níqueis, o Man of the Year no Waldorf Astoria.
Na eleição de para prefeito de São Paulo de 2012, o Haddad deu uma sova no Padim Pade Cerra. 
O Cerra – “ôba !” – agora quer ser presidente da República, pela 891ª vez. 
O Cerra não conclui nenhum mandato. 
Ele sempre pula para a frente. 
Porque, na verdade, a profissão dele é candidatar-se. 
A mesma profissão do Janio Quadros, depois que renunciou à Presidência. 
Janio era candidato – a tudo. 
E a fazer campanhas, financiadas por um terreninho que ele tinha na Vila Maria. 
Quá, quá, quá! 
O Cerra se financia em quermesses, realizadas num vagão do metrô de São Paulo ou numa 
ambulância super-faturada.
Ainda bem que o Dr Moro tem o JS, o Dantas e assemelhados na mira. (Ou não tem tem ?, como 
perguntaria o Gil…)
Cerra, Dória, Datena…
Os salões da Casa Grande São Paulo, de Dona Veridiana e do Dr Gastão, já receberam visitantes 
mais ilustres… 

Paulo Henrique Amorim
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Por que a Globo foi rebaixada?


Bonner será visto cada vez menos no JN

Por : Paulo Nogueira

Ontem o Globo deu mais uma de suas manchetes contra Dilma.
Era mais ou menos isso: “Agora Dilma culpa a Lava Jato pela crise econômica”.
É que Dilma dissera que a Lava Jato estava cobrando um preço sobre a economia do país, com o cerco prolongado – e para muitos exagerado – a grandes empresas nacionais.
Tudo isso posto, seria interessante saber como o Globo daria na manchete o rebaixamento de sua nota pela agência de avaliação S&P, uma das maiores referências para grandes investidores de todo o mundo. Bancos também consultam a S&P quando examinam o pedido de empréstimo de uma corporação para minimizar o risco de calote.
Tenho a convicção de que o Globo terceirizaria a culpa, no mesmo estilo que o jornal criticou tão brutalmente em Dilma.
“Instabilidade na economia brasileira faz nota da Globo baixar”: seria mais ou menos esta a manchete.
E seria a linha seguida pelos comentaristas econômicos da casa, de Míriam Leitão a Sardenberg.
A Globo foi vítima, portanto.
Tudo bem, não fosse isso um sensacional auto engano.
Não que a turbulência do momento na economia não possa ter tido algum peso. Mas o grande fator do rebaixamento está na própria Globo.
A Globo opera num setor – a mídia – que passa por um processo que vai além de transformação. Estamos diante de uma disrupção. Ou, para usar um célebre conceito de Schumpeter, presenciamos na mídia uma “destruição criativa”.
Morre um mundo, aquele em que a Globo parecia inexpugnável, e ergue-se outro em que a empresa é mais um na multidão.
A internet está fazendo com as companhias tradicionais de jornalismo o que os automóveis fizeram com as carruagens há pouco mais de cem anos.
Sabia-se, faz tempo, que a mídia impressa estava frita. Mas se imaginava que a televisão poderia escapar da internet. Não. Os sinais são claros de que o destino da tevê como a conhecemos – aberta ou paga – é o mesmo de jornais e revistas.
A internet está engolindo a televisão. Em seus tablets ou celulares, as pessoas vêm vídeos como querem, na hora em que querem – e sem precisar de emissoras de tevê.
A Reuters acaba de lançar um serviço de vídeo cujo slogan diz tudo: “O canal de notícias para quem não vê mais televisão”.
Bem-vindo ao Novo Mundo.
Nele, os protagonistas serão empresas como Netflix, e não Globo ou qualquer outra emissora.
Como esquecer um depoimento recente de Silvio Santos, ao vivo, no qual ele disse não ver televisão? SS afirmou que gasta seu tempo com a Netflix, e recomendou aos espectadores que fizessem o mesmo.
Quanto tempo até os anunciantes fazerem, no Brasil, o mesmo percurso dos consumidores e irem para a internet?
No Reino Unido, a internet em 2015 responderá por metade do bolo publicitário. No Brasil, o pedaço digital está ainda na casa dos 15%.
Todas as audiências da Globo, do jornalismo às novelas, despencam sob o impacto da internet.
O Jornal Nacional se esforça para não cair abaixo dos 20 pontos, e novelas em horário nobre, como Babilônia, descem a abismos jamais vistos na história da emissora.
O público se retirou, e quando os anunciantes fizerem o mesmo, o que afinal é inevitável, a Globo estará em apuros sérios, como é o caso, hoje, da Abril.
Na internet, a Globo jamais conseguirá reproduzir a dominância que tem na tevê – e muito menos os padrões multimilionários de receitas publicitárias.
Tudo isso pesou na avaliação da S&P.
A Globo tenderá a justificar seu rebaixamento colocando a culpa em Dilma, mas o problema está nela mesma.
Sobra a piada que a Globo usou contra Dilma.
“Dilma é culpada até pelo rebaixamento da Globo.”
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O leão Cecil e a imbecilidade humana



Por Paulo F.

Um caçador estadunidense matou Cecil. Para aqueles que não o conheciam Cecil era um leão. Mais, 
era um espécime de juba negra, objeto de estudo científico e animal símbolo do Zimbábue.
Nascemos todos caçadores e coletores. Era desta forma que nossos ancestrais buscavam alimentação. 
Estudos científicos mostram que a evolução só foi possível com o aumento do consumo de proteína, 
muito dessa proteina encontrada no que chamamos tutano. Eramos chupadores de ossos...
A evolução deu-se e consolidamos o que pode-se chamar Humanidade. Porém, de forma imperfeita, 
pois em seu seio abriga elementos como James Palmer, 55 anos, dentista, reincidente.
Palmer já havia caçado outro grande mamífero , um urso pardo de forma ilegal. Não satisfeito e de 
forma a satisfazer seu ego, com um punhado de dólares, cinquenta e cinco mil pára ser exato o Sr. 
Palmer auxiliado por dois locail, acertou Cecil com um projetil disparado de seu arco.
O grande mamífero, que segundo relatos apreciava a atenção que os humanos dedicavam a ele, não 
caiu imediatamente.Agonizou por horas. Foi morto por disparo de arma de fogo.
Palmer necessitava mais para satisfazer sua vaidade. O troféu. A cabeça e a pele de Cecil. 
Espera-se ação imediata das autoridades estadunidenses (que volta e meia se arvoram em polícia do 
planeta), e o Sr. Palmer pague mais que uma multa e leve uma passada de mão na cabeça de um juiz 
de uma corte inferior 
Muito mais que Cecil, o Sr. Palmer destruiu símbolos. Como o da nossa capacidade de compreender 
e apreciar a beleza, que o grande Cecil representava. Exterminou não só o animal, mas também um 
pouco da Humanidade latente em todos nós.

Do Metro
Dentista pagou US$ 55 mil para matar leão no Zimbábue


Foi um americano o responsável pela morte de Cecil, 13 anos, o maior e mais importante leão do 
Zimbábue. Chama-se Walter Palmer e é um dentista que teria pagado US$ 55 mil para poder acertar 
o leão com arco e fecha no Parque Nacional de Hwange. A morte de Cecil chocou a comunidade, 
porque o animal parecia gostar do contato com humanos.
O leão teria sido atraído para fora do parque e só então atingido com a flecha. O ataque aconteceu de 
noite, já que apenas no dia seguinte Cecil foi encontrado decapitado e sem pele.
Já o caçador suspeito de ter feito o disparo com arma de fogo é Theo Bronkhorst, um profissional 
que trabalha para a Bushman Safaris e que está sendo processado pela “Gwayi Conservancy”, uma 
organização sem fins lucrativos que protege a vida animal em Hwange.
“Eu não tinha a menor ideia de que o leão que eu matei era conhecido, e que fazia parte de um 
estudo, até o momento final da caçada”, disse o dentista Palmer. “Me arrependo profundamente.”
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TV AFIADA: Mangabeira: o Brasil é um protetorado americano !


“Sou pessoalmente um defensor de democratização da propriedade nos meios de comunicação”

O Brasil precisa de um avanço tecnológico de vanguarda para ganhar protagonismo.
Essa é a opinião do ministro de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Roberto Mangabeira Unger, em entrevista a Paulo Henrique Amorim.
Unger é professor de filosofia na Universidade de Harvard e responsável por conceber um novo caminho de desenvolvimento para o país.
No Governo Lula ele também foi ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, quando formulou um Plano de Defesa e contribuiu para a demissão da Bláblárina – aquela bagróloga.
Lula decidiu entregar  a ele e não a ela formulação de uma política para a Amazônia – e ela foi embora (não sem tempo !).
Na entrevista dessa quarta-feira, 29/07, Mangabeira disse a PHA que o Brasil tem que escolher que tipo de aproximação deve ser feita com os Estados Unidos: se dependente ou não em setores estratégicos, como o nuclear, o cibernético e o espacial.
“Eu defendo há muito tempo a aproximação com os EUA. Entendo que teríamos muito a ganhar com uma relação estratégica com os EUA. Talvez uma inibição mais poderosa dessa aproximação é a dependência em que nos encontramos frente aos EUA. Quase toda a nossa comunicação de internet com o mundo, inclusive com a Europa e a Ásia, passa pelos EUA. Eu tenho dito que, se persistir essa situação, na prática, o Brasil é um protetorado dos Estados Unidos. O Brasil precisa decidir se quer ou não quer ser um protetorado dos EUA”, afirmou Mangabeira.
(Clique aqui para ler “O Brasil tem cyber-segurança ? Não !”).
E continuou: “O Brasil é um caso único na história moderna de um país da nossa dimensão que emerge sem pretensões imperais. O Brasil ascende sem imperar. Para que o Brasil possa se rebelar, precisa poder dizer não. E para poder dizer não precisa defender-se. E para se defender precisa ter tecnologia de vanguarda que não dependa das grandes potências do mundo”.
Mesmo com a Operação Lava-Jato e o ajuste fiscal, o ministro acredita que esta seja uma oportunidade para mudanças no país.
“A necessidade é a mãe da invenção. Agora, sim, na hora do aperto fiscal, da queda econômica e da confusão política podemos começar a persuadir o Brasil a se reinventar. Essa é a hora, esse é o momento mágico da transformação estrutural”, sugere.
Na entrevista, o ministro fala em uma nova estratégia nacional de desenvolvimento.
“O Governo está comprometido. É uma estratégia baseada em capacitações educacionais e oportunidades produtivas. A maior parte das nossas empresas continua afundada em um primitivismo produtivo, embora tenhamos uma cultura empreendedora vibrante. Uma parte dessa estratégia é tirar as empresas de seu primitivismo e fomentar o empreendedorismo de vanguarda no Brasil. Para isso, precisamos de um choque de ciência e tecnologia”, esclarece.
Para completar: “E o complexo industrial de defesa, inclusive os setores estratégicos – nuclear, cibernético e o espacial – representa um terreno privilegiado para desenvolver o vanguardismo tecnológico”.
Unger acredita que o Brasil deve ser uma potência revisionista, e crê que a educação necessita de um outro rumo, inclusive na questão dos currículos escolares:
“O que seria melhor para nós seria fazer diferente no Brasil e introduzir cada área do conhecimento de pontos de vista contrastantes. De tal forma a formar uma nação de rebeldes e assegurar que os jovens cheguem à universidade imunizados contra o servilismo intelectual. Isso é o mais importante, a nossa auto-formação”, admite.
Segundo ele, a solução não é mais dinheiro. “Nós estamos acostumados no Brasil a resolver todos os problemas com dinheiro. A verdade é que ideias, traduzidas em inovações audaciosas, são recursos mais escasso do que dinheiro”, opina.
Sobre o papel dos meios de comunicação em relação à estratégia do Governo, ele foi enfático: “Eu sou um defensor pessoalmente de democratização da propriedade nos meios de comunicação. Não se trata de regular, de vigiar a imprensa como ela se organiza hoje. Trata-se de multiplicar os passos para o debate coletivo. É disso que o Brasil já precisa. E isso não é nenhum devaneio”, sentenciou antes de alertar que essa era uma opinião dele e não do Governo.
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Imperdível: PHA sobre o Othon e a Globo !

Por que o FHC quis matar de inanição o programa nuclear ?

Em abril de 2014, o PT Paulista realizou, em São José dos Campos (SP), o Camping Digital do partido.
O evento, que contou com oficinas, debates e análises sobre tecnologia e mídias sociais, teve a presença do ansioso blogueiro, que, à época, fez enfática defesa do Almirante Othon Silva, que é investigado e teve a prisão decretada pelo juiz Sérgio Moro nesta semana
Em sua palestra, PHA ainda afirmou que o PT devia uma Ley de Medios ao Brasil. A ocasião rendeu um importante post no Conversa Afiada.
O intuito do Camping Digital era formar a militância e destacar a importância do conhecimento nas novas mídias.
Um dos militantes filmou a participação de PHA e o vídeo reapareceu nos últimos dias nas redes sociais logo após o Almirante Othon ser preso na última terça-feira (28) durante a 16ª fase da Operação Lava Jato.
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Tribunal Militar tem que proteger Othon !


Moro é uma ameaça à Segurança Nacional !

OS SEGREDOS DO ALMIRANTE OTHON DEVEM SER GUARDADOS PELO STM

J. Carlos de Assis (Economista, professor, doutor pela Coppe/UFRJ, autor de cerca de 20 
livros sobre a economia política brasileira)

A prisão decretada pelo juiz Aldo Moro contra o vice-almirante Othon Luís Pinheiro da Silva, presidente licenciado da Eletronuclear – descrito por um jornal carioca como “ícone” da tecnologia nuclear brasileira -, pode ser um ato duplo de sabotagem do mais importante projeto de Defesa do Brasil, o submarino nuclear, assim como da tecnologia das centrífugas, a produção barata de urânio enriquecido que enche de inveja as próprias potências nucleares. Se ficar por isso mesmo, em mais uma normalidade anormal introduzida pela Lava Jato na vida política brasileira, é mais vantajoso e mais barato entregar o poder total aos procuradores.
O almirante Othon é um arquivo vivo de tecnologia. Metê-lo na cadeia como um prisioneiro comum, sujeito às torturas psicológicas do juiz Moro que se especializou em delações premiadas arrancadas pelo stress da cadeia, é um risco para a segurança nacional e para a Defesa. Não tenho nenhuma confiança em que algum desses promotores ansiosos por fama não caiam na sua própria armadilha de comprar informações pela humilhação, passando a vendê-las pelo dinheiro e pela fama de desnuclearizar o Brasil. Um presidente muito afoito já fez isso em Cachimbo, sem nenhuma contrapartida das potências nucleares!
Os órgãos do Estado responsáveis pela Segurança e Defesa tem a obrigação de agir imediatamente. Primeiro, exigindo que se coloque o inquérito em segredo de Justiça. De uma maneira mais eficaz, exigindo a transferência das investigações para órgãos militares sob controle das Forças Armadas e do STM. Na verdade, se a Marinha, que está fazendo o submarino nuclar e fez as centrífugas, guardou tão bem os segredos relativos a esses desenvolvimentos tecnológicos vitais para o Brasil, é claro que se confia mais em sua discrição do que na do juiz Moro e de seus promotores midiáticos que vivem vazando informações para a mídia internacionalizada.
Fora dos blogs e de raríssimos comentaristas da grande mídia, não tem havido informação honesta sobre a acusação contra o almirante. Fala-se que recebeu em sua conta 4,5 milhões de reais em mais de quatro anos. Pergunto: Qual alto executivo de grande empresa, com menos qualificações que ele, ganhou menos do que isso em período equivalente? Acha-se na fila de emprego, com salário de iniciante, algum engenheiro com as qualificações dele? E por que chamar de propina, e não de remuneração normal? Em qualquer hipótese, o Brasil deve muito a esse engenheiro nuclear e almirante. Ele merece respeito, e não suspeita.
Mas temos uma questão imediata de Defesa e de Segurança Nacional pela frente. A Lei de Segurança Nacional da Ditadura acabou em boa hora; eu próprio fui vítima dela. Mas há uma lei anterior que está em plena vigência. É a Lei 1802, de 5 de janeiro de 1953, em plena democracia. Vale a pena ver alguns de seus termos, literalmente. Isso ajuda a concluir que, se houver uma providência simples do Governo, será possível proteger nossos segredos nucleares e aqueles que foram responsáveis por seu desenvolvimento a partir da avocação do processo correspondente para a Justiça Militar. Eis alguns de seus artigos pertinentes ao caso:
Art. 29. Conseguir, transmitir ou revelar, para o fim de espionagem política ou militar, documento, notícia ou informação que em defesa da segurança do Estado, ou no seu interêsse político, interno ou internacional, deva permanecer secreto.
Pena:- reclusão de 6 a 15 anos.
Parágrafo único. Se se tratar de notícia, documento ou informação cuja divulgação tenha sido proibida pela autoridade competente, a pena será aumentada da metade.
Art. 30. A pena restritiva de liberdade, estabelecida no art. 202 do Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, será aplicada, sem prejuízo de sanções outras que couberem com aumento de um têrço, se a sabotagem fôr praticada:
a) em atividades fundamentais à vida coletiva;
b) em indústria básica ou essencial à defesa nacional;
c) no curso de grave crise econômica.
A pena será aplicada com agravação da metade:
d) em tempo de guerra;
e) por ocasião de comoção intestina grave, com caráter de guerra civil;
f) com emprêgo de explosivo;
g) resultando morte, ou lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único.
Constituem, também, sabotagem os atos, irregulares reiterados e comprovadamente destinados a prejudicar o curso normal do trabalho ou a diminuir a sua produção.
Paralelamente à questão do Almirante Othon, não seria a destruição da Engenharia Nacional pela Lava Jato também um caso de “prejudicar o curso normal do trabalho ou a diminuir a sua produção?”
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Wagner: PF não vai meter a mão na tecnologia nuclear !


“Tenho uma grande admiração pelo Almirante Othon, como um intelectual !” Ministro da 
Defesa: ninguém vai desmontar um programa nuclear de 35 anos !

O Conversa Afiada falou por telefone com o Ministro da Defesa, Jaques Wagner, nessa manhã 
trevosa de quarta-feira 29/07), quando a Fel-lha e a PF anunciaram o propósito de afundar o 
programa nuclear brasileiro.
Disse o Ministro (a reprodução não é literal):
- O programa nuclear brasileiro, que levou 35 anos para construído, é intocável !
- Não vai ser aberto !
- Isso é um segredo guardado a sete chaves !
- Ninguém no mundo abre a tecnologia nuclear.
- E essa tecnologia própria, nacional, deve em boa parte ao valioso trabalho intelectual do 
Almirante Othon !
- Por quem tenho profunda admiração intelectual.
- O trabalho do Almirante Othon é uma referencia nossa e mundial !
- Agora, se a CGU, o Tribunal de Contas qualquer instituição devidamente credenciada quiser 
analisar os contratos comerciais, OK !
- Eles são transparentes.
- Mas, só os contratos comerciais !
- Na tecnologia nuclear, nunca ! Ninguém entra !


Paulo Henrique Amorim
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Ator global revela espécie de “censura” no Fantástico


 “Era mesmo um problema ideológico”, diz Pedro Cardoso em entrevista a Mauricio Stycer

“A televisão constrói um país que não é verdadeiro”, diz Pedro Cardoso

Depois de mais de 30 anos de Rede Globo, o ator Pedro Cardoso se sente desde o final de 2014 pouco prestigiado pela emissora, com quem ainda mantém vínculo contratual. O ano marcou o encerramento, depois de 14 temporadas, da série “A Grande Família”, na qual interpretou o inesquecível Agostinho Carrara. Também será lembrado por ele como o de uma experiência traumática, o quadro “Uãnuêi”, interrompido pelo “Fantástico” depois de apenas quatro episódios (de um total de dez).
Pedro Cardoso está, no momento, em cartaz com uma peça muito elogiada, “O Homem Primitivo”, na qual divide autoria, direção e o palco com sua mulher, Graziella Moretto. Esta semana, encerra-se, com casa lotada, a temporada paulistana, no Teatro Frei Caneca, e na próxima semana tem início no Rio, no Teatro das Artes.
Tive uma experiência traumática no ‘Fantástico’. Fizemos um quadro de improviso. A equipe do ‘Fantástico’ não gostou. E obviamente, quando não gostam, dizem que teve dificuldade de audiência. Acho que não era crise de audiência, não. Era mesmo um problema ideológico
O ator foi o convidado desta semana do “UOL Vê TV”. Na conversa, realizada na tarde de terça-feira (28), ele fala bastante sobre como vê a televisão brasileira hoje – “acovardada e conservadora”.
Conta que, ao final de “A Grande Família” não recebeu nenhuma oferta da Globo para desenvolver algum projeto seu. Nem sentiu qualquer interesse da emissora para que apresentasse alguma ideia. “Com a trajetória que tive na TV Globo, e com o sucesso que ‘A Grande Família’ teve, eu imaginava que a emissora me ofereceria a oportunidade de desenvolver um projeto que fosse meu. ‘A Grande Família’ era um projeto coletivo. Isso não foi oferecido a nenhum de nós”, diz.
“O petróleo da comunicação social, em teledramaturgia, é o ator. É o ator que dá cara ao trabalho de todos. Isso confere ao ator um poder incomensurável. Ninguém sabe, na verdade, quem é o diretor ou o autor da ‘Grande Família’, embora eles fossem tão importantes quanto nós. A empresa, e não só a Globo, todas, o que fazem? Negam poder ao ator. Os atores ficam esperando ser convidados. A Globo não é sensível a nenhum movimento feito por um ator”, justifica. “Preferem atores que já entraram no mercado tendo abdicado de antemão da sua autoria.”
Abaixo, alguns trechos selecionados da conversa. O último vídeo, com 30 minutos, tem a íntegra da entrevista. Recomendo muito.
(…)
Sobre o cancelamento da série que fez para o “Fantástico”, na qual ele e Graziella Moretto improvisavam sobre temas propostos pela plateia, Pedro diz que a emissora alegou problemas de “audiência” para cancelar o quadro. “Tive uma experiência traumática no ‘Fantástico’. Fizemos um quadro de improviso, improviso verdadeiro, não esse improviso falso, que às vezes se tenta fazer. A equipe do ‘Fantástico’ não gostou. E obviamente, quando não gostam, dizem que teve dificuldade de audiência. Acho que não era crise de audiência, não. Era mesmo um problema ideológico”, afirma.
E acrescenta: “A televisão no Brasil se dedicou a construir uma espécie de país que não é verdadeiro. O ‘Fantástico’ trata dos assuntos com uma falsa verdade, na minha opinião. Até quando diz que uma coisa é verdade, parece entretenimento, uma coisa bobinha, engraçadinha. Eu faço uma coisa que é engraçada mesmo, não engraçadinha. A gente mandou dez programas prontos. Na hora de escolher os primeiros, foram escolhidos os mais amenos.”
Na visão do ator, “a televisão brasileira está com muito medo da internet”. “E está um pouco acovardada, um pouco conservadora. Ela está mudando só na maquiagem.”
O seu diagnóstico é duro mesmo: “O mundo mudou muito. E uma coisa principal: o Brasil mudou, muito mais que a televisão brasileira. A TV brasileira ainda está igual ao Brasil do FH [Fernando Henrique Cardoso] e nós estamos num Brasil pós-Dilma, embora ela ainda esteja [no governo]. E a gente tem que retratar este Brasil que mudou. Se a gente ficar fazendo a televisão que era da época do Fernando Henrique, o público vai fazer outra coisa.”
(…)
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Quem mira no Almirante? A farsa se ergue contra um homem que é uma lenda.



Nilson Lage no Tijolaço

A farsa se ergue contra um homem que é uma lenda.
Soube dele – e dos projetos tecnológicos da Marinha -na década de 1970.
Eu editava política e nacional no Globo e recebi ordem da direção para não publicar uma entrevista sobre o assunto com um oficial da Armada. Disseram-me que era ordem da censura.
No entanto, quem recebia comunicados da censura – pelo telefone ou em tiras de papel fino – era eu. Desconfiei da história.
Quando o censor de verdade me telefonou – era frequentemente a fonte das notícias“que eu não podia publicar” – fiz-me de desentendido:
– Quem recebe sempre instruções de vocês sou eu. Por que diabos resolveram proibir por via da direção do jornal a publicação da matéria tal, sobre pesquisa nuclear da Marinha?
– Não mandamos. Há um erro.
Dois dias depois, a matéria saiu, ocupando quase a página toda, com uma estranha foto em três colunas do entrevistado – tratamento digno dos mais nobres “recomendados do nosso companheiro” (Roberto Marinho).
Voltei a ter contato com o assunto, anos depois, já no ocaso do regime militar, quando me encomendaram – eu trabalhava na Universidade Federal do Rio de Janeiro – um estudo sobre a implantação de uma rede nacional de televisão regionalizada mais inspirada no modelo da antiga Rádio Nacional, que operava comercialmente.
Meu interlocutor na Subsecretaria de Assuntos Estratégicos do Conselho de Segurança Nacional era um doutor em Física, oficial de Marinha.
Finalmente, no início da década de 2000, na última etapa de minha vida profissional, dirigindo um órgão público, tive a honra de conviver com cientistas da Marinha brasileira, responsáveis pelo desenvolvimento das pesquisas nucleares desde que Álvaro Alberto – que atingiu o almirantado por decisão do Congresso Nacional – trouxe ao Brasil, no segundo governo Getúlio Vargas, as primeiras instalações nucleares.
A conspiração atinge a mais alta patente da carreira científica naval, exatamente no núcleo pensante que mais compromissos tem com a Pátria e que se empenha, no momento, em construir as bases para a defesa da Amazônia Azul, onde mora a esperança de um futuro independente para o Brasil.
Obviamente, não é um juiz de primeira instância do Norte do Paraná, um procurador movido pela ira do deus enfezado dos evangélicos radicais ou meia dúzia de covers do FBI que têm tal motivação e poder."
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quarta-feira, 29 de julho de 2015

GLOBO É REBAIXADA POR AGÊNCIA DE AVALIAÇÃO S&P; PETROBRAS MANTÉM POSIÇÃO


Lista é usada por investidores estrangeiros na hora de decidir onde colocar seu dinheiro.

Parece brincadeira, mas a Globo — que tantas lições dá sobre como gerir o Brasil e tantos vaticínios 
catastrofistas fez sobre a Petrobras — foi rebaixada pela agência de avaliação S&P.
O anúncio foi feito um dia depois de a S&P reavaliar o Brasil: o grau de investimento foi mantido, 
mas num patamar inferior: BBB-.
A classificação da S&P é um dos fatores-chave que investidores estrangeiros consideram na hora de 
fazer suas aplicações.
A Petrobras, usada intensivamente para atacar o governo, não sofreu alteração.

Abaixo, a lista completa das empresas que tiveram a perspectiva alterada para negativa:

– AmBev – Companhia de Bebidas das Américas (AmBev);
– Atlantia Bertin Concessões S.A. (AB Concessões) e suas subsidiárias, Rodovia das Colinas S.A. e Triângulo do Sol Auto-Estradas S.A.;
– Arteris S.A. e sua subsidiária, Autopista Planalto Sul S/A.;
– Braskem S.A.;
– CCR S.A. e suas subsidiárias, Autoban – Concessionária do Sistema Anhanguera Bandeirantes S.A., Concessionária da Rodovia Presidente Dutra S.A., e Rodonorte Concessionária de Rodovias Integradas S.A.;
– CESP-Companhia Energética de São Paulo;
– Companhia de Gás de São Paulo – Comgás;
– Companhia Energética do Ceará – Coelce;
– Duke Energy International Geração Paranapanema S.A. (Duke);
– Ecorodovias Concessões e Serviços S.A. e Concessionária Ecovias dos Imigrantes S.A.;
– Elektro Eletricidade e Serviços S.A. (Elektro);
– Eletrobras-Centrais Elétricas Brasileiras S.A.;
– Globo Comunicação e Participações S.A. (Globo);
– Itaipu Binacional;
– Multiplan Empreendimentos Imobiliários S.A. (Multiplan);
– Net Serviços de Comunicação S.A. (Net);
– Samarco Mineração S.A.;
-Tractebel Energia S.A.;
– Transmissora Aliança de Energia Elétrica S.A. (TAESA);
– Ultrapar Participações S.A. (Ultrapar); e
– Votorantim Participações S.A. e suas subsidiárias, Votorantim Industrial S.A. e Votorantim Cimentos S.A.
Abaixo segue a lista das empresas que tiveram mantidas as notas de crédito e a perspectiva, em estável:
– Aché Laboratórios Farmacêuticos S.A.;
– BRF S.A.;
– Embraer S.A.;
– Fibria Celulose S.A.; and
– Raízen
Abaixo seguem as empresas que tiveram mantidas as notas de crédito e a perspectiva, em negativa:
– Natura Cosméticos S.A.; e
– Vale S.A. e sua subsidiária, Vale Canadá Ltd.
Abaixo segue a lista das empresas que não foram afetadas pela ação envolvendo o rating do Brasil:
– Klabin S.A.;
– Neoenergia S.A.;
– Odebrecht Engenharia e Construção S.A.; and
– Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras.

Haddad fala de seus principais adversários em 2016: Datena, Russomanno, Marta


Haddad

por : Pedro Zambarda de Araujo

Depois de conversar com o PSDB e o PSB, o apresentador de TV José Luiz Datena confirmou que será candidato à prefeitura de São Paulo. O vice na chapa será o delegado Antonio Assunção de Olim e o Partido Progressista foi escolhido como legenda.
Enquanto isso, Celso Russomanno promete voltar a disputar as urnas pelo PRB após chegar em 34% das intenções de voto em 2012, de acordo com o Ibope. Estes são dois nomes fortes que se colocam para disputar com o atual prefeito Fernando Haddad em 2016.
Haddad falou sobre o cenário político atual na capital paulista e seus concorrentes numa entrevista coletiva do qual o DCM participou.
“Acho que Russomanno é o candidato que tem mais aceitação por ser um outsider do jogo político tradicional. Não é visto como um político de dentro”, acredita. “Datena está em uma situação semelhante e pode chamar atenção nas eleições também por ser um rosto famoso na televisão”.
Ele questiona a sustentabilidade de uma candidatura de Marta Suplicy e se ela vai prosperar na disputa, além de não ter certeza sobre qual candidato o PSDB pretende lançar. O nome mais recorrente é o de Andrea Matarazzo, mas João Doria Jr admitiu suas pretensões no famoso almoço para empresáriso em torno de Eduardo Cunha.
Ao falar de nomes que vem diretamente de programas jornalísticos sensacionalistas, o prefeito brincou com as possibilidades nas eleições do ano que vem. “Há um clima de mal-estar econômico no ajuste fiscal. O país pode ter crescimento zero e é provável que São Paulo sofra uma retração. O que tenho medo é que o SBT resolva lançar o palhaço Bozo como candidato, considerando os outros adversários que temos”, complementou.
O prefeito crê que o PT paga “por mais de 10 anos de ataques da grande imprensa”: “Embora o julgamento do mensalão tenha acabado próximo das minhas eleições, ainda sofremos os efeitos de uma mídia que tenta criminalizar o partido que governa o país”. No entanto, o cenário para ele aponta outros perfis de candidatos, saídos da própria mídia.
Para Fernando Haddad, a eleição deverá apresentar um segundo round contra Celso Ubirajara Russomanno. O jornalista assustou na disputa de 2012 ao explodir na frente das pesquisas eleitorais. Terminou em terceiro com 1,3 milhões de votos (21,60%), atrás de Serra e do próprio Haddad.
O petista considera Datena outro páreo duro. Para ele, é apenas no horário eleitoral que se abre espaço para diálogo do PT para além de seu eleitorado tradicional. “Antes das eleições, é uma conversa para convertidos. É só na televisão e durante a disputa que conseguimos colocar todas as nossas ideias para que a população saiba o que está acontecendo. Antes disso, todos ficam reféns da mídia”, frisou.
Haddad permanece cético sobre Marta Suplicy, mas cogita nomes entre os tucanos. No caso do PSDB, mencionou Matarazzo e Alexandre de Moraes, ex-subsecretário de Kassab. “Parece claro que eles querem concorrer e são os nomes cotados, mas não tenho certeza sobre isso”, disse ele.
O prefeito vê a segurança pública como calcanhar de aquiles dos tucanos. “O número de novos policiais militares cai dramaticamente todo ano. Não há efetivo suficiente para o policiamento, ao contrário do que dizem as propagandas do PSDB. São Paulo é uma cidade que não tem um PM a cada 10 quilômetros. Falam em fazer concursos, mas os policiais não estão nem ganhando bem. Daqui a pouco vai ter mais guarda civil metropolitano do que policial militar”, diz.
E a Marta?
Desfiliada após 33 anos de militância no PT, Marta disparou ataques na imprensa em abril de 2015 contra o antigo partido no qual fez carreira de deputada federal, senadora, ministra do Turismo de Lula, ministra da Cultura de Dilma e prefeita de São Paulo.
Haddad elogiou os CEUs, o bilhete único e diversos feitos da gestão de Marta, mas não a considera “habilidosa politicamente”. “Faltava habilidade para ela no passado e ainda falta hoje. Marta Suplicy saiu do PT achando que todo mundo iria abraçá-la. Acho que nem o PSB quer mais ela. Se ela não for pedir com muito cuidado para entrar em uma legenda, ela pode ficar sem partido. Falo isso com muita humildade, porque ela já anunciou três vezes a filiação que ainda não aconteceu”, declarou.
Mesmo com tantas críticas, Haddad não acredita que o eleitorado paulistano é reacionário e acha que este é o motivo de boas gestões petistas terem passado pelo poder municipal. “Erundina, Marta e eu provamos que o eleitorado paulistano não é totalmente conservador. Ele é sim influenciado por forças conservadoras”, complementou.
O petista teme que a insatisfação da população na crise favoreça um oportunista a chegar ao poder. Nessa seara, Celso Russomanno e José Luís Datena se destacam.
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REQUIÃO SOBRE O PROCURADOR FANFARRÃO DA LAVA JATO: “Santa Periquita dos Aflitos!”


Do senador Requião, no Twitter, sobre o 
procurador Deltan Dallagnol, que numa igreja 
disse que Deus protege a Lava Jato:
@requiaopmdb: Meu Deus! Se revela agora que 
para o Deltan a lava jato não é operação 
policial! É um rito, um culto religioso? Santa 
Periquita dos Aflitos!
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A estranha história do Almirante Othon, que dedicou a vida à soberania do Brasil


O Putin deixava prender o Almirante Othon, Dilma ?

Por: Fernando Brito

O Vice-Almirante Othon Pinheiro da Silva, mandado prender hoje por Sérgio Moro, é o mais legítimo sucessor do também Almirante Álvaro Alberto, que pôs em risco a própria carreira para desenvolver o conhecimento brasileiro sobre a energia nuclear e sua aplicação prática.
Othon – como fizera Alberto em 1953, quando conseguiu o apoio de Getúlio Vargas para que o Brasil importasse secretamente centrífugas para enriquecimento de urânio, bloqueadas pelos EUA à última hora – também recorreu a expedientes bem pouco ortodoxos para superar os boicotes, as dificuldades e a incredulidade e fazer o Brasil dominar o ciclo de enriquecimento do urânio.
Obter para o nosso país o domínio do ciclo da energia nuclear é semelhante ao que fez Prometeu fazendo o fogo deixar de ser privilégio dos deuses do Olimpo.
Desta história, porém, saltam situações muito estranhas.
Othon, hoje com 76 anos, já tocou projetos milionários e até bilionários: além do enriquecimento de combustível nuclear, o projeto brasileiro de submarino, construção de navios, obras de infra-estrutura e muitos outros.
Tem um currículo técnico e operacional invejável, que inclui pós-graduações em engenharia mecânica e nuclear no famosíssimo Massachusetts Institute of Technology, nos EUA.
Enfrentou, ao longo da carreira, indizíveis pressões norte-americanas contra a absorção de tecnologia nuclear por países de sua zona de influência e resguardou segredos pelos quais, com facilidade, alguém que estivesse disposto a lesar seu país poderia ter vendido por uma pequena fortuna.
Agora, o MP diz que Othon teria recebido R$ 4,5 milhões como vantagens por um contrato aditivo de R$ 1,24 bilhões para a construção de Angra 3. Ou 0,36% do valor.
A Folha publica que sua empresa de consultoria teria recebido, em sete anos, R$ 6,1 milhões.
Isso dá R$ 870 mil por ano.
De faturamento bruto, é menos do que está sendo proposto para a fixação de limite para a classificação como microempresa, segundo o Sebrae.
Muito menos do que alguém com a sua história profissional poderia ganhar com consultoria empresarial no mercado.
Bem menos do que muitos oficiais militares e policiais, depois de aposentados, obtém com empresas de segurança privada.
Ninguém, militar ou civil, está imune a deslizes e se os praticaram devem ser punidos. Como todos devem ter a presunção de que são inocentes e o Almirante Othon sequer foi chamado a explicar os valores faturados por sua empresa de consultoria.
Esta história, construída a partir de um delator de fundilhos sujos que quer livrar sua pele dizendo o que lhe for mandado dizer não pode ser suficiente para enjaular um homem, muito menos um que tem uma extensa folha de serviços ao país.
As coisas na Operação Lava jato são assim, obscuras e unilaterais, com um juiz mandando prender como alguns militares mandavam prender na ditadura.
É indispensável que o país ouça, como o Dr. Moro não se interessou em ouvir, a versão do Almirante Othon sobre os fatos – se é que existiram – que a Polícia Federal e o MP dizem ter ocorrido.
E é estranho que se tenha escolhido justamente uma área tão sensível como a da energia nuclear para que o Dr. Moro detonasse suas bombas de fragmentação, que ferem e destroem honra e empresas nas áreas mais estratégicas para este pobre Brasil.
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A prisão do pai do programa nuclear brasileiro. Almirante Othon peitou os EUA!


O Putin deixava prender o Almirante Othon, Dilma ?

Luis Nassif

Na operação Eletrobrás, a Lava Jato prendeu o Almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva. Seu nome apareceu na delação premiada de Danton Avancini, diretor da Camargo Correia, que lhe teria feito três pagamentos.
Ainda há que se esperar o processo final. Hoje em dia tem-se um grupo de procuradores e delegados avalizados por um juiz e, por um conjunto de circunstâncias históricas, donos do poder absoluto de levantar provas, julgar e condenar sem a possibilidade do contraditório, valendo-se de forma indiscriminada da parceria com grupos jornalísticos.
Em outros momentos, o uso indiscriminado de denúncias por jornais produziu grandes enganos e manipulações.
É possível que Othon seja culpado, é possível que não seja, pouco importa: desde hoje está na cadeia o pai do programa nuclear brasileiro.
O Brasil deve a Othon o maior feito de inovação da sua história moderna: o processo de enriquecimento de urânio através de ultra centrífugas. Foi um trabalho portentoso, que sobreviveu às crises do governo Sarney, ao desmonte da era Collor, aos problemas históricos de escassez de recursos, enfrentando boicotes externos, valendo-se de gambiarras eletrônicas para contornar a falta de acesso a componentes básicos, cuja exportação era vetada por países que já dominavam a tecnologia.
Aqui, um perfil de Othon trazido pelo nosso blogueiro Athos:
Quem é Othon Luiz Pinheiro da Silva?

No dia 14 de Setembro desse ano(artigo de 2011), o Dr. Othon Luiz Pinheiro da Silva recebeu o título de Pesquisador Emérito do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) durante a comemoração dos 55 anos do instituto (veja o evento nesse link). Chamado até de "lenda viva" na cerimônia, há quem diga que conhecer a carreira de Othon é conhecer a História da energia nuclear no País.  E você leitor, sabe quem é "esse cara"?

CURRICULUM VITAE

Nascido em 1939 em Sumidouro (RJ), Othon formou-se pela Escola Naval em 1960, iniciando sua carreira na Marinha no quadro de Oficiais do Corpo da Armada. Formou-se em Engenharia Naval pela Escola Politécnica de São Paulo em 1966, atuando como engenheiro naval do Arsenal da Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ) entre 1967 e 1974. Em 1978, Othon obteve sua especialização em engenharia nuclear no Massachussetts Institute of Technology (MIT).
Foi Diretor de Pesquisas de Reatores do IPEN entre 1982 e 1984 e foi fundador e responsável pelo Programa de Desenvolvimento do Ciclo do Combustível Nuclear e da Propulsão Nuclear para Submarinos entre 1979 e 1994. Exerceu o cargo de Diretor da Coordenadoria de Projetos Especiais da Marinha (COPESP), atual Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), de 1986 a 1994.
É o autor do projeto de concepção de ultracentrífugas para enriquecimento de urânio e da instalação de propulsão nuclear para submarinos.
Atingiu, na Marinha do Brasil, o mais alto posto para os Engenheiros Navais: o de Vice-Almirante.
Desde outubro de 2005, exerce a presidência da Eletronuclear – Eletrobrás Termonuclear, empresa sediada no Rio de Janeiro, responsável pela construção e pelo gerenciamento das usinas nucleares brasileiras.
Já recebeu diversos prêmios, entre os quais a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico por serviços prestados à ciência e à tecnologia, prêmio este oferecido em 1994 pelo então presidente da República Itamar Franco.
OTHON E O PROGRAMA NUCLEAR DA MARINHA
"Othon começou o projeto de separação isotópica do Urânio com muita criatividade, liderança e engenharia reversa", disse o Dr. Spero Penha Morato, ex-superintendente do Ipen, em seu discurso em homenagem ao Dr. Othon, na cerimônia de entrega do título de pesquisador emérito.
O projeto, que começou em 1979, produziu os primeiros resultados em laboratório já em 1982: a conversão do yellowcake (U3O8) em hexafluoreto de urânio (UF6), etapa que antecede o enriquecimento isotópico. O passo seguinte foi a produção de 24 toneladas de hexafluoreto de Urânio através do financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Para o enriquecimento isotópico, Othon desenvolvia, paralelamente à conversão e de forma secreta, centrífugas de última geração, com mancais magnéticos que minimizam o atrito. A única forma de entender rapidamente o funcionamento destes mancais naquela época era serrando uma bomba de vácuo com o mesmo tipo de mancais que havia no IPEN. E Othon fez isso, irritando, claro, muitas pessoas no projeto. Mas, foi com lances ousados como este - acrescentou o Dr. Spero Morato - que Othon pôs o seu projeto para frente.
O jornalista Lourival Sant'anna publicou, em 2004, uma reportagem no jornal O Estado de São Paulo revelando alguns fatos interessantes que marcaram o projeto. Reproduzo, abaixo, boa parte dessa matéria.
Em 1974, Othon Luiz Pinheiro da Silva, então um capitão-de-corveta de 35 anos, foi escalado para acompanhar a construção de submarinos brasileiros da classe Tonelero num estaleiro da Inglaterra. O jovem oficial estava indo a contragosto. Um mês antes de sua sombria partida, no entanto, um almirante sugeriu ao então ministro da Marinha, Geraldo Azevedo Henning, que o enviasse para o Massachusetts Institute of Technology, nos EUA, para uma pós-graduação em engenharia nuclear.
O ministro Henning, que havia feito uma viagem da Bahia para o Rio em um submarino nuclear americano e ficara entusiasmado, acatou a sugestão. Até então, o contato mais estreito de Othon com energia nuclear tinha sido uma visita ao reator do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), em 1967, quando terminava o curso de engenharia naval na Politécnica da USP.
O Brasil já havia comprado em 1972 o reator de Angra 1, da americana Westinghouse, com a promessa de fornecimento de combustível – processado nos EUA – por 30 anos. Mas, em 1974, começou-se a levantar dúvidas sobre as garantias desse fornecimento. No ano seguinte, o general Ernesto Geisel firmava o acordo nuclear com a Alemanha, que incluía não só as centrais, mas também o ciclo de enriquecimento de urânio.
Até a década de 70, o minério era enriquecido por “difusão gasosa”. Um novo método, mais eficiente e econômico, o da ultracentrífuga, vinha sendo desenvolvido, e o primeiro a dominá-lo em escala comercial foi o consórcio Urenco, formado por Inglaterra, Holanda e Alemanha. O Brasil queria essa tecnologia.
Na última hora, no entanto, os alemães informaram que não poderiam incluí-la no pacote, porque a Holanda, por pressão americana, tinha vetado sua venda ao Brasil. Em seu lugar, os alemães ofereceram aos brasileiros o jet nozzle, um método “muito promissor”, segundo eles, de separação do urânio 238 do 235. Enriquecer urânio é aumentar o teor de 235. Na natureza, o urânio 235 representa apenas 0,7% do minério e o 238, os outros 99,3%. “Quem tivesse feito um curso razoável de física no ensino médio já não compraria esse método”, ironiza Othon. O professor Manson Benedict, um papa do MIT em energia nuclear, deu na época uma aula sobre o jet nozzle, concluindo: “Os brasileiros acreditaram e compraram isso”.
Em 1979, quando Othon voltou ao Brasil, a Marinha não sabia o que fazer com ele. Depois de quatro ou cinco dias de hesitações, levaram o recém-promovido capitão-de-fragata até o diretor-geral de Material da Marinha, o almirante Maximiano da Fonseca. “Você, que cursou esse negócio, quais as nossas chances de ter uma produção nuclear aqui no Brasil?”, perguntou-lhe, de chofre, o almirante. Othon pediu três meses para redigir um relatório. O oficial ficou subordinado à Diretoria de Engenharia. Ao se apresentar, ouviu de seu novo chefe: “Evidentemente não pode ficar um oficial por conta só dessas coisas nucleares”. Othon passou a dividir sua carga horária com o cargo de gerente de um projeto de navio de apoio fluvial. Assim começava o programa de pesquisa nuclear brasileiro: com um oficial em meio expediente.
Othon propôs que o Brasil desenvolvesse sua própria tecnologia. Em outubro de 1978, o então contra-almirante Mário César Flores, do Estado-Maior da Marinha, convocou Othon para dar explicações, depois de ouvir especialistas. A caminho de Brasília, Othon se encontrou no aeroporto com o comandante João Maria Didier Barbosa Viana, que também tinha feito engenharia nuclear no MIT. “Segui o seu caminho”, contou-lhe Othon. “Então você deve estar indo a Brasília pelo mesmo motivo que eu”, especulou Didier. “Tem um louco dizendo que é possível desenvolver o ciclo do combustível nuclear no Brasil.”
Othon passou o dia inteiro respondendo às perguntas que um capitão-de-mar-e-guerra pós-graduado em Monterey (Califórnia) formulava, enquanto Flores fingia ler um jornal. O oficial saiu com a sensação de que tinha ido a Brasília à toa. Pouco mais de um mês depois, foi chamado de novo. “Vai ser outra chatice”, pensou. “Este oficial foi escalado para uma das missões mais importantes que um oficial da Marinha já teve no Brasil”, anunciou solenemente o vice-chefe do Estado-Maior da Marinha, Arthur Ricart da Costa, apresentando Othon ao seu chefe, o almirante Carlos Auto de Andrade. “Deus o ilumine.”
Othon veio para São Paulo e começou a “costurar alianças” com instituições como o Ipen, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e o Centro Técnico Aerospacial (CTA), em São José dos Campos, que estava desenvolvendo um método de enriquecimento de urânio com raio laser. Depois de consultar especialistas, Othon constatou que a opção do laser não seria viável nos próximos 20 anos, e se fixou na ultracentrífuga.
O objetivo último da Marinha era desenvolver reatores e todos os demais equipamentos da propulsão para submarinos movidos a energia nuclear. Se um submarino movido a diesel – como os que o Brasil usa – partir da Baía de Guanabara, em sua velocidade máxima, antes de chegar a Cabo Frio terá de se aproximar da superfície para o snorkel tomar ar, para pôr em funcionamento seu motor e assim recarregar as baterias. Navegando próximo à superfície, pode ser captado com facilidade por sensores infravermelhos. Para ficar no máximo dez dias no fundo, um submarino a diesel tem de se manter praticamente parado. O submarino nuclear projetado pela Marinha trocaria de combustível em dez anos. O limite de permanência no fundo seria de 45 dias.
Entretanto, a Marinha concluiu que em primeiro lugar era preciso viabilizar o ciclo do combustível e adquirir capacidade de enriquecer urânio. “Autonomia é muito importante”, diz Othon, que aos 65 anos tem hoje uma empresa de consultoria na área de energia. “Inspirei-me na solução que eu imaginei que os americanos estavam desenvolvendo na época em que eu era aluno do MIT, mas com a qual nunca tive contato”, conta o almirante. “É óbvio que a centrífuga americana é muito mais espetacular que a nossa.” Mas, segundo ele, a brasileira sai muito mais barato e os materiais importados necessários para sua fabricação não entram no rol dos itens nucleares sensíveis, sujeitos a embargos internacionais.
O programa capacitou indústrias brasileiras a fabricar as válvulas, sensores e medidores das centrífugas. Othon recrutou cientistas e técnicos do Brasil todo. “Onde tivesse alguém que pudesse ajudar, a gente ia conversar.” O sigilo era resguardado por um termo de compromisso. “Foram 14 anos da minha vida, cada dia um desafio”, lembra o hoje almirante da reserva, que dirigiu o programa entre 1979 e 94. Inicialmente, o projeto era secreto e ficou abrigado num departamento fictício, criado para isso, chamado de Coordenação para Projetos Especiais (Copesp), dentro da Comissão Naval de São Paulo.
A primeira dificuldade de Othon foi formar equipe. Quando assumiu, em 1979, o general João Baptista Figueiredo baixou portaria proibindo contratações no setor público. Othon recorreu ao Estado de São Paulo – e a uma artimanha. Fez um memorando à Secretaria de Ciência e Tecnologia, solicitando a contratação de 20 engenheiros e 40 técnicos para trabalhar no Ipen, num “projeto de interesse das Forças Armadas”. Se assinasse sozinho, no entanto, ficaria fácil para a secretaria pedir a análise do Estado-Maior da Marinha, onde o memorando provavelmente pararia. Então Othon pediu a um tenente-coronel da FAB que também assinasse. “Assim, não vão saber para que Força perguntar.” Deu certo.
De posse dessa contratação, Othon, na época capitão-de-fragata, atreveu-se a saltar a hierarquia e procurar o então ministro da Marinha, Maximiano da Fonseca: “Almirante, estou numa situação complicada. O Estado de São Paulo colocou 20 cientistas no projeto, liderado pela Marinha, e ela não colocou nenhum”. No fim, conseguiu convencer o ministro a contratar o dobro de cientistas e técnicos. “Fiquei com um exército de 60 engenheiros e 120 técnicos”, exulta Othon. No seu auge, no início dos anos 90, o programa chegaria a ter 680 engenheiros trabalhando internamente e outros 300 do Departamento de Pesquisa de Reatores do Ipen, do qual Othon era chefe.
Mas nem tudo era ciência: habilidade e jeitinho também contaram. Othon lembra que uma centrífuga antiga, importada na década de 50, utilizada para treinar equipes e dissimular o esforço principal do projeto, havia parado porque tinha um eixo flexível que quebrava com freqüência e tinha de ser trazido da Alemanha. “Eu tinha um técnico, Zequinha, muito habilidoso, que fazia um eixinho novo em três dias. Levei para ele o projeto e fizemos o primeiro juntos”, conta Othon. “No Arsenal de Marinha, não precisava importar. Era só ligar para o Zequinha.”
Em 1987, num gesto de distensão, o então presidente José Sarney decidiu trazer seu colega argentino, Raúl Alfonsín, para a entrada em operação de um conjunto de 48 centrífugas em Aramar. A inauguração estava marcada para 15 de março. Algumas semanas antes, o indiano naturalizado brasileiro Kesavan Nair, doutor em física de reatores mas também astrólogo, procurou Othon, com uma expressão preocupada: “Quinze de março ‘não bom’”, disse, mostrando uma listagem de computador, na qual uma nuvem negra cobria a data.
Othon ligou para o então ministro da Marinha, almirante Henrique Saboia. “Você acredita nisso?”, perguntou o ministro. “Não”, respondeu Othon. “Eu também não, mas, por via das dúvidas, pergunte quando está bom para inaugurar.” A partir de 28 de março, informou o indiano. Saboia foi falar com Sarney. Mais tarde, ligou para Othon: “Não se preocupe. O presidente é mais supersticioso que nós dois juntos.” A cerimônia ficou para 8 de abril.
Othon guarda até hoje uma planilha de todos os custos do projeto, ano a ano. No total, foram gastos US$ 663 milhões. Aí estão incluídos: o desenvolvimento do ciclo de combustível (projeto Ciclone), da propulsão do submarino (projeto Remo), do submarino propriamente dito, e a infra-estrutura.
“Desafio a me mostrarem no mundo todo um desenvolvimento do ciclo do combustível e da propulsão nuclear com esse custo”, diz ele. Quando deixou o programa, havia quase 700 centrífugas na “colônia”, em Aramar, pelas quais o urânio vai passando e enriquecendo-se gradualmente. A centrífuga americana enriquece bem mais do que a brasileira. A diferença está no custo, que Othon ilustra assim: digamos que sejam necessárias 20 centrífugas brasileiras para produzir o que uma americana produz. Acontece que o custo de 20 brasileiras é menor que o de uma americana.
Em 1994, o Vice-Almirante Dr. Othon Pinheiro da Silva, com 55 anos, teve de deixar o projeto ao completar seu tempo de serviço militar ativo. Os detalhes desse projeto ainda são mantidos a sete chaves, sob pena de prisão pelo vazamento de segredos científicos.
O fato é que o desenvolvimento da tecnologia de ultracentrifugação de urânio é um marco de sucesso na história tecnológica do Brasil e o Dr. Othon teve um papel fundamental nisso guiado pelo lema do CTMSP: “Tecnologia Própria é Independência”.
Uma salva de palmas!
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