e Rodrigo Londoño, líder das FARC, celebram desarmamento (27/06)
Grupo parte agora para vida civil e disputa política; Juan Manuel Santos, presidente
colombiano, ressaltou que acordo irá garantir verdade, justiça, reparação às vítimas de 52
anos de conflito armado
O chefe das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), Rodrigo Londoño, afirmou
nesta terça-feira (27/06) que a guerrilha cumpriu a promessa de deixar as armas após mais de meio
século de conflito. Londoño, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e o chefe da missão da
ONU no país, Jean Arnault, lideraram hoje o ato que marca o desarmamento total do grupo.
“O mecanismo de monitoramento e verificação do cessar-fogo acredita que não falhamos com a
Colômbia: hoje deixamos as armas”, declarou durante o ato realizado m Mesetas, no centro do país.
“Adeus à guerra, adeus às armas. Bem-vinda, paz”, disse o líder do grupo, diante da cúpula das
FARC e de centenas de agora ex-combatentes.
Arnault, que abriu o ato, destacou que desde agosto de 2016 foi instalado o cessar-fogo bilateral
entre governo e guerrilha, como determinado no acordo de paz negociado entre 2012 e 2016 em
Havana, Cuba, e assinado definitivamente em novembro do ano passado.
Ontem, o grupo completou a entrega à ONU de 7.132 armas individuais nas 26 zonas onde está
concentrado quase o mesmo número de combatentes, informou a organização. Só falta recolher as
que estão com guerrilheiros que têm funções de segurança nos acampamentos até 1 de agosto,
quando concluirá essa fase.
Previamente, Santos tinha afirmado na sua conta do Twitter que a notícia mais esperada pelo país em
meio século ocorreria hoje, quando as FARC darão por concluído o processo de deposição de suas
armas individuais.
"Hoje a Colômbia tem a melhor notícia em 50 anos: as FARC deixam suas armas e a palavra será a
única forma de expressão", manifestou Santos.
No ato, o presidente colombiano se comprometeu a garantir a participação política dos membros da
guerrilha que, a partir de hoje, começam a transição para a vida civil.
“Não estou – e certamente nunca estarei – de acordo com vocês sobre o modelo político ou
econômico que deve ter nossa nação, mas defenderei com contundência seu direito a expressar suas
ideias dentro do regime democrático”, declarou Santos.
Ele também ressaltou que o acordo de paz irá garantir verdade, justiça, reparação e garantia de não
repetição para as vítimas do conflito armado.
Durante a cerimônia foram projetadas imagens das zonas veredais onde observadores das Nações
Unidas mostraram os containers cheios de armas recebidas das Farc para sua posterior destruição.
Em cada uma dessas zonas, os membros da ONU estiveram acompanhados de representantes de
diferentes confissões religiosas em qualidade de testemunhas.
O ato simbólico de deposição das armas pelas FARC foi celebrado na zona Veredal Transitória de
Normalização (ZVTN) de Buenavista, situada em Mesetas, município do departamento de Meta,
mesmo lugar onde a guerrilha surgiu há 52 anos. O conflito armado na Colômbia deixou 260 mil
mortos, 60 mil desaparecidos e 7,1 milhões de desalojados.
Com esse passo cumprido, cada membro da guerrilha se comprometeu a não voltar a pegar em armas
e foi registrado para ter acesso às medidas de reincorporação previstas no acordo de paz, como a
Jurisdição Especial para a Paz, que irá julgar os crimes cometidos por guerrilheiros durante o
conflito armado. Caso o ex-guerrilheiro não cumpra o prometido, ele perderá o direito à JEP e será
submetido à Justiça comum.
A partir do dia 1 de agosto, as zonas veredais onde os ex-guerrilheiros estão concentrados se tornam
Espaços Territoriais de Capacitação e Reincorporação, onde será feita a transição para a vida civil.
Também a partir dessa data os membros do grupo podem começar a fazer política, reorganizando-se
como movimento ou partido político, como estabelecido no acordo.