sexta-feira, 18 de novembro de 2016

A ESPETACULARIZAÇÃO DO FASCISMO



Sérgio Cabral e Anthony Garotinho não me merecem respeito como políticos, até porque nenhum 
dos dois exerce, hoje, mandato eletivo, o que me daria motivos para ter respeito por seus eleitores.
Mas merecem como cidadãos e seres humanos.
Nenhum dos dois está condenado.
São presos provisórios, em tese para a garantia do processo judicial.
Como, em tese, pode ser libertados a qualquer momento por um habeas corpus.
Mas estão sendo escandalosamente utilizados como carne para açular a matilha em que desejam que 
se transforme a sociedade brasileira.
Mais cedo, coloca-se a circular nas redes sociais um vídeo onde Garotinho resiste a ordem de 
transferência para a penitenciária do leito hospitalar de onde se encontrava.
Tirar alguém de um hospital, ao que eu saiba, é decisão de médico, não de juiz.
Agora, Sérgio Cabral, anuncia-se, foi obrigado a raspar a cabeça.
Uma regra absurda adotada, aliás, no seu próprio Governo (2014), contestada pela Defensoria 
Pública, com razão, como ofensiva à dignidade do preso.
Aprendi com mãe e avó a não dizer “bem-feito” à injustiça com o injusto.
Orgulho-me de ter feito parte do governo de Leonel Brizola, que comeu o pão que o diabo amassou 
por ter proibido o “pé na porta” dos barracos sem mandato e o puxão pelos cabelos para que presos 
fossem fotografados pela imprensa sedenta.
Estamos transformando a vida brasileira – e os direitos das pessoas – num espetáculo de baixarias 
como estes programas de TV do tipo “mundo-cão”.
E isso sob as ordem de homens, em tese, de alto conhecimento de leis e direitos.
Todos com graduações, mestrados, doutorados e – isso os diviniza? – concursados.
As responsabilidades, amanhã, quando tivermos espancamentos, linchamentos, até mortes, será de 
quem?
Houve um tempo em que a Justiça era ponderada, discreta, moderada em decisões e atos.
Agora, vivemos a era do espalhafato, da humilhação, do salve-se quem puder espalhando culpas a 
torto e a direito.
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