quinta-feira, 31 de março de 2016

A COERÊNCIA DE JANAÍNA PASCHOAL, MULA DO GOLPE E ADVOGADA DO PROCURADOR QUE TORTURAVA A MULHER


Janaína na Comissão do Impeachment ao lado de Miguel Reale Jr.

por Kiko Nogueira 

O golpe ganhou uma musa e o nome dela é Janaína Paschoal. Sob certos aspectos, é um avanço com 
relação à modelo e atriz Juliana Isen, que sumiu depois do Carnaval.
Janaína foi a estrela da audiência pública na Comissão Especial do Impeachment na tarde de quarta, 
dia 30. Pegou o microfone depois de Miguel Reale Jr, que assina com ela e Hélio Bicudo o pedido de 
impedimento, e falou, falou, falou.
Falou não como advogada do Largo de São Francisco que é, mas como deputada federal com tiques 
de revoltada online.
“Estamos diante de um quadro em que sobram crimes de responsabilidade”, acusou, ecoando o 
presidente da OAB, para quem Dilma deve ser cassada pelo “conjunto da obra”.
“Se nós pudéssemos dividir a denúncia em três grandes partes, sendo cada parte tendo continuidade 
delitiva, seria: pedaladas fiscais, decretos não numerados que foram baixados sem autorização desta 
Casa e comportamento omissivo doloso da presidente no episódio do petróleo”.
Tudo é crime. “Eles acreditam que o BNDES é deles. Tanto é que só empresta dinheiro aos amigos 
deles”, falou, no ponto alto do encontro. A declaração foi repercutida por seus fãs, com destaque 
para ativistas de extrema direita que, enquanto não acontece o próximo corte de custos, têm blog na 
Veja.
É curioso. A CPI do BNDES virou do avesso a instituição e não encontrou o que Janaína viu. Das 
cem maiores empresas brasileiras, mais de 90% têm relação com o banco. Das 500 maiores, mais de 
80%. As decisões passam por órgãos colegiados.
Por volta de 50 pessoas analisam as operações. É um mistério que ingerências indevidas de toda essa 
gente não tenham vazado. Ou vazaram só para ela.
A relação da doutora Janaína com o BNDES é complicada. Ela defende o procurador da República 
Douglas Kirchner — encarregado de apurar o caso de tráfico de influência de Lula na entidade — 
num processo cabeludo.
O jovem Kirchner, de 27 anos, é investigado por consentir e tomar parte de “castigos” contra a 
esposa, Tamires Souza Alexandre.
Entre fevereiro e julho de 2014, o casal era membro de uma igreja evangélica chamada Hadar, em 
Porto Velho (RO), cuja sede era na residência deles.
A líder da coisa, Eunice Campelo, tia de Tamires, batia na sobrinha, entre outros motivos, por 
“indisciplina” com o marido.
Ele teria assistido a uma surra de cipó. Ele mesmo teria espancado a mulher com um cinto. Tamires 
contou que foi mantida num alojamento da igreja, sem comida e sem banho.
Em outras palavras, tortura.
O relator do processo afirma que Douglas “participou de tudo e aceitou de tudo de forma livre e 
espontânea”. Para Janaína Paschoal, no entanto, DK é uma vítima. “Não teve crime. Se ele tivesse 
batido na moça eu não estaria defendendo ele. Ele foi tão vítima da pastora quanto a esposa, e está 
sendo punido por acreditar”, alegou ao Estadão.
Um laudo encomendado atesta que o procurador sofre de um “transtorno psíquico desencadeado por 
fanatismo religioso”. Balela. Se a moda pega, não fica de pé uma igreja evangélica.
O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) tem maioria para pedir a demissão de Douglas 
Kirchner. “O que está acontecendo aqui é um julgamento da fé”, diz Janaína.
Aos 41 anos, Janaína já se declarou preocupada com as “forças ocultas” que “manipulam nossos 
jovens marxistas de twitter” (??). De certa forma, mantém a coerência em seu ódio profuso pelo PT, 
o bolivarianismo etc etc.
Em 2010, advogou em favor da estudante Mayara Petruso, aquela que convidou os paulistas a afogar 
os nordestinos após a eleição de Dilma. Num artigo na Folha, Janaina apontou o culpado: Lula, que 
separa “o Brasil em Norte e Sul. É ele quem faz questão de cindir o povo brasileiro em pobres e 
ricos”.
Numa entrevista à BBC Brasil, ela declarou que “seu compromisso é com Deus”. Seria mais simples 
e adequado se fosse com a coitada da justiça.
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