sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Arrocho passou 11 dias mentindo e tenta encerrar caso com desculpa esfarrapada


No caso Cláudio, o piloto mentiu Tucano passou 11 dias mentindo e tenta encerrar caso com 
desculpa esfarrapada.

Ricardo Batista Amaral

No artigo que publicou na Folha de S. Paulo, o candidato tucano Aécio Neves procura reduzir o 
escândalo do aeroporto de Cláudio a um “equívoco”: ter utilizado uma pista de pouso sem saber se ela 
estava homologada pela ANAC. Gasta o tempo do leitor tentando explicar a disputa judicial pelo valor 
da desapropriação das terras do tio, como se isso fosse o mais relevante num caso de patrimonialismo 
escancarado. De quebra, confessa que, “por escrúpulo”, negou à população da paupérrima Montezuma 
o direito a uma estrada asfaltada, mas distraidamente deixou asfaltar uma pista de pouso que serve a ele 
e ao latifúndio de sua família no município. É comovente, mas voa longe da verdade.

Levando em conta a entrevista do candidato ao Jornal Nacional, as duas notas de sua assessoria e o 
artigo na Folha, o foco desse caso continua sendo: Aécio Mente.

1) Ele disse que era uma pista de terra que foi reformada. Falso. É só ver o edital para 
construção e conferir a transformação da área pelo Google Earth. Foi feita uma pista novinha, 
de 14 milhões, sem aproveitar necas da velha.

2) Ele disse que seu governo fez mais de 30 aeroportos no interior. Falso. Ele fez dois: o da Zona 
da Mata e o de Cláudio. E 8 reformas, de 14 anunciadas.

3) Ele disse que Cláudio é um pólo com mais de 300 indústrias, produzindo para exportar.Falso. 
Claudio tem hoje 63 fundições de ferro e alumínio. É responsável por 0,002% das exportações 
do país.

4) Ele disse que a obra foi decidida por critérios técnicos. Quais, numa cidade de 28 mil 
habitantes, localizada a menos de 70 quilômetros de dois aeroportos regionais?

5) Ele disse que o aeroporto não beneficia a família. Falso, por óbvio. O que é melhor: ter uma 
fazenda perto ou distante da rodovia? Perto ou distante de um aeroporto? Com um aeroporto 
dentro (a cerca só isola o aeroporto da rodovia, não da fazenda), melhor ainda, não é? O valor 
da desapropriação é troco perto da valorização das terras.

6) Ele levou onze dias para admitir o que todos desconfiavam: usou, sim, a pista. O nome mais 
suave para esse comportamento é dissimulação.

Aproveito para comentar uma pergunta que ronda a cabeça de muita gente:

Por que a Folha publicou a matéria do Aecioporto?

1) Porque a imprensa brasileira vive sua maior crise de credibilidade desde o êxito da Copa. 
Atolou-se na pauta da oposição e precisa mostrar alguma independência ao público lesado. O 
custo-benefício da operação favorece o jornal, que não vai trocar de candidato.

2) Porque a FSP sempre agiu assim: eventualmente bate em um aliado, mas não abre mão de 
cobrir o PT de forma sistematicamente crítica. Essa é a diferença de tratamento, disfarçada por 
matérias pontuais para sustentar suposta “isenção”.

3) Porque precisa dizer ao seu candidato (a quem considera o futuro presidente) que a FSPnão 
é o Estado de Minas: “Tu és nosso, mas não somos tua”. É um chega pra lá preventivo em dona 
Andréa Neves. Só quem pode mandar na Folha é o Serra, que por sinal também deve ter sido 
surpreendido, pois a pauta veio de Minas.

4) Porque pretendeu fazer uma operação cirúrgica sobre um tema explosivo. Deu manchete no 
impresso, mas escondeu o caso na home do UOL, que é a verdadeira metralhadora da casa. 
Manteve o assunto em pauta, mas não foi a Montezuma. O editorial ambivalente de domingo é 
apenas isso: um editorial ambivalente.

O PT pode esperar por pancadaria brava daqui em diante, mas ficou no direito de reivindicar isonomia: o espaço que a FSP e o Jornal Nacional deram para Aécio Neves se defender é maior do que tudo que já se deu aos petistas acusados de qualquer coisa nos últimos tempos.
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