terça-feira, 5 de novembro de 2019

Entrevista de Bolsonaro derruba em 20% a audiência do Domingo Espetacular da Record

A queda na audiência no Domingo Espetacular com a entrevista exclusiva do presidente da 
República não é algo isolado nesta decisão da Record de se tornar uma TV chapa branca. 
Depois que o jornalismo da emissora se bolsonarizou, a audiência também vem caindo.
O Domingo Espetacular da Record trouxe na edição de ontem (3/11) uma entrevista exclusiva com o 
presidente da República Jair Bolsonaro. Foram 13 minutos de conversa gravada com o repórter 
Thiago Nolasco. Uma entrevista com um presidente da República, seja ele quem for, é sempre um 
momento especial para um veículo, especialmente quando se trata de uma exclusiva. E também 
costuma levantar a audiência da emissora. Mas dessa vez não foi o que ocorreu.
Quando a matéria começou, aproximadamente às 21h40, o programa estava com 10,5% no Ibope. A 
audiência foi caindo sem parar nos minutos que se seguiram e terminou com 8,5%.
No mesmo horário, o Fantástico da Rede Globo apresentava o terceiro episódio da série “Meu filho 
nunca faria isso”, que abordou o bullying. Essa atração estava com 20,5% quando a entrevista de 
Bolsonaro teve início na Record e chegou a 22,5% no momento em que ela acabou.
Ou seja, enquanto Bolsonaro atacava a Globo na Record e pedia 15 minutos ao vivo para falar na TV 
dos Marinhos, a Globo herdava os pontos perdidos pela concorrente. Algo para lá de surpreendente.
A queda na audiência no Domingo Espetacular com a entrevista exclusiva do presidente da 
República não é algo isolado nesta decisão da Record de se tornar uma TV chapa branca. Depois que 
o jornalismo da emissora se bolsonarizou, a audiência também vem caindo.
Artigo recente na Folha de S. Paulo mostra que houve queda de 18% da audiência no mês de outubro 
deste ano comparado com o mesmo período do ano passado. Faz cinco meses que o SBT mantém-se 
em segundo lugar na audiência geral do país, mesmo tendo uma receita bem inferior que a da Record.
Do ponto de vista político, a queda de audiência num programa assistido por um público simpático 
ao presidente também chama a atenção. Bolsonaro pode ter saturado inclusive a sua base com a 
estratégia de guerra permanente.
Uma queda de aproximadamente 20% na audiência de um programa em apenas 13 minutos não é 
algo normal. Se a entrevista de Bolsonaro fosse um quadro fixo do programa, os editores já estariam 
pensando em algo para substitui-lo.

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