terça-feira, 5 de novembro de 2019

Exclusivo: Suspeito de corrupção no Panama Papers, líder golpista boliviano diz ter sido instruído por Ernesto Araújo.

Luis Fernando Camacho, que convocou militares para um golpe em Evo Morales, foi
recebido por Ernesto Araújo, chanceler de Bolsonaro, em maio. Líder oposicionista é dono
de empresas offshore listadas no caso Panamá Papers, que é investigado pela Lava Jato no
Presidente do Comitê Cívico de Santa Cruz e líder do movimento golpista que tenta derrubar Evo 
Morales da presidência na Bolívia, o empresário, advogado e professor universitário Luis Fernando 
Camacho aparece na lista do caso que ficou conhecido como Panamá Papers como intermediáro e 
dono de empresas offshore que seria usadas para lavagem de dinheiro de origem duvidosa, 
especialmente em casos de corrupção.
No Brasil, os arquivos do caso Panamá Papers revelaram offshores ligadas a empresas de 
comunicação, como a rede Globo e a editora Abril, além de centenas de personagens relacionados ao 
mundo político. Em 2 de maio, Camacho compartilhou uma foto no Itamaraty, em Brasília, ao lado 
do chanceler Ernesto Araújo e da deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP).
Na publicação, Camacho ressalta que recebeu instruções de Araújo sobre como agir diante da 
Constituição boliviana, que permite reeleições sucessivas no país e que teve o compromisso 
“governamental” do Brasil sobre a questão.
“Conseguimos o compromisso pessoal e governamental do chanceler Ernesto Fraga Araújo de elevar 
como estado brasileiro e garante da cpe a encomenda de interpretação da convenção sobre a 
reeleição indefinida para a cidh. O Chanceler instruiu de forma imediata e na mesma reunião que se 
realize a consulta”, relatou..
Mossack Fonseca
Camacho, segundo informações do Correo Del Sur, intermediou a criação de três empresas offshore 
Medis Overseas Corp., Navi International Holding y Positive Real Estates, sendo dono das duas 
últimas.
O advogado e empresário seriam um dos responsáveis na Bolívia pelo contato com o escritório 
Mossack Fonseca, principal acusado de intermediar a criação das empresas nos paraísos fiscais 
administrados pela coroa britânica, ou no próprio Reino Unido.
Em 2017, Jürgen Mossack e Ramón Fonseca, sócios da empresa foram presos preventivamente como 
parte de investigações relacionadas com a Operação Lava Jato no Brasil. Eles foram acusados de 
manter “uma organização criminosa que se dedica a ocultar ativos e dinheiro de origens suspeitas” e 
serve para “eliminar evidências de envolvidos em atividades ilícitas relacionadas ao caso Lava Jato”.
Bolívia
Camacho é o principal agitador da greve que paraliso a região de Santa Cruz, uma das principais 
áreas econômicas do país, após a reeleição de Evo Morales.
Evo, que estava em uma aeronave nesta segunda-feira (4) que fez um pouso de emergência em 
decorrência de uma falha mecânica durante a decolagem, já denunciou as tentativas de golpe na 
Bolívia.
“Alerto desde Vila Vila (povoado rural) a todo o povo boliviano: distintos setores sociais (…) se 
preparam para fazer um golpe de Estado na próxima (esta) semana”, disse Evo Morales em um ato 
público no dia 27.
No sábado (2), Camacho ameaçou Morales com um últimato. “(Morales) tem 48 horas para 
renunciar, porque nesta segunda-feira às sete horas da noite (20h00 no horário de Brasília), vamos 
tomar medidas e garantiremos sua saída”, disse.
Ele também leu uma carta dirigida aos chefes das Forças Armadas, a quem pediu para “estarem ao 
lado do povo”, conclamando um golpe militar.
Camacho não disse quais medidas adotará, mas presume-se que possa ocupar escritórios regionais de 
entidades e empresas públicas.
Nesta segunda-feira (4), Camacho anunciou que estaria preso no aeroporto próximo a La Paz 
temendo por sua segurança depois que multidões pró-governo se reuniram do lado de fora.
Ele havia voado de seu reduto de Santa Cruz a La Paz com uma carta de renúncia pré-escrita para 
Morales, depois de exortar compatriotas em um evento realizado na noite de segunda-feira a 
“paralisarem” instituições do governo.

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