segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Prévias em SP, o bundalelê do PSDB



Renato Rovai

O primeiro turno das prévias para definir o nome do candidato a prefeito de São Paulo pelo PSDB
foi um desastre. A vitória parcial de João Doria Jr., que teve 43,13% dos votos, contra 32,89% de 
Andrea Matarazzo e 22,31% de Ricardo Tripoli acabou sendo a notícia menos importante do dia. Até 
porque só veio a público na madrugada, às 1h40 de hoje.
Numa cidade de 12 milhões de habitantes, o PSDB contou na sua disputa com 6.216 filiados 
votantes. Algo próximo a 0,05% do conjunto do eleitorado participaram da decisão para ver quem 
será o candidato a prefeito da capital do partido que governa o Estado há 21 anos consecutivos.
A baixa representatividade do colégio eleitoral tucano não foi suficiente para que a disputa 
acontecesse em nível civilizado. Durante todo o processo de prévias foram abundantes as denúncias 
de corrupção, compra de votos, manipulação de dados de filiados, uso da máquina do Estado e 
métodos heterodoxos de disputa. Ontem, foi apenas a gota d´água.
A foto que o leitor tem a seu dispor neste blogue é de uma briga no zona de votação do Tatuapé, que 
teve todos os seu votos impugnados. Além do militante que ficou literalmente de cuecas no meio da 
rua, várias pessoas saíram feridas deste conflito, incluindo mulheres.
O resultado está sendo contestado tanto por apoiadores de Andrea Matarazzo quanto de Ricardo 
Tripoli. Eles alegam que houve abuso de poder econômico por parte de Dória, que além de ter pago 
salário para apoiadores, teria colocado cavaletes e cartazes em frente aos locais de votação, o que é 
ilegal em São Paulo.
Há uma representação pedindo a impugnação de Dória neste sentido e o segundo turno pode ficar 
comprometido. No grupo de Andrea Matarazzo já há quem defenda que ele se retire da disputa se o 
partido não punir Dória e vá para o PSD, onde o ex-prefeito Kassab lhe garantiria a legenda para a 
disputa.
Ontem, nas provovações entre militantes, os apoiadores de Dória já batiam nesta tecla, de que 
Matarazzo era PSD.
Se Matarazzo, porém, resistir e conseguir derrotar Dória no segundo turno, o que mesmo com o 
apoio de Tripoli parece improvável, sua candidatura não terá apoio do governo do Estado. Neste 
cenário, o que se comenta é que Alckmin ou apoiaria Russomano ou lançaria um candidato pelo PSB.
As prévias do PSDB de São Paulo viraram um bundalelê sem solução. O partido que tenta se mostrar 
como guardião da ética e da moral no plano nacional, ontem ficou nu (ou ao menos de cuecas) em 
praça pública. Exatamente no território onde tem seu maior potencial eleitoral, São Paulo. E onde 
tem conseguido escapar de denúncias como a do cartel do metrô e a do roubo da merenda das escolas 
porque as investigações ou não acontecem ou são sempre muito tímidas.
Nunca é demais lembrar que Dória e Matarazzo não são candidatos de si mesmos nesta disputa. 
Dória é do grupo de Alckmin. E Matarazzo teve o apoio de Serra, FHC, Aloysio Nunes e Goldman, 
entre outros. Ou seja, as disputas, acusações e brigas de ontem eram entre esses caciques. Foram eles 
que ficaram de cuecas no meio da rua. E se o partido rachar não vai ser um briga paroquial. Vai ser 
um racha nacional.


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