terça-feira, 31 de outubro de 2017

A BURRICE DO GOLPISMO DE TOGA


(Os juízes estão nus. Charge: Angeli)

Por Pedro Breier

Nos últimos dias ocorreram dois fatos graves oriundos dos que deveriam, em tese, realizar a justiça.
O primeiro deles, na semana passada, foi a abertura de processo pelo CNJ (Conselho Nacional de 
Justiça) contra quatro juízes do Rio de Janeiro que participaram de manifestações contra o golpe.
Não é preciso ser nenhum gênio para perceber que se trata de absurda perseguição política, digna de 
uma ditadura.
Juízes coxinhas alucinados brotaram aos borbotões durante 2016, proferindo decisões estapafúrdias 
que favoreceram enormemente a narrativa do golpe. Neste link está um dos exemplos mais 
emblemáticos.
Sérgio Moro faz política abertamente, inclusive nas suas decisões “judiciais”, e também não 
acontece nada.
O crime, para o CNJ, não é fazer política, mas não se prostrar diante do golpismo.
Ontem tivemos outra amostra grátis de como é viver sob o autoritarismo – a única diferença é que 
trocaram a farda pela toga.A juíza Ida Inês Del Cid proibiu a realização do show que Caetano Veloso 
faria no acampamento do MTST em São Bernardo do Campo.
Caetano, exilado nos tempos da ditadura, disse que “dá a impressão de que não é um ambiente 
propriamente democrático” e que foi a primeira vez que ele foi impedido de cantar desde a 
redemocratização.
Quando os reacionários conseguem derrubar uma democracia, eles não se aguentam. A sensação de 
poder sobe à cabeça. O olho fica vermelho de raiva. A baba escorre pelo canto da boca. E, por fim, o 
desejo ardente de calar as vozes dissonantes explode em atos mesquinhos como os do CNJ e o da 
juíza Ida.
Essa repressão grotesca às liberdades é, entretanto, um tiro no pé para o golpismo.
Geram uma onda de indignação e revolta contra o arbítrio que fatalmente não acabará bem para os 
atuais donos do poder.
Decisões absurdas como essas acabarão acelerando a urgentemente necessária democratização do 
judiciário, assim que a democracia for retomada no nosso país.
A terceira lei de Newton não falha: a toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade.
Vai ter volta.

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