O Supremo Tribunal Federal acaba de confirmar, por unanimidade, a liminar concedida pelo ministro Teori Zavascki, que retirou das mãos do juiz Sergio Moro a investigação sobre os grampos que atingiram a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula; no dia 17 de março deste mês, a conversa foi vazada para o Jornal Nacional, potencializando a crise política e fazendo com que o Palácio do Planalto fosse cercado por manifestantes; quatro dias depois, Teori determinou o envio das investigações para o STF e passou até a sofrear ameaças a sua integridade física; nesta quinta-feira, no entanto, todos os ministros do STF confirmaram a decisão de Teori e condenaram as tentativas de intimidação dos ministros do STF; segundo Teori, o vazamento teve "irreversíveis resultados práticos" e seria importante também "sustar efeitos futuros"; Teori chegou ainda a falar em responsabilidade civil, administrativa e criminal do responsável pelos vazamentos – no caso, o juiz Moro; investigação sobre o ex- presidente Lula deve ficar, assim, no STF.
247 – O Supremo Tribunal Federal acaba de confirmar, por unanimidade, a liminar concedida pelo
ministro Teori Zavascki, que retirou das mãos do juiz Sergio Moro a investigação sobre os grampos
que atingiram a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula.
No dia 17 de março deste mês, a conversa foi vazada para o Jornal Nacional, potencializando a crise
política e fazendo com que o Palácio do Planalto fosse cercado por manifestantes.
Quatro dias depois, Teori determinou o envio das investigações para o STF e passou até a sofrear
ameaças a sua integridade física – um editor da Globo chegou até a prever uma revolta popular
Nesta quinta-feira, no entanto, todos os ministros do STF confirmaram a decisão de Teori e
condenaram as tentativas de intimidação dos ministros do STF.
Segundo Teori, o vazamento teve "irreversíveis resultados práticos" e seria importante também
"sustar efeitos futuros". O ministro chegou ainda a falar em responsabilidade civil, administrativa e
criminal do responsável pelos vazamentos – no caso, o juiz Moro.
Dias atrás, o juiz Moro pediu desculpas ao STF pelo vazamento da conversa entre Lula e Dilma
(relembre aqui).
Na sessão do STF, votaram os ministros Teori Zavascki, como relator, além de Luiz Fachin, Rosa
Weber, Luiz Fux, Luis Roberto Barroso, Carmen Lúcia, Dias Toffoli, Marco Aurélio Mello, Celso
de Mello e Ricardo Lewandowski – Gilmar Mendes está em Portugal, onde participa de um
seminário.
Em sua fala, Marco Aurélio Mello bateu duro no vazamento do grampo para o Jornal Nacional. "A
divulgação colocou mais lenha numa fogueira cuja chama já estava muito alta, em prejuízo da nação,
em prejuízo da paz social", disse ele.
Leia, ainda, reportagem sobre o caso da Agência Brasil: Maioria dos ministros mantêm no
Supremo investigação sobre Lula
A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu há pouco manter decisão
individual do ministro Teori Zavascki que determinou a suspensão das investigações da Operação
Lava Jato sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com a decisão, a parte da investigação
que envolve Lula continuará no STF e não poderá ser conduzida por Moro.
Seguiram o relator, Teori Zavascki, os ministros Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber,
Luiz Fux, Dias Toffoli e Cármen Lúcia. Faltam os votos de três ministros.
Em seu voto, Zavascki defendeu as investigações da Lava Jato, mas disse que elas devem sere feitas
dentro da lei para evitar anulações. Para o ministro, Moro não poderia ter divulgado as conversar por
envolver a presidente da República, cargo que tem foro por prerrogativa de função na Corte.
"Para o Poder Judiciário, sobretudo para o Supremo Tribunal Federal (STF), é importante que tudo
isso seja feito com estrita observância da Constituição Federal. Eventuais execessos que se possa
cometer, com a melhor das intenções de apressar o desfacho das investigações. Nós já conhecemos
esta história. Já vimos esse filme. Iso pode reverter justamente o resultado contrário. Não será a
primeira vez que por força de cometimento de ilegalidades no curso das investigações, STF e o STJ
anularam procedimentos criminais.", AGU
O advogado-geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, elogiou hoje (31) a atuação do juiz
federal Sérgio Moro na condução da Operação Lava Jato, mas disse que a decisão do juiz em
autorizar a divulgação dos áudios entre Lula e a Dilma ofendeu a Constituição e a legalidade vigente.
"Na medida em que alvos interceptados se comunicaram com a presidenta da República, com
ministros de Estado e com parlamentares não poderia sua excelência Sérgio Moro ter feito qualquer
consideração sobre esta matéria, sob pena de clara de usurpação de competência desta Suprema
O golpe ganhou uma musa e o nome dela é Janaína Paschoal. Sob certos aspectos, é um avanço com
relação à modelo e atriz Juliana Isen, que sumiu depois do Carnaval. Janaína foi a estrela da audiência pública na Comissão Especial do Impeachment na tarde de quarta,
dia 30. Pegou o microfone depois de Miguel Reale Jr, que assina com ela e Hélio Bicudo o pedido de
impedimento, e falou, falou, falou. Falou não como advogada do Largo de São Francisco que é, mas como deputada federal com tiques
de revoltada online. “Estamos diante de um quadro em que sobram crimes de responsabilidade”, acusou, ecoando o
presidente da OAB, para quem Dilma deve ser cassada pelo “conjunto da obra”. “Se nós pudéssemos dividir a denúncia em três grandes partes, sendo cada parte tendo continuidade
delitiva, seria: pedaladas fiscais, decretos não numerados que foram baixados sem autorização desta
Casa e comportamento omissivo doloso da presidente no episódio do petróleo”. Tudo é crime. “Eles acreditam que o BNDES é deles. Tanto é que só empresta dinheiro aos amigos
deles”, falou, no ponto alto do encontro. A declaração foi repercutida por seus fãs, com destaque
para ativistas de extrema direita que, enquanto não acontece o próximo corte de custos, têm blog na
Veja.
É curioso. A CPI do BNDES virou do avesso a instituição e não encontrou o que Janaína viu. Das
cem maiores empresas brasileiras, mais de 90% têm relação com o banco. Das 500 maiores, mais de
80%. As decisões passam por órgãos colegiados. Por volta de 50 pessoas analisam as operações. É um mistério que ingerências indevidas de toda essa
gente não tenham vazado. Ou vazaram só para ela. A relação da doutora Janaína com o BNDES é complicada. Ela defende o procurador da República
Douglas Kirchner — encarregado de apurar o caso de tráfico de influência de Lula na entidade —
num processo cabeludo. O jovem Kirchner, de 27 anos, é investigado por consentir e tomar parte de “castigos” contra a
esposa, Tamires Souza Alexandre. Entre fevereiro e julho de 2014, o casal era membro de uma igreja evangélica chamada Hadar, em
Porto Velho (RO), cuja sede era na residência deles. A líder da coisa, Eunice Campelo, tia de Tamires, batia na sobrinha, entre outros motivos, por
“indisciplina” com o marido. Ele teria assistido a uma surra de cipó. Ele mesmo teria espancado a mulher com um cinto. Tamires
contou que foi mantida num alojamento da igreja, sem comida e sem banho. Em outras palavras, tortura. O relator do processo afirma que Douglas “participou de tudo e aceitou de tudo de forma livre e
espontânea”. Para Janaína Paschoal, no entanto, DK é uma vítima. “Não teve crime. Se ele tivesse
batido na moça eu não estaria defendendo ele. Ele foi tão vítima da pastora quanto a esposa, e está
sendo punido por acreditar”, alegou ao Estadão. Um laudo encomendado atesta que o procurador sofre de um “transtorno psíquico desencadeado por
fanatismo religioso”. Balela. Se a moda pega, não fica de pé uma igreja evangélica. O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) tem maioria para pedir a demissão de Douglas
Kirchner. “O que está acontecendo aqui é um julgamento da fé”, diz Janaína. Aos 41 anos, Janaína já se declarou preocupada com as “forças ocultas” que “manipulam nossos
jovens marxistas de twitter” (??). De certa forma, mantém a coerência em seu ódio profuso pelo PT,
o bolivarianismo etc etc.
Em 2010, advogou em favor da estudante Mayara Petruso, aquela que convidou os paulistas a afogar
os nordestinos após a eleição de Dilma. Num artigo na Folha, Janaina apontou o culpado: Lula, que
separa “o Brasil em Norte e Sul. É ele quem faz questão de cindir o povo brasileiro em pobres e
ricos”. Numa entrevista à BBC Brasil, ela declarou que “seu compromisso é com Deus”. Seria mais simples
A operadora de telefonia que executou a ordem para interceptar o ramal central do escritório de
advocacia Teixeira, Martins e Advogados já havia informado duas vezes ao juiz federal Sergio
Fernando Moro que o número grampeado pertencia à banca, que conta com 25 advogados. Apesar
disso, em ofício enviado ao Supremo Tribunal Federal nesta semana, Moro afirmou desconhecer o
grampo determinado por ele na operação “lava jato”.
Dois ofícios enviados pela Telefônica à 13ª Vara Federal de Curitiba, no dia 23 de fevereiro (quando
foram determinados os grampos) e outro do dia 7 de março (quando foram prorrogadas as escutas),
discriminam cada um dos números que Moro mandou interceptar. Os documentos deixam claro que
um dos telefones grampeados pertence ao Teixeira, Martins e Advogados, descrevendo, inclusive, o
endereço da banca. Os documentos estão no processo que determinou a quebra do sigilo também dos telefones do
Instituto Lula e de seu presidente, Paulo Okamotto; do Instituto de Pesquisas e Estudos dos
Trabalhadores; bem como de Vania de Moraes Santos, Elson Pereira Vieira e Clara Ant. Os ofícios colocam em xeque a afirmação feita por Moro em documento enviado ao Supremo no
último dia 29, no qual o juiz confirma ter autorizado o grampo no celular do advogado do ex-
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Roberto Teixeira, mas diz não saber das interceptações
O médico Pedro Kassab foi um enxadrista de mão cheia. Há quem diga que venha daí a habilidade
do quinto dos seus sete filhos na arte de comer o peão, matar o bispo, passar a perna na dama e em
quem mais encontrar pela frente até a cartada final: xeque mate.
Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo, ministro das Cidades de Dilma, dono do PSD, terceira
maior bancada no Congresso, com outro partido, o PL, no prelo, é o que se pode chamar de um
estrategista profissional. Se no tabuleiro, até onde se sabe nunca moveu as peças com a destreza de um Garry Kasparov, nos
salões acarpetados do poder move-se com astúcia digna de um gigante russo (ok, em se tratando de
Brasil, você sempre poderá dizer que em terra de cego quem tem um olho é rei). Sua última jogada, nesta semana, é um exemplo de como derrubar uma torre do adversário. Kassab
aguardou pacientemente a discórdia reinar no PSDB para então anunciar a filiação do vereador
Andrea Matarazzo no seu PSD. Ao mesmo tempo que enfraquece o grupo de seu arquirrival Geraldo Alckmin, mantém a proa
apontada para o seu objetivo: tornar-se governador de São Paulo em 2018, concorrendo
preferencialmente numa dobradinha que teria o senador José Serra, pelo PMDB, na disputa pela
Presidência. Na sua lógica política, Kassab raciocina sempre com foco no médio e longo prazo. Foi assim em
2006, quando assumiu a prefeitura de São Paulo após o desligamento de Serra com apenas 15 meses
de governo. Para conquistar o ex-chefe, manteve a mesma equipe e não moveu uma palha do planejamento
inicial. Chegava ao exagero de consultar Serra para decisões corriqueiras, como quando decidiu
nomear Soninha Francine, peixinha do então governador, para comandar a subprefeitura da Lapa. O esforço acabou recompensado. Foi reeleito em 2008 com apoio massivo do PSDB – Geraldo
decidiu concorrer, mas foi largado na chuva pelos correligionários. Reeleito, Kassab continuou pensando lá na frente. Aproveitou o segundo mandato para, na condição
de prefeito da maior cidade do país, construir o próprio partido que já nasceu grande e bem ao seu
estilo descompromissado com princípios elementares de ideologia: “Nem de esquerda, direita ou
centro” – a clássica definição entrou para a antologia da política contemporânea. Os cartesianos que enxergam a disputa pelo poder sob o prisma do nós contra eles não acreditaram
quando Dilma o convidou para integrar o seu ministério e de quebra ainda trouxe o seu tesoureiro,
Guilherme Afif, hoje na presidência do Sebrae Nacional, para cuidar da pasta das Micro e Pequenas
Empresas. Continuam não entendendo nada agora, especialmente após uma semana em que Kassab não só
trouxe o principal crítico da gestão petista em São Paulo para disputar a prefeitura como liberou sua
bancada de deputados para votar pelo impeachment. Solteiro, 56 anos, Kassab é formado em engenharia pela Poli. Ocupou seu primeiro cargo público em
1992, quando se elegeu vereador em São Paulo. Foi deputado estadual e em 1997 comandou a
secretaria de Planejamento durante a gestão Celso Pitta, considerado o pior prefeito da historia da
capital.
Eleito deputado federal por dois mandatos, renunciou ao cargo para compor com José Serra (PSDB)
a chapa para a Prefeitura, em 2004, tornando-se vice-prefeito.
Seus admiradores, quando falam de suas virtudes, gostam de ressaltar a lealdade: Kassab seria
alguém que cumpre acordos e jamais deixa os amigos na mão. Tais princípios seriam lições que herdou de duas velhas raposas: o ex-deputado e ex-ministro
extraordinário de assuntos políticos no governo FHC e articulador da emenda pela reeleição, Luiz
Carlos Santos, e o ex-senador Jorge Bornhausen, decano do conservadorismo pragmático e mais
atrasado. Nas suas andanças pelo interior do Estado, fim de semana sim, outro também, Kassab aproveita a
caneta franqueada por Dilma para distribuir convênios. Literalmente, passa o rodo: já pode dizer,
com segurança, que dispõe de um exército de vereadores, prefeitos e vices.
Enxerga o secretário de Segurança Pública do Estado, Alexandre Moraes, escolhido da hora de
Geraldo Alckmin, como o seu principal adversário na disputa pelo Governo. Sabendo que terá de enfrentar a máquina estatal, aposta na manutenção das regras que impedem o
financiamento privado de campanha – até lá espera já ter homologado seu segundo partido, o PL,
para que com isso possa operar um orçamento duplo de milionários fundos partidários. Já tem até mote decorado para recitar quando for perguntado sobre os objetivos do novo partido, cujo
número de sigla será 88: “Não somos oito nem oitenta: somos 88”.
No xadrez da política, é no mínimo um artista. Concorda?
Daniel, do Núcleo de Ação Democrática Popular de São Paulo: Fizemos este cartaz não só pela ação
dos juízes contra o PT, mas também por terem livrado 24 partidos acusados de lavagem de dinheiro
na Lava Jato. Incluindo aí o senhores Michel Temer. Geraldo Alckmin.
14:52 Pedro Zambarda, de São Paulo: Manifestantes começam a chegar na Catedral da Sé
14:41 Nosso repórter Pedro Zambarda acaba de chegar na catedral da Sé
14:20 Alessandra Vidotti, de Barcelona: A manifestação termina sob gritos de "A rede globo apoiou
a ditadura, a verdade é dura"
Atriz Letícia Sabatella condena a "polarização" e "esse ódio instaurado" no Brasil em
discurso durante encontro de intelectuais, artistas e cientistas com a presidente Dilma Rousseff
no Palácio do Planalto; "O povo está dividido por culpa de um projeto de tomada de poder na
marra", disse; segundo ela, que disse ser preciso "reconhecer a ascensão social da população
brasileira", foi só iniciar a distribuição de renda no País que começou a "grita"; ela admitiu
ser oposição ao governo Dilma, mas afirmou se sentir feliz em poder dizer isso na frente da
presidente, em uma sociedade democrática; "Temos que ir adiante, não para trás", pregou
247 – A atriz Letícia Sabatella defendeu em discurso nesta quinta-feira 31, durante encontro com
intelectuais, artistas e cientistas no Palácio do Planalto com a presidente Dilma Rousseff, que querem
tirar Dilma do poder não pelos erros, mas pelos acertos.
"Não querem tirar Dilma pelos erros, mas pelos acertos", disse a atriz, destacando que é preciso
"reconhecer a ascensão social da população brasileira". Segundo ela, depois que pouco se distribuiu
em renda no País, começou a "grita".
Olhando para a presidente, Sabatella admitiu ser oposição ao governo, mas disse estar feliz por poder
dizer isso na frente da própria presidente, em uma sociedade democrática. "Eu vim aqui hoje clamar
por democracia", pediu. "Uma vez dado um passo, a gente tem q ir adiante, não pra trás",
acrescentou.
A atriz lamentou a "polarização" e "esse ódio instaurado" no Brasil com o cenário político atual. "O
povo está dividido por culpa de um projeto de tomada de poder na marra", disse.
Anna Muylaert, a cineasta, diretora do filme "Que horas ela volta?", “No futuro, haverá uma Jéssica presidenta”
Artistas e intelectuais fazem ato contra o impeachment
Ana Cristina Campos e Yara Aquino - Artistas e intelectuais contrários ao impeachment estão no
Palácio do Planalto para um ato em defesa da presidenta Dilma Rousseff e da democracia. Entre os
participantes, figuram o escritor Fernando Morais, os atores Antônio Pitanga, Osmar Prado e Sérgio
Mamberti, o produtor cultural Pablo Capilé, idealizador do coletivo Fora do Eixo, e Antônio Carlos
dos Santos, conhecido como Vovô do Ilê Ayê. A presidenta Dilma chegou há pouco ao Salão Leste
acompanhada da atriz Letícia Sabatella, da cineasta Anna Muylaert, da cantora Beth Carvalho e do
escritor Raduan Nassar, entre outros artistas.
Dilma recebe intelectuais no aniversário do golpe.
"Estou aqui hoje porque sou brasileiro. Não sou petista, mas acho que o que está em jogo aqui hoje é
algo maior do que o PT, o Lula [ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva] e a Dilma Rousseff. Está
em jogo a democracia, o risco de a gente ser submetido a um golpe de Estado. Impeachment sem
crime de responsabilidade é golpe de Estado. E estou aqui também para defender um projeto de
nação que tirou 40 milhões da pobreza, que levou luz para milhões de pessoas nas regiões mais
pobres do Brasil. A elite brasileira e a direita brasileira não conseguem conviver com isso", disse o
escritor Fernando Morais.
Ao chegar para a cerimônia, o ator Antônio Pitanga defendeu o governo da presidenta Dilma
Rousseff e disse que a luta é pela cidadania e pela democracia no país. "Estou aqui pela cidadania,
como pai, avô, defendendo a cidadania, a democracia, não quero que meus netos e netas presenciem
o que eu presenciei quando eu era do movimento estudantil e fizemos todo um movimento contra a
ditadura de 1964. Então, não dá para ver esse momento e ficar omisso. Estou aqui e estarei nos
lugares mais longínquos deste país dizendo não ao golpe", disse o ator.
Os ministros da Cultura, Juca Ferreira, do Meio Ambiente, Izabela Teixeira, do Desenvolvimento
Social e Combate à Fome, Tereza Campello, das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos,
Nilma Lino Gomes, e da Educação, Aloizio Mercadante, também participam do encontro.
O evento ocorre dias depois do ato dos juristas contra o impeachment no Planalto. O ato foi batizado
pelos juristas de "Pela Legalidade e em Defesa da Democracia" e, dele, participaram também
advogados, promotores e defensores públicos contrários ao processo de impeachment.
Hoje, a Frente Brasil Popular - composta por diversas entidades sindicais, movimentos sociais e
partidos - faz, em todo o país, o Dia da Jornada Nacional pela Democracia. O grupo é contrário ao
impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Em Brasília, o ato começa às 14h, com concentração no
estacionamento do Estádio Mané Garrincha. Depois, às 18h, haverá marcha em direção ao
Congresso Nacional. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve participar do ato, no início da
Quantas vezes você já ouviu os ascéticos procuradores da Lava Jato e os um pouco mais mal-ajambrados delegados federais que lhes servem de dentes dizerem isso?
Cínicos.
Reportagem – ou melhor, vazamento de documentos que estão sob sigilo de Justiça “de mentirinha” – do Estadãomostra que foi feita uma devassa até a terceira geração da família – incluídos aí irmãos e sobrinho – do ex-presidente Lula.
A partir de NENHUM fato – e isso é reconhecido no próprio relatório – fizeram uma devassa sobre os negócios e viagens de seus parentes. Repito, SEM QUALQUER INDICAÇÃO de que em um ou outro caso houvesse qualquer ato ilícito ou relacionado àquilo – aliás, qual mesmo é o ato de governo pelo qual Lula é investigado? – que interessa ao processo.
O Estadão exibe, orgulhosamente, a “aranha” (como os policiais chamam organogramas ou, neste caso, árvore genealógica) da família de Lula.
Vejam que “relevantíssimas” informações o acompanham:
O “gráfico de ascendência e descendência” montado pela PF, com Lula ao centro, abre o relatório. “Luiz Inácio Lula da Silva nasceu em Garanhuns (PE), em 27 de outubro de 1945, é um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT), torneiro mecânico formado pelo Senai, Lula tornou-se em 2002 o 35º presidente da República do Brasil, cumprindo dois mandatos sucessivos, encerrados em 2010″, informa. “Atualmente encontra-se casado com Marisa Letícia, o ex-presidente é pai de cinco filhos, sendo que Lurian Cordeiro é fruto da relação de Lula com a enfermeira Mirian Cordeiro.”
Espécie de árvore genealógica resumida a quatro gerações da família Lula da Silva, o documento lista os cinco filhos do ex-presidente: Sandro Luis Lula da Silva, Fábio Luis Lula da Silva, o Lulinha, Luis Claudio Lula da Silva, alvo da Operação Zelotes, Marcos Cláudio Lula da Silva e Lurian Cordeiro Lula da Silva. A eles, estão associados ainda ex e atuais cônjuges e os netos.
“Utilizando-se do gráfico acima, foram realizadas pesquisas para todos os CPFs constante nele, com vistas a verificar as suas participações societárias, vínculos empregatícios e por fim, a relação de pessoas que mais os acompanharam em viagens internacionais”
Puro lixo, que dá para copiar da Wikipedia sem um bando de gente ganhando bem para fazer.
Mas tem algo de pior, de doentio.
Se eu ou você, caro leitor ou leitora, por acaso fossemos investigados por alguma coisa, o que você acharia de bisbilhotarem a vida de meu ou seus filhos, netos, noras, irmãos, sem que houvesse qualquer acusação ou elemento de suspeita para isso?
Eu vou explicar.
Isso é um método da Gestapo.
Prendem você porque seu primo é casado com uma judia.
Perseguem você porque seu genro é meio esquerdista.
Ou porque meu primo deu um desfalque no banco onde é gerente.
As pessoas viram latas de lixo a serem fuçadas, porque apenas são parentes daqueles a quem a matilha quer “pegar”.
E como estes cães salivam para poder ainda muito mais!
Pego para ler o livro Política, Propina e Futebol, do jornalista Jamil Chade, correspondente do
Estadão na Suíça.
É a história da corrupção na Fifa.
Há um trecho particularmente interessante nele para os brasileiros. Trata das propinas “constantes”
pagas a Ricardo Teixeira e João Havelange para influenciarem nas decisões sobre que emissora teria
o direito de transmitir Copas no Brasil.
O assunto foi objeto de investigação da Justiça suíça.
Diz o livro:
“Uma rede de televisão no Brasil é citada (…) no suborno, ainda que seu nome tenha sido mantido
em sigilo no documento público [da Justiça da Suíça], uma vez que o processo não era contra ela.”
Quem transmite Copa no Brasil?
A Globo.
“Para os suíços, o serviço dos dois cartolas teria sido comprado por essa empresa [Globo] (…).”
O dinheiro, segundo a investigação, era depositado em paraísos fiscais.
Pagar propinas para corruptos é tão criminoso quanto recebê-las. Mas a Globo, e aquela é apenas
uma pequena história de uma longa folha corrida de transgressões, se acha no direito de fazer
sermões em torno de corrupção.
Um detalhe pode ser acrescentado em relação a uma das Copas em que a propina garantiu dezenas,
centenas de milhões de reais para a Globo por conta das vendas de cotas de patrocínio.
É a Copa de 2002.
Documentos amplamente divulgados pela mídia realmente livre do Brasil – os sites independentes –
mostram que os atos corruptos da Globo não se esgotaram nos subornos.
Para a Receita Federal, a Globo declarou que o dinheiro da compra dos direitos era para fazer
negócios no Exterior.
A Receita detectou a fraude e multou pesadamente a Globo. Numa manobra que só acontece quando
alguém se sente dono do país, uma funcionária da Receita tentou simplesmente fazer sumir o
processo. Com isso, a Globo se livraria da multa e das sanções penais pela fraude.
A funcionária foi flagrada.
Em nenhum momento a imprensa tocou nos dois assuntos: nem nos subornos e nem na fraude e
sonegação milionárias.
Cheguei a conversar com Sérgio Dávila, editor executivo da Abril. Conheci-o na Abril. Ele pareceu
envergonhado. No dia seguinte, a Folha deu uma nota sobre a sonegação. Depois, o tema
desapareceu, para sempre, dos jornais.
Um telefonema de patrão para patrão resolve o que vai ser dado e o que não vai, ainda mais quando
eles são sócios, como é o caso dos Frias e dos Marinhos, donos do Valor.
Conto essa história porque já me cansei de ver jornalistas da Globo se comportarem como se
trabalhassem não para uma organização corrupta e feita para consumir de todas as formas dinheiro
público, mas para a Santa Casa de Misericórdia.
Eles são cegos, surdos e obtusos, ou apenas fingem ser?
Merval, Kamel, Waack, Noblat, Míriam Leitão e tantos outros: eles pensam que enganam todo
mundo?
A Globo cresceu graças a “favores especiais” – a expressão é de Roberto Marinho – que pedia aos
militares em troca de apoiá-los.
Passada a ditadura, continuou a crescer por conta de alianças como a com FHC: escondo sua amante
e você me abre as portas do BNDES e me enche de publicidade estatal.
O mais melancólico é que também nos governos do PT a transferência maciça de recursos do
contribuinte para os Marinhos continuou a ocorrer, em nome de imbecilidades como “mídia técnica”.
Com audiências despencando, a Globo nestes anos do PT continuou a levar 500 milhões por ano em
propaganda do governo e estatais.
É o absurdo do absurdo, até porque o público da Globo abomina, como ela mesma, qualquer coisa
relativa ao governo petista. É anunciar picanha para vegetarianos.
E é esta Globo das Copas conquistadas por subornos e das fraudes grosseiras na Receita Federal que
comanda agora a cruzada contra a corrupção.
É tão ridículo, tão patético, tão acintoso quanto ver Eduardo Cunha falar em ética e moral.
Jornal GGN – O secretário de Educação da cidade de São Paulo, Gabriel Chalita, deixou o seu partido, o PMDB, para se filiar ao PDT. A decisão foi tomada depois que a senadora Marta Suplicy se juntou ao PMDB para disputar a Prefeitura de São Paulo com Fernando Haddad. A cerimônia foi realizada ontem (30). Chalita deve ser anunciado como o vice da chapa do atual prefeito.
Quando Marta se filiou ao PMDB, o vice-presidente da República, Michel Temer, deu o aval para que ela fosse candidata em São Paulo. Haddad demonstrou interesse em manter Chalita na sua equipe e disse publicamente que o partido aliado não estava cumprindo o acordo político que fez com o PT em São Paulo. Chalita ficou ao seu lado e disse repetidas vezes que se sentiria “muito desconfortável” de não cumprir sua palavra.
O PDT foi o primeiro partido de Chalita. Ele foi eleito vereador em Cachoeira Paulista pela legenda quando tinha apenas 19 anos. Em 1989, deixou a sigla para se juntar ao PSDB, onde ficou até 2009. Na cerimônia de ontem, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, disse que Chalita “voltou para casa”. “Temos uma relação muito boa com ele e há anos tentamos trazê-lo para o partido”, afirmou.
O secretário deve ocupar uma vaga na direção nacional do PDT. Ele terá a função de dar mais capilaridade ao partido em São Paulo e fará a coordenação da pauta de educação. A secretária da Pessoa com Deficiência de Haddad, Marianne Pinotti, e os vereadores Calvo e Paulo Frange acompanharão Chalita na migração para o PDT.
A direção do partido tinha a expectativa que a filiação de Chalita atraísse também a secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Luciana Temer, filha do vice-presidente da República. Quando procurada, ela disse que se um dia se desfiliasse do PMDB, não pretendia se filiar a nenhum outro partido. Isso não quer dizer que ela deixa a equipe do prefeito Fernando Haddad. A tendência é que ela permaneça no cargo e deixe o PMDB.
No ato de ontem, Lupi disse que a aliança com o PT se mantém no plano nacional, que o partido permanece na base de apoio da presidente Dilma Rousseff. “Quando não há fundamento, o impeachment é golpe e é isso o que está acontecendo no país. Não vamos aceitar o golpe. O PMDB quer ganhar o governo pelo tapetão”, disse.
O partido comanda o Ministério das Comunicações, com André Figueiredo. Lupi negou que esteja negociando novas pastas com o governo depois do rompimento do PMDB.
Não vai ter golpe por uma razão: a opinião pública entendeu que a tentativa de impeachment de Dilma Rousseff é golpe. Simples assim.
A partir do momento que se consolidou essa percepção, redes sociais e até jornais foram invadidos por manifestações do grande meio de campo que se mantinha afastado do jogo. Não se tratava mais de defender uma presidente impopular, mas a própria democracia.
Dos quatro cantos do país chegaram as manifestações, dos cantos de guerra das ruas, à volta dos cantores referenciais, dos poetas, juristas, intelectuais, artistas em defesa da democracia. A bandeira das diretas voltou a tremular, sendo oficialmente apresentada à rapaziada, que fará sua estreia política com a mais bela das bandeiras: a defesa das regras do jogo democrático.
Bem que a Globo tentou de todas as maneiras legitimar o golpe, recorrendo a um expediente indigno do exercício do jornalismo.
Primeiro, ouviu vários juristas, entre os quais alguns membros do Supremo Tribunal Federal, perguntando se impeachment é golpe. Evidente que não é: está previsto na Constituição. A questão central é: impeachment sem justificativa constitucional é golpe?
A resposta veio do Ministro Marco Aurélio de Mello: se não houver justificativa prevista na Constituição, é golpe. Aí o que faz a Globo? A repórter colhe a declaração, em uma coletiva, mas no meio do texto inclui o seguinte parágrafo:
O depoimento de Marco Aurélio diverge de outros cinco ministros do Supremo (Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski), que já disseram que o impeachment é um instrumento legítimo para viabilizar a responsabilização política de qualquer presidente da República.
É falso. Os cinco outros ministros falaram genericamente sobre a figura constitucional do impeachment. Mello analisou especificamente a circunstância de um impeachment sem justificativa constitucional. (http://migre.me/too58)
É curioso esse padrão de jornalismo tendo as redes sociais como contraponto. Apenas reforça no conjunto de leitores/telespectadores as suspeitas de manipulação. E um desperdício inútil de credibilidade.
De repente, a opinião pública se viu frente a um coro cada vez mais amplo, de que o impeachment é golpe. Na ponta do golpe, um grupo de parlamentares ostensivamente suspeitos. E, pelas torneiras da mídia, os vazamentos sobre o pacto que está sendo amarrado, de conseguir o impeachment e, em seguida, o fim da Lava Jato.
Foi nesse quadro épico que o comandante Eduardo Cunha colocou no alazão o vulto de Michel El Cid Temer, abriu os portões da cidadela do PMDB e entoou um grito de guerra de três minutos antes que as tropas avançassem sobre os exércitos adversários.
E a tropa não avançou.
O fator PMDB
Até na vida pessoal há momentos de impasses que paralisam qualquer decisão. Fica-se em uma situação incômoda, mas paralisado pelo medo de decidir. Rompido o impasse, voluntariamente ou por algum evento externo, sobrevêm o alívio.
É este o clima no Palácio do Planalto, depois do (suposto) desembarque do PMDB do governo Dilma. Foi um desembarque fulminante, com três minutos de aclamação e palavras de ordem contra a presidente. Entusiasmado, Michel Temer, anunciou uma maratona vitoriosa por todo o país, preparando o PMDB para a nova fase de ouro. Saiu do encontro preparando-se para conquistar o Brasil. E, na porta, viu-se só.
Passado o porre, veio a ressaca. Os ministros do PMDB recusaram-se a sair do governo. Houve reunião à noite, na casa do presidente do Senado Renan Calheiros, onde o PMDB conseguiu chegar ao ponto máximo do fisiologismo: romperia com o governo, mas manteria seus Ministros. Se continuar assim, Temer conseguirá entrar para a história como o coveiro do mais longevo dos partidos brasileiros.
No Planalto, atribui-se a mosca azul de Temer a Eduardo Cunha. Enquanto em segundo plano frente a Sérgio Cabral, Cunha era um negociador hábil, atuando nos bastidores. Quando assumiu a presidência da Câmara, entrou em alfa e contaminou Temer com sua megalomania. Temer tornou-se quase uma criatura de Cunha.
Obrigado a sair da inércia, o Palácio passou a contabilizar os resultados do desembarque do PMDB. E, para sua surpresa, constatou que saiu no lucro.
O PMDB tinha 7 Ministros e garante, no máximo, 30 votos contra o impeachment, de sua bancada de 69 parlamentares.
A base ideológica do governo - PT, PCdoB, parte da Rede e do Psol - contabiliza 80 votos. A parte ideológica do PDT garante mais 10 votos. Ficam faltando 80 votos a serem conquistados nos 400 deputados restantes.
Se os partidos da base garantirem 10 votos, chega-se aos 170 necessários para barrar o impeachment. Os líderes falam em garantir de 15 a 20 votos por partido.
Sem o PMDB, o governo terá uma cota de 5 ministérios para repactuar com os demais partidos e recuperar os 20 votos que poderá perder do PMDB.
Hoje em dia, não existem partidos grandes, só partidos médios. Puxando três médios para a base - PP, PSB e PR -, dentro de uma pactuação efetiva, o governo conseguiria formar um novo bloco de maioria.
O dia seguinte
Ainda há um grande desafio pela frente, de segurar o impeachment. E um segundo grande desafio, de reinventar o governo de Dilma, caso o golpe se frustre.
Hoje, em Brasília, a sensação maior é que a sessão que votará o impeachment será similar à que votou as diretas-já. Não haverá quórum para o impeachment, mas o governo terá que apresentar uma saída para o dia seguinte.
É nessa saída que repousam as maiores esperanças em Lula.
Derrubado o impeachment, Dilma não poderá se repetir. Terá que admitir suas vulnerabilidades e acabar de vez com o estilo de "espancar ideias".
O estilo consiste no seguinte.
O Ministro aparece com uma sugestão de política pública. A presidente faz, então, um teste de stress, "espancando" a ideia para analisar sua consistência. E invariavelmente acaba liquidando com a iniciativa do Ministro, apontando - em geral com humilhação - pontos que ficaram em aberto. Esse estilo fez com que o Ministérios se encolhessem, evitando apresentar qualquer ideia para não cair no pelourinho da presidente.
Há maneiras de montar ministérios de coalizão e definir planos de governo robustos. Basta ancorar cada Ministério em secretários executivos gestores e definir claramente as metas e foco de cada área. E abrir-se para a sociedade, para os empresários, os movimentos sociais.
Principalmente, pensar grande para enfrentar a crise econômica que se avizinha.
De qualquer modo, se o impeachment for derrotado será a prova definitiva de que o país se tornou maior que a Globo.
E a maior prova era o contraste bolivariano. Ontem, no Planalto, militantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores em Teto) no Palácio do Planalto gritando palavras de ordem em defesa da democracia. Eram rudes, barulhentos, fazendo algazarra como deveriam ter feito os índios no descobrimento. E, no entanto, cantando com gosto o Hino Nacional e vendo na democracia o caminho para ter oportunidades. Eram cidadãos.
E nas telas da Globo e nos portões de Paulo Skaf, de Temer, de Cunha, as ameaças maiores à grande conquista democrática.
Por Diógenes Brandão
No mesmo dia em que o PMDB anunciou o rompimento com o PT e o governo Dilma, o ministro
dos Portos Helder Barbalho reúne-se com a bancada petista do Pará, em Brasília. Na pauta, a política
de aliança entre os partidos para as eleições municipais de 2016.
O senador Paulo Rocha e os deputados federais Beto Faro e Zé Geraldo acertarão o futuro das
coligações do Partido dos Trabalhadores, tendo como centro do debate, o pedido do PMDB: O apoio
do PT ao pré-candidato do PMDB a prefeito de Belém, o ainda reitor da UFPA, Carlos Maneschy.
Helder leva para a mesa de negociação, pedido de apoio do PT para o PMDB em vários municípios
onde o partido de Dilma também tem interesse de disputar. Na base, sem serem consultados,
dirigentes municipais e a militância petista já ameaça desobedecer as decisões tomadas em Brasília.
O Globo disse, num editorial, que o golpe não é golpe. Há muito tempo ninguém mais tem o direito de se surpreender com nada de abjeto quando se trata do
Globo. Cassar 54 milhões de votos deixa portanto de ser golpe porque a Globo não quer. A Globo pode
muito, mas não tudo. Não pode, por exemplo, transformar um golpe em qualquer coisa que não seja
exatamente isso: um golpe. Um golpe paraguaio, especificamente. Nós do DCM lutamos por um Brasil escandinavo, justo e igualitário. A Globo quer transformar o
Brasil num imenso Paraguai. Dar nome às coisas é mais importante do que se imagina. Os chineses chamaram de Guerras do Ópio as batalhas que travaram com os ingleses em meados do
século 19. Os chineses queriam varrer o ópio britânico de sua terra. Os britânicos queriam poder
vender livremente seu ópio, produzido na Índia. A Inglaterra, muito mais armada militarmente, venceu. Só que os chineses conseguiram que a
história registrasse os conflitos como Guerras do Ópio, para vergonha eterna dos britânicos.
Um historiador chinês da época notou que aquela fora a maior vitória da China – e a realmente
definitiva. Ainda hoje, as Guerras do Ópio são lembradas com embaraço pelos ingleses, num dos capítulos mais
baixos de sua história. No Brasil, o golpe de 1964 foi tratado pelos vitoriosos de então como Revolução. O Globo de
Roberto Marinho não se cansou de saudar, entusiasmadamente, a Revolução. A mesma imprensa que hoje se empenha no golpe fez a mesma coisa: era a Revolução. Mas não há mentira que sobreviva indefinidamente na história de um país. Sumiu do ar a palavra Revolução. Até a Globo, em algum momento, teve que reformular seu
vocabulário. Nem os Marinhos chamam hoje o golpe de 1964 de Revolução. Um governo legítimo, o de Jango Goulart, foi removido por dar foco aos desvalidos. Alguma
semelhança com o que acontece hoje? Toda. E no entanto o golpe se vestiu de Revolução, na linguagem dos militares da ditadura e seus amigos
da imprensa.
Não pegou. Agora é um quadro parecido. A Globo quer dar outro nome ao golpe, algo que mitigue o tom
tenebroso do evento sinistro que é obliterar 54 milhões de votos por meio de políticos corruptos
como Eduardo Cunha, juízes partidários como Moro e uma mídia desonesta como a casa dos
Marinhos.
É ridículo, e é inútil. Tentar dar ares constitucionais à quartelada por outros meios que o Brasil enfrenta hoje não vai
funcionar. O golpe militar também teve a aquiescência constitucional dos juízes do STF de então. O STF era tão comprometido politicamente em 1964 como é hoje. A diferença maior é que eles eram
menos tagarelas do que Gilmar, Celso Mello etc. Triunfe ou não o assalto da plutocracia à democracia, a posteridade registrará o episódio da mesma
forma que ocorreu em 1964: como um golpe. A Globo demorou meio século para se desculpar pelo seu apoio ao golpe. Na hipótese de os golpistas mais uma vez vencerem, restará o consolo majestoso de que a Globo vai
morrer pelas mãos da internet muito antes que decorram mais 50 anos.
Campanha de manipulação preparada pela Globo para tentar provar que "impeachment não é golpe por estar previsto na Constituição" fracassou; na noite de ontem, Jornal Nacional teve de exibir uma fala contundente da presidente Dilma Rousseff em que ela demonstra que um impeachment sem crime de responsabilidade não merece outro nome, a não ser golpe – o que também foi dito pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal; sem argumentos, restou à Globo tentar provar a validade da tese da advogada Janaina Paschoal, convertida em "jurista" pelos Marinho, de que "pedaladas fiscais" que ainda nem foram apreciadas pelo Congresso Nacional são motivos suficientes para afastar um presidente; nesse debate, a Globo também será derrotada
247 – O grupo Globo de comunicação tinha um plano traçado: manipular a sociedade para que ela se
convencesse de que o golpe jurídico-midiático de 2016, consubstanciado na palavra impeachment,
não constitui um golpe de Estado travestido de legalidade porque o instrumento jurídico do
impeachment está previsto na Constituição Federal.
Para isso, a Globo escalou seus editorialistas e repórteres para que buscassem fontes dispostas a
repetir essa obviedade: se está na Constituição, não é golpe (leia maisaqui). A Globo só não disse
que a mesma Constituição Federal impõe como pressuposto essencial de um processo de
impeachment a existência se um crime de responsabilidade que possa ser atribuído à presidência da
República no curso do seu mandato – o que no caso da presidente Dilma Rousseff inexiste.
No entanto, a Globo caiu na sua própria armadilha. Como seus argumentos são frágeis, foram
desmontados na noite de ontem, em pleno Jornal Nacional, pela presidente Dilma. “Para o
impeachment estar correto a Constituição exige que se caracterize crime de responsabilidade. É isto.
Impeachment sem crime de responsabilidade é o que? É golpe. É essa a questão. Não adianta fingir
que nós estamos discutindo em tese o impeachment. Nós estamos discutindo um impeachment muito
concreto, sem crime de responsabilidade. Não adianta, não adianta discutir se o impeachment está ou
não previsto na Constituição. Está sim. O que não está previsto é que sem crime de responsabilidade
ele é passível de legalidade, de legitimidade. Não é. E aí o nome é golpe”, disse ela (assistaaqui a
reportagem).
O que foi dito pela presidente também confirmado por ninguém menos que o ministro Marco Aurélio
Mello, do Supremo Tribunal Federal. "Acertada a premissa, ela tem toda razão. Se não houver fato
jurídico que respalde o processo de impedimento, esse processo não se enquadra em figurino legal e
transparece como golpe", afirmou. Mello disse ainda que um impeachment ilegal e ilegítimo, sem
crime de responsabilidade, poderá até ser questionado por Dilma no próprio STF (leia mais aqui).
Como a estratégia de manipulação não vingou, a Globo se viu forçada a debater o mérito da questão.
Por isso mesmo, a manchete do jornal O Globo desta quinta-feira é dedicada à tese da advogada
Janaina Paschoal, convertida em "jurista" pelos Marinho, de que "pedaladas fiscais" que ainda nem
foram apreciadas pelo Congresso Nacional são motivos suficientes para afastar um presidente. Motivo fútil
O fato, porém, é que nesse debate, a Globo também será derrotada. O motivo principal: as contas da
presidente Dilma Rousseff nem foram apreciadas pelo Congresso Nacional, que é quem tem o poder
de julgá-las. Portanto, se o Congresso não deliberou sobre o tema, como pode uma comissão da
Câmara, num processo de impeachment conduzido por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), condená-la?
Evidentemente, seria passar o carro na frente dos bois. Além disso, as tais "pedaladas" são práticas
comuns a todos os governos estaduais.
Não custa lembrar que, no ano passado, o governador paulista Geraldo Alckmin, do PSDB, chegou a
afirmar que se Dilma caísse por um motivo fútil como as pedaladas, todos os governantes estariam
ameaçados (leia mais aqui).
Isso não significa dizer que a responsabilidade fiscal é um valor menor. Mas nada tem causado tantos
danos à responsabilidade fiscal quanto a sabotagem golpista, de setores da oposição e da mídia, a um
governo que assumiu seu segundo mandato disposto a promover um duro ajuste fiscal – e que só não
o fez porque muitos apostaram no "quanto pior, melhor". Nesse ambiente de caos, o País registrou
déficit recorde em fevereiro, de R$ 23 bilhões. Ou seja: o golpe, que é o impeachment sem crime de
responsabilidade, está custando muito caro ao País.
Assista, abaixo, o vídeo da presidente Dilma Rousseff, em que ela demonstra por que o impeachment
que a Globo tenta promover no Brasil é golpe:
Jornal GGN - Na última sexta-feira (26), a Justiça italiana decidiu que irá julgar separadamente os brasileiros Marco Aurélio da Silva Reis, João Osvaldo Leivas Job, Carlos Alberto Ponzi e Átila Rohrsetzer, agentes da ditadura militar brasileira. Os quatro são acusados de homícidio do ítalo-argentino Lorenzo Ismael Viñas em 1980. Os juízes italianos acataram o pedido da defesa dos brasileiros, que pediam que eles fossem julgados separadamente de outros 33 acusados de participar de crimes nas ditadura da América Latina. O julgamento dos brasileiros vai começar no dia 9 de maio, na cidade de Roma, e o réus poderão ser condenados à prisão perpétua. O processo Condor começou um ano atrás e acusa outros 33 militares e políticos latino-americanos por crimes contra a humanidade, ao terem participado de assassinatos e sequestros durante os regimes autoritários nas décadas de 70 e 80. A Itália decidiu processá-los porque eles são suspeitos de envolvimento em mortes de cidadões com dupla cidadania.
A III Corte de Assis, em Roma, decidiu nesta sexta-feira (26) julgar separadamente os brasileiros Marco Aurélio da Silva Reis, João Osvaldo Leivas Job, Carlos Alberto Ponzi e Átila Rohrsetzer, acusados de homicídio culposo do ítalo-argentino Lorenzo Ismael Viñas, em 1980. Os quatro eram agentes da ditadura militar brasileira à época. A Justiça Italiana debatia se eles deveriam ser julgados ao lado dos outros 33 acusados de participar de crimes nas ditaduras latino-americanas ou em um processo à parte.
Gina Marques, correspondente da RFI Brasil em Roma.
Os juízes acataram os argumentos da defesa dos brasileiros, que pretendiam obter o julgamento em separado. Como o processo Condor foi aberto em fevereiro de 2015 e muitas testemunhas já haviam sido ouvidas, os magistrados decidiram pelo desmembramento da acusação contra os brasileiros. O julgamento deles começará no próximo 9 de maio, em Roma. Os réus poderão ser condenados à prisão perpétua.
O processo Condor começou há um ano, na Itália, e acusa outros 33 militares e políticos latino-americanos por crimes contra a humanidade, ao terem participado de assassinatos e sequestros durante os regimes autoritários em países como Argentina e Brasil nas décadas de 70 e 80. A Itália decidiu processar estes 33 porque eles são suspeitos de envolvimento nas mortes de cidadãos com dupla cidadania, uma delas sendo italiana.
O advogado Giancarlo Maniga, que representa a família Viñas, explicou à RFI Brasil: “As provas reunidas contra os outros 33 acusados já estão em fase avançada. Esta decisão dos juízes era previsível, pois inserir os réus brasileiros no mesmo processo poderia violar o direito de defesa deles.”
Operação Condor
Os quatro acusados brasileiros são defendidos pelos advogados públicos Anixia Torti e Valentina Perrone. “Eticamente, a abertura de outro processo não é a melhor solução, mas deontologicamente fizemos o que deveríamos”, declarou Valentina Perrone.
A audiência pública desta sexta-feira iniciou as 10h, hora local. A corte, formada por cinco juízes, presidida por Evelina Canale, ouviu também a Giulia Barrera, arquivista que testemunhou apresentando documentos sobre a Operação Condor. Ela explicou o período da ditadura político-militar do Brasil e da América do Sul e a ligação com os serviços secretos dos Estado Unidos.
Entre os documentos apresentados por Barrera estava um telegrama ao Departamento de Estado dos Estados Unidos comunicando a adesão do Brasil ao grupo Condor em 1976. A chamada Operação Condor foi uma aliança político-militar durante as ditaduras de 1970 e 1980 entre os vários regimes militares da América do Sul — Brasil, Argentina, Chile, Bolívia, Paraguai e Uruguai com a CIA dos Estados Unidos.
Entenda o processo
Em 2005, o Ministério Público italiano apresentou uma primeira lista de indiciados - um total de 140 militares e políticos de toda a América Latina envolvidos na morte de cidadãos com dupla cidadania italiana.
A lista de 140 acabou resultando em 33 processados. Onze brasileiros faziam parte da lista original, mas apenas estes quatro réus ainda estão vivos.
Caso Viñas
Em 1980, os quatro brasileiros tinham cargos de responsabilidade. Leivas Job era secretário de Segurança do Rio Grande do Sul. Ponzi comandava o Serviço Nacional de Informações (SNI) de Porto Alegre. Rohrsetzer dirigia a Divisão Central de Informações em Porto Alegre e o delegado Silva Reis era diretor estadual do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) no Rio Grande do Sul. Atualmente Rohrsetzer mora em Florianópolis, Silva Reis em uma praia do litoral gaúcho. Leivas Job e Ponzi vivem em Porto Alegre.
Lorenzo Ismael Viñas foi sequestrado em Uruguaiana na fronteira entre o Brasil e a Argentina em 26 de junho de 1980 e em seguida desapareceu. Ele era militante do grupo Montoneros, de oposição à ditadura da Argentina. Em 12 de março do mesmo ano, outra vítima ítalo-argentina também desapareceu no Brasil. Trata-se de Horacio Campiglia, que foi sequestrado no aeroporto Galeão, no Rio de Janeiro. No entanto, os quatro brasileiros não serão julgados pela morte de Campiglia.
A advogada da família Campiglia, Martina Felicori, falou à RFI Brasil: “Os juízes avaliaram que não existem elementos suficientes que poderiam demonstrar o envolvimento dos quatro brasileiros no caso Campiglia. Talvez porque os réus ocupavam cargos de responsabilidade no Rio Grande do Sul, distante do Rio de Janeiro”.
Na Itália, o réu pode ser processado à revelia, mas ele tem que ser comunicado sobre a acusação para poder nomear um advogado de defesa.
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