quinta-feira, 30 de julho de 2015

TV AFIADA: Mangabeira: o Brasil é um protetorado americano !


“Sou pessoalmente um defensor de democratização da propriedade nos meios de comunicação”

O Brasil precisa de um avanço tecnológico de vanguarda para ganhar protagonismo.
Essa é a opinião do ministro de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Roberto Mangabeira Unger, em entrevista a Paulo Henrique Amorim.
Unger é professor de filosofia na Universidade de Harvard e responsável por conceber um novo caminho de desenvolvimento para o país.
No Governo Lula ele também foi ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, quando formulou um Plano de Defesa e contribuiu para a demissão da Bláblárina – aquela bagróloga.
Lula decidiu entregar  a ele e não a ela formulação de uma política para a Amazônia – e ela foi embora (não sem tempo !).
Na entrevista dessa quarta-feira, 29/07, Mangabeira disse a PHA que o Brasil tem que escolher que tipo de aproximação deve ser feita com os Estados Unidos: se dependente ou não em setores estratégicos, como o nuclear, o cibernético e o espacial.
“Eu defendo há muito tempo a aproximação com os EUA. Entendo que teríamos muito a ganhar com uma relação estratégica com os EUA. Talvez uma inibição mais poderosa dessa aproximação é a dependência em que nos encontramos frente aos EUA. Quase toda a nossa comunicação de internet com o mundo, inclusive com a Europa e a Ásia, passa pelos EUA. Eu tenho dito que, se persistir essa situação, na prática, o Brasil é um protetorado dos Estados Unidos. O Brasil precisa decidir se quer ou não quer ser um protetorado dos EUA”, afirmou Mangabeira.
(Clique aqui para ler “O Brasil tem cyber-segurança ? Não !”).
E continuou: “O Brasil é um caso único na história moderna de um país da nossa dimensão que emerge sem pretensões imperais. O Brasil ascende sem imperar. Para que o Brasil possa se rebelar, precisa poder dizer não. E para poder dizer não precisa defender-se. E para se defender precisa ter tecnologia de vanguarda que não dependa das grandes potências do mundo”.
Mesmo com a Operação Lava-Jato e o ajuste fiscal, o ministro acredita que esta seja uma oportunidade para mudanças no país.
“A necessidade é a mãe da invenção. Agora, sim, na hora do aperto fiscal, da queda econômica e da confusão política podemos começar a persuadir o Brasil a se reinventar. Essa é a hora, esse é o momento mágico da transformação estrutural”, sugere.
Na entrevista, o ministro fala em uma nova estratégia nacional de desenvolvimento.
“O Governo está comprometido. É uma estratégia baseada em capacitações educacionais e oportunidades produtivas. A maior parte das nossas empresas continua afundada em um primitivismo produtivo, embora tenhamos uma cultura empreendedora vibrante. Uma parte dessa estratégia é tirar as empresas de seu primitivismo e fomentar o empreendedorismo de vanguarda no Brasil. Para isso, precisamos de um choque de ciência e tecnologia”, esclarece.
Para completar: “E o complexo industrial de defesa, inclusive os setores estratégicos – nuclear, cibernético e o espacial – representa um terreno privilegiado para desenvolver o vanguardismo tecnológico”.
Unger acredita que o Brasil deve ser uma potência revisionista, e crê que a educação necessita de um outro rumo, inclusive na questão dos currículos escolares:
“O que seria melhor para nós seria fazer diferente no Brasil e introduzir cada área do conhecimento de pontos de vista contrastantes. De tal forma a formar uma nação de rebeldes e assegurar que os jovens cheguem à universidade imunizados contra o servilismo intelectual. Isso é o mais importante, a nossa auto-formação”, admite.
Segundo ele, a solução não é mais dinheiro. “Nós estamos acostumados no Brasil a resolver todos os problemas com dinheiro. A verdade é que ideias, traduzidas em inovações audaciosas, são recursos mais escasso do que dinheiro”, opina.
Sobre o papel dos meios de comunicação em relação à estratégia do Governo, ele foi enfático: “Eu sou um defensor pessoalmente de democratização da propriedade nos meios de comunicação. Não se trata de regular, de vigiar a imprensa como ela se organiza hoje. Trata-se de multiplicar os passos para o debate coletivo. É disso que o Brasil já precisa. E isso não é nenhum devaneio”, sentenciou antes de alertar que essa era uma opinião dele e não do Governo.
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