Não é a melhor solução, mas talvez seja a saída possível
por : Paulo Nogueira
Vai-se falar como nunca, nos próximos dias, de eleições.
Não é a saída ideal, evidentemente, quando se leva em consideração que 54 milhões de votos deram
um mandato até 2018 para Dilma.
Mas talvez seja a solução possível. Ou menos ruim, dadas as circunstâncias.
O julgamento de Dilma no Congresso é uma farsa. A oposição vai votar a favor do impeachment a
Mas talvez seja a solução possível. Ou menos ruim, dadas as circunstâncias.
O julgamento de Dilma no Congresso é uma farsa. A oposição vai votar a favor do impeachment a
despeito dos fatos. Não importa se ficar constatado que não existiu crime de responsabilidade. Como
na Câmara, os votos já estão definidos no Senado.
O golpe está dado.
Acontece que nasce morto um governo que tenha como segundo homem Eduardo Cunha, o caso
O golpe está dado.
Acontece que nasce morto um governo que tenha como segundo homem Eduardo Cunha, o caso
mais espetacular de corrupção que o Brasil conheceu na história republicana, um psicopata
conhecido e desprezado por toda a sociedade como um ladrão.
Acima de Cunha, o septuagenário Temer é uma completa nulidade. Não tem carisma, não tem
grandeza de nenhuma ordem – e não tem votos.
Numa hora especialmente dramática para o país, a chapa Temer e Cunha só poderia tornar ainda pior
Numa hora especialmente dramática para o país, a chapa Temer e Cunha só poderia tornar ainda pior
a situação.
A esperança de que o STF pudesse jogar luzes sobre as sombras se desfez espetacularmente com a
A esperança de que o STF pudesse jogar luzes sobre as sombras se desfez espetacularmente com a
omissão notável dos eminentes juízes em relação a Cunha.
Desde dezembro jaz no STF um pedido do Ministério Público de afastamento de Cunha. Nos últimos
Desde dezembro jaz no STF um pedido do Ministério Público de afastamento de Cunha. Nos últimos
dias, com o país em chamas, os juízes preferiram legislar sobre pipoca no cinema a julgar Cunha.
Tudo isso posto, é como se o país estivesse agora numa rua sem saída. Num de seus grandes filmes,
Tudo isso posto, é como se o país estivesse agora numa rua sem saída. Num de seus grandes filmes,
A Mulher do Lado, Truffaut cunhou uma frase antológica para definir um amor impossível: “Nem
com você, nem sem você.”
Trazida a sentença para o Brasil destes dias, você pode dizer: “Nem com Dilma, nem sem Dilma.”
A plutocracia, com sua campanha infame contra Dilma pela mídia, parece tê-la efetivamente
Trazida a sentença para o Brasil destes dias, você pode dizer: “Nem com Dilma, nem sem Dilma.”
A plutocracia, com sua campanha infame contra Dilma pela mídia, parece tê-la efetivamente
inviabilizado. Mas não encontrou nada decente para o dia seguinte.
O pretexto – cínico, oportunista, sujo –para minar Dilma foi o combate à corrupção, um tema sempre
O pretexto – cínico, oportunista, sujo –para minar Dilma foi o combate à corrupção, um tema sempre
caro à classe média. Em 1964, os golpistas usaram a mesma arma contra Jango.
Mas agora há uma diferença brutal sobre 1964. Quem assumiu o poder então foram os militares,
Mas agora há uma diferença brutal sobre 1964. Quem assumiu o poder então foram os militares,
tidos como incorruptíveis. A classe média selvagemente manipulada pelos jornais de então viu então
uma chance de acabar com a “corrupção dos civis”.
Desta vez, é a figura de Eduardo Cunha que emerge. Tantas fases da Lava Jato, tanta barulheira da
mídia, tantas manifestações de analfabetos políticos contra a corrupção, tantos panelaços – tudo isso
para dar em Eduardo Cunha e no partido mais associado a negociatas pelo poder, o PMDB?
A conta não fecha nem para aqueles que se vestiram de camisa da CBF e foram várias vezes para a
A conta não fecha nem para aqueles que se vestiram de camisa da CBF e foram várias vezes para a
avenida Paulista em nome de um país “livre da corrupção”.
Remover Cunha agora, depois de deixá-lo com total liberdade para fazer o que fez, já não resolve
Remover Cunha agora, depois de deixá-lo com total liberdade para fazer o que fez, já não resolve
nada. Ficará ainda mais claro para a sociedade – incluídos aí os midiotas – que Cunha foi usado, e
que o “combate à corrupção” era uma mentira.
Num mundo menos imperfeito, eleições presidenciais seriam realizadas em 2018 apenas.
Mas o Brasil da plutocracia predadora é o que é, e então eleições ainda em 2016 podem ser a
Num mundo menos imperfeito, eleições presidenciais seriam realizadas em 2018 apenas.
Mas o Brasil da plutocracia predadora é o que é, e então eleições ainda em 2016 podem ser a
alternativa menos ruim para um quadro péssimo.
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