sábado, 20 de julho de 2019

PARA TIRAR O DELE NA RETA O MARRECO JOGOU A LAMA JATO AO MAR?


Por Luis Nassif
Estou preparando um Xadrez mais detalhado para explicar o momento atual, derivado da decisão de
Dias Toffoli, presidente do STF, de proibir o COAF de enviar informações a procuradores e 
delegados, em autorização prévia de juízes. O que quebra a perna do modelo autoritário criado pela 
frente de órgãos de controle permitindo abusos como as invasões de Universidades sob a 
coordenação de procuradores.
O ponto que passou despercebido é que, imediatamente, o Ministro Sérgio Moro ordenou para que a 
Polícia Federal cessasse todas as colaborações informais com o COAF. Não se trata de um seguidor 
da lei – que ele não é -, mas de um Ministro obediente aos reclamos do seu chefe, o presidente da 
República.
A decisão de Toffoli só foi possível devido, não aos vícios, mas às virtudes do Ministério Público: as 
investigações sobre o envolvimento de Flávio Bolsonaro com as milícias.
Peça 1 – “denúncia” de Palocci contra cinco bancos
Saiu em O Globo de hoje, parte da delação de Antônio Palocci envolvendo cinco grandes bancos: 
Bradesco, Safra, BTG Pactual, Itaú Unibanco e Banco do Brasil. Teriam doado R$ 50 milhões ao PT 
em troca de favores. Com sua conhecida perspicácia, não apresentou nenhuma prova e incluiu até o 
Banco do Brasil na parada (aqui).
Peça 2 – os bancos credores da Abril
A Abril está em processo de recuperação judicial. A operação consistiu na Enforce, uma empresa 
especializada em recuperação de empresas falidas, adquirir a dívida da Abril em fevereiro passado – 
salvando o patrimônio dos herdeiros.
Depois, vai negociar com os bancos um abatimento no valor e um prazo de pagamento. O BTG 
Pactual ajudou adquirindo as dívidas e, com isso, oferecendo maiores garantias aos credores, já que é 
um banco sólido. Os maiores credores da Abril são o Bradesco, Itaú e Santander (aqui), além dos 
bancos públicos.
Logo, o tiro de Moro, através de O Globo, atingiu três bancos essenciais para a recuperação da Abril.
O modelo de criminalização é o mesmo da Lava Jato.
Tomam-se financiamentos de campanha ao PT. E ignora-se o financiamento para outros candidatos, 
porque aí poderia ser caracterizado como prática usual dos bancos, sem direcionamento.
Junta-se alguma medida que possa ter beneficiado os bancos, mesmo que não sejam de decisão direta 
do Executivo, e mesmo que sejam tecnicamente justificadas.
Pressiona-se um delator para declarar, mesmo sem provas, que o financiamento de campanha foi 
para pagar um favor. E pronto. Já tem à mão o Palocci Bom Bril, de mil e uma utilidades.
Peça 3 – a mudança na Veja
Imediatamente, a revista Veja voltou ao seu
velho ofício de criadora de factoides, com uma
matéria de capa denunciando a presença de uma
de uma organização terrorista –dessas que os
personagens vestem roupa preta e capuz para dar
entrevistas – ameaçando a vida da família
Bolsonaro.
A capa cai como uma luva na prévia do incêndio
do Reichstag, que é a saída de todo ditador
acuado.
Peça 4 – o frágil Dallagnol
E, aí, sobra para Deltan Dallagnol
Para a denúncia ter credibilidade, os
procuradores da Lava Jato terão que explicar a
razão de não terem aceitado a delação de Palocci.
Na Carta Capital, há uma excelente reportagem
de Andre Barrocal usando a mesma metodologia

da Lava Jato, de ilações.
Os bancos foram beneficiados, quando os
procuradores não aceitaram a  delação de
Palocci.Deltan fez palestras pagas não apenas
para bancos, como para a própria Febraban.
E não ficou nisso.
Barrocal lembra rumores que surgiram em
determinado momento, de que os planos de
saúde – Unimed na frente – seriam o próximo
setor da economia alvo da Lava Jato, depois das
empreiteiras.
Deltan não apenas proferiu várias palestras
pagas à Unimed, como indicou a empresa para
uma colega paulista faturar em cima de uma
operação conduzida por ela.
Como ficará agora esse teatro da hipocrisia?

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