quinta-feira, 30 de julho de 2015

NYT, LAVA JATO E O PROGRAMA NUCLEAR BRASILEIRO


O jornal americano The New York Times "registrou com clara satisfação a prisão do 
almirante Othon Pinheiro da Silva, presidente afastado da Eletronuclear, apontando-o como 
chefe de um programa nuclear clandestino durante a ditadura e um 'militar nacionalista' 
resgatado do ostracismo em 2003 pelo governo do presidente Lula"; O programa nuclear 
brasileiro nunca foi clandestino" e, ao afirmar que a energia nuclear será, em algum momento, 
"fundamental" para o desenvolvimento do País, com o esgotamento das hidrelétricas, diz que a 
prisão de Othon "tem relação direta" com essas questões; "Mas culpado ou inocente, por tudo 
o que ele sabe e representa, não pode ser submetido à sanha dos procuradores e delegados por 
delações premiadas".

POR TEREZA CRUVINEL

O jornal americano The New York Times registrou com clara satisfação a prisão do almirante Othon Pinheiro da Silva, presidente afastado da Eletronuclear, apontando-o como chefe de um programa nuclear clandestino durante a ditadura e um “militar nacionalista” resgatado do ostracismo em 2003 pelo governo do presidente Lula.
O programa nuclear brasileiro nunca foi clandestino, vinculando-se inicialmente a um acordo internacional com a Alemanha, que muito irritou os Estados Unidos. Foi o acordo que possibilitou a construção das usinas Angra I e Angra II. Mas Angra III já vem sendo construída com tecnologia nacional pela Eletronuclear, tecnologia desenvolvida a partir das pesquisas estratégicas realizadas pela Marinha. Estas sim, tratadas como segredo de Estado, tanto quanto as empreendidas pelos países ricos nesta e em outras áreas. Othon teve papel relevante neste processo, do qual é considerado como principal líder intelectual.
Como escreveu o economista e jornalista José Carlos de Assis em artigo republicado pelo 247, “o almirante Othon é um arquivo vivo de tecnologia”. Foi sob sua coordenação que o projeto Aramar desenvolveu as super-centrífugas brasileiras que processam o urânio a custos 70% menores que outros países, inclusive os Estados Unidos, que sempre quiseram se apropriar da tecnologia brasileira.
O programa nuclear brasileiro foi metaforicamente detonado por Collor, quando fechou o “buraco da serra do Cachimbo”, depósito de dejetos nucleares do programa, em sinal de sua paralização. E por Fernando Henrique, quando deixou o projeto Aramar definhar por falta de verbas. Lula, depois de empossado, visitou o projeto e de fato resgatou o almirante Othon ao resgatar o programa e retomar os investimentos na construção da terceira usina nuclear.
O Brasil foi privilegiado pela natureza com um potencial invejável para a geração de energia hidrelétrica, limpa e relativamente barata. Mas esta fonte está se acabando, quase todos os rios já foram devidamente explorados, forçando a construção de novas usinas na região Norte. Em algum momento, a energia nuclear, bem como a de outras fontes, como a eólica, será fundamental para o desenvolvimento nacional.
A prisão do almirante Othon, um homem de 76 anos, tem uma relação direta com as questões acima. A Lava Jato não apresentou até agora provas de que os recursos na conta de sua empresa sejam oriundos de corrupção. Ela presta serviços aos construtores das dezenas de pequenas hidrelétricas espalhadas pelo Brasil. Será preciso demonstrar a origem dos recursos. Mas culpado ou inocente, por tudo o que ele sabe e representa, não pode ser submetido à sanha dos procuradores e delegados por delações premiadas. O Estado brasileiro tem grande responsabilidade por seu destino, ao qual estão vinculados segredos da política nacional de defesa.
Mas até agora, não se ouviu uma palavra do Governo.
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