segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

O KALIFA DE BELÉM


Prefeitura usa dinheiro público em propaganda pessoal de Zenaldo, sonega informações, 
engana a população e ataca jornal. Boletim de Ocorrência e Sindicato dos Médicos confirmam 
reportagens do Diário sobre a transferência de um equipamento do PSM do Guamá para o 
PSM da 14. Diário Oficial desmente propaganda da Prefeitura. É o dinheiro público 
 turbinando a imagem de Zenaldo em pleno ano eleitoral.

No Blog da Perereca

Há algo de muito esquisito no funcionamento da Coordenadoria de Comunicação (COMUS) da Prefeitura de Belém.
Todos os funcionários da COMUS são pagos com dinheiro público.
E todos os materiais lá existentes, desde uma simples caneta a mesas, câmeras e computadores, também foram adquiridos com dinheiro público.
No entanto, toda essa estrutura, mantida com o dinheiro suado do contribuinte, parece estar sendo usada para a propaganda pessoal do prefeito Zenaldo Coutinho e para a produção de ofensas a veículos de comunicação, aos quais também são sonegadas informações de interesse público.
O exemplo mais espantoso desse mau uso de uma estrutura pública de comunicação ocorreu no último final de semana, após a solenidade de entrega das obras de reforma do Pronto Socorro Municipal Mário Pinotti, na 14 de Março, na última quinta-feira, 25.
Na sexta, 26, o jornal Diário do Pará publicou reportagem de capa contendo uma denúncia gravíssima: duas pessoas teriam morrido no Pronto Socorro Municipal do Guamá devido à retirada, daquele hospital, de um carrinho de anestesia, que teria sido levado para a solenidade no PSM da 14. A falta desse equipamento teria impedido que esses dois pacientes fossem operados a tempo.
A denúncia, disse o jornal, partiu de médicos do próprio PSM do Guamá que até registraram um Boletim de Ocorrência (BO), na delegacia daquele bairro, para se resguardarem de eventuais tentativas de responsabilizá-los por tais mortes.
De tão bombástica, a notícia gerou incredulidade: afinal, é difícil de acreditar que alguém seja capaz de colocar em risco vidas humanas apenas para conseguir boas imagens para as emissoras de TV, durante a entrega de uma reforma hospitalar.
Porém, quase tão inacreditável foi a reação da COMUS àquela reportagem.
Em vez de simplesmente afirmar desconhecer tais fatos e até que a Prefeitura abriria investigação, dada à gravidade das denúncias, a COMUS resolveu desancar o Diário.
Em nota publicada no sábado, 27, no Facebook, intitulada “A mentira tem pernas curtas”, a COMUS escreveu: “O Diário do Pará diz em sua matéria mentirosa, que dois pacientes morreram no PSM do Guamá em função de um aparelho que teria sido retirado de lá para o PSM da 14. Mentira! Todos os equipamentos do novo PSM da 14 são novos, e não houve mortes no PSM do Guamá em função disso (...). E concluiu, mais adiante: “Fique atento! Quem já tentou transformar a Santa Casa, num hospital de Honduras, é capaz de tudo”.
Teria sido melhor que tivesse ficado calada: ontem, 28, o Diário estampou a cópia do boletim de ocorrência com os nomes dos seis médicos que fizeram a denúncia: Paulo Cezar Torres, Diego Uchoa, Maurício de Melo, Jader Barros, Francinaldo Sena e Luís Cláudio Martins (clique na foto que abre esta matéria).
O jornal também trouxe a informação de que o procurador de Justiça Nelson Medrado já solicitou cópia do BO à delegacia do Guamá, e que abrirá procedimento para investigar o caso.
Se tivesse se preocupado menos em defender o prefeito, e mais em apurar uma informação de interesse público, a COMUS teria descoberto que nem foi o Diário o primeiro a divulgar essa denúncia: ela foi divulgada em primeira mão na quinta-feira, 25, pelo site do Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa).
“No HPSM do Guamá o movimento foi grande e dois médicos atenderam na triagem, sendo que os demais plantonistas permaneceram no atendimento interno. Dos nove casos com indicação de cirurgia atendidos pela manhã nenhum pôde ser operado. O centro cirúrgico do hospital só dispõe de um carro de anestesia, que foi levado para o HPSM da 14 hoje e a sala de cuidados pós-cirúrgicos estava com os leitos totalmente ocupados. Enquanto isso, pacientes esperam atendimento em corredores lotados ou em áreas abertas, expostos à sol e chuva”, escreveu o Sindmepa. Confira aqui: http://sindmepa.org.br/medicos-fazem-triagem-no-guama-e-unidades-de-urgencia/ (os grifos são do blog). Ou clique no quadrinho abaixo:



No dia seguinte, 26, a manchete do Diário foi confirmada pelo Sindimepa. “Após a morte de dois pacientes ontem no hospital do Pronto Socorro do Guamá, médicos plantonistas daquele hospital fizeram um Boletim de Ocorrência para se resguardar de possíveis responsabilizações pelos fatos ocorridos. Dos nove pacientes que precisavam ser submetidos à cirurgia ontem, dois morreram antes de serem operados”. Confira aqui:http://sindmepa.org.br/medicos-fazem-bo-contra-falta-de-condicoes-no-hpsm-do-guama/ . Ou clique no quadrinho abaixo:


Quer dizer: o jornal apenas agiu como todo e qualquer jornal e jornalista, ainda que empregado de assessoria de imprensa, deveria agir – resolveu apurar uma denúncia gravíssima e de amplo interesse social.
Sonegação de informações públicas e propaganda pessoal
Ainda mais preocupante, no caso da COMUS, é que o jornal afirma que solicitou informações àquela coordenadoria, aquando das duas reportagens, mas não obteve retorno.
Ou seja, a COMUS teria sonegado informações a um veículo de comunicação, o que, aliás, não seria a primeira vez.
O fato preocupa porque atenta contra os princípios da impessoalidade e da publicidade que têm de ser obedecidos pela administração pública, conforme prevê o artigo 37 da Constituição Federal.
Em outras palavras: pouco importa se a COMUS e o secretário de Comunicação da Prefeitura simpatizam com os jornalistas do Diário ou com a linha editorial do jornal. Tudo o que produzem é pago pelo erário e tem, sim, de ser disponibilizado a todo e qualquer jornalista, jornal ou cidadão.
Mas os problemas não param por aí.
O mesmo artigo 37 da CF, diz, em seu parágrafo primeiro: “A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos”.
E, no entanto, basta uma rápida visita ao site da Prefeitura para dar de cara com um festival de propaganda pessoal do prefeito.
Só ontem, a Perereca encontrou quatro fotos de Zenaldo, entre matérias elogiosas, inclusive um áudio que afirmava que ele até ganhou um prêmio como “Personalidade em Saneamento Ambiental”.
Veja as fotos:






E mais: em um vídeo sobre a solenidade de entrega da reforma do PSM da 14, um engenheiro até induz o contribuinte a erro, ao afirmar que o que aconteceu no PSM da 14 não foi uma reforma, mas a construção de um novo hospital.
Quase toda a propaganda da Prefeitura e do Governo do Estado, aliás, tem sido no sentido de enganar as pessoas, para que acreditem que se trata de um “novo” PSM. Veja um exemplo:


No entanto, veja o que diz o Diário Oficial sobre aquela obra:



Ou seja: longe de informar corretamente a população, como determina a Constituição Federal, a COMUS faz propaganda pessoal do prefeito, além de mentir com dinheiro público.
Tudo em ano eleitoral e nas barbas do Ministério Público.
Veja também as fotos da situação dramática em que se encontra o PSM do Guamá, extraídas pelaPerereca do site do Sindmepa:








Zé Ruela Cardozo sai da Justiça mas vai continua (armando) no Executivo



Jornal GGN - Apesar de abandonar o Ministério da Justiça, com pressões de alas petistas contra o
esquema montado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal de mirarem o ex-presidente 
Luiz Inácio Lula da Silva, José Eduardo Cardozo não abandonou o Executivo.
Cardozo assumiu a Advocacia-Geral da União, a pedido da presidente Dilma Rousseff - uma forma 
de se afastar da linha de frente com a responsabilidade após a quebra de sigilos fiscal, telefônico e 
bancário de Lula, mas seguir ao lado de Dilma.

O novo ministro da Justiça será Wellington César Lima e Silva, procurador baiano ligado ao ministro da Casa Civil, Jaques Wagner. De acordo com a Folha de S. Paulo, o procurador já foi chamado ao Palácio do Planalto para oficializar o convite da presidente.

Wellington já chefiou o Ministério Público do Estado da Bahia por duas gestões, de 2010 a 2014, e é visto com reconhecimento pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot.

As trocas foram confirmadas nesta segunda-feira (29).

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PF PREPARA GOLPE CONTRA MINISTRO


Trabalho de Cesar com Wagner tem ótima avaliação na Bahia. Mas os Delegados exigem zé 
Ruela !

Os delgados da Polícia Federal já enviaram um recado ao governo. Dizem que não vão aceitar o 
Ministério da Justiça sendo comandado por um membro do Ministério Público.
Caso o nome do procurador baiano Wellington Cesar, que é ligado a Jaques Wagner, seja efetivado 
na pasta, haverá uma reunião entre os diretores nacionais e regionais da associação dos delegados 
(ADPF), no próximo dia 8, para discutir medidas a serem tomadas contra a indicação.

Wellington Cesar está confirmado.
Assim como se confirma a sedição da Polícia Federal, integrante do esquema Moro !
Deu nisso, ter o Zé Ruela Cardozo cinco anos e dois meses à frente da pasta Política do Governo.
Jamais a PF foi tão sediciosa, partidária, Golpista !

PHA

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POLÍCIA FEDERAL QUER O ZÉ RUELA E AUTONOMIA TOTAL


Delegados que usam Dilma como alvo não deixam zé sair.

A nota à imprensa emitida pela Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal:

Nota à Imprensa

Os Delegados da Polícia Federal receberam com extrema preocupação a notícia da iminente saída do 
Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em razões de pressões políticas para que controle os 
trabalhos da Polícia Federal.
Os Delegados Federais reiteram que defenderão a independência funcional para a livre condução da 
investigação criminal e adotarão todas as medidas para preservar a pouca, mas importante, 
autonomia que a instituição Polícia Federal conquistou.
Nesse cenário de grandes incertezas, se torna urgente a inserção da autonomia funcional e financeira 
da PF no texto constitucional.
A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal permanece compromissada em fortalecer a 
Polícia Federal como uma polícia de Estado, técnica e autônoma, livre de pressões externas ou de 
orientações político-partidárias.
Contamos com o apoio do povo brasileiro para defender a Polícia Federal.
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DEMITIDO PELOS IRMÂOS METRALHAS MARINHO, O JORNALISTA SIDNEY REZENDE DIZ QUE A GLOBO NÃO É DONA DO BRASIL


O jornalista Sidney Rezende critica o 'viés sufocante' da Globo em discurso no sábado

DANIEL CASTRO 

O jornalista Sidney Rezende, 57 anos, falou pela primeira vez neste final de semana sobre sua demissão da GloboNews em novembro do ano passado, sem direito a comunicado de despedida. Diante de 600 pessoas, em uma premiação dos melhores do Carnaval do Rio de Janeiro, Rezende fez no sábado (27) à noite um duro discurso contra a Globo, onde trabalhou durante mais de 20 anos. Disse que a emissora está "extrapolando os seus limites" e "impedindo que as expressões populares do nosso país funcionem de uma maneira mais clara". "A Globo não é dona do Brasil, a Globo não é dona do Carnaval, a Globo não é dona do futebol", bradou, propondo um "questionamento de competência" da emissora.
Jornalista respeitado nos meios profissional e acadêmico, Rezende foi o criador do modelo de programação da rádio CBN e um dos fundadores da GloboNews. Ele foi dispensado pela Globo em 13 de novembro, um dia depois de publicar em seu site, o SRZD, um texto em criticava a obsessão dos jornalistas por notícias ruins e pela aposta no impeachment da presidente Dilma Rousseff como "único caminho para a redenção nacional". Seu afastamento, no entanto, teve mais a ver com a renovação dos apresentadores da GloboNews e com uma movimentação para acomodar Christiane Pelajo, afastada um mês antes do Jornal da Globo. O novo telejornal de Pelajo, a partir de hoje, vai ocupar o mesmo horário de Rezende.
O contrato de Rezende com a Globo só venceu ontem. Por isso, o jornalista ficou em silêncio até o último sábado. Aproveitou a premiação do Carnaval que seu site promove para expor seu posicionamento diante da emissora e anunciar que, em março, vai se engajar em um projeto ambicioso que unirá televisão, rádio e internet. Foi a primeira vez que Rezende fez uma crítica contundente à Globo em público (embora sempre as tenha feito em conversas reservadas).
A fala de Rezende foi uma reação ao que ele chama de interferência da Globo nos horários do futebol e dos desfiles das escolas de samba. "A Globo está ultrapassando os seus limites como meio de comunicação no momento em que interfere em horários de festividades, nas partidas de futebol, nos desfiles das escolas de samba, quando adequa as festividades populares a uma grade de programação de seu interesse", explicou ao Notícias da TV.
Para o jornalista, o prestígio da Globo "tomou um viés que acabou sufocante para as expressões culturais". Rezende afirma que, como detentora da transmissão, a Globo tem todo o direito de exigir um bom espetáculo. No caso do Carnaval, pode determinar quantas câmeras e quantos microfones captarão a transmissão, mas não impor o ritmo e o tempo do desfile, como vem gestando nos bastidores. "Ela [a Globo] não pode interferir no processo de criação de maneira sufocante", afirma.
Em seu discurso, Rezende fez questão de ressaltar as qualidades da rede de TV. "A Globo é uma das joias da Coroa do Brasil, é uma das empresas mais importantes da comunicação, tem grandes inteligências", afirmou. O jornalista também ressalta que não tem mágoas da emissora, que não é uma "viúva". O que defende, a partir de hoje, é uma "alternativa a este modelo único". Sem revelar detalhes, diz que seu novo projeto profissional será uma dessas alternativas, algo "ambicioso" que irá "ao encontro do espírito público". "Não estou criando nada deliberadamente contra a Globo. Não sou viúva da Globo. Estou contra o olhar único", diz.
Sobre sua demissão da GloboNews, Rezende foi econômico. Afirmou em seu discurso, em um salão do hotel Windsor Barra, que foi uma "decisão absolutamente tranquila", porque entende "que toda empresa tem o direito de fazer o que quiser em relação aos seus funcionários". Na época em que foi demitido, no entanto, Rezende não concordou com uma nota oficial em que seria dito que ele estava saindo da emissora a pedido, para cuidar de seu site. Acabou ficando sem a despedida em que o diretor geral de jornalismo, Ali Kamel, enumera as qualidades profissionais do dispensado (leia texto aqui).
Procurada, a Globo não quis comentar as declarações de Rezende.
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A esquerda e a direita ainda sobrevivem e se diferenciam



Leandro Fortes 

“Qual a diferença entre esquerda e direita?”
Eu já ouvi essa pergunta de muitas formas, em muitas ocasiões, muito embora essa indagação seja 
feita, quase sempre, pelo mesmo perfil de gente: pessoas de direita com convicções bastante 
arraigadas nas zonas mais sombrias dessa parte do espectro ideológico.
A pergunta em si, não o questionamento acadêmico, costuma ser usada para induzir agressividade ao 
debate político. Não é feita para ser respondida, é mais um insulto do que uma questão. É como se o 
interlocutor lhe perguntasse:
“Quem é tão estúpido para ainda se preocupar com isso?”
A esquerda, claro.
Um dos clichês preferidos da direita é o de apelar para o Muro de Berlim, supostamente uma prova 
física, material e documentada de que esquerda e direita teriam deixado de existir.
Trata-se de um silogismo simplório: se a linha de ferro e concreto que dividia o socialismo real do 
capitalismo ocidental ruiu, ruíram também os conceitos de esquerda e direita.
Acontece que uma das pistas para se descobrir se uma pessoa é de esquerda diz respeito, justamente, 
à capacidade de ela conseguir enxergar além do óbvio e de aceitar a complexidade da vida. O que é 
exatamente o oposto da lógica racional das pessoas ideologicamente conservadoras.
Imaginar que um conceito civilizatório como o socialismo possa ser pulverizado por um momento 
histórico é, no fim das contas, desconhecer – ou desprezar – a História em si.
Os regimes socialistas autoritários que se organizaram como Estados opressores abandonaram o 
pensamento de esquerda, que é, como toda ideologia, uma ideia à procura de um espaço físico. É, 
por isso mesmo, também uma busca pelo poder.
Em um país conflagrado politicamente, como o Brasil desses dias, a atual argumentação 
anticomunista é, na verdade, antiesquerdista. Ela foi quase que totalmente moldada a partir de velhas 
cartilhas da Guerra Fria com conceitos forçosamente adaptados ao antipetismo e, em grau avançado, 
ao bolivarianismo – uma ideia que não só ocupou um espaço físico (a Venezuela) como se 
transformou numa curiosa ideologia local adorada e combatida, a depender do que se enxerga nela.
Ao neoanticomunismo criado para combater a recente guinada da América Latina à esquerda uniu-se 
o fenômeno da internet, no todo, e das redes sociais, no particular. Foi dessa circunstância que 
nasceu essa militância feroz de Facebook, onde analfabetos políticos conseguiram se reunir em 
bando para produzir clichês fascistas em série.
Há, contudo, um grupo distinto da direita, formada por intelectuais, artistas e cidadãos de boa 
escolaridade, que naturalmente sabe dos efeitos maléficos desse movimento anticomunista 
anacrônico e absurdo. E, ainda assim, nada fazem para neutralizá-lo, quando não o adequam ao 
próprio discurso para dele se utilizar como arma política.
Guardadas as proporções, é como a piada pronta do deputado Paulinho da Força, do Solidariedade, 
ao se solidarizar com Eduardo Cunha, mesmo sabendo de tudo, por acreditar nesta adesão como 
iminente catalisadora do impeachment da presidentaDilma Rousseff.
Como na política, há também desfaçatez na ideologia.
O pensamento de esquerda é transversal e, ainda que muitas estultices sejam vendidas como verdade 
pela mídia, não é sequer homogêneo no antagonismo ao capitalismo. Até porque o conceito de 
socialdemocracia, resumido no Estado de bem-estar social, é uma experiência de esquerda, bolada 
para, justamente, estabelecer parâmetros de comportamento mais solidário e justo dentro do 
capitalismo.
Ser de esquerda, portanto, é uma opção política ligada ao humanismo, à condição humana que nos 
obriga a conviver socialmente e, portanto, a decidir em grupo.
Mas não deixa de ter um problema da aplicação prática, e não apenas por conta da oposição de 
direita, mas por ser uma opção, ainda, revolucionária, sobretudo do ponto de vista dos costumes.
Não por acaso, tem sido a religião a histérica voz da direita contra a esquerda nos parlamentos, 
terceirizada para defender exatamente aquilo que deveria condenar: adesigualdade e a exploração 
humana.
A consequência visível dessa terceirização é o fenômeno tão brasileiro dos pobres de direita. Pessoas 
que, em nome da fé, desprezam o único modelo político com chances de trazer algum alento social 
para si e ao País.
E elegem seus algozes.
No Brasil, a nova esquerda produziu, entre outras maquinações, o movimento dos blogs, a partir de 
2008, quando o pensamento de esquerda pôde se disseminar além da mídia, onde era confinado a 
currais específicos, quando não escondido no porão.
Movimento que evidenciou a existência inalterada, sim, da luta entre esquerda e direita, esta 
transposta diariamente às redes sociais e às ruas.
Não há porque temê-la, e menos razões ainda para ignorá-la.
Minha satisfação é saber que, enquanto a direita se mantém atrelada ao discurso do ódio, na idolatria 
ao individual e à competição, a esquerda mantém-se presa a seus sonhos de sempre.
Estou do lado certo.
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O novo documentário do DCM sobre a Lista de Furnas desmoraliza Moro e Janot



O DCM APRESENTA SEU NOVO DOCUMENTÁRIO: A LISTA DE FURNAS

O DCM apresenta o documentário sobre a Lista de Furnas que prometemos entregar em mais um 
projeto de crowdfunding.
Com direção do talentoso documentarista e produtor Max Alvim, ele é baseado nas matérias de 
Joaquim de Carvalho, um dos melhores repórteres do Brasil, colaborador dileto do Diário.
Está ali toda a gênese e as imbricações de um dos grandes escândalos do país — e um dos que mais 
sofreram tentativas de ser abafado.
O momento do lançamento é oportuno. No sábado, 27 de fevereiro, ficou-se sabendo que o ex-
deputado federal Roberto Jefferson e mais seis pessoas foram indiciados pela Delegacia Fazendária 
(Delfaz) por crime de corrupção ativa e lavagem de dinheiro na estatal mineira.
O Ministério Público Estadual (MPE) levou dez anos para se mexer. Entre os envolvidos estão 
empresários, lobistas e políticos. Ficou faltando muita gente. Entre as ausências, a de Dimas Toledo, 
ex-presidente da empresa indicado por Aécio. Dimas não foi indiciado por ter mais de 70 anos e, 
portanto, contar com o benefício da prescrição.
O que o documentário do DCM traz:
. O que é, para que servia e quem produziu a relação de 156 políticos e os respectivos valores 
recebidos na campanha eleitoral de 2002 do caixa 2 de empresas que prestaram serviços para Furnas.
. Os principais nomes do esquema: gente como José Serra, então candidato a presidente, Geraldo 
Alckmin, candidato a governador de São Paulo, Aécio Neves, candidato a governador de Minas 
Gerais, e Sérgio Cabral, candidato a senador pelo Rio de Janeiro, além de candidatos a deputado, 
como, Alberto Goldman, Walter Feldman e Gilberto Kassab por São Paulo; Eduardo Paes, Francisco 
Dornelles e Eduardo Cunha pelo Rio de Janeiro; Dimas Fabiano, Danilo de Castro e Anderson 
Adauto por Minas Gerais.
. O protagonismo de Aécio: além de receber diretamente para sua campanha R$ 5,5 milhões (13,1 
milhões em valores corrigidos pelo IGP-M), há outros dados que confirmam seu papel central no 
caso.
São antigas as relações de sua família com as empresas públicas na área de energia. O pai, Aécio 
Cunha, depois de integrar durante seis anos a Comissão de Minas e Energia da Câmara dos 
Deputados, se tornou conselheiro de Furnas, ao mesmo tempo em que era conselheiro da Cemig, a 
estatal de energia de Minas Gerais.
“Furnas sempre foi território de Minas no governo federal”, afirma José Pedro Rodrigues de 
Oliveira, ex-coordenador do Programa Luz para Todos.
O doleiro Alberto Youssef, em delação premiada, falou de Aécio. O lobista Fernando Moura 
detalhou que era “um terço (PT) São Paulo, um terço nacional, um terço Aécio”.
. A batalha para desacreditar a Lista de Furnas: quem divulgou que ela poderia ser falsa foi o PSDB 
de Minas Gerais, com base em pareces de peritos contratos e num laudo da Polícia Federal feitos em 
cima de uma das cópias divulgadas por Nilton Monteiro, o homem que confessou atuar como 
operador do caixa 2.
Uma matéria na Veja, plantada por Aécio, deu força para a ideia da falsidade. Quando essa tese 
prosperava, o lobista Nílton Monteiro entregou à Polícia Federal o documento original, que foi 
periciado. A conclusão foi a de que se tratava de um documento autêntico, assinado por Dimas 
Toledo e sem indício de montagem.
Esperamos, com esse documentário, ter conseguido jogar luzes sobre uma história que caminhava 
para o esquecimento. Agradecemos a todos os leitores que contribuíram para que ele pudesse ser 
realizado.
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FANFARRÔES EM AÇÂO: ASSESSORIA ESPERA SHOW DA PF NO INSTITUTO LULA; TROCA DE FARPAS DO EX-PRESIDENTE COM O PROCURADOR FANFARRÂO; BOBÃO LANÇA MÚSICA E ATACA CHICO BUARQUE


Dallagnol falou à Folha após palestra no sábado à noite, 27 de fevereiro, na Primeira Igreja 
Batista de Campo Grande, zona oeste do Rio; Lobão apareceu no Facebook pedindo que 
internautas viralizassem sua música; assessores de Lula estão preparados para ação.


Da Redação

A ofensiva contra o ex-presidente Lula atingiu um novo patamar com a expectativa de que ele e seus 
familiares serão alvo de uma operação da Polícia Federal nas próximas horas, conforme adiantou o 
Blog da Cidadania.
Lula trocou farpas com o procurador-chefe da Operação Lava Jato, Delton Dallagnol. O procurador 
rebateu discurso feito por Lula durante o aniversário do PT no Rio. O ex-presidente respondeu.
Dallagnol deu suas declarações depois de palestra sobre as 10 Medidas contra a corrupção, pelas 
quais ele faz campanha pública.
Estranhamente, a página da comunidade do Facebook criada para apoiar as medidas reproduziu um 
vídeo do cantor Lobão.
Nele, o compositor pede que internautas viralizem a música que ele acabou de lançar, Agora é tarde, 
companheiro. Na letra, Lobão diz que o Japa da PF vai algemar Lula.
No videoclipe da música, postado no You Tube, Lobão denuncia a “infantaria” do ex-presidente e 
inclui imagens do ator Zé de Abreu e de Chico Buarque — em fusão com a do boneco de Lula 
vestido de presidiário. Faz lembrar, transportados para o mundo digital, os discursos que Joseph 
McCarty fazia em emissoras de rádio dos Estados Unidos estimulando a caça às bruxas, nos anos 50.
A assessoria do ex-presidente reiterou o alerta que Lula fez em seu discurso no Rio, sobre a ação da 
PF. Integrante dela escreveu: “Estamos esperando uma operação da PF, diria um show da PF, 
amanhã (segunda-feira) no Instituto Lula”.



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O procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, 
rebateu as críticas do ex-presidente Lula, que, durante festa de aniversário de 36 anos do PT no 
sábado (27), acusou o Ministério Público e a imprensa de trabalhar para “destruir o PT”. Dallagnol 
afirmou que alguns acusados, “diante da robustez das provas”, têm buscado agredir o acusador para 
tentar tirar a credibilidade da acusação.
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Prévias em SP, o bundalelê do PSDB



Renato Rovai

O primeiro turno das prévias para definir o nome do candidato a prefeito de São Paulo pelo PSDB
foi um desastre. A vitória parcial de João Doria Jr., que teve 43,13% dos votos, contra 32,89% de 
Andrea Matarazzo e 22,31% de Ricardo Tripoli acabou sendo a notícia menos importante do dia. Até 
porque só veio a público na madrugada, às 1h40 de hoje.
Numa cidade de 12 milhões de habitantes, o PSDB contou na sua disputa com 6.216 filiados 
votantes. Algo próximo a 0,05% do conjunto do eleitorado participaram da decisão para ver quem 
será o candidato a prefeito da capital do partido que governa o Estado há 21 anos consecutivos.
A baixa representatividade do colégio eleitoral tucano não foi suficiente para que a disputa 
acontecesse em nível civilizado. Durante todo o processo de prévias foram abundantes as denúncias 
de corrupção, compra de votos, manipulação de dados de filiados, uso da máquina do Estado e 
métodos heterodoxos de disputa. Ontem, foi apenas a gota d´água.
A foto que o leitor tem a seu dispor neste blogue é de uma briga no zona de votação do Tatuapé, que 
teve todos os seu votos impugnados. Além do militante que ficou literalmente de cuecas no meio da 
rua, várias pessoas saíram feridas deste conflito, incluindo mulheres.
O resultado está sendo contestado tanto por apoiadores de Andrea Matarazzo quanto de Ricardo 
Tripoli. Eles alegam que houve abuso de poder econômico por parte de Dória, que além de ter pago 
salário para apoiadores, teria colocado cavaletes e cartazes em frente aos locais de votação, o que é 
ilegal em São Paulo.
Há uma representação pedindo a impugnação de Dória neste sentido e o segundo turno pode ficar 
comprometido. No grupo de Andrea Matarazzo já há quem defenda que ele se retire da disputa se o 
partido não punir Dória e vá para o PSD, onde o ex-prefeito Kassab lhe garantiria a legenda para a 
disputa.
Ontem, nas provovações entre militantes, os apoiadores de Dória já batiam nesta tecla, de que 
Matarazzo era PSD.
Se Matarazzo, porém, resistir e conseguir derrotar Dória no segundo turno, o que mesmo com o 
apoio de Tripoli parece improvável, sua candidatura não terá apoio do governo do Estado. Neste 
cenário, o que se comenta é que Alckmin ou apoiaria Russomano ou lançaria um candidato pelo PSB.
As prévias do PSDB de São Paulo viraram um bundalelê sem solução. O partido que tenta se mostrar 
como guardião da ética e da moral no plano nacional, ontem ficou nu (ou ao menos de cuecas) em 
praça pública. Exatamente no território onde tem seu maior potencial eleitoral, São Paulo. E onde 
tem conseguido escapar de denúncias como a do cartel do metrô e a do roubo da merenda das escolas 
porque as investigações ou não acontecem ou são sempre muito tímidas.
Nunca é demais lembrar que Dória e Matarazzo não são candidatos de si mesmos nesta disputa. 
Dória é do grupo de Alckmin. E Matarazzo teve o apoio de Serra, FHC, Aloysio Nunes e Goldman, 
entre outros. Ou seja, as disputas, acusações e brigas de ontem eram entre esses caciques. Foram eles 
que ficaram de cuecas no meio da rua. E se o partido rachar não vai ser um briga paroquial. Vai ser 
um racha nacional.


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APÓS TER ARMADO A CAÇA AO LULA, ZÉ RUELA CARDOZO DECIDE DEIXAR O MINISTÉRIO DA JUSTIÇA (DE FININHO)


Lava Jato prevê “busca e apreensão” em imóveis de Lula e família. Na última sexta-feira, após 
dias de verificações, vazou boato que na 24a fase da Operação Lava Jato, a ser desencadeada 
entre esta segunda (29) esta terça-feira (1), seria dada publicidade a uma medida do juiz Sergio 
Moro tomada no dia 23 de fevereiro. Os sigilos bancário e fiscal de Lula, de seus famíliares e de 
amigos mais próximos já foi quebrado pela Lava Jato. Apesar disso, nada veio a público. Os 
nomes do caseiro do sítio de Atibaia, de seu irmão e a informação de que foram procurados 
pelo MP são dados que comprovam que a denúncia é verdadeira, para o ex-presidente e sua 
família. O staff de Lula só descobriu que o caseiro e seu irmão foram interrogados (sem 
mandado) pelo MP após lerem os nomes dos dois na lista divulgada pelo Blog.

Nessa altura da armação contra Lula, o Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, deve deixar a 
pasta nesta semana, no momento em que a Lava Jato se aproxima da campanha da presidente Dilma 
Rousseff, com a prisão do marqueteiro petista João Santana; sua saída também ocorre em meio a 
rumores de novas delações premiadas e de possíveis buscas e apreensões em propriedades ligadas ao 
ex-presidente Lula e a seus familiares; dirigentes do PT pressionam Cardozo por não atuar contra os 
“abusos” da polícia federal nas operações; Lula se queixou anteontem de estar sendo perseguido pela 
PF e pelo Ministério Público, ao participar da festa de 26 anos do PT; do seu lado, o ministro diz que 
estaria sofrendo críticas "injustas tanto da direita quanto da esquerda" e teria concluído que "ajuda 
mais saindo do governo do que permanecendo no cargo"; ele pode ser deslocado para a Advocacia 
Geral da União.
Ele quer salvar a cara, mas todo mundo sabe que ele é o principal conspirador dentro do Governo.
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O significado do discurso de Lula na festa do PT


“O Partido da Globo, da Veja”: Lula na comemoração do PT. Com 10 anos de atraso, Lula 
enfim reage a uma mídia que só pensa em destruí-lo.

por Paulo Nogueira  

Lula demorou mais de dez anos para reagir a uma mídia que tenta freneticamente destruí-lo.
Seu discurso ontem nos 36 anos do PT foi talvez o mais beligerante desde que ele ascendeu ao poder, 
cheio de dedos e de concessões para evitar que a plutocracia fizesse com ele o que fizera com 
Getúlio e Jango. 
Não existe um grande partido de oposição, afirmou. Existe o partido da Globo, o partido da Veja, o 
partido dos jornais, todos unidos numa missão: dar um golpe.
Estes partidos exercem um controle sinistro sobre o Ministério Público e sobre a PF. (Isso nas barbas 
do ministro da Justiça, um dos mais inoperantes da história do Brasil, se não o mais.)
A ironia é que quanto mais Lula for agressivo tanto mais ele será atacado, porque as grandes 
empresas de mídia têm pavor da ideia de que o governo federal acabe com mamatas como as 
multimilionárias verbas publicitárias e como o olhar cego de Brasília para brutais sonegações.
Compare.
O ministro da Justiça de Geisel, Armando Falcão, observou num despacho para o chefe que a 
imprensa não “vive e nem sobrevive” sem o governo. É uma dependência visceral, parecida com a 
de recém-nascido diante da mãe. 
A imprensa necessita desesperadamente de publicidade e outros “favores especiais”, para usar uma 
expressão empregada por Roberto Marinho para extrair vantagens dos militares em troca de apoio 
editorial.
Falcão chamava tudo isso de “armas incríveis”.
O que fez Lula (como Dilma depois) com estas “armas incríveis”?
Nada.
Aécio no governo de Minas matou de fome a mídia que se opunha a ele. Alckmin faz o mesmo em 
São Paulo.
Não que isso seja bonito. É horrível aliás. Mas se este é o jogo, ou você joga ou desiste dele.
Num mundo menos imperfeito, vigoraria um capitalismo real na mídia, em que as companhias 
dependeriam apenas de si próprias e de sua competência, e não do dinheiro do contribuinte. Mas não 
é assim. Nunca foi assim.
Olhemos para o quadro sob termos práticos: nenhum jornal, nenhuma revista é obrigado a fazer 
jornalismo equilibrado, isento, imparcial. Você não pode forçar os Marinhos, por exemplo, a cobrir a 
meia tonelada de pasta de cocaína encontrada no helicóptero de um amigo de Aécio.
O mercado – os leitores — se incumbe de premiar ou castigar o comportamento editorial. E uma 
Justiça isenta – não é o caso nacional – puniria calúnias, difamações, denúncias sem prova e coisas 
do gênero. 
Mas também governo nenhum é obrigado a anunciar em qualquer veículo que seja. Se você 
considera, e com copiosas razões, que a emissora X ou o jornal Y agem como um partido interessado 
em destruir você, o que o leva a anunciar neles? Impulso suicida?
Em 12 anos, Lula e Dilma colocaram 6 bilhões de reais em propaganda na Rede Globo. Isto já em 
pleno vigor da Era Digital, que transformou a tevê numa mídia-dinossauro. Qual o sentido disso?
O momento atual é propício a rever a dependência abjeta da imprensa em relação ao governo.
É urgente um choque de capitalismo. Já é tempo de Marinhos, Civitas e Frias deixarem de ser 
servidos por um Estado-Babá.
Caso Lula se reeleja em 2018, ela deveria ser uma de suas tarefas prioritárias: forçar as empresas 
jornalísticas a enfrentar uma coisa que elas abominam: o capitalismo real, em que você floresce ou 
desaba de acordo com seu talento – e não mediante injeções de dinheiro público.
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Cenários futuros em uma semana decisiva

Luis Nassif

Vamos de novo ao nosso xadrez da política.

O fator Lula

O lance mais óbvio da Lava Jato é o indiciamento e a condenação de Lula. Basta Sérgio Moro condenar e o Tribunal Federal Regional da 4a Região (TRF4) confirmar, para Lula se tornar inelegível, de acordo com a Lei da Ficha Limpa.
Poderia haver o requinte de decretação de prisão de Lula, valendo-se da recente decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de obrigar ao cumprimento da pena após o julgamento em segunda instância. Mas dificilmente ocorrerá, porque significaria ungir Lula com o manto do martírio.
Há o risco, sim, da prisão preventiva, humilhação pública e, depois, a libertação. Aí, passaria a ideia da impunidade.
Se houvesse senso de responsabilidade institucional, a esta altura o Presidente do STF Ricardo Lewandowski estaria reunido com o Procurador Geral da República Rodrigo Janot, com o presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Francisco Falcão, com o Ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, buscando maneiras de impedir essa ação de Moro, com claro viés político, em respeito a quem se tornou um símbolo mundial da paz. E para evitar conflitos populares de monta.
Mas hoje em dia tem-se um Judiciário acuado pela besta – o sentimento de manada da opinião pública e um clima em que cada qual cuida apenas do seu quintal.
O cenário provável é o quebra de sigilo e mais uma onda de vazamentos visando o desmonte final da sua imagem. E uma probabilidade menor da prisão preventiva. Em vez da inabilitação política de Lula acalmar a guerra política, ela se acirrando com o xeque final, de derrubar Dilma.

O fator Dilma

Tem-se uma economia em crise aguda, riscos concretos de default fiscal, ampliação do desemprego. Se tirar uma foto de agora, as maiores empresas nacionais -Odebrecht, Vale, Gol, Usiminas, Petrobras, CSN, Gerdau - estão tecnicamente quebradas, sem caixa para pagar as dívidas vincendas.
É evidente que não vão quebrar porque os bancos irão prorrogar os financiamentos, esperando que o cenário econômico melhore. Mas há enormes desafios pela frente e uma presidente com enormes dificuldades em administrá-los.
Tome-se o caso Sete Brasil, a tentativa de criar uma empresa que intermediasse as encomendas de navios e plataformas da Petrobras. Em vez de delegar, Dilma chamou a si o problema. Terminada a reunião, não havia definido nenhuma medida e nenhuma responsável. Apenas meses depois Ministro Nelson Barbosa entrou nas discussões e conseguiu arrumar um pouco a casa.
Tem sido assim em todas as questões relevantes.
Na recente votação do PL sobre o pré-sal, o governo tinha todas as condições para tirar o regime de urgência ou de vencer a votação final. O Ministro Ricardo Berzoini estava nessa linha até a undécima hora,
Independentemente das tentativas de golpe no circuito Moro-Gilmar, se não houver uma mudança no governo Dilma, a mãe de todas as crises, a econômica, engolirá o governo.

O fator Moro e MPF

Não se pense em uma mera conspiração, dessas que se montam na calada da noite. Movimentos dessa ordem, em um ambiente democrático, são frutos de um conjunto de circunstâncias, eventos políticos que impactam a opinião pública, e mudanças institucionais e sociais trazidas pelas novas tecnologias e pela onda de globalização que são aproveitados por alguns agentes oportunistas.
Há um conjunto de peças nessa operação Lava Jato.

Peça 1 – a intenção nítida de derrubar o governo e inviabilizar o PT.

Aí se trata de uma luta pelo poder, seca, crua, objetiva e sem limites. Essa luta garante a blindagem ampla dos aliados do Ministério Público Federal: PSDB e Aécio Neves, e Organizações Globo. O efeito-manada criado pela mídia tem impedido qualquer espécie de moderação nos abusos.

Peça 2 – um componente geopolítico cada vez mais claro.

É um processo pouquíssimo estudado até agora.
Nos últimos anos o sistema judiciário, especialmente as pernas do Ministério Público Federal e Polícia Federal, se internacionalizou através das cortes internacionais e dos acordos de cooperação.
Do lado dos direitos humanos houve um expressivo avanço civilizatório. Do lado da luta contra o crime, uma integração cada vez mais intensa com as forças de segurança internacionais. Em ambos os casos, uma aproximação cada vez maior da nata do MPF com os círculos internacionais, com os melhores quadros se habilitando a cargos nos organismos internacionais.
A premiação da equipe de procuradores da Lava Jato pela Global Investigations Review – um site que cobre investigações internacionais contra a corrupção – e da AP 470 pela Associação Internacional dos Procuradores, são dois exemplos dessa visibilidade e integração internacionais (http://migre.me/t7Nkn).
Quando Sérgio Moro sustenta que a corrupção deriva de uma economia fechada, expressa a visão ideológica que emana dessas organizações internacionais.
Com a mixórdia financeira das últimas décadas, a corrupção adquiriu tal sofisticação que só uma ação coordenada internacional para fazer frente ao crime. E aí entra o maior preparo do FBI, que passa a direcionar as investigações graças à sua maior capacidade de investigação.
A maior experiência dos EUA fez com que há tempos legalizasse um conjunto de ações corporativas visando influenciar governos ou empresas, especialmente um rigor absoluto para impedir que qualquer crime corporativo seja julgado em outra jurisdição.
Já os países emergentes, com pouca tradição de multinacionais próprias, mantêm legislações anacrônicas que, por não prever formas mais flexíveis de atuação das empresas, tendem a criminalizar qualquer coisa. 
Na era Macri, o Ministério Público argentino usará contra Cristina Kirchner a mesma fórmula aplicada pelo MPF brasileiro contra Lula e Dlma:
1.    Governos tomam medidas que beneficiam grupos econômicos. Faz parte da própria lógica das políticas econômicas.
2.    Grupos econômicos apoiam governos, em geral todos os partidos, para ficar com um pé em cada canoa.
3.    Basta juntar uma medida de política econômica qualquer, que beneficiou determinado setor – mesmo que justificada sob a ótica do desenvolvimento ou do equilíbrio regional - e bater com alguma contribuição política do setor para o governo. É o caso dessa tentativa da Zelotes de criminalizar a MP da indústria automobilística.
Duas das preocupações nítidas da geopolítica norte-americana é o da disseminação de um populismo antiamericano na América Latina e África e da expansão das multinacionais do continente. A única potência média a emergir nas últimas décadas foi o Brasil, com suas empresas entrando na África e América Latina.
É por aí que se estrutura a cooperação do FBI, conforme pode-se conferir nos exemplos abaixo, todos municiados com informações da cooperação internacional:
1.    O fato do próprio PGR Rodrigo Janot ter comandado a ida de um grupo de procuradores aos EUA e entregado ao Departamento de Justiça elementos contra a Petrobras – uma empresa controlada pelo Estado brasileiro.
2.    A volta dos procuradores, com informações sobre a corrupção na Eletronuclear, fornecidas por uma advogada do Departamento de Justiça ligada à indústria nuclear norte-americana.
3.    As informações sobre as contas de João Santana que deram munição, em uma só tacada, contra todos os aliados políticos brasileiros nos países em que Santana coordenou campanhas eleitorais.
4.    As informações contra a Gerdau, empresa brasileira que atua em 14 países.
Mais as consequências ideológicas dessa cooperação:
1.   A tentativa de criminalização de toda forma de apoio às incursões de empresas brasileiras no exterior – de financiamento às exportações a ações diplomáticas.
2.    Em vez de investigações sigilosas, focadas nos crimes e nos culpados, o trabalho deliberado de destruir a imagem corporativa de todas as multinacionais brasileiras.
Trata-se de uma falha grave institucional – do próprio MPF e do Executivo – de não aprofundar as discussões sobre as implicações da cooperação internacional nos interesses nacionais. Aliás, a noção de interesse nacional é conceito consolidado apenas nas Forças Armadas.

Peça 3 – há tendências claramente ideológicas nesse movimento.

As pregações evangélicas dos procuradores, a visão de Deus contra os ímpios, a graça divina permitindo a limpeza final do país, o discurso evangelizador, a demonização da política e a busca do Brasil limpo, tudo isso fortaleceu o discurso de intolerância dos movimentos de ultradireita e fez a Lava Jato tomar lado.
Quem conduz as ruas são os filhotes de Jair Bolsonaro, que acabaram por conferir a cor da oposição.
Não há nenhuma ligação direta entre os filhotes de Bolsonaro e a Lava Jato, mas há toda uma relação de causalidade.

Peça 4 – Há risco claro de atentados aos direitos individuais, acelerado pela decisão do STF de permitir prisão a partir da segunda instância.

Os Ministros garantistas do STF foram evidentemente pressionados pela besta a votar contra a supressão da Terceira Instância. A intenção óbvia era garantir a prisão dos réus da Lava Jato.
Contudo, abrem uma enorme brecha nos direitos individuais, com consequências amplas em inúmeros campos.
Fiquemos no mercado de opinião.
De uns anos para cá, os blogs se tornaram o único contraponto à cartelização da notícia e das opiniões pela mídia. A maneira encontrada pelos grupos de mídia é combate-los através de ações judiciais. O STF é o único tribunal garantista que tem impedido as condenações abusivas e garantido a liberdade de expressão.
Com a obrigatoriedade de cumprir a pena antes da última instância, os grupos de mídia terão toda a liberdade de ação para sufocar financeiramente os blogs e até para conseguir a condenação criminal dos desafetos. Com a enorme influência da Globo nos tribunais cariocas, da Veja nos tribunais paulistas, seria desafio fácil.
Por outro lado, iniciativas como a do deputado Wadih Damous (PT-RJ) de criminalizar jornalistas que divulguem documentos sigilosos é tiro no pé. Será mais uma arma utilizada contra o jornalismo independente.
Seria muito eficaz uma lei que responsabilizasse diretamente os chefes de cada corporação quando demonstrassem desinteresse em coibir vazamentos, incluindo o Ministro da Justiça, o diretor geral da Polícia Federal e o Procurador Geral da República. E que impedisse a Ministros do STF e ao PGR o uso abusivo da gaveta.

O Fator PSDB

A campanha delenda-Lula fornece uma blindagem natural ao PSDB. Com Lula saindo de cena, a guerra interna tornar-se-á mortal. As prévias para a candidatura do PSDB à prefeitura de São Paulo já demonstraram isso, com a profusão de dossiês de lado a lado.
Rompida a blindagem do partido, nenhum presidenciável resistiria a um mês de investigações:
1.    Aécio Neves tem contra si inquéritos engavetados pelo PGR, de lavagem de dinheiro, e o caso de Furnas. E tem a máquina de dossiês de Serra para divulga-las.
2.    José Serra tem a filha Verônica, parceira desde os tempos de recém-formada, quando recorria ao escritório Ippolio, Rivitri Duarte & Sicherle, de ex-colegas da São Francisco, para contratos de consultoria para empresas interessadas em conversar com o pai Ministro. Serra não resistiria a uma pequena cooperação internacional sobre as contas e fundos da filha no exterior. Bastaria um procurador independente analisar os negócios da Experian no Brasil.
3.    Geraldo Alckmin mantém a blindagem junto ao Ministério Público Estadual. Bastará uma investigação sobre obras públicas do estado, financiadas com recursos federais, para se tornar alvo do Ministério Público Federal.
Aliás, uma consequência lateral da enorme influência política do Ministério Público foi dada pelo próprio Alckmin. No final do ano, a queda da receita fiscal poderia deixar ao desabrigo a Justiça estadual, o Ministério Público Estadual e a Defensoria Pública.Garantiu-se a Justiça e o MPE. E deixou-se ao relento a Defensoria Pública, cujo papel é dar assistência jurídica aos mais pobres.

Conclusões parciais

Tem-se um quadro claro de conspiração pela frente, na parceria Sérgio Moro-Gilmar Mendes.
O sucesso ou não do golpe dependerá da reação das instituições. E essa reação está diretamente relacionada com a capacidade do governo Dilma Rousseff em apresentar um cenário de futuro minimamente razoável.
Poucos darão a cara para bater em defesa da legalidade, se na ponta não houver um cenário futuro minimamente viável.
Ocorre que não se consegue avançar em projetos mais ousados devido ao estilo de Dilma, que inibe a proatividade de seus Ministros. E, por não saber delegar,  sua insistência em centralizar todos os problemas que exigem respostas prontas, atrasando as soluções.
Não é possível prever o que ocorrerá em caso de prisão e inabilitação de Lula. Haverá radicalização nas ruas, exigindo intervenção da polícia. Será um enorme retrocesso civilizatório, já que a imagem de Lula é o último fator a sustentar a institucionalidade democrática de movimentos sociais e grupos socialmente responsáveis. Haverá um enfraquecimento brutal das políticas sociais e de direitos humanos e um retrocesso da institucionalização da luta democrática trazendo de volta, aos movimentos mais à esquerda,  a decepção com a democracia e a busca de formas alternativas de luta política.
Jornais, um Judiciário dúbio, um governo medíocre e uma oposição desvairada criaram espaço para a argentinização da política brasileira.
Por outro lado, contribuirá para jogar o PSDB em uma luta fratricida.
O cenário ideal seria a conspiração refluindo, os tribunais superiores enquadrando os aspectos conspiratórios da Lava Jato. Criada a trégua, Dilma acordar de uma vez e mudar radicalmente seu estilo de gestão, discutindo seriamente e com profundidade medidas mais ousadas para reverter uma crise que se prenuncia fatal.
Por enquanto, há poucos juízes em Berlim, e nenhum candidato a estadista no Planalto.

João Metralha Marinho cuidado!!! Blogs sujos vão dizer que você pagava R$ 0,001 por m² de área pública no “Minha Ilha, Minha Vida”



Os parcos leitores deste blog viram meu apelo para que João Roberto Marinho, para que ajudasse a 
esclarecer a verdadeira propriedade da mansão triplex na Praia de Santa Rita, em Paraty-Mirim, que 
foi imputada pela Bloomberg à família Marinho.
Certo que os Marinho são tão ciosos dos bens públicos quanto o é o Dr. Sérgio Moro, a quem 
concederam o prêmio “Faz Diferença”, preocupo-me em alertá-los contra uma possível armação do 
Governo lulopetista (sirvo-me da expressão usada por seu jornal O Globo) para, talvez, tentá-lo 
colocar numa posição constrangedora.
inteiroteorAviso, então, ao colega jornalista João Roberto Marinho que ele consta, entre outras áreas, como beneficiário da ocupação de 132,5 mil metros quadrados na Ilha da Josefa, em Angra dos Reis. Aliás, esta maldita transparência dos órgãos públicos deixa qualquer esquerdista achar documentos que lhes permitam apresentar débitos irrisórios devidos pela ocupação de um terreno equivalente a mais de 20 campos de futebol em valor de menos de 130 reais (em 2009) e 390 reais, em 2010, coisa que nem chega perto de um salário mínimo por ano. Dá R$ 0,001 por metro quadrado! Isso, um milésimo de centavo. Dr. João, cuide disso, senão vai aparecer um petralha destes (pode crer, não é nem petista é , que petista não é peitudo assim) para fazer ironias e gracejos, chamando de “Minha Ilha, Minha Vida”. Ou então alguma “Menina do Jô” – veja o senhor, Ana Maria Ramalho, infiltrada em programas de sua própria emissora! – diz que a casa – com 1.380,00 m² , projetada pelo famoso arquiteto Cláudio Bernardes pela qual o senhor paga esta mixórdia para ter como sua em uma área pública, vai ser vendida por 20 milhões de dólares!! E nem assim pagava em dia!
Veja que não questiono a legalidade de sua ocupação, mas me preocupo que isso venha a ser chamado de imoral.
Só falta mesmo dizer que o comprador foi Alex Meyerfreund, da Chocolates Garoto e ex-sócio de Donald Trump, e quererem saber se rolaram os tais US$ 20 milhões, mesmo.
Essa gente, o senhor sabe, é terrível.
Então, em consideração à gentil correspondência onde o senhor pede que esclareça que não tem negócios com aquela casa em Parati, ofereço estas informações para que não se façam mais intrigas com a família Marinho.
Cuide-se, João Roberto, essa raça de repórteres, alguns iniciados lá mesmo na redação de O Globo, na Irineu Marinho, 35, é terrível.
Cuidado, Dr. João, com esta turma que acha que ainda se pode fazer jornalismo.
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sábado, 27 de fevereiro de 2016

O sumiço inexplicado de Margrit, irmã de Mirian Dutra e funcionária fantasma de Serra.


Ela estava ao lado do Senado, mas não para trabalhar

por Kiko Nogueira 

O imbroglio Mirian Dutra/FHC trouxe de lambuja as desventuras da irmã de Mirian, Margrit Dutra
Schmidt.
Margrit é funcionária fantasma do senador José Serra. Teria de cumprir nove horas de expediente, 
mas nunca foi vista pelos colegas.
Um chefe de gabinete de Serra forneceu uma desculpa cínica: “Ela trabalha para o senador como 
consultora. Ele solicita trabalhos e ela produz”.
O salário é de R$ 9.456,13. Serra veio com uma conversa absurda de que Margrit estaria envolvida 
em um “projeto educacional”.
Pediu a um repórter que não adiantasse o assunto porque se trata de algo sigiloso. “Conheço a Mag 
há muitos anos. Tenho relações pessoais e intelectuais”, afirma. 
Como alguém iria “adiantar um assunto” se ele não existe? Que misteriosas “relações pessoais e 
intelectuais”?
A última vez em que se ouviu falar de Margrit ela estava na República Dominicana, 
coincidentemente no mesmo período em que João Santana esteve no país.
Desde então, sumiu.
Parêntese: o colunista Ricardo Noblat conseguiu dar mais um chute em sua longa carreira de 
cacetadas a esmo (como esquecer do fantástico “furo” sobre a morte “para as próximas horas” de 
Ariano Suassuna quando o pobre velhote já estava na UTI por um fio?)
De acordo com Noblat, ela será demitida. Até 2020, quem sabe, isso ocorra. Fecha parêntese.
Suas contas nas redes sociais foram apagadas. Margrit, como todos os infelizes que moram no 
Facebook, postava foto de suas viagens (inclusive a da Dominicana), da família, dos cachorros, da 
comida, de tudo enfim.
É uma típica revoltada on line. Tremendo 171, há 15 anos na maciota com chefes tucanos, vivia 
gritando contra a corrupção, os petralhas e o escambau.
É uma mulher rica. Foi casada com um antigo lobista de Brasília, Fernando Lemos, amigo de 
Fernando Henrique Cardoso. Segundo o jornalista Palmério Doria, Lemos foi o operador das 
tentativas de suborno do governo para tentar melar a reportagem sobre Mirian Dutra da “Caros 
Amigos” em 2000.
Primo de Roberto Campos, figura folclórica, Lemos também teria intermediado a jogada para a 
Brasif pagar Mirian no emprego de mentirinha no exterior. Morreu em 2012 com seus segredos e 
suas pilantragens. 
Serra, embora não pareça, está bem vivo e deve explicações, mas elas não lhe serão cobradas. Entre 
outras coisas, o feroz opositor do ajuste fiscal e dos cortes públicos sustenta uma senhora com 
dinheiro público.
Senhora essa que sabe Asmodeu onde estará, mas que ninguém deverá se surpreender se não estiver 
morando mais no Brasil.
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