por Breno Altman
O militonto recebe as decisões da presidente da República e não admite qualquer crítica. Quem ousar
fazê-lo, é aliado objetivo da direita.
O militante não vacila em apoiar o governo e defender a presidente, especialmente diante da escalada
O militante não vacila em apoiar o governo e defender a presidente, especialmente diante da escalada
reacionária. Mas não abdica do direito e do dever de pensar com a própria cabeça, criticando o que lhe
parece errado na estratégia adotada e concebendo essa atitude como indispensável na ação política.
O militonto tudo explica e justifica através de um pacote fechado e imutável: a correlação de forças no
O militonto tudo explica e justifica através de um pacote fechado e imutável: a correlação de forças no
parlamento. Serve como uma espécie de álibi para defender o governo de qualquer crítica por adotar
políticas conciliatórias, mesmo as que podem ser um tiro no pé.
O militante encara com seriedade a tal correlação de forças, mas com o objetivo de alterá-la a favor da
O militante encara com seriedade a tal correlação de forças, mas com o objetivo de alterá-la a favor da
esquerda. Sabe que negociações e composições são inevitáveis, necessárias, mas deseja forçá-las ao
limite.
O militonto ficou acostumado a pensar correlação de forças apenas ou principalmente como uma
O militonto ficou acostumado a pensar correlação de forças apenas ou principalmente como uma
questão institucional, parlamentar. A mobilização social e a luta de massas não entram de verdade em
seu cálculos como hipótese para pressionar as instituições desde seu exterior.
O militante não descuida da governabilidade institucional. Mas aprendeu, nesses doze anos e várias
O militante não descuida da governabilidade institucional. Mas aprendeu, nesses doze anos e várias
crises, que também é imprescindível a construção de governabilidade social. Sabe, a propósito, que as
maiorias parlamentares de orientação progressista somente foram formadas, na história do Brasil,
quando o povo organizado e mobilizado obrigou o Parlamento a dançar sua música.
O militonto costuma achar que divide a esquerda quem entra em desacordo com ações do governo.
O militonto costuma achar que divide a esquerda quem entra em desacordo com ações do governo.
Não admite que, às vezes, pode ser o governo quem divida a esquerda com suas ações.
O militante quer a unidade da esquerda e das forças progressistas. Mas acha que a pedra angular desse
processo vai além de apoiar ou não o governo: depende de um programa unificador e de uma estratégia
de coalizão do campo popular.
O militonto acha que o passado fornece crédito infinito, no presente e no futuro. Por tudo o que foi
feito, e definitivamente não é pouco, o governo deveria ser defendido incondicionalmente e qualquer
crítica seria descabida por princípio.
O militante reivindica os enormes avanços promovidos pelo governo e se mobiliza para defendê-los,
mas não acha que o passado basta para garantir o presente e o futuro, que devem ser discutidos sempre
com espírito crítico e aberto.
O militonto é superlativo e hiperbólico em relação aos líderes do governo e do partido. Sua frase
O militonto é superlativo e hiperbólico em relação aos líderes do governo e do partido. Sua frase
estruturante: “eles sabem o que fazem…”
O militante respeita e admira os chefes históricos da esquerda, mas a vida já ensinou que também são
O militante respeita e admira os chefes históricos da esquerda, mas a vida já ensinou que também são
passíveis de erros e confusões. Considera, portanto, que os instrumentos coletivos são mais
qualificados que as clarividências individuais e esses só podem ser construídos pelo debate franco e
desabrido de todos os temas.
O militonto é governista e acha que isso basta para resolver todos os problemas.
O militante defende o governo contra a direita, mas busca ser um revolucionário, um lutador social,
O militante defende o governo contra a direita, mas busca ser um revolucionário, um lutador social,
para quem governar é apenas parte, ainda que imprescindível, de um processo estratégico mais amplo,
o da transformação do país.
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