quarta-feira, 25 de maio de 2016

REQUIÃO DENUNCIA O ASSALTO AO BRASIL: QUEM GOVERNA O BRASIL É A FEBRABAN


Jorge Solla (PT-BA) e o susto de Renan Calheiros 

Governo poderia arrecadar R$ 43 bi com tributo sobre os mais ricos extinto por 
FHC. Meirelles que jogar o Brasil entre o fogo e a frigideira

O discurso que o Senador Requião faz nessa quarta-feira 25/5 no Senado:

Houve quem se surpreendesse quando a equipe econômica de Meirelles pediu autorização ao 
Congresso para fixar uma nova “meta” fiscal extremamente folgada, uma meta de 170 bilhões de 
reais. Afinal, o valor é o dobro da meta que a presidente Dilma pediu e que na época foi considerado 
“irresponsabilidade fiscal” pela imprensa e pelo Congresso.
O que Meirelles quer não é uma meta, é uma autorização para gastar à vontade. Os tais 170 bilhões 
de reais certamente correspondam ao maior déficit primário da nossa história, em valores correntes. 
Muito estranho para um governo que foi alçado ao poder em meio a uma campanha pela austeridade 
fiscal, a que Dilma, supostamente, era avessa.
Se a Dilma está sofrendo processo de impeachment por ter dado as tais pedaladas, na ânsia de 
cumprir uma meta fiscal muito ambiciosa, que sentido faz dar um imenso cheque em branco para o 
governo interino?
Tanta incoerência explícita, escancarada, tanto cinismo militante incomodam. As réguas e as regras 
que valem para uma não valem para outros? Noventa e seis bilhões de meta fiscal pedidos por Dilma 
são irresponsabilidade, mas os 170 bilhões pedidos por Temer transmudam-se em virtude.
Enfim, considera-se normal que os políticos, na luta pelo poder, façam pronunciamentos incoerentes, 
contraditórios. Desdizem hoje com toda ênfase o que declaravam com fervor ainda ontem. Políticos 
que queriam o impeachment diziam uma coisa antes. Agora dizem o contrário.
No entanto, o que mais assusta é que a mídia, os economistas e “o mercado” finjam que não há 
incoerência, que não usam dois pesos e duas medidas. Da crítica azeda, desaforada de antes ao 
entusiasmo de hoje não decorreram sequer 30 dias.
Isso é grave, gravíssimo, pois indica que faziam terrorismo com o déficit menor de antes e agora 
nem se importam com o déficit muito maior. Enfim, ao que tudo indica, os políticos, “o mercado” e 
seus economistas investiram pesado, até mesmo sua credibilidade, para viabilizar o impeachment e 
agora investem pesado para viabilizar o novo governo. 
Há anos, todo santo dia, estamos acostumados a ler nos jornalões, a ver e ouvir na mídia monopolista 
que o terror dos terrores para os economistas, para o mercado, para as agências de risco, para os 
investidores, que o terror dos terrores para eles é o déficit público crescente. Mas, agora, nada 
comentam sobre o crescimento exponencial desse déficit proposto por Meirelles.
Isso significa que esperam ganhar algo muito maior? O que será?
Antes de conjecturar sobre isso, faço uma pequena explanação a respeito dos fatos já conhecidos, 
para entender as estratégias que movem a atual equipe econômica:
1) A previsão de um déficit primário colossal mostra que o governo está se preparando para adotar 
uma simulação de política fiscal contra-cíclica keynesiana muito mais arrojada do que a estratégia 
fiscal adotada por Dilma em seu primeiro mandato. Estratégia essa, sabemos, objeto de todos os 
tipos de críticas e xingamentos por parte da imprensa, dos economistas de mercado e da antiga oposição.

2) Se o governo busca adotar uma política fiscal arrojada, infere-se que ele esteja disposto a usar 
todos os meios para fazer a economia crescer, inclusive radicalizar aqueles meios usados por Dilma e 
que foram a base para o horror que “o mercado” e a “elite” têm da presidente.

3) Mas isso seria considerado uma loucura, que precipitaria a explosão da dívida pública, se não 
fosse esperado pelo “mercado” uma redução abrupta e substantiva dos juros. 

4) Como a duplicação da previsão de déficit foi digerida amistosamente pelo “mercado”, a redução 
dos juros já está acertada entre “equipe econômica” e “mercado”.

5) Porém, o governo é fraco e continua na mão de todos que viabilizaram o impeachment. Isso 
significa que o “mercado”, que se regozija com os juros altos, está ganhando em troca algo muito 
melhor.

6) O que seria? O Pré-Sal? A radicalização das privatizações? A suspensão dos direitos trabalhistas e 
dos direitos previdenciários? A apropriação de uma gorda fatia dos recursos que iriam para educação 
e saúde? Tudo isso e um tanto mais. Na verdade, essas medidas já foram anunciadas pelo novo 
governo. Então, para ganhar tais prebendas, o mercado aceita política fiscal contra-cíclica e juros 
baixos. Esse é o pacto de que tanto se fala nesse novo ambiente político, o “pacto entreguista”.

7) Mas isso não é muito impopular para ser realizado por um governo interino? Sim. E pode não dar 
certo e não dando certo sempre existe a possibilidade da volta do governo eleito.

8) Nesse caso, a equipe econômica do Meirelles estaria preparando uma armadilha para manter 
Dilma amarrada aos compromissos e políticas neoliberais propostas pelos interinos. 

9) A armadilha chama-se “mecanismo de fixação do teto da dívida” obrigando que os gastos 
públicos fiquem congelados em 2017, em termos reais! 

10) Sabemos que a trégua do “mercado” à política fiscal irresponsável do governo interino se deve 
ao “pacto entreguista”. No entanto, na mídia, Meirelles vende que a trégua do mercado se deve à 
proposição do “mecanismo de fixação do teto da dívida”. Ou seja, o “mercado” está dizendo: “Eu 
não me preocupo com o fato de Temer ter um déficit duas vezes maior do que Dilma, porque 
Meirelles vai aprovar no Congresso um mecanismo que congela os gastos públicos em 2017, mesmo 
se Dilma voltar ao governo”.

11) Se isso acontecer, o Estado e o país ficarão ingovernáveis, no caso de volta de Dilma. Ou no 
mínimo, colocará Dilma novamente de joelhos frente ao Congresso e ao dono do Congresso, a mídia.

12) Caso Dilma não volte, Temer fulmina essa armadilha facilmente com o apoio que tem no 
Congresso, na mídia e no “mercado”.

13) Mas, antes disso, irão aprovar todo tipo de entrega do país. E Dilma, caso volte, estaria tão fraca 
e tão à mercê Congresso que não poderia reverter nada e teria que dar continuidade e implementar as 
políticas neoliberais de Meirelles.

14) O ex-ministro Nelson Barbosa já deu indicações de que deve continuar a mesma política de Meirelles, caso volte, pois, segundo ele, o que o governo interino está fazendo “não é novidade” e que propostas que ele mesmo lançou em março, como ministro de Dilma, Meirelles está anunciando agora.

15) Meirelles quer colocar o país entre o fogo e a frigideira. Logo, precisamos combater essas 
medidas.
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