No mesmo dia em que o ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal,
censurou a entrevista do ex-presidente Lula à Folha de S. Paulo, o ministro Ricardo
Lewandowski soltou também um despacho, autorizando a entrevista de Lula ao jornalista
Florestan Fernandes Júnior, ao jornal El Pais e à Rede Minas de Televisão; segundo
Lewandowski, a liminar de Luiz Fux – flagrantemente ilegal – não atinge o pedido formulado
por Florestan; o ministro também questiona os poderes de Toffoli para cassar sua decisão no
tocante à Folha e aponta "motivações subalternas"
247 – O jornalista Florestan Fernandes Júnior está autorizado a entrevistar o ex-presidente Lula para
o jornal El Pais e para a Rede Minas de Televisão. A decisão foi tomada pelo ministro Ricardo
Lewandowski em despacho publicado ontem. Lewandowski tomou a decisão no mesmo dia em que
o presidente da corte, Dias Toffoli, decidiu, em parceria com seu colega Luiz Fux, trazer de volta a
censura prévia ao Brasil (saiba mais aqui).
Em sua decisão, o ministro Lewandowski avalia que a liminar de Luiz Fux – flagrantemente ilegal –
não atinge o pedido formulado por Florestan. O ministro também questiona os poderes de Toffoli
para cassar sua decisão no tocante à Folha e aponta "motivações subalternas". Ao ser empossado
como presidente do Supremo Tribunal Federal, Toffoli indicou como assessor especial o general
Fernando Azevedo e Silva, que foi chefe do Estado Maior das Forças Armadas. Ontem, numa
declaração amplamente criticada, Toffoli afirmou que não se refere à ditadura de 1964, mas ao
'movimento' de 1964 (saiba mais aqui).
Ao censurar a imprensa, Toffoli pretendia que os pedidos formulados por órgãos de imprensa para
Ao censurar a imprensa, Toffoli pretendia que os pedidos formulados por órgãos de imprensa para
entrevistar Lula só fossem avaliados depois do segundo turno das eleições presidenciais.
Aparentemente, o objetivo é evitar que Lula diga o óbvio: que só foi preso para ser impedido de
disputar as eleições presidenciais de 2018 e que Fernando Haddad representa a continuidade de seu
projeto político. Silenciar Lula, portanto, é uma forma de alavancar a candidatura de Jair Bolsonaro,
que, no último sábado, foi alvo do maior protesto antifascista da história do Brasil.
A censura a Lula também afronta decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU, que determinou
A censura a Lula também afronta decisão do Comitê de Direitos Humanos da ONU, que determinou
a manutenção dos direitos políticos de Lula e também que ele pudesse conceder entrevistas. Preso
político há quase seis meses, Lula foi impedido de votar, de ser votado e agora de conceder
entrevistas por Toffoli e Fux. No entanto, a decisão de Lewandowski obriga a Polícia Federal a
garantir a entrevista de Lula a Florestan Fernandes Júnior. Não se sabe quando Toffoli levará o caso
ao plenário do Supremo Tribunal Federal. Antecessora de Toffoli no cargo, Cármen Lúcia dizia que
'o cala boca já morreu'. Toffoli provou o contrário.
Confira o despacho do ministro Lewandowski:
'o cala boca já morreu'. Toffoli provou o contrário.
Confira o despacho do ministro Lewandowski:
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