terça-feira, 25 de novembro de 2014

Mujica: México é um 'Estado falido' onde vida humana 'vale menos que a de um cachorro'

 
Muijica concedeu a entrevista na chácara onde mora em Montevidéu

O presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, afirmou que a impressão que tem é de que o México é 
uma espécie de “Estado falido”. As declarações foram dadas em referência à crise vivenciada no país 
após o desaparecimento dos 43 estudantes da escola de Ayotzinapa, que ocorreu na cidade de Iguala, 
estado de Guerrero em outubro. De acordo com o mandatário, a vida humana no país “vale menos do 
que a de um cachorro” e situação é pior do que a vivenciada em uma ditadura, “que pelo menos tem 
enfoque político”, sendo que neste caso, trata-se somente de “corrupção” e “dinheiro”.
A entrevista foi realizada na sexta-feira (21/11) pela revista Foreign Affairs e divulgada neste domingo 
(23/11) pelos jornais mexicanos. Questionado sobre como se sentia tendo ele “vivenciado na própria 
pele a repressão política”, já que durante a ditadura militar uruguaia, Mujica ficou 14 anos preso, diante 
dos recentes acontecimentos no México, o presidente disse parecer que os poderes públicos estão 
“perdidos” e “totalmente fora de controle” no país norte-americano.
Quase dois meses depois do desaparecimento dos jovens, nenhuma resposta considerada satisfatória 
pela sociedade foi dada. O que tem motivado uma série de protestos em todo o país.
Na avaliação do ex-guerrilheiro tupamaro, a situação mexicana é “pior do que uma ditadura” porque 
nas ditaduras, mesmo “sendo ferozes, pelo menos há um enfoque que pretende ser político”. Mas no 
país o que se vê “é corrupção, isso é um negócio, é dinheiro”, ressaltou.
Para Mujica, as pessoas boas do México devem esclarecer o assunto “caia quem cair, doa a quem doer 
e tenha a consequência que tiver”. Ele mencionou ainda as diversas valas comuns, onde foram 
enterrados diversos indigentes, encontradas na cidade de Iguala, onde sumiram os estudantes: “quer 
dizer que há mortos que não foram sequer reclamados. Então a vida humana vale menos que a de um 
cachorro. É muito doloroso ver o México”, disse.
De acordo com o mandatário uruguaio, apesar de ser um problema mexicano, a questão atingiu um 
nível que “ultrapassa o México”, sendo, por isso, “um problema de toda a humanidade”. Para ele, esse 
tipo de coisa não deveria ser permitida no mundo de hoje. “porque a civilização, que temos tem 
muitíssimos defeitos, mas o progresso e a marcha dessa civilização não têm que atar as mãos, essas 
coisas não podem ocorrer nos dias de hoje”.


Manifestante faz referência à declaração de Jesús Karam de que estaria cansado da insistência 
de repórteres em torno do tema.

Entenda o caso

No dia 7 de novembro, tal como era esperado pelas famílias dos 43 estudantes, o procurador-geral do 
México, Jesús Murillo Karam, anunciou que todos os jovens estão mortos e que os corpos foram 
queimados e os restos, jogados em um rio. A informação dada por presos acusados pelo 
desaparecimento, longe de encerrar o caso, fortaleceu a onda de protestos no país.
A maior delas, considerada histórica no país, ocorreu na última quinta-feira (20/11), quando se 
comemorou o aniversário de 104 anos da Revolução Mexicana. Durante o ato, familiares dos jovens 
denunciaram que as valas comuns e o desaparecimento forçado de pessoas são uma realidade em todo 
o país. Para a Anistia Internacional, a situação revela que o México vive uma “crise humanitária”.
Apesar do caráter pacífico dos protestos, atos de violência foram registrados pontualmente e motivaram 
uma resposta ofensiva por parte da polícia. Senadores do PRD (Partido da Revolução Democrática) e 
do PT (Partido do Trabalho) e o presidente do Morena (Movimento de Regeneração Nacional) 
Em entrevista a Opera Mundi, ex-agentes do Estado mexicano afirmaram que o presidente Enrique 
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