Haddad
por : Pedro Zambarda de Araujo
Depois de conversar com o PSDB e o PSB, o apresentador de TV José Luiz Datena confirmou que será candidato à prefeitura de São Paulo. O vice na chapa será o delegado Antonio Assunção de Olim e o Partido Progressista foi escolhido como legenda.
Enquanto isso, Celso Russomanno promete voltar a disputar as urnas pelo PRB após chegar em 34% das intenções de voto em 2012, de acordo com o Ibope. Estes são dois nomes fortes que se colocam para disputar com o atual prefeito Fernando Haddad em 2016.
Haddad falou sobre o cenário político atual na capital paulista e seus concorrentes numa entrevista coletiva do qual o DCM participou.
“Acho que Russomanno é o candidato que tem mais aceitação por ser um outsider do jogo político tradicional. Não é visto como um político de dentro”, acredita. “Datena está em uma situação semelhante e pode chamar atenção nas eleições também por ser um rosto famoso na televisão”.
Ele questiona a sustentabilidade de uma candidatura de Marta Suplicy e se ela vai prosperar na disputa, além de não ter certeza sobre qual candidato o PSDB pretende lançar. O nome mais recorrente é o de Andrea Matarazzo, mas João Doria Jr admitiu suas pretensões no famoso almoço para empresáriso em torno de Eduardo Cunha.
Ao falar de nomes que vem diretamente de programas jornalísticos sensacionalistas, o prefeito brincou com as possibilidades nas eleições do ano que vem. “Há um clima de mal-estar econômico no ajuste fiscal. O país pode ter crescimento zero e é provável que São Paulo sofra uma retração. O que tenho medo é que o SBT resolva lançar o palhaço Bozo como candidato, considerando os outros adversários que temos”, complementou.
O prefeito crê que o PT paga “por mais de 10 anos de ataques da grande imprensa”: “Embora o julgamento do mensalão tenha acabado próximo das minhas eleições, ainda sofremos os efeitos de uma mídia que tenta criminalizar o partido que governa o país”. No entanto, o cenário para ele aponta outros perfis de candidatos, saídos da própria mídia.
Para Fernando Haddad, a eleição deverá apresentar um segundo round contra Celso Ubirajara Russomanno. O jornalista assustou na disputa de 2012 ao explodir na frente das pesquisas eleitorais. Terminou em terceiro com 1,3 milhões de votos (21,60%), atrás de Serra e do próprio Haddad.
O petista considera Datena outro páreo duro. Para ele, é apenas no horário eleitoral que se abre espaço para diálogo do PT para além de seu eleitorado tradicional. “Antes das eleições, é uma conversa para convertidos. É só na televisão e durante a disputa que conseguimos colocar todas as nossas ideias para que a população saiba o que está acontecendo. Antes disso, todos ficam reféns da mídia”, frisou.
Haddad permanece cético sobre Marta Suplicy, mas cogita nomes entre os tucanos. No caso do PSDB, mencionou Matarazzo e Alexandre de Moraes, ex-subsecretário de Kassab. “Parece claro que eles querem concorrer e são os nomes cotados, mas não tenho certeza sobre isso”, disse ele.
O prefeito vê a segurança pública como calcanhar de aquiles dos tucanos. “O número de novos policiais militares cai dramaticamente todo ano. Não há efetivo suficiente para o policiamento, ao contrário do que dizem as propagandas do PSDB. São Paulo é uma cidade que não tem um PM a cada 10 quilômetros. Falam em fazer concursos, mas os policiais não estão nem ganhando bem. Daqui a pouco vai ter mais guarda civil metropolitano do que policial militar”, diz.
E a Marta?
Desfiliada após 33 anos de militância no PT, Marta disparou ataques na imprensa em abril de 2015 contra o antigo partido no qual fez carreira de deputada federal, senadora, ministra do Turismo de Lula, ministra da Cultura de Dilma e prefeita de São Paulo.
Haddad elogiou os CEUs, o bilhete único e diversos feitos da gestão de Marta, mas não a considera “habilidosa politicamente”. “Faltava habilidade para ela no passado e ainda falta hoje. Marta Suplicy saiu do PT achando que todo mundo iria abraçá-la. Acho que nem o PSB quer mais ela. Se ela não for pedir com muito cuidado para entrar em uma legenda, ela pode ficar sem partido. Falo isso com muita humildade, porque ela já anunciou três vezes a filiação que ainda não aconteceu”, declarou.
Mesmo com tantas críticas, Haddad não acredita que o eleitorado paulistano é reacionário e acha que este é o motivo de boas gestões petistas terem passado pelo poder municipal. “Erundina, Marta e eu provamos que o eleitorado paulistano não é totalmente conservador. Ele é sim influenciado por forças conservadoras”, complementou.
O petista teme que a insatisfação da população na crise favoreça um oportunista a chegar ao poder. Nessa seara, Celso Russomanno e José Luís Datena se destacam.
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