segunda-feira, 2 de maio de 2016

NÂO AO GOLPE !: O PRIMEIRO DE MAIO NO BRASIL



Se Dilma falasse sempre as verdades como as disse hoje não 
haveria golpe

POR FERNANDO BRITO  


Deu gosto e desgosto ouvir o discurso de Dilma, hoje, no Vale do Anhangabaú.
Deu gosto ver ali a mulher que já dividiu comigo, quando ambos fomos do PDT, brizolistas, a fé em 
que o povo, quando pode perceber claramente a verdade, não precisa que o guiem, sabe onde ir.
Gente que não era só de esquerda – e nem de esquerda era, para muito “punho de renda” arrogante – 
mas era antes apaixonada por seu povo.
Gente que falava uma língua que o povo entender, que nessa língua não tinha papas e que no que 
dizia tinha um lado, claro, límpido, transparente, evidente.
A força deste discurso, o espírito que se apossa de nós quando somos intérpretes da História é tão 
poderoso que até nossas próprias limitações oratórias desaparecem, os gaguejos são escorraçados 
pela fluidez das ideias, as vacilações se vão, tangidas pela certeza e pela convicção.
Não precisou sequer ter Lula ao lado, para traduzi-la ao povão.
Bastou-se, mergulhada no fervente borbulhar da história e, na linguagem campeira, meteu os peitos 
na porteira e foi rompendo os que os, perdoem, cagões prudentes acham bom por de cerca nos nossos 
próprios pensamentos.


Deu gosto ver uma Dilma de coração valente, que entendeu que a única força com quem um 
governante popular pode contar, mesmo na pior das tempestades, é aquela parcela da população que, 
de tanto sofrer e perder ao longo de gerações, tornou-se invulnerável ao sofisticado discurso do 
inimigo.
Os tão badalados reajustes do Bolsa Família, quase serão usados como exemplo de “farra fiscal” 
pelos canalhas – que farra, hein, de R$ 15! Pagam três dúzias de ovos ou um quilo de músculo ou 
acém! – são uma miséria que só pode escandalizar quem tem a barriga cheia e já estavam mais que 
previstos.
E o que vão dizer do índice de 9% estes canalhas, que haviam proposto e aprovado 16,8% no 
Orçamento, forçando a Presidente a vetá-los?
E se tudo isso me deu gosto, o que desgosto deu?
Deu desgosto que tenha sido preciso sofrer tanto na mãos dos falsos, dos inimigos, dos traidores, da 
gente que não pode nem quer falar assim ao povo brasileiro para descobrir aquilo que já se deveria 
saber: que é no meio deste povo, falando a ele de peito aberto, dizendo as verdades de forma crua e 
compreensível que está a nossa força, está o que nos faz invencíveis.
O lugar para onde vamos, quando estamos fracos, é o que sabemos que nos fortalece. O meio do 
povo, a língua do povo, as dores do povo são nossa seiva, o que não nos deixa secar, murchar, o que 
faz o nosso viço não ser fugaz como o de flores num jarro, mas perene como num campo.
Não costumo fazer isso, nem tenho procuração do além, mas sei que o velho Brizola, depois do teu 
discurso, te daria uma abraço daqueles que quebrar costela.


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