Não é difícil forjar uma foto como esta. Um panamenho adepto de teorias conspiratórias tem-se dedicado a trolar os chavistas.
O artigo abaixo, de Adam Clark Estes, foi publicado originalmente no site Atlantic Wire.
Na quarta-feira à noite, um dos postos mais obscuros do império CNN informou que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, tinha morrido, citando uma fonte panamenha, Guillermo Cochez. A CNN Chile relatou muito claramente: “Hugo Chávez está morto.” A notícia em si, se for verdade, não é inacreditável. O político vem lutando com o câncer já há algum tempo e está fora dos olhos do público por meses. Chávez não pôde nem comparecer a sua posse própria. Menos de uma semana atrás, o governo venezuelano deu a má notícia de que Chávez não estava melhorando. Ele sofre de problemas respiratórios depois de voltar de Cuba, onde foi submetido a uma cirurgia contra o câncer pela terceira vez.
Chávez está realmente doente, e todo mundo sabe disso. Mas Guillermo Cochez também é indiscutivelmente um teórico da conspiração. Mais cedo nesta quarta-feira, Cochez – e apenas Chochez – informou que Chávez tinha tido morte cerebral em 30 de dezembro. Cochez disse que Chávez estava sendo mantido em suporte de vida e, mais tarde, citando fontes do governo venezuelano, acrescentou que suas filhas haviam finalmente decidido desligar os aparelhos. Cochez vem, essencialmente, trolando os venezuelanos. “Desafio o governo venezuelano a provar que estou errado, e apresentar o presidente Chávez para que se saiba se o que eu digo é a verdade ou uma mentira”, disse à CNN chile Cochez. Chile.
Devemos acreditar no cara que está desafiando o governo venezuelano a provar que ele está errado?
A foto que aparentemente mostra Chávez lendo um jornal de 14 de fevereiro sugerem que não. Nela o líder bolivariano aparece deitado na cama, sorrindo, com suas duas filhas a seu lado. Claro, não é tão difícil com um photoshop botar um novo jornal em uma foto antiga de Chávez, e o governo venezuelano não é totalmente inexperiente com propaganda. Mas, novamente, isso nos leva para o território da teoria da conspiração. De resto, esta não é a primeira vez que um rumor sobre a morte de Chávez irrompe na internet. Por ora, a coisa mais segura é assumir que Chávez está realmente muito doente.
É, naturalmente, possível que ele tenha morrido, e que o governo esteja mantendo em segredo, como Cochez sugere. Mas é também possível que Cochez esteja encharcado de teorias conspiratórias. Um indício sério disso é que – até o momento em que este texto é escrito – nenhum dos outros escritórios da CNN ao redor do mundo tinha comprado a história. Como este blogueiro, provavelmente eles estão esperando por uma segunda fonte para confirmar o rumor.
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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
Bono Vox elogia Lula e Dilma e cita Brasil como exemplo de combate a pobreza
Bono Vox com a presidenta Dilma Rousseff
Pragmatismo Político “Bono diz que pobreza extrema acaba em 2028, elogia Lula e Dilma e cita Brasil como exemplo"
“Bono, líder da banda U2, deixou de lado a persona astro do rock para falar sobre pobreza extrema, que, segundo ele, deve chegar ao fim nos próximos 15 anos. Para o músico, Brasil, Gana e Tanzânia lideram a corrida pela solução do problema.
“Hoje quero apenas cantar os fatos. [O índice mundial de] pobreza extrema foi reduzido pela metade. E, se continuarmos nesta tendência, será zero em 2028″, disse Bono para a plateia do TED, um evento em Long Beach que reúne especialistas de tecnologia, entretenimento e design para palestras de cerca de 15 minutos.
“E 2028 está quase aí, só mais umas três turnês de despedida dos Rolling Stones.”
Segundo Bono e sua organização One.org, o número de pessoas nessa situação (ou seja, com até R$ 2,50 por dia) foi de 43% em 1990 para 21% em 2010. O índice de mortalidade de crianças de até cinco anos também diminuiu bastante (menos 7.256 crianças morrem por dia).
“Não é algo Poliana, sem noção de um roqueiro. É real”, ele continuou nos bastidores, ao conversar com jornalistas. “Mas o índice ainda é alto, há muito trabalho a ser feito. A pobreza não vai acabar.”
O aumento da transparência financeira de governos e queda no preço dos remédios de Aids são fatores que ajudaram no combate, além do acesso à tecnologia. Corrupção continua sendo a principal trava, mas a “vacina é a transparência”, falou Bono.”
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Câmara acaba com pagamento do 14º e 15º salários a parlamentares
Deputados e senadores não têm mais direito a dois salários extras por ano; ajuda de custo no início e no fim dos mandatos.
A Câmara dos Deputados aprovou na tarde desta quarta-feira (27) a extinção do 14º e 15º salários de senadores e deputados. Os parlamentares recebiam, no início e no final de cada ano, um salário extra no mesmo valor do salário mensal de R$ 26.723,13.
Já o pagamento da ajuda de custo, equivalente a um salário, no primeiro e no último mês de cada mandato ficou mantido. Segundo o Congresso, a verba é para auxiliá-los em suas mudanças dos estados para Brasília (DF).
De autoria da senadora e hoje ministra-chefe da Casa Civil Gleisi Hoffman (PT-PR), o projeto foi aprovado pelo Senado em maio de 2012 e, com a votação na Câmara, será promulgado pelas mesas diretoras das duas Casas.
Estima-se que haverá uma economia para os cofres públicos de R$ 97 milhões a cada quatro anos com a extinção dos benefícios pagos a 594 deputados e senadores. A ajuda de custo mantida, contudo, significará uma despesa de aproximadamente R$ 30 milhões a cada mandato.
O projeto estava parado há sete meses na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara.
A votação simbólica, realizada nesta quarta-feira, só foi possível após um acordo entre os líderes partidários para acelerar a tramitação da proposta. Com a demora da aprovação do projeto na Câmara, os parlamentares receberam em 2013 a parcela paga no início de cada ano, no valor de R$ 26.723,13.
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Sobrinho de Jatene enriquece a olhos vistos e comanda o nordeste do Pará.
Jatene: sobrinho é o mais novo milionário do pedaço. E megaporto em Inhangapí vai aumentar ainda mais essa fortuna. |
No Blog da Perereca
Em outubro de 2011, um possível abalo estrutural no edifício Wing, em Belém, revelou um fato surpreendente: pelo menos quatro parentes diretos do governador Simão Jatene possuíam apartamentos naquele prédio – a ex-mulher dele, Heliana, os dois filhos deles, Izabela e Alberto, e a ex-sogra do governador.
A surpresa nasceu da disparidade entre as posses conhecidas da família Jatene e o valor de mercado dos apartamentos do Wing, localizado no bairro do Umarizal, o metro quadrado mais caro de Belém.
Cada apartamento ali (um por andar) valia, na época, um milhão de reais.
Além disso, na declaração que entregou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas eleições de 2010, Jatene afirmou possuir R$ 1,2 milhão em bens – e isso depois de se separar de Heliana.
No entanto, Jatene, Heliana e Izabela sempre foram apenas funcionários públicos.
E o próprio Alberto, o “Beto Jatene”, antes de se transformar em um esfuziante proprietário de bares e casas noturnas, também trabalhou como assessor, no Tribunal de Contas do Estado do Pará.
Daí a dúvida: de onde veio tanto dinheiro, já que o próprio Jatene declarou, em entrevistas e biografias eleitorais, que, na juventude, teve até de tocar em bares, para sobreviver?
No entanto, ainda mais impressionante do que os apartamentos do Wing é o enriquecimento de outro parente direto do governador: o empresário castanhalense Eduardo Salles, sobrinho de Jatene.
Eduardo está, simplesmente, milionário.
Só por um terreno na rodovia Mário Covas, em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, ele pagou, em abril do ano passado, R$ 1 milhão.
Apenas uma de suas fazendas, a Alvorada, no km 3 da PA-420, em Inhangapi, tem cerca de dois mil hectares e obteve autorização da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), para a criação de 700 reses da raça Nelore.
Outra fazenda, a Gato Preto, no km 9 da mesma rodovia, se estende por quase 3.500 hectares.
Além disso, uma de suas empresas, a ESalles Construções, ficou de integralizar R$ 3 milhões, até dezembro de 2015, num badalado empreendimento de Castanhal: o loteamento Salles Jardins, que abrange uma área superior a 400 hectares, no coração daquele município.
Mas o terreno da Mário Covas, o Salles Jardins e as fazendas Alvorada e Gato Preto são apenas uma parte do patrimônio de Eduardo, cuja dimensão exata ainda se desconhece - embora já se saiba que ele possui outras empresas, além de fazendas, e que até exporta gado para o Líbano.
O desconcertante é que, até 1997, Eduardo vivia numa situação aflitiva: dos sete imóveis que possuía, teve de se desfazer de quatro.
E dos três que restaram, dois estavam hipotecados ou foram parcialmente vendidos.
Ele, a mulher e os pais dele, aliás, chegaram a ser processados pela Caixa Econômica Federal, devido à falta de pagamento de um empréstimo.
Mas, a partir de 1997, Eduardo começou a adquirir dezenas de terrenos nos municípios de Castanhal e Inhangapi – e sabe-se lá onde mais.
Na época, Jatene era o todo poderoso secretário de Planejamento do governo, o braço-direito do então governador, Almir Gabriel.
Foi Jatene quem comandou, entre 1997 e 1998, a privatização das Centrais Elétricas do Pará (Celpa), sobre a qual até hoje pairam suspeitas acerca do destino dos R$ 400 milhões envolvidos naquela transação.
E foi Jatene quem comandou, também, a arrecadação financeira para as campanhas eleitorais do PSDB do Pará, em 1998 e 2002.
Devido à arrecadação da campanha de 2002, o governador até hoje responde a um inquérito, por corrupção, que se arrasta há 9 anos, nas idas e vindas entre a Justiça Federal do Pará e o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
No inquérito, Jatene e secretários de Estado da época são acusados de receber R$ 16,5 milhões da Cerpasa, uma cervejaria paraense, em troca do perdão de milionárias dívidas fiscais.
Desses R$ 16,5 milhões, R$ 4 milhões teriam abastecido o caixa dois da campanha eleitoral de Jatene, em 2002, quando ele se elegeu governador do Pará pela primeira vez.
O restante do dinheiro teria sido apenas e tão somente propina - e paga em prestações (leia aqui sobre o Caso Cerpasa: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/01/um-comeco-preocupante-zenaldo-nomeia.html).
Em 2006, a Perereca da Vizinha publicou uma série de reportagens sobre o enriquecimento de Eduardo Salles, já então impressionante.
Na época, o blog mostrou que Eduardo havia adquirido nada menos que 35 terrenos, entre 1997 e 2001, apenas nos municípios de Castanhal e Inhangapi, que perfaziam mais de 2.700 hectares.
Desse total, 8 foram comprados entre 1997 e 1998.
6 foram adquiridos em 2000.
21 foram comprados em 2001.
E mais: esses 2.700 hectares adquiridos por Eduardo em apenas quatro anos, entre 1997 e 2001, representaram um patrimônio 7 VEZES SUPERIOR àquele que ele registrou nos 17 anos anteriores, entre 1979 e 1996.
O blog também mostrou os negócios de Eduardo Salles com o Governo do Estado, inclusive no primeiro governo de Jatene.
Além de alugar uma casa à Polícia Civil, para o funcionamento da Superintendência Regional do Salgado (o que lhe rendeu pelo menos meio milhão de reais), uma empresa ligada a Eduardo, a Engecon, faturou quase R$ 3,5 milhões em obras viárias, em valores da época.
Não bastasse isso, projetos do Governo do Estado, em Inhangapi, ajudaram a valorizar as terras compradas pelo sobrinho do governador.
Uma situação semelhante a que acontecerá agora, quando o Governo Jatene se prepara para investir R$ 66 milhões na construção de um megaporto em Vila Pernambuco, na já célebre Inhangapi.
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Homem de Serra fez oferta para denúncia contra Chalita
O preço da denúncia contra Gabriel Chalita: R$ 500 mil“. Oferta teria sido feita pelo deputado Walter Feldman (esq.), coordenador da campanha de José Serra à prefeitura de São Paulo em 2012; acusação é do ex-diretor de Tecnologia da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) Milton Leme; ele falou ao Ministério Público nesta quarta-feira 27; pedido para que engrossasse o caldo das denúncias teria sido feito a ele por Roberto Grobman (dir.), analista de sistemas que acusa o deputado Gabriel Chalita (PMDB-SP) de enriquecimento ilícito
Brasil 247 - O escândalo em torno das acusações de recebimento de propinas de R$ 50 milhões pelo deputado, ex-candidato a prefeito e ex-secretario da Educação, Gabriel Chalita (PMDB-SP) atingiu em cheio um dos coordenadores da campanha de José Serra à Prefeitura de São Paulo, no ano passado.
O ex-deputado Walter Feldman teria oferecido o pagamento de R$ 500 mil ao ex-diretor de Tecnologia da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) Milton Leme para que ele confirmasse as acusações do analista de sistemas Ricardo Grobman contra Chalita. Leme, de acordo com Grobman, fazia a coleta de "dinheiro em caixas" para o então secretário de Educação do governo Geraldo Alckmin, entre 2003 e 2007.
"Ficou claro que o objetivo era me apresentar pessoalmente (a Feldman) para saber das minhas intenções de apoiar ou não uma ação, com a qual não compactuo", disse Leme ao jornal O Estado de S. Paulo, na tarde desta quarta-feira 27. "Ele (Grobman) me mandou uma mensagem insinuando que eu estava protegendo algumas pessoas. A contrapartida fica evidente, que eu deixasse de proteger alguém."
O ex-deputado Feldman, um dos políticos mais próximos ao ex-candidato José Serra, disse "desconhecer esse tipo de prática (saiba mais sobre o caso). Ao 247, Grobman confirmou ter procurado o PSDB antes de fazer suas denúncias e disse que foi acompanhado ao Ministério Público pelo jornalista Ivo Patarra, que também atuou na campanha de Serra (leia mais aqui).”
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FUX NOTA ZERO
Bem fez a AGU ao não votar o Orçamento para corrigir a lambança ministerial
Saiu na Folha: CINCO MINISTROS DO STF VOTAM CONTRA A VOTAÇÃO CRONOLÓGICA DE VETOS
A maioria dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) votou nesta quarta-feira (27) pela derrubada da decisão que obriga o Congresso a analisar em ordem cronológica os vetos presidenciais que aguardam votação. A medida havia sido determinada pelo ministro do STF Luiz Fux no fim do ano passado.
“Eu não vejo que se impôs uma ordem cronológica de votação. Eu fico a pensar que se houvesse uma lei que a partir de 1º de março o Supremo teria que votar os processos pela ordem cronológica de entrada [no tribunal], nós estaríamos vinculados a isso?”, questionou Toffoli.
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Está hora de o Congresso parar de entregar ao Supremo, na bandeja, as suas responsabilidades.
Está na hora de o Supremo vestir a sandália da humildade e não tomar atitudes em cima da perna, que paralisem o país – como confessou ter feito o Ministro Fux, que disse desconhecer que eram mais de 3000 vetos na fila .
Aliás, o Ministro Fux, o do “mato no peito”, que estaria a justificar um impeachment, precisaria fazer um retiro espiritual na companhia do Papa Emerito e meditar sobre o que fez e o que deixou de fazer.
Em tempo: como se sabe, o Ministro Fux integra a gloriosa equipe dos Chinco Campos (**)
Paulo Henrique Amorim
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As finanças secretas e caóticas da Igreja Católica
A investigação por lavagem de dinheiro do Banco do Vaticano, as indenizações pelos escândalos sexuais e o número decrescente de fieis e doações são alguns dos problemas que o próximo pontífice herdará.
Em entrevista à Carta Maior, o jornalista Jason Berry, fala sobre as finanças secretas da Igreja Católica, tema que foi objeto de sua investigação nos últimos 25 anos. Essa história, segundo ele, remonta à guerra fria e à massiva injeção de dinheiro da CIA no Vaticano para neutralizar a ameaça do Partido Comunista Italiano.
A reportagem é de Marcelo Justo
O Papa Bento XVI abandona o barco em meio a sérios problemas financeiros. A investigação por lavagem de dinheiro do Banco do Vaticano, as indenizações pelos escândalos sexuais e o número decrescente de fieis e doações são alguns dos problemas que o próximo pontífice herdará. Ninguém sabe exatamente quanto gasta a Igreja Católica em nível mundial, mas segundo uma investigação da revista inglesa The Economist, publicada no ano passado com base em dados de 2010, a cifra rondaria os 170 bilhões de dólares. Em um livro sobre as finanças secretas da Igreja Católica, o jornalista Jason Berry, que investigou o tema nos últimos 25 anos, afirma que a estrutura financeira da igreja é “caótica” e “opaca”.
Em entrevista à Carta Maior, Berry falou das dificuldades econômicas do Vaticano que, para ele, remetem à guerra fria e à massiva injeção de dinheiro da CIA no Vaticano para neutralizar a ameaça do Partido Comunista Italiano, então o mais poderoso da Europa ocidental.
Carta Maior: Como é a estrutura financeira da Igreja Católica em nível mundial?
Jason Berry: A Igreja Católica é muito hierárquica, monárquica eu diria, com o Papa como líder e dioceses dirigidas por arcebispos e bispos em todo o globo. Mas, em virtude de seu próprio tamanho, é internamente caótica e ingovernável. Cada bispo trabalha em sua diocese como se estivesse comandando um principado.
CM: O que sabemos de concreto sobre a riqueza do Vaticano?
JB: Há uma absoluta opacidade nas contas. Quando o vaticano declara suas rendas e gastos anuais não inclui o Instituto para as Obras de Religião, o IOR, mais popularmente conhecido como o Banco do Vaticano, cujos fundos são estimados em cerca de 2 bilhões de dólares. O IOR tem sido administrado em um clima de absoluta falta de transparência, o que o converteu em um veículo perfeito para o trânsito de todo tipo de fundos. Mas agora, com a investigação do Banco Central da Itália sobre lavagem de dinheiro, isso está mudando.
CM: Segundo algumas informações, o Vaticano tem interesses em uma empresa de espaguete, no setor financeiro, aviação, propriedades e uma companhia cinematográfica. Diz-se, inclusive, que controla entre 7 e 10% da economia italiana. Mas, dada a opacidade de suas contas, até onde é possível confirmar essas informações?
JB: Há informação disponível a instituições que nos permite saber onde está o dinheiro do Vaticano. Na Itália, o Vaticano investiu muito no Banco de Roma, que foi fundamental na reconstrução da Itália depois do “Risorgimento” no século XIX. Também tem negócios na área dos transportes públicos. A isso deve-se somar propriedades na própria Itália, na Europa e nos Estados Unidos. O Vaticano chegou a ser um dos proprietários do edifício Watergate, do famoso escândalo que provocou a renúncia de Richard Nixon. O grande tema hoje em dia é averiguar até onde prestou serviços a clientes que o utilizam como um banco “off shore”.
CM: Que impacto econômico os escândalos sexuais tiveram nas finanças da igreja?
JB: Nos Estados Unidos esse impacto foi muito forte. As dioceses e ordens religiosas pagaram mais de dois bilhões de dólares. Em muitas cidades tiveram que fechar igrejas. Los Angeles, Chicago e Boston, três das mais importantes arquidioceses, tiveram um rombo médio de 90 milhões de dólares em seus fundos de pensão.
CM: Em seu livro “Vows of Silence” você fala do fundador dos Legionários de Cristo, o mexicano Marcial Maciel que chegou a controlar um império de 650 milhões de dólares e contou com a proteção do Papa João Paulo II, apesar das denúncias de abusos sexuais. Maciel teve fortes vínculos com o governo de Pinochet no Chile e com os governos da América Central. Há alguma figura equivalente na igreja de hoje?
JB: Maciel foi o mais bem sucedido coletor que a igreja teve. Começou no final dos anos 40 buscando apoio de milionários católicos no México, Venezuela e Espanha durante a perseguição dos padres no México e pouco depois da guerra civil espanhola. Com este dinheiro, Maciel formou sua própria base de poder em Roma e se converteu no porta-voz do setor mais conservador e militante da igreja. Assim como fez com Franco, se vinculou muito com Pinochet no Chile. Nos Estados Unidos o próprio diretor da CIA durante os anos Reagan, William Casey, fez uma doação de centenas de milhares de dólares aos legionários. Maciel comportava-se como um político que viajava pelo mundo arrecadando fundos para fazer avançar a causa do catolicismo conservador e a agenda política conservadora. Mas a verdade era que toda sua ideologia encobria um delinquente sexual com poderosos contatos.
Apesar de ter sido acusado de abusar de seminaristas, o Vaticano não o investigou até 2004, a pedido do cardeal Ratzinger, quando João Paulo II estava morrendo. Graças a isso sabemos que teve filhos com duas mulheres no México e que manteve ambos os lares com dinheiro da Legião de Cristo. O escândalo é que o Vaticano demorou tanto para investigá-lo e deixou que ele se transformasse em um Frankenstein. Não há hoje uma figura equivalente no que diz respeito à arrecadação de fundos.
CM: Há uma longa história de escândalos nas finanças do Vaticano. Nos anos 80 houve o escândalo do Banco Ambrosiano e seu presidente, Roberto Calvi, que apareceu enforcado debaixo da ponte de Blackfriars em Londres. Calvi tinha fortes vínculos com o então presidente do Banco do Vaticano, o arcebispo estadunidense Paul Marcinkus. Há uma continuidade entre esses escândalos e os atuais problemas do banco?
JB: Creio que na realidade é preciso retroagir à Segunda Guerra Mundial quando a CIA começou a transferir grandes somas para o Banco do Vaticano. Em 1948, foi a primeira eleição na qual o Partido Comunista italiano, convertido no mais importante da Europa, buscava o poder. Neste momento houve uma grande campanha nos Estados Unidos, patrocinada pelo governo, da qual participou Frank Sinatra, para financiar a democracia cristã. Este foi o começo da história do dinheiro que círculos dos serviços de inteligência estadunidenses para o Vaticano. Uma geração depois, com Roberto Calvi e Marcinkus, o banco havia se convertido em uma via muito lucrativa para a passagem de dinheiro. No final dos anos 80, o banco teve que pagar uma multa de 250 milhões de dólares. Já ali o banco funcionava como uma “off shore” para seus clientes privilegiados. Mas ainda falta muito por documentar sobre essa história.
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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
O desafio da Rede de Marina Silva
Por Claudio Bernabucci
Os canais públicos não são de menos e, ao convidar Marina em programa de certa audiência, conseguiram pôr-lhe perguntas quase sempre capciosas e desprovidas de autêntico interesse.
Não é por acaso que a nova formação política – fazendo da necessidade uma virtude – se projeta então em forma de rede virtual, capaz de suprir, através dos instrumentos da tecnologia informática, deficiências crônicas de informação pluralista e preencher o vácuo de militância deixado pelo PT na sociedade brasileira desde que é governo.
Como diziam os latinos, nomina sunt consequentia rerum (os nomes são consequência das coisas). Coerentemente, o nome escolhido para a nova formação é REDE. Acredito que não se tratará de fenômeno passageiro na história política brasileira e me parece importante acompanhá-lo com atenção desde o nascimento.
Sendo a informação transmitida pela imprensa e tevê absolutamente inadequada, quando não aprioristicamente negativa, na rede, ao contrário, não tive dificuldade em encontrar fontes primárias de informação e comentários interessantes de internautas sobre o novo partido. A escolha prioritária de comunicar e se organizar através da web resulta particularmente apropriada para um país de dimensões continentais e com férreo controle oligárquico da mídia.
Não é por acaso que a nova formação política – fazendo da necessidade uma virtude – se projeta então em forma de rede virtual, capaz de suprir, através dos instrumentos da tecnologia informática, deficiências crônicas de informação pluralista e preencher o vácuo de militância deixado pelo PT na sociedade brasileira desde que é governo.
Como diziam os latinos, nomina sunt consequentia rerum (os nomes são consequência das coisas). Coerentemente, o nome escolhido para a nova formação é REDE. Acredito que não se tratará de fenômeno passageiro na história política brasileira e me parece importante acompanhá-lo com atenção desde o nascimento.
Sendo a informação transmitida pela imprensa e tevê absolutamente inadequada, quando não aprioristicamente negativa, na rede, ao contrário, não tive dificuldade em encontrar fontes primárias de informação e comentários interessantes de internautas sobre o novo partido. A escolha prioritária de comunicar e se organizar através da web resulta particularmente apropriada para um país de dimensões continentais e com férreo controle oligárquico da mídia.
Os críticos podem afirmar que os instrumentos telemáticos continuarão sendo elitistas ou, pelo menos, não populares, ainda por muitos anos. Mas a primazia no domínio de tais instrumentos aplicados à política pode garantir, no médio prazo, uma formidável vantagem, sobretudo entre os jovens.
Nas mesmas horas em que Marina Silva apresentava ao público o perfil futurístico da sua REDE (citando modelos italianos e espanhóis), o PT infligia a Lula e Dilma um cartaz comemorativo dos dez anos de governo em impecável estilo do realismo socialista. Tendo como pano de fundo a imagem de operários e camponeses sorridentes que olham para “o sol do amanhã”, o retrato de Lula, em particular, é desenhado de forma tal – seguramente à sua revelia – que se parece mais com Stalin do que com ele mesmo. É possível que se trate de um acidente de percurso na propaganda de um partido que nos havia habituado a uma qualidade de marketing sofisticada, mas a impressão geral é de que a atual direção petista olhe com saudade para o século passado.
Ao contrário de Dilma, que enfrenta o palanque sem naturalidade, Marina Silva é líder dotada de forte carisma pessoal e se candidatará à Presidência da República firmemente colocada à frente do novo partido. Ela declara querer plasmar tal formação de modo que resulte mais forte e importante do que o próprio líder. Esta seria uma novidade importante para o Brasil, onde os partidos – numerosíssimos, indistinguíveis e intercambiáveis – viraram siglas a serviço de um chefe ou tornaram-se máquinas de poder. Dilma muito provavelmente ganhará as eleições, mas encontrará em Marina importante concorrente.
Um ingrediente do possível sucesso eleitoral da REDE reside na crítica firme ao atual sistema político-partidário e suas degenerações éticas. Trata-se de amplo espaço social, igualmente deixado vazio pelo PT, acuado pelas vicissitudes judiciárias da velha-guarda e incapaz de oferecer à opinião pública respostas coerentes à questão moral. Marina e sua REDE, desde os primeiros passos, demonstraram-se hábeis a se diferenciar de forma categórica dos outros 30 partidos: administrarão tal renda de posição em situação de monopólio quase absoluto.
Em relação ao conteúdo político e programático da nova formação podemos evidenciar que representa uma nítida terceira opção, dotada de força visionária, entre as tradicionais posições desenvolvimentistas e neoliberais. Um tal modelo diferente de desenvolvimento para o Brasil – baseado na sustentabilidade ambiental somada à inclusão social – é uma ideia-força que pode encontrar amplo consenso.
Os políticos, como dizia Maquiavel, devem ser jrepresentaulgados pelas “mãos” (os fatos) e não pelas palavras, e Marina Silva, com sua tradição de lutas, há muitos anos uma reserva de coerência política a serviço do bem público. Nos primeiros passos da REDE, enxergamos muitos elementos de interesse como também muitas lacunas. Sabemos, no entanto, que a formação política é concebida in progress e como tal teremos de julgá-la.
Ao contrário de Dilma, que enfrenta o palanque sem naturalidade, Marina Silva é líder dotada de forte carisma pessoal e se candidatará à Presidência da República firmemente colocada à frente do novo partido. Ela declara querer plasmar tal formação de modo que resulte mais forte e importante do que o próprio líder. Esta seria uma novidade importante para o Brasil, onde os partidos – numerosíssimos, indistinguíveis e intercambiáveis – viraram siglas a serviço de um chefe ou tornaram-se máquinas de poder. Dilma muito provavelmente ganhará as eleições, mas encontrará em Marina importante concorrente.
Um ingrediente do possível sucesso eleitoral da REDE reside na crítica firme ao atual sistema político-partidário e suas degenerações éticas. Trata-se de amplo espaço social, igualmente deixado vazio pelo PT, acuado pelas vicissitudes judiciárias da velha-guarda e incapaz de oferecer à opinião pública respostas coerentes à questão moral. Marina e sua REDE, desde os primeiros passos, demonstraram-se hábeis a se diferenciar de forma categórica dos outros 30 partidos: administrarão tal renda de posição em situação de monopólio quase absoluto.
Em relação ao conteúdo político e programático da nova formação podemos evidenciar que representa uma nítida terceira opção, dotada de força visionária, entre as tradicionais posições desenvolvimentistas e neoliberais. Um tal modelo diferente de desenvolvimento para o Brasil – baseado na sustentabilidade ambiental somada à inclusão social – é uma ideia-força que pode encontrar amplo consenso.
Os políticos, como dizia Maquiavel, devem ser jrepresentaulgados pelas “mãos” (os fatos) e não pelas palavras, e Marina Silva, com sua tradição de lutas, há muitos anos uma reserva de coerência política a serviço do bem público. Nos primeiros passos da REDE, enxergamos muitos elementos de interesse como também muitas lacunas. Sabemos, no entanto, que a formação política é concebida in progress e como tal teremos de julgá-la.
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Garimpos do Tapajós terão prazo para encerrar atividades
Decreto de proibição de garimpagem está para sair
Blog Jota Parente:
É aguardada por toda está semana, a publicação no Diário Oficial, do decreto do governo do Estado, proibindo a atividade garimpeira nos afluentes, primários e secundários do do Rio Tapajós.
O decreto deverá estabelecer um prazo não longo, para que todas as atividades nesses locais sejam encerradas.
Um avanço conseguido foi o compromisso do governo, de não destruir os equipamentos dos mineradores.
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"VOZES DO RACIONAMENTO AGORA SE CALAM", DIZ DILMA
Presidente definiu como "inadmissível" previsões de racionamento de energia feitas há dois meses, que "não deram em nada"; "Temos de ter cuidado. Porque se coloca uma expectativa negativa gratuita para o país", disse, durante a 40ª Reunião Ordinária do Pleno do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social; ela garantiu "grande salto" no setor neste ano
247 – Irritada com previsões de racionamento de energia "que não deram em nada", a presidente Dilma Rousseff garantiu, em discurso nesta quarta-feira, que o cenário, na verdade, só tende a melhorar. "As mesmas vozes que disseram, em dezembro e janeiro, que haveria racionamento de energia agora se calam". A presidente se refere a análises de especialistas ou das próprias concessionárias de energia publicadas pela imprensa e destacada pela oposição de que o País corria o risco de sofrer um apagão.
Durante a 40ª Reunião Ordinária do Pleno do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, a presidente afirmou ainda que daremos um grande salto no setor de energia elétrica neste ano. "O país tem segurança energética. Não é admissível dizer que vai haver racionamento quando não haverá. A consequência é nenhuma. Nós temos de ter cuidado. Porque se coloca uma expectativa negativa gratuita para o país", disse a presidente.
Dilma lembrou que o Brasil tem três leilões de energia programados para 2013, além de licitações no setor, que segundo ela, continuarão sendo realizadas. O embate na questão da energia elétrica teve início principalmente pelo baixo nível de armazenamento de água em hidrelétricas registrado no final do ano passado e início desse ano, com a redução, pelo governo, da tarifa de energia elétrica. Especialistas afirmam que o governo não deveria ter estimulado o consumo da energia nesse cenário, que agora vem melhorando o estoque a cada mês.
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Lula confronta: "Mídia sustentou ditadura"
"Nós agora estamos no andar de cima olhando para povão que está lá embaixo, e nós queremos que eles subam também os degraus da vida deste país", disse o Nunca Dantes
Rede Brasil Atual: LULA DEFENDE COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA: ‘NÃO VOU MAIS RECLAMAR DE FALTA DE ESPAÇO’
Durante ato pelos 30 anos da CUT, ex-presidente diz que não se pode esperar cobertura positiva de formadores de opinião ‘que não gostam de gente progressista’
Sâo Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje (27) que o movimento sindical e os setores progressistas da sociedade invistam mais na organização de seus próprios meios de comunicação, em vez de esperar imparcialidade da mídia tradicional em relação aos governos e às reivindicações de esquerda. Para ele, é preciso parar de reclamar por não ter saído no jornal ou ganhado destaque na imprensa. Os chamados formadores de opinião, disse Lula, eram contra as eleições diretas para presidente, contra o impeachment de Fernando Collor e contra a eleição dele e da atual presidenta, Dilma Rousseff.
Em ato pelos 30 anos da CUT, que serão completados em agosto, Lula disse que o próprio movimento sindical tem um aparato ‘poderoso’ de comunicação, mas desorganizado. “Quero parar de reclamar que os que não gostam de mim não dão espaço. Por que a gente não organiza o nosso espaço? Por que a gente não começa organizar a nossa mídia? Nós sabemos o time que temos, o time dos adversários e o que eles querem fazer conosco. Vocês têm de analisar qual é o espaço de imprensa que o movimento sindical tem.” (…)
Saiu na Folha: LULA RECLAMA DA IMPRENSA E CONCLAMA CUT A CRIAR PRÓPRIA MÍDIA
(…) O ex-presidente também criticou os seus “adversários” e disse que o que incomodava era o seu próprio “sucesso”. “Eu acho que a bronca que eles [adversários] tinham de mim era o meu sucesso, e agora é o sucesso da Dilma.”
Ele citou ainda uma conversa que teve com o então publisher da Folha, Octavio Frias de Oliveira (1912-2007). “O velho Frias, que era a melhor pessoa que eu conheci na Folha, ele me dizia assim: ‘Lula, os do andar de cima nunca vão deixar você chegar lá. Eles vão sempre trabalhar para você ficar no andar de baixo’. Eu dizia, Frias, nós vamos chegar no andar de cima”, contou.
“Nós chegamos, e gostamos. E provamos que sabemos morar no andar de cima e fazer mais coisas do que eles”, completou Lula. (…)
Durante ato pelos 30 anos da CUT, ex-presidente diz que não se pode esperar cobertura positiva de formadores de opinião ‘que não gostam de gente progressista’
Sâo Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje (27) que o movimento sindical e os setores progressistas da sociedade invistam mais na organização de seus próprios meios de comunicação, em vez de esperar imparcialidade da mídia tradicional em relação aos governos e às reivindicações de esquerda. Para ele, é preciso parar de reclamar por não ter saído no jornal ou ganhado destaque na imprensa. Os chamados formadores de opinião, disse Lula, eram contra as eleições diretas para presidente, contra o impeachment de Fernando Collor e contra a eleição dele e da atual presidenta, Dilma Rousseff.
Em ato pelos 30 anos da CUT, que serão completados em agosto, Lula disse que o próprio movimento sindical tem um aparato ‘poderoso’ de comunicação, mas desorganizado. “Quero parar de reclamar que os que não gostam de mim não dão espaço. Por que a gente não organiza o nosso espaço? Por que a gente não começa organizar a nossa mídia? Nós sabemos o time que temos, o time dos adversários e o que eles querem fazer conosco. Vocês têm de analisar qual é o espaço de imprensa que o movimento sindical tem.” (…)
Saiu na Folha: LULA RECLAMA DA IMPRENSA E CONCLAMA CUT A CRIAR PRÓPRIA MÍDIA
(…) O ex-presidente também criticou os seus “adversários” e disse que o que incomodava era o seu próprio “sucesso”. “Eu acho que a bronca que eles [adversários] tinham de mim era o meu sucesso, e agora é o sucesso da Dilma.”
Ele citou ainda uma conversa que teve com o então publisher da Folha, Octavio Frias de Oliveira (1912-2007). “O velho Frias, que era a melhor pessoa que eu conheci na Folha, ele me dizia assim: ‘Lula, os do andar de cima nunca vão deixar você chegar lá. Eles vão sempre trabalhar para você ficar no andar de baixo’. Eu dizia, Frias, nós vamos chegar no andar de cima”, contou.
“Nós chegamos, e gostamos. E provamos que sabemos morar no andar de cima e fazer mais coisas do que eles”, completou Lula. (…)
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Cinco Estrelas: o movimento que quer 'limpar' a Itália
Para além da ideologia pura, todos parecem compartilhar o mesmo princípio de ação: mudar a Itália limpando sua casta política.
Nesta entrevista exclusiva à Carta Maior, Alessandro Di Battista, membro do movimento 5 Estrelas, de Beppe Grillo, e hoje deputado por Roma, explica o que este partido fará agora que chega ao parlamento: 25,5% dos votos na Câmara de Deputados e 23,7% no Senado.
A reportagem é de Eduardo Febbro, direto de Roma.
A juventude e a força que emanam de Alessandro di Battista é proporcional ao resultado que o movimento contestatório Cinco Estrelas obteve nas urnas ao final das eleições legislativas e regionais que deixaram a Itália às portas da ingovernabilidade: 25,5% dos votos na Câmara de Deputados e 23,7% no Senado.
Cinco Estrelas é um fenômeno particular: nem realmente de esquerda, nem realmente de direita, populista e cidadão, com matizes nacionalistas, articulado e construído em torno da ideia de rede, seja a da internet, seja a formada entre cidadãos na própria rua, o movimento do comediante genovês Beppe Grillo introduziu uma variável curiosa na política europeia.
Está contra as elites e o euro sem por isso esgrimir um discurso de cunho esquerdista. Ao mesmo tampo, ao denunciar a corrupção e os abusos do sistema político nacional, Cinco Estrelas atraiu eleitores jovens e menos jovens, uma certa parcela da esquerda e também da direita.
Beppe Grillo o Lider e idealizador do Movimento 5 Estrelas
Para além da ideologia pura, todos parecem compartilhar o mesmo princípio de ação: mudar a Itália limpando sua casta política. Nesta entrevista exclusiva à Carta Maior, Alessandro Di Battista, membro do movimento 5 Estrelas de Beppe Grillo e hoje deputado por Roma, explica o que este partido fará agora que tem o poder nas mãos.
Carta Maior – Depois de Grécia e França, a Itália entra no clube dos países que contam com movimentos dissidentes que ganham sua legitimidade nas urnas com muita folga.
Alessandro Di Battista – Para nós é muito prazeroso porque demonstramos a todos os partidos corruptos da Itália que somos cidadãos bem organizados, informados e preparados. Graças a uma rede de internet entramos agora no Parlamento para mudar por fim este país. A Itália é um país muito bom, belíssimo, mas nos últimos anos foi violada por um sistema criminoso e mafioso representados pelos partidos.
CM – O Cinco Estrelas chegou ao estrelato mediante o contato com as pessoas e a internet. Passaram longe da televisão. É, a sua maneira, o primeiro partido completamente digital.
AB – Não só com a internet, mas também com uma rede de cidadãos que utilizou a rede internet e os contatos no território fazendo campanha eleitoral nos mercados, nos bairros populares, na rua e nas praças. Demonstramos que para colocar as instituições de pé não necessitamos de dinheiro público. Demonstramos que nós, cidadãos, podemos tomar nosso país. Isso nos dá uma satisfação imensa.
CM – A imprensa mundial define Cinco Estrelas como um movimento “anti-sistema”. Essa definição é correta?
AB – Você acha que é anti-sistema dizer que os condenados não têm direito de estar dentro do Parlamento? Para nós não é anti-sistema, mas algo perfeitamente lógico. O problema está em que o sistema é corrupto e permite a pessoas que violaram a lei entrar no Parlamento e decidir em meu lugar aproveitando-se das instituições. Isso não pode ser assim e não vai ocorrer mais.
Nós somos como um desinfetante. Entramos, abrimos o parlamento como se fosse uma lata de atum e ensinamos a todo o povo da Itália que ele tem sentir orgulho de ser italiano. Caralho! Nós não somos em nada uma organização de esquerda. Pensamos que as ideias devem ser logicas e não ideológicas. Aqui no Cinco Estrelas há pessoas que vêm da esquerda, outras da direita, mas são sobretudo cidadãos lindos e honestos.
Por isso nos interessa muito o que ocorre na América Latina. Pensamos que temos que copiar muitas ideias alternativas que a América Latina tem desenvolvido nos últimos anos. Precisamos ver o que pode funcionar aqui dessas coisas que estão sendo feitas lá, para que a Itália volte a ser um país normal. Felizmente, o povo italiano não é como a classe dirigente que vem administrando o país nos últimos anos.
Por isso nos interessa muito o que ocorre na América Latina. Pensamos que temos que copiar muitas ideias alternativas que a América Latina tem desenvolvido nos últimos anos. Precisamos ver o que pode funcionar aqui dessas coisas que estão sendo feitas lá, para que a Itália volte a ser um país normal. Felizmente, o povo italiano não é como a classe dirigente que vem administrando o país nos últimos anos.
Somos muito melhores. Os movimentos populares latino-americanos conseguem validar seus direitos. Queremos o mesmo para a Itália. Nós somos os pioneiros nesta corrente. Sempre que falam da Itália, se referem à máfia, à bunga bunga, a Berlusconi, que é uma vergonha nacional. Mas agora se começará a falar da Itália de outra maneira graças ao movimento Cinco Estrelas.
CM – Da rua e dos mercados ao poder. O que farão agora? Oposição sistemática, destruir, pactuar com os demais partidos?
AB – Somos um grupo de cidadãos organizados que pode governar melhor que os políticos profissionais. Não vamos bombardear um país que não nos fez nada, mas sim vamos obstruir com toda nossa força. Somos um movimento que está contra a guerra, as armas e os exércitos. Mas se as propostas que um futuro governo apresentar forem boas, estamos dispostos a sentar e discutir. O que nos interessa, acima de tudo, é o bem da coletividade. Nós somos uma comunidade, cada pessoa vale por uma e dá o que tem, mas se somos uma rede vamos valer tanto como o infinito.
CM – O que os une realmente se se trata de lógica e não de ideologia? O ódio à classe política, o desprezo, o cansaço...
AB – Nada disso, O que nos une é a vontade de mudar esse país e fazer da Itália uma nação mais democrática. É claro que a classe de dirigentes que nos governou até agora nos dá nojo. Tem que ir para suas casas. Que se vão todos! Nas próximas eleições vamos limpar o parlamento de uma vez por todas.
CM – Da rua e dos mercados ao poder. O que farão agora? Oposição sistemática, destruir, pactuar com os demais partidos?
AB – Somos um grupo de cidadãos organizados que pode governar melhor que os políticos profissionais. Não vamos bombardear um país que não nos fez nada, mas sim vamos obstruir com toda nossa força. Somos um movimento que está contra a guerra, as armas e os exércitos. Mas se as propostas que um futuro governo apresentar forem boas, estamos dispostos a sentar e discutir. O que nos interessa, acima de tudo, é o bem da coletividade. Nós somos uma comunidade, cada pessoa vale por uma e dá o que tem, mas se somos uma rede vamos valer tanto como o infinito.
CM – O que os une realmente se se trata de lógica e não de ideologia? O ódio à classe política, o desprezo, o cansaço...
AB – Nada disso, O que nos une é a vontade de mudar esse país e fazer da Itália uma nação mais democrática. É claro que a classe de dirigentes que nos governou até agora nos dá nojo. Tem que ir para suas casas. Que se vão todos! Nas próximas eleições vamos limpar o parlamento de uma vez por todas.
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O Primeiro médico indígena
UnB forma primeiro médico indígena
Por Cristiano Torres, da Secretaria de Comunicação da Universidade de Brasília (UnB)
A 85ª turma de Medicina da UnB marcou um feito inédito: entre os novos médicos estava o primeiro a ser formado pelo vestibular indígena. Josinaldo da Silva, representante da tribo Atikum, no sertão pernambucano, é o símbolo de um projeto de diversidade promovido pela UnB nos últimos dez anos. Engajado com a causa de seu povo, Josinaldo pretende usar o conhecimento adquirido na UnB no programa Saúde da Família, que leva saúde diretamente às comunidades.
No depoimento concedido à UnB Agência, ele conta que sonhava em ser médico desde que começou a trabalhar como agente de saúde, aos 22 anos, mas a falta de opções em sua região fez com que ele estudasse Matemática. Foi a criação do vestibular específico para indígenas na UnB que possibilitou a realização de um sonho. “As informações são mais difíceis na aldeia. Um grupo de colegas veio à capital em 2005 e descobriu as cotas”, conta. Me interessei de imediato. Com o curso de Medicina, poderia contribuir mais com a minha aldeia”. Leia abaixo trechos do depoimento de Josinaldo.
Chegada a Brasília
Confesso que quando passei, não acreditei. A ficha demorou um pouco a cair. Foi no início de 2006. Vim com uma colega e aqui me reuni com um grupo de indígenas de outros cursos. Éramos 13 cotistas ao todo: além da Medicina, havia estudantes de Enfermagem, Nutrição, Biologia e Farmácia. Foi muito difícil no início. Precisamos pagar um aluguel caro, não tínhamos referências, conhecidos, ninguém que se dispusesse a ser fiador. Além disso, tínhamos uma bolsa de R$ 900. Todo mundo sabe que isso é pouco para a cidade. Nossa salvação foi a Dona Socorro, que nos acolheu na 706 Norte e agiu como um anjo. Era paciente e compreensiva, nos apoiava quando a bolsa atrasava e sempre negociava os pagamentos.
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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
Novos papéis vazados pelo Wikileaks mostram ações americanas contra Chávez
Em emails, Venezuela é chamada de ‘piada’ e venezuelanos de ‘retardados’.
Quando você estiver desanimado com o que lê nos jornais e revistas, e estiver a ponto de desistir do jornalismo como algo destinado a tentar mudar para o melhor o mundo, lembre-se de uma palavra: Wikileaks.
Você vai dar uma segunda chance ao jornalismo, e não sou quem haverá de recomendar a você que nesta nova tentativa insista em ler os jornais e as revistas de sempre.
Agora mesmo, novos documentos vazados pelo Wikileaks jogam luzes sobre os esforços dos Estados Unidos em desestabilizar, minar e derrubar o governo democraticamente eleito de Hugo Chávez.
Nos documentos, duas empresas de inteligência (e espionagem) aparecem discutindo maneiras de demover Chávez.
A principal delas é a americana Stratfor. Seus agentes narram, nos e-mails vazados, encontros com conhecidos oposicionistas venezuelanos, como Henrique Caprilles, o candidato derrotado por Chávez nas eleições de 2012.
A Stratfor, mostram os papéis vazados pelo Wikileaks, foi buscar consultoria na Canvas, uma empresa de direita sérvia que obteve sucesso na desestabilização de um antigo governo de seu país com estratégias como a manipulação de estudantes para promover passeatas de protesto pré-fabricadas.
É até engraçada a maneira como a Canvas se refere à Venezuela e aos venezuelanos. O país é uma “piada total”, e os venezuelanos são “retardados”. Uma mente mais cínica poderia dizer que os autores dos e-mails da Canvas estivessem pareciam estar olhando para si próprios, e não para a Venezuela e seus habitantes.
Desanimado com o jornalismo?
Pense no Wikileaks e em seu fundador, o bravo Julian Assange.
Mas sim: talvez seja a hora de desistir do noticiário envenenado que a mídia tradicional oferece a você.
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O que Dilma deve a FHC para ser chamada de ingrata?
Ingratidão ele recebeu foi de Serra, e não falou nada.
Por Paulo Nogueira
Ingrata por quê?
Entendi, mas não compreendi, como dizia um programa de humor do passado.
Entendi que FHC acusou Dilma de ingrata, mas não compreendi.
Que Dilma deve a FHC para que ela possa ser classificada como ingrata? Lula teria o direito de se queixar dela, se achasse haver motivos. Ele a fez presidenta.
Mas FHC?
Dilma foi elegante com ele quando ele completou 80 anos ao reconhecer, justificadamente, seu grande papel na estabilização do país com o Plano Real.
Havia ali uma tentativa aparente de pacificar os ânimos entre PT e PSDB. FHC respondeu a isso com a estapafúrdia tese da “herança maldita” que Lula teria deixado a Dilma, contrariada pelas estatísticas e pelas urnas. E destruiu com isso o aceno de pacificação.
FHC teve uma grande chance, no passado, de falar em ingratidão. Foi quando Serra, na campanha de 2002, o tratou como um embaraço, como um tio velho do interior, numa humilhação pública inesquecível. Era uma vingançazinha de Serra, que jamais engoliu não ter sido colocado na posição de czar da economia por FHC. Foi, aliás, um dos maiores acertos de FHC não dar poder a Serra, amplamente detestado então no governo tucano.
Tivesse FHC enfrentado Serra quando este lhe deu o troco mesquinho em 2002 o PSDB não teria talvez, nestes últimos anos, se transformado num partido desconectado das ruas, dos brasileiros simples e das vitórias eleitorais.
Mas não.
FHC se calou quando tinha que falar, pelo bem de seu partido e do próprio Brasil, e fala agora, quando deveria silenciar.
De outro ataque de FHC não vou falar: da “usurpação” por Lula de sua obra. O que tem havido claramente é o oposto: um esforço de FHC em usurpar as ações sociais de Lula. Já lamentei a velocidade aquém do desejado dos avanços sociais promovidos no Brasil nos últimos dez anos, com o PT no poder. Ainda assim, por comparação, eles foram gigantesco diante de todos os governos pregressos do Brasil contemporâneo, excetuado o de Getúlio Vargas.
Bem ou mal, o tema da vergonhosa desigualdade social brasileira — calado pela mídia tão entretida em campanhas autobenerentes como a redução dos impostos — veio ao centro dos debates com Lula. Isso dará a ele, perante a história, uma estatura francamente maior que a de FHC, a despeito de sua vitória sobre a inflação. FHC estava demasiadamente envolvido com o 1% para pregar justiça social para os 99%.
Ingratidão? Usurpação? Pausa para rir.
Começa muito mal, conforme o esperado, a louca cavalgada do PSDB rumo a 2014.
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A Itália à beira da ingovernabilidade
Em porcentagens absolutas, o vencedor é a centro-esquerda do Partido Democrático, mas os números desenham um futuro nebuloso. A Itália é, no momento, um país ingovernável.
A Câmara de Deputados é da coalizão de centro-esquerda, mas o Senado pertence a Berlusconi. Isso trava praticamente todas as decisões que um futuro governo possa tomar. Todos os caminhos que restam são instáveis: formar um governo estável parece um milagre.
O artigo é de Eduardo Febbro, direto de Roma.
Roma - A Itália colocou um pé na fronteira da ingovernabilidade. Ao final das eleições legislativas realizadas domingo e segunda-feira, o Partido Democrático, movimento de centro-esquerda liderado por Luigi Bersani, ganhou as eleições, mas não o poder. A direita ressuscitada de Silvio Berlusconi e a poderosa emergência de uma força política contestadora que cresceu fora dos esquemas tradicionais da prática política deixaram a tímida esquerda italiana com uma escassa maioria para governar.
Ninguém sabe hoje quem estará no poder amanhã. A centro-esquerda de Pier Luigi Bersani obteve 29,75% dos votos na Câmara de Deputados. Com isso, consegue o abono de 55% das cadeiras em jogo que o sistema outorga ao ganhador.
No entanto, o caminho para o governo tropeça no Senado, onde o Povo da Liberdade, do patético Silvio Berlusconi, em coalizão com a racista Liga do Norte, faz sombra ao PD com 28,96% dos votos. Logo em seguida vem o Movimento Cinco Estrelas, do comediante genovês Beppe Grillo, que obteve 25,5% na Câmara de Deputados e 23,7% no Senado. O atual presidente do Conselho italiano, Mario Monti, ficou distante com cerca de 11% dos votos e perde assim muitas possibilidades de respaldar a centroesquerda em um futuro governo de coalizão.
As eleições não resolveram o dilema italiano e muitos prognosticaram segunda-feira à noite um retorno às urnas para dirimir a incerteza. As duas maiores surpresas desse pleito foram protagonizadas pelo movimento Cinco Estrelas e por Silvio Berlusconi. O primeiro porque conseguiu atrair centenas de milhares de eleitores enojados com o sistema político.
O segundo é, indiscutivelmente, a potência eleitoral que Berlusconi ainda detém. Após vinte anos de escândalos de toda índole e há apenas alguns meses de ter deixado o país à beira do abismo moral e financeiro, Berlusconi, segue sendo o árbitro da política nacional. Pior ainda, não é improvável que seja ele quem consiga governar. Acossado pela justiça, com denúncias de conteúdo sexual e acusações de corrupção, Berlusconi sai das urnas com um êxito angustiante. As pessoas seguem acreditando em que as enganou e as manipulou como ninguém. Entre a oferta da centro-direta apresentada por Mario Monti e a direita escandalosa do “Cavaleiro”, a Itália preferiu o último.
Em porcentagens absolutas, o vencedor é a centro-esquerda do Partido Democrático, mas os números desenham um futuro nebuloso. A Itália é, no momento, um país ingovernável. A Câmara de Deputados é da coalizão de centro-esquerda, mas o Senado pertence a Berlusconi. Isso trava praticamente todas as decisões que um futuro governo possa tomar. Todos os caminhos que restam são instáveis: formar um governo estável parece um milagre. Pode-se também pensar em um acordo entre Bersani e o movimento Cinco Estrelas, mas não para governar e sim para mudar a lei dos partidos e, com uma legislação menos diabólica como método, voltar a votar.
O grande herói da noite eleitoral é indiscutivelmente Beppe Grillo. Nela recai um poder que abre um rombo na sólida frente dos partidos de governo italianos. O comediante zombou daqueles que governam e desprezam a sociedade. A Itália ingressou na noite de segunda-feira no seleto grupo de países europeus que, ao cabo de processos eleitorais celebrados em plena crise, terminam com partidos anti-sistema que obtém resultados parlamentares consequentes.
O caminho foi aberto pela Grécia no ano passado, quando o movimento da esquerda radical Syriza, dirigido por Alexis Tsipras, esteve a ponto de formar o governo e depois, nas novas eleições realizadas em maio, obteve cerca de 20% dos votos. Syriza ficou como a segunda força política da Grécia, na frente do histórico e corrompido partido socialista grego, Pasok.
Quase simultaneamente, na França, a Frente de Esquerda, de Jean-Luc Mélenchon protagonizou uma penetração eleitoral espetacular par uma formação praticamente nova e em cujo interior há desde socialistas dissidentes, anarquistas libertários, ecologistas e comunistas. De uma maneira distinta, mas com um resultado mais espetacular, a Itália entrou na dissidência política.
O movimento Cinco Estrelas, liderado pelo humorista Beppe Grillo, se içou a níveis desafiadores frente a uma casta política que funciona como esses sistemas de irrigação automática: só vive para si mesma, para preservar suas prerrogativas e benefícios. Cinco Estrelas rompeu o esquema. Beppe Grillo estragou a festa dos partidos de governo: o Partido Democrático, de Luigi Bersani, e o Povo da Liberdade, do sobrevivente de todas as batalhas e golpes baixos nos últimos 20 anos, o ex-presidente do Conselho Silvio Berlusconi. Esse movimento é uma mistura ousada, uma espécie de “bíblia junto al calefón”, como diz a letra do célebre tango. Se perguntarem a qualquer italiano que decidiu votar neste partido que se define como uma “comunidade”, sua resposta é inequívoca: porque quero que as coisas mudem.
A mudança é, nas sociedades ocidentais, como a irrenunciável aspiração human ao amor. Algo desejado com uma permanência física e metafísica e sempre postergado por essa tendência à incrustação e ao imobilismo que caracteriza os partidos uma vez que se instalam no poder. Contestadora, aberta e declaradamente anti-sistema, Cinco Estrelas é exatamente igual ao slogan com o qual lançou sua campanha: “o Tsunami tour”.
Um tsunami cuja verdadeira capacidade de ação e de construção ainda está por se ver. Disparatado para alguns, populista para outros, Cinco Estrelas, seja como for, é a demonstração de um cansaço infinito que se volta contra a política neste século XXI, uma empresa insaciável de mentiras, manipulações, enganos, uma indústria ao serviço de uma corporação de engravatados e não ao povo que foi tentado com propostas que jamais se cumpriram. A socialdemocracia moderada do presidente francês François Hollande é uma prova amável disso: palavras, palavras, palavras.
Beppe Grillo ingresso por essa brecha de desencanto, de orfandade representativa de uma sociedade onde 8 milhões de pessoas vivem com menos de mil euros por mês – é um índice baixo na Europa – e onde um em cada três jovens não tem trabalho. Força destruidora do sistema que se propõe reparar os esquecimentos interessados da governabilidade acomodada e corrigir o sacrifício a que o neoliberalismo europeu submete a milhões e milhões de indivíduos para não perder as suas já grandiosas margens de lucro. Melhor um milhão de desempregados a mais do que 3% de lucros a menos.
Com um blog, uma conta no twitter e sem jamais ter pisado num canal de televisão em um país onde os políticos dão a vida para aparecer na frente das câmeras, Beppe Grillo conquistou as massas. Há alguns anos, este humorista genovês organizou o “Vaffanculo Day”, um dia de protesto global contra os políticos. Agora o Vaffanculo passou dos protestos ás urnas e a Itália entrou em uma incerta dissidência contra o sistema.
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O linchamento absurdo da torcida corinthiana
Todo o anticorintianismo fanático se projeta na cobertura da tragédia da Bolívia.
Por Paulo Nogueira
Toda a raiva, toda a inveja, todo o ressentimento que o Corinthians provoca entre os demais torcedores brasileiros, sobretudo os paulistas, marcam a repercussão da tragédia do estádio boliviano.
Choremos, choremos sentidamente, choremos compungidamente por Kevin Espada, vítima aos 14 anos de uma dessas fatalidades inexplicáveis e absurdas em que a vida é tão rica.
Mas não cometamos o erro de condenar antecipada e injustamente toda uma torcida apaixonada, fanática, humilde – essencialmente gente simples, pobre, excluída, gente que tem no Corinthians uma das raras fontes de alegria numa vida sem escola, sem consultórios médicos, sem tijolos, sem água potável, e muitas vezes sem pai e sem mãe.
Este é um caso de condenação sumária. Nem mesmo são conhecidas as circunstâncias da morte – foi mesmo de propósito o disparo, ou foi acidenta, para começo de conversa – e mil maldições já recaíram sobre os corintianos.
Compreendo, apoio e repercuto o desespero e a revolta dos pais, da família, dos amigos de Kevin. Mas desprezo as manifestações oportunistas anticorintianas que se misturam com aquela dor genuína.
Vamos apurar com calma os fatos. Vamos extrair as lições que se apresentarem. Vamos lembrar que todos nós estamos expostos a horrores imprevistos oriundos sabe-se lá de onde, porque assim é a vida.
E vamos parar de atacar histericamente, levianamente, absurdamente a torcida corintiana.
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Raúl Castro é reeleito e diz que novo mandato será o último como presidente de Cuba
Raúl Castro como o novo presidente da Assembleia Nacional, Esteban Lazo
A Assembleia Nacional ratificou neste domingo (24/02) o general Raúl Castro como presidente de Cuba para um segundo mandato de cinco anos, que será o seu último à frente do país. "Independentemente da data em que se aperfeiçoe a Constituição, este será o último mandato", afirmou Raúl.
O atual presidente foi nomeado formalmente em fevereiro de 2008, dois anos após ter assumido de forma interina a direção do país ao substituir seu irmão, Fidel Castro, quando este adoeceu e delegou o poder. Fidel também compareceu ao evento de hoje.
“O programa atualizado da revolução deve sempre refletir a opinião da população. Não deixaremos nenhum cidadão desamparado. Nos propomos a manter o enfrentamento a ilegalidades contra o nosso sistema social”, afirmou Raúl Castro após a confirmação de seu novo mandato.
O mandatário cubano ainda parabenizou o equatoriano Rafael Correa pela reeleição conquistada na semana passada.
O parlamento cubano também designou hoje o restante dos 31 membros do Conselho de Estado, entre eles, o primeiro vice-presidente, Miguel Díaz Canel, e outros cinco vice-presidentes e um secretário. Além disso, os deputados elegeram Esteban Lazo como novo titular da Assembleia.
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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
ARGO, UMA MENTIRA COVENIENTE
O filme de Ben Affleck inverte e distorce os fatos em sua tentativa frenética de apresentar um agente da CIA como heroi.
Durante o stalinismo, a história foi reescrita com freqüência em conformidade com a ortodoxia soviética. O protagonismo de Leon Trotsky, um dos principais arquitetos da Revolução Russa de 1917, foi minimizado ou apagado – até mesmo fotos de Trotsky em pé ao lado de Lenin, Stalin e outros membros do comitê central foram desajeitadamente retocadas para remover vestígios de sua existência.
Com “Argo”, um exercício desenfreado de ufanismo americano e imperialismo cultural, Ben Affleck cometeu uma forma similar de fraude. Essa é a opinião de Ken Taylor, o ex-embaixador canadense no Irã que realmente arquitetou a fuga dos seis reféns que ele e o primeiro-secretário da embaixada John Sheardown haviam escondido em suas casas, em situação de risco pessoal considerável.
“Foram três meses de preparação intensiva para a fuga”, explica Taylor. “Eu acho que o meu papel foi um pouco mais importante do que abrir e fechar a porta da frente da embaixada.” (Essas são essencialmente as imagens que comprovam a existência de Taylor no esquema criacionista de Argo.)
Affleck fez um filme de propaganda, uma auto-felação que inverte e distorce os fatos em sua tentativa frenética de apresentar o agente da CIA Tony Mendez (interpretado por ele mesmo) como a pessoa que trabalhou nos bastidores para realizar a retirada.
O roteiro se baseia em documentos confidenciais da CIA, abertos ao público nos anos 80, que revelaram como Mendez desenvolveu um disfarce para os seis americanos – o de uma equipe de cinema que queria fazer um filme de ficção científica no Irã.
Essa é a única parte do filme Affeck que possui alguma verdade. Praticamente todo o resto é uma mentira para satisfazer um público americano faminto de heróis.
O embaixador do Canadá, Ken Taylor: “concierge de luxo” na visão de Affleck
“Tony Mendez ficou um dia e meio no Irã”, diz Ken Taylor. Em vez de apresentar um relato honesto de uma missão de resgate histórico, que o embaixador canadense tinha em grande parte planejado e que a CIA apenas ajudou a executar, Affleck se entrega a uma pirotecnia mal disfarçada que corrompe a verdade, dando primazia ao envolvimento dos EUA.
Na sexta passada, a frustração de Taylor atingiu o limite. “Não haveria filme sem os canadenses. Abrigamos os seis sem que nos fosse solicitado”. Argo tem recebido vários prêmios nos últimos meses. Embora Affleck tenha sido supostamente “esnobado” por Hollywood ao não ser apontado na lista de melhor diretor no Oscar, seu longa recebeu várias indicações.
Além de “Argo” ter sido canonizado por ligas e premiações de diferentes setores nos meses passados, a questão mais ampla é como Affleck conseguiu enganar tanta gente em seu caminho para a glória da crítica, apesar das enormes distorções, invenções e fabricações que o filme comete para defender a CIA como um grupo de espiões inteligentes. Como a Grande Mentira tomou conta da imaginação limitada de Affleck?
“Argo” se situa no Irã, logo após a queda do Xá em 1979, quando a Guarda Revolucionária invadiu a embaixada americana. Seis funcionários conseguiram escapar e se esconderam por vários dias até que dois deles entraram na residência do casal Pat e Ken Taylor. Outros quatro foram para a casa de John Sheardown e de sua mulher Zena depois que o funcionário consular Robert Anders telefonou para o amigo Sheardown pedindo que ele o recebesse com seus três colegas fugitivos. “Por que você demorou tanto?”, foi a resposta do Sheardown.
(Nada disso aparece na versão de Affleck. Sheardown sequer é mencionado.)
Os fugitivos passaram três meses no limbo das duas residências até que Taylor finalmente convenceu um reticente departamento de estado americano de que as autoridades iranianas estavam começando a farejar as casas.
Em seu zelo para contar a história do agente Tony Mendez, Affleck reescreveu boa parte da história e enxugou radicalmente o papel do embaixador. Não foi só ele que deixou clara sua discordância. Em uma entrevista para o jornalista Piers Morgan na semana passada, o ex-presidente americano, Jimmy Carter, afirmou que “90% do plano foi dos canadenses”, mas o filme “dá crédito quase completo à CIA”.
Affleck defende sua selvageria autoral dizendo que uma TV canadense já havia feito um filme em 1981. De acordo com ele, “Argo” foi concebido para revelar o “papel secreto da CIA” – que basicamente se resume à criação de uma equipe de cinema a fim de enganar os funcionários da alfândega no aeroporto de Teerã. “Este filme mostra um maravilhoso espírito de colaboração e cooperação. É um grande cumprimento para o Canadá”, afirmou Affleck para mim.
(Taylor tinha originalmente planejado que eles se passassem por engenheiros, apenas para ter sua ideia rejeitado pela CIA, que de alguma forma bizarra pensou que o approach hollywoodiano fazia mais sentido.)
Os fugitivos são recebidos na Casa Branca em 79: a CIA foi coadjuvante
Não havia absolutamente nenhuma necessidade de transformar o papel central do embaixador num “concierge” de luxo, que basicamente servia bebidas e canapés e seguia ordens. Taylor, que é interpretado pelo canadense Victor Garber, declarou que “‘Argo’ faz parecer que os canadenses estavam ali apenas a passeio”.
Affleck respondeu um tanto irritado: “Eu admiro Ken por seu papel no resgate. Estou surpreso que ele continue a ter problemas com o filme”. Em outubro, quando Argo estava sendo lançado na América do Norte, Affleck soube que Taylor estava começando a falar publicamente sobre sua decepção com seu trabalho. Ben Affleck organizou às pressas uma exibição e, depois de ouvir suas objeções, concordou em inserir um texto no início dos créditos: “O envolvimento da CIA complementou os esforços da embaixada canadense”.
A verdade é outra: Taylor planejou a fuga, enquanto a CIA e seus homens, Mendez à frente, simplesmente ajudaram a preparar o estratagema esquisito que serve como um contraponto cômico para o drama subjacente no Irã. Tony Mendez era uma espécie de assessor técnico. Mas, na narrativa falsificada de Affleck, todo o heroísmo é reservado para seu alter ego.
A história real por trás da fuga evoluiu de outra forma. Durante os quase três meses em que os seis fugitivos estiveram escondidos, o governo canadense em Ottawa preparou documentos oficiais – passaportes, carteiras de motorista, até mesmo alfinetes com a bandeira –, enviados a Teerã via mala diplomática.
O papel da CIA foi forjar os vistos de entrada – mas até isso eles conseguiram ferrar. Os selos falsos continham um erro catastrófico feito por um agente, que se equivocou na data de entrada. Um membro da embaixada canadense, Roger Lucey, apontou a burrada (ele podia ler farsi, em oposição ao apparatchik da CIA). Lucey passou várias horas debruçado sobre uma lupa, forjando os passaportes e torcendo para que seu trabalho penoso passasse despercebido pelas autoridades.
Outro ato flagrante de omissão de Argo é que a CIA contou com Taylor para fornecer informações sobre o caos da tomada de reféns em curso na embaixada dos EUA, onde 52 americanos ainda estavam sendo mantidos em cativeiro pela Guarda Revolucionária. Taylor pediu a um sargento canadense, Jim Edwards, que saísse e monitorasse, com seu time, a área ao redor da embaixada dos EUA durante várias semanas, para uma possível missão dos Estados Unidos.
Edwards foi detido e interrogado por cinco horas, até ser liberado por volta da uma da manhã. “Nós bebemos um monte de uísque juntos”, Taylor recordou. “Ele poderia facilmente ter sido preso como um espião.”
Mark Lijek, um dos dois americanos que passaram 79 dias na casa de Sheardown, confirma o relato. “Toda a embaixada canadense passou a se concentrar em nossa sobrevivência e eventual saída, o que é praticamente sem precedentes na história diplomática”, Lijek explicou. “É triste que Argo ignore tudo isso.”
O passeio no bazar: só na cabeça do cineasta
Argo também inventa três cenas-chaves que nunca aconteceram. A primeira é quando Affleck-Mendez leva os fugitivos a um local e atravessa um bazar iraniano. “Isso teria sido suicida,” diz Lijek. A segunda instância da imaginação fantasiosa de Affleck é a sequencia do aeroporto, no final, em que a Guarda Revolucionária interroga o grupo – o que simplesmente nunca aconteceu.
Finalmente, “Argo” inventa o clímax em que um jipe militar cheio de soldados armados persegue o avião na pista. “É tudo ficção”, conta Taylor. “Foi bom ir ao aeroporto – exceto por nossos nervos”.
Affleck é um homem cujo coração está normalmente no lugar certo. Ele apoia causas liberais, defende a liberdade de expressão, é delicado nas entrevistas e freqüentemente crítico da direita republicana. Mas ele ou é terrivelmente ingênuo ou estúpido quando se trata de sua leitura do registro histórico.
Ele achou que seu bolo fofo de entretenimento lhe dava a “licença artística” para cortar, ajustar e mentir. Em uma entrevista ao Hollywood Reporter, afirmou que era um ex-estudante de assuntos do Oriente Médio da Universidade de Vermont e que escreveu um artigo sobre a revolução iraniana.
Mas, como um crítico freqüente da política externa americana e da administração Bush, por que Affleck decidiu cantar os louvores da CIA, que projetou a queda de Mossadegh e a subsequente substituição pelo Xá?
Ele deveria checar os fatos. Podemos perdoar a adição de um jipe carregado de metralhadoras perseguindo um jato comercial. Podemos perdoar a adição de um tour suicida em um bazar lotado. Podemos até perdoar “Argo” por fazer John Sheardown desaparecer. Mas não há como desculpar uma visão manipuladora e irremediavelmente distorcida da realidade para maquiar uma peça de propaganda.
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Com “Argo”, um exercício desenfreado de ufanismo americano e imperialismo cultural, Ben Affleck cometeu uma forma similar de fraude. Essa é a opinião de Ken Taylor, o ex-embaixador canadense no Irã que realmente arquitetou a fuga dos seis reféns que ele e o primeiro-secretário da embaixada John Sheardown haviam escondido em suas casas, em situação de risco pessoal considerável.
“Foram três meses de preparação intensiva para a fuga”, explica Taylor. “Eu acho que o meu papel foi um pouco mais importante do que abrir e fechar a porta da frente da embaixada.” (Essas são essencialmente as imagens que comprovam a existência de Taylor no esquema criacionista de Argo.)
Affleck fez um filme de propaganda, uma auto-felação que inverte e distorce os fatos em sua tentativa frenética de apresentar o agente da CIA Tony Mendez (interpretado por ele mesmo) como a pessoa que trabalhou nos bastidores para realizar a retirada.
O roteiro se baseia em documentos confidenciais da CIA, abertos ao público nos anos 80, que revelaram como Mendez desenvolveu um disfarce para os seis americanos – o de uma equipe de cinema que queria fazer um filme de ficção científica no Irã.
Essa é a única parte do filme Affeck que possui alguma verdade. Praticamente todo o resto é uma mentira para satisfazer um público americano faminto de heróis.
O embaixador do Canadá, Ken Taylor: “concierge de luxo” na visão de Affleck
“Tony Mendez ficou um dia e meio no Irã”, diz Ken Taylor. Em vez de apresentar um relato honesto de uma missão de resgate histórico, que o embaixador canadense tinha em grande parte planejado e que a CIA apenas ajudou a executar, Affleck se entrega a uma pirotecnia mal disfarçada que corrompe a verdade, dando primazia ao envolvimento dos EUA.
Na sexta passada, a frustração de Taylor atingiu o limite. “Não haveria filme sem os canadenses. Abrigamos os seis sem que nos fosse solicitado”. Argo tem recebido vários prêmios nos últimos meses. Embora Affleck tenha sido supostamente “esnobado” por Hollywood ao não ser apontado na lista de melhor diretor no Oscar, seu longa recebeu várias indicações.
Além de “Argo” ter sido canonizado por ligas e premiações de diferentes setores nos meses passados, a questão mais ampla é como Affleck conseguiu enganar tanta gente em seu caminho para a glória da crítica, apesar das enormes distorções, invenções e fabricações que o filme comete para defender a CIA como um grupo de espiões inteligentes. Como a Grande Mentira tomou conta da imaginação limitada de Affleck?
“Argo” se situa no Irã, logo após a queda do Xá em 1979, quando a Guarda Revolucionária invadiu a embaixada americana. Seis funcionários conseguiram escapar e se esconderam por vários dias até que dois deles entraram na residência do casal Pat e Ken Taylor. Outros quatro foram para a casa de John Sheardown e de sua mulher Zena depois que o funcionário consular Robert Anders telefonou para o amigo Sheardown pedindo que ele o recebesse com seus três colegas fugitivos. “Por que você demorou tanto?”, foi a resposta do Sheardown.
(Nada disso aparece na versão de Affleck. Sheardown sequer é mencionado.)
Os fugitivos passaram três meses no limbo das duas residências até que Taylor finalmente convenceu um reticente departamento de estado americano de que as autoridades iranianas estavam começando a farejar as casas.
Em seu zelo para contar a história do agente Tony Mendez, Affleck reescreveu boa parte da história e enxugou radicalmente o papel do embaixador. Não foi só ele que deixou clara sua discordância. Em uma entrevista para o jornalista Piers Morgan na semana passada, o ex-presidente americano, Jimmy Carter, afirmou que “90% do plano foi dos canadenses”, mas o filme “dá crédito quase completo à CIA”.
Affleck defende sua selvageria autoral dizendo que uma TV canadense já havia feito um filme em 1981. De acordo com ele, “Argo” foi concebido para revelar o “papel secreto da CIA” – que basicamente se resume à criação de uma equipe de cinema a fim de enganar os funcionários da alfândega no aeroporto de Teerã. “Este filme mostra um maravilhoso espírito de colaboração e cooperação. É um grande cumprimento para o Canadá”, afirmou Affleck para mim.
(Taylor tinha originalmente planejado que eles se passassem por engenheiros, apenas para ter sua ideia rejeitado pela CIA, que de alguma forma bizarra pensou que o approach hollywoodiano fazia mais sentido.)
Os fugitivos são recebidos na Casa Branca em 79: a CIA foi coadjuvante
Não havia absolutamente nenhuma necessidade de transformar o papel central do embaixador num “concierge” de luxo, que basicamente servia bebidas e canapés e seguia ordens. Taylor, que é interpretado pelo canadense Victor Garber, declarou que “‘Argo’ faz parecer que os canadenses estavam ali apenas a passeio”.
Affleck respondeu um tanto irritado: “Eu admiro Ken por seu papel no resgate. Estou surpreso que ele continue a ter problemas com o filme”. Em outubro, quando Argo estava sendo lançado na América do Norte, Affleck soube que Taylor estava começando a falar publicamente sobre sua decepção com seu trabalho. Ben Affleck organizou às pressas uma exibição e, depois de ouvir suas objeções, concordou em inserir um texto no início dos créditos: “O envolvimento da CIA complementou os esforços da embaixada canadense”.
A verdade é outra: Taylor planejou a fuga, enquanto a CIA e seus homens, Mendez à frente, simplesmente ajudaram a preparar o estratagema esquisito que serve como um contraponto cômico para o drama subjacente no Irã. Tony Mendez era uma espécie de assessor técnico. Mas, na narrativa falsificada de Affleck, todo o heroísmo é reservado para seu alter ego.
A história real por trás da fuga evoluiu de outra forma. Durante os quase três meses em que os seis fugitivos estiveram escondidos, o governo canadense em Ottawa preparou documentos oficiais – passaportes, carteiras de motorista, até mesmo alfinetes com a bandeira –, enviados a Teerã via mala diplomática.
O papel da CIA foi forjar os vistos de entrada – mas até isso eles conseguiram ferrar. Os selos falsos continham um erro catastrófico feito por um agente, que se equivocou na data de entrada. Um membro da embaixada canadense, Roger Lucey, apontou a burrada (ele podia ler farsi, em oposição ao apparatchik da CIA). Lucey passou várias horas debruçado sobre uma lupa, forjando os passaportes e torcendo para que seu trabalho penoso passasse despercebido pelas autoridades.
Outro ato flagrante de omissão de Argo é que a CIA contou com Taylor para fornecer informações sobre o caos da tomada de reféns em curso na embaixada dos EUA, onde 52 americanos ainda estavam sendo mantidos em cativeiro pela Guarda Revolucionária. Taylor pediu a um sargento canadense, Jim Edwards, que saísse e monitorasse, com seu time, a área ao redor da embaixada dos EUA durante várias semanas, para uma possível missão dos Estados Unidos.
Edwards foi detido e interrogado por cinco horas, até ser liberado por volta da uma da manhã. “Nós bebemos um monte de uísque juntos”, Taylor recordou. “Ele poderia facilmente ter sido preso como um espião.”
Mark Lijek, um dos dois americanos que passaram 79 dias na casa de Sheardown, confirma o relato. “Toda a embaixada canadense passou a se concentrar em nossa sobrevivência e eventual saída, o que é praticamente sem precedentes na história diplomática”, Lijek explicou. “É triste que Argo ignore tudo isso.”
O passeio no bazar: só na cabeça do cineasta
Argo também inventa três cenas-chaves que nunca aconteceram. A primeira é quando Affleck-Mendez leva os fugitivos a um local e atravessa um bazar iraniano. “Isso teria sido suicida,” diz Lijek. A segunda instância da imaginação fantasiosa de Affleck é a sequencia do aeroporto, no final, em que a Guarda Revolucionária interroga o grupo – o que simplesmente nunca aconteceu.
Finalmente, “Argo” inventa o clímax em que um jipe militar cheio de soldados armados persegue o avião na pista. “É tudo ficção”, conta Taylor. “Foi bom ir ao aeroporto – exceto por nossos nervos”.
Affleck é um homem cujo coração está normalmente no lugar certo. Ele apoia causas liberais, defende a liberdade de expressão, é delicado nas entrevistas e freqüentemente crítico da direita republicana. Mas ele ou é terrivelmente ingênuo ou estúpido quando se trata de sua leitura do registro histórico.
Ele achou que seu bolo fofo de entretenimento lhe dava a “licença artística” para cortar, ajustar e mentir. Em uma entrevista ao Hollywood Reporter, afirmou que era um ex-estudante de assuntos do Oriente Médio da Universidade de Vermont e que escreveu um artigo sobre a revolução iraniana.
Mas, como um crítico freqüente da política externa americana e da administração Bush, por que Affleck decidiu cantar os louvores da CIA, que projetou a queda de Mossadegh e a subsequente substituição pelo Xá?
Ele deveria checar os fatos. Podemos perdoar a adição de um jipe carregado de metralhadoras perseguindo um jato comercial. Podemos perdoar a adição de um tour suicida em um bazar lotado. Podemos até perdoar “Argo” por fazer John Sheardown desaparecer. Mas não há como desculpar uma visão manipuladora e irremediavelmente distorcida da realidade para maquiar uma peça de propaganda.
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YOANI, GO HOME !
A “desinteressada” contribuição da blogueira limpa do Millenium.
A ILHA, SEU POVO, SEU SONHO Por Mauro Santayana
Podemos discordar do regime político de Cuba, que se mantém sob o domínio de um partido único. Mas é preciso seguir o conselho de Spinoza: não lisonjear, não detestar, mas entender. Entender, ou procurar entender. A história de Cuba – como, de resto, de quase todo o arquipélago do Caribe e a América Latina – tem sido a de saqueio dos bens naturais e do trabalho dos nativos, em benefício dos colonizadores europeus, substituídos depois pelos anglossaxões.
E, nessa crônica, destaca-se a resistência e a luta pela soberania de seu povo não só contra os dominadores estrangeiros, mas, também, contra seus vassalos internos.
Já se tornou lugar comum lembrar que, sob os governos títeres, Havana se tornara o maior e mais procurado bordel americano. A legislação, feita a propósito, era mais leniente, não só com o lenocínio, e também com o jogo, e os mais audazes gangsters de Chicago e de Nova Iorque tinham ali os seus negócios e seus retiros de lazer. E, mais: as mestiças cubanas, com sua beleza e natural sensualidade, eram a atração irresistível para os entediados homens de negócios dos Estados Unidos.
A Revolução Cubana foi, em sua origem, o que os marxistas identificam como movimento pequeno burguês. Fidel e seus companheiros, no assalto ao Quartel Moncada – em 1953, já há quase 60 anos – pretendiam apenas derrocar o governo ditatorial de Fulgencio Batista, que mantinha o país sob cruel regime policial, torturava os prisioneiros e submetia a imprensa à censura férrea.
A corrupção grassava no Estado, dos contínuos aos ministros. O enriquecimento de Batista, de seus familiares e amigos, era do conhecimento da classe média, que deu apoio à tentativa insurrecional de Fidel, derrotada então, para converter-se em vitoria menos de 6 anos depois. Os ricos eram todos associados à exploração, direta ou indireta, da prostituição, disfarçada no turismo, e do trabalho brutal dos trabalhadores na indústria açucareira.
Foi a arrogância americana, na defesa de suas empresas petrolíferas, que se negaram a aceitar as novas regras, que empurrou o advogado Fidel Castro e seus companheiros, nos dois primeiros anos da vitória do movimento, ao ensaio de socialismo. A partir de então, só restava à Ilha encampar as refinarias e aliar-se à União Soviética.
Os americanos, sob o festejado Kennedy – que o reexame da História não deixa tão honrado assim – insistiram nos erros. A tentativa de invasão de Cuba, pela Baía dos Porcos, com o fiasco conhecido, tornou a Ilha ainda mais dependente de Moscou, que se aproveitou do episódio para livrar-se de uma bateria americana de foguetes com cargas atômicas instalada na Turquia, ao colocar seus mísseis a 100 milhas da Flórida, no território cubano.
A solução do conflito, que chegou a assustar o mundo com uma guerra atômica, foi negociada pelo hábil Mikoyan: Kruschev retirou os mísseis de Cuba e os Estados Unidos desmantelaram sua bateria turca, ao mesmo tempo em que assumiram o compromisso de não invadir Cuba – mas mantiveram o bloqueio econômico e político contra Havana. Enfim, ganharam Moscou e Washington, com a proteção recíproca de seus espaços soberanos – e Cuba pagou a fatura com o embargo.
O malogro do socialismo cubano nasceu desse imbróglio de origem. Tal como ocorrera com a Rússia Imperial e com a China, em movimentos contemporâneos, o marxismo serviu como doutrina de empréstimo a uma revolução nacional. O nacionalismo esteve no âmago dos revolucionários cubanos, tal como estivera entre os social-democratas russos, chefiados por Lenine e os companheiros de Mao.
Os cubanos iniciaram reformas econômicas recentes, premidos, entre outras razões, pelo fim do sistema socialista. Ao mesmo tempo tomaram medidas liberalizantes, permitindo as viagens ao exterior de quem cumprir as normas habituais.
Foi a arrogância americana, na defesa de suas empresas petrolíferas, que se negaram a aceitar as novas regras, que empurrou o advogado Fidel Castro e seus companheiros, nos dois primeiros anos da vitória do movimento, ao ensaio de socialismo. A partir de então, só restava à Ilha encampar as refinarias e aliar-se à União Soviética.
Os americanos, sob o festejado Kennedy – que o reexame da História não deixa tão honrado assim – insistiram nos erros. A tentativa de invasão de Cuba, pela Baía dos Porcos, com o fiasco conhecido, tornou a Ilha ainda mais dependente de Moscou, que se aproveitou do episódio para livrar-se de uma bateria americana de foguetes com cargas atômicas instalada na Turquia, ao colocar seus mísseis a 100 milhas da Flórida, no território cubano.
A solução do conflito, que chegou a assustar o mundo com uma guerra atômica, foi negociada pelo hábil Mikoyan: Kruschev retirou os mísseis de Cuba e os Estados Unidos desmantelaram sua bateria turca, ao mesmo tempo em que assumiram o compromisso de não invadir Cuba – mas mantiveram o bloqueio econômico e político contra Havana. Enfim, ganharam Moscou e Washington, com a proteção recíproca de seus espaços soberanos – e Cuba pagou a fatura com o embargo.
O malogro do socialismo cubano nasceu desse imbróglio de origem. Tal como ocorrera com a Rússia Imperial e com a China, em movimentos contemporâneos, o marxismo serviu como doutrina de empréstimo a uma revolução nacional. O nacionalismo esteve no âmago dos revolucionários cubanos, tal como estivera entre os social-democratas russos, chefiados por Lenine e os companheiros de Mao.
Os cubanos iniciaram reformas econômicas recentes, premidos, entre outras razões, pelo fim do sistema socialista. Ao mesmo tempo tomaram medidas liberalizantes, permitindo as viagens ao exterior de quem cumprir as normas habituais.
É assim que visita o país a dissidente Yoani Sánchez (que mantém seu blog na internet de oposição ao governo cubano) e é reverenciada pelos setores de direita. Ocorre que ela não é tão perseguida em Havana como proclama e proclamam seus admiradores. Tanto assim é que, em momento delicado para a Ilha, quando só pessoas de confiança do regime viajavam para o Exterior, ela viveu 2 anos na Suíça, e voltou tranquilamente para Havana.
É sabido que ela mantém encontros habituais com o escritório que representa os interesses norte-americanos em Cuba, como revelou o WikeLeaks. Há mais, ela proclama uma audiência que não tem, como assegura o sistema de registro mais confiável, o da Alexa.com. (citado por Altamiro Borges em seu site) em que ela se encontra no 99.944º lugar na audiência mundial, enquanto o modesto jornal O Povo, de Fortaleza, se encontra na 14.043ª posição, ou seja dispõe de sete vezes mais seguidores do que Yoani. Há mais: ela afirma que tem 10 milhões de acessos por mês, o que contraria a lógica de sua posição no ranking citado. O site de maior tráfego nos Estados Unidos é o do New York Times, com 17 milhões de acessos mensais.
Apesar de tudo isso, deixemos essa senhora defender o seu negócio na internet. É seu direito dizer o que quiser, mas não podemos tolerar que exija do Brasil defender os direitos humanos, tal como ela os vê, em Cuba ou alhures. Um dos princípios históricos do Brasil é o da não interferência nos assuntos internos dos outros países.
É sabido que ela mantém encontros habituais com o escritório que representa os interesses norte-americanos em Cuba, como revelou o WikeLeaks. Há mais, ela proclama uma audiência que não tem, como assegura o sistema de registro mais confiável, o da Alexa.com. (citado por Altamiro Borges em seu site) em que ela se encontra no 99.944º lugar na audiência mundial, enquanto o modesto jornal O Povo, de Fortaleza, se encontra na 14.043ª posição, ou seja dispõe de sete vezes mais seguidores do que Yoani. Há mais: ela afirma que tem 10 milhões de acessos por mês, o que contraria a lógica de sua posição no ranking citado. O site de maior tráfego nos Estados Unidos é o do New York Times, com 17 milhões de acessos mensais.
Apesar de tudo isso, deixemos essa senhora defender o seu negócio na internet. É seu direito dizer o que quiser, mas não podemos tolerar que exija do Brasil defender os direitos humanos, tal como ela os vê, em Cuba ou alhures. Um dos princípios históricos do Brasil é o da não interferência nos assuntos internos dos outros países.
O problema de Cuba é dos cubanos, que irão resolvê-lo, no dia em que não estiverem mais obrigados a se defender da intervenção dos estrangeiros, que vêm sofrendo desde que os espanhóis, ainda no século 16, ali se instalaram. Foram substituídos pelos Estados Unidos, depois da guerra vitoriosa de Washington contra o frágil governo da Regente Maria Cristina da Espanha. Enfim, o generoso povo cubano, tão parecido ao nosso, não teve, ainda, a oportunidade de realizar o seu próprio destino, sem as pressões dos colonizadores e seus sucessores.
Dispensamos os conselhos da Sra. Sánchez. Aqui tratamos, prioritariamente, dos direitos humanos dos brasileiros, que são os de viver em paz, em paz educar-se, e em paz trabalhar, e esses são os direitos de todos os povos do mundo. Ela, não sendo cidadã de nosso país, não deve, nem pode, exigir nada de nosso governo ou de nosso povo.
Dispensamos os conselhos da Sra. Sánchez. Aqui tratamos, prioritariamente, dos direitos humanos dos brasileiros, que são os de viver em paz, em paz educar-se, e em paz trabalhar, e esses são os direitos de todos os povos do mundo. Ela, não sendo cidadã de nosso país, não deve, nem pode, exigir nada de nosso governo ou de nosso povo.
Dispensamos seus avisos mal-educados e prepotentes, e esperamos que seja festejada pela direita de todos os países que visitará, à custa de seus patrocinadores (como o Instituto Millenium), iludidos pelo seu falso prestígio entre os cubanos.
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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Líder de movimento camponês é assassinado no Paraguai
do Opera Mundi
Um líder do movimento camponês paraguaio foi assassinado no departamento de Concepción, zona central do país. Atingido por pelo menos 15 disparos em sua residência, Benjamín “Toto” Lezcano, de 53 anos, era um ferrenho opositor da monocultura de soja e do uso de sementes transgênicas na região. O crime ocorreu na terça-feira (19).
Dirigentes locais apontam produtores brasileiros como mandantes do crime. Segundo relatos de testemunhas escutadas pela imprensa local, Lezcano foi abordado por dois homens, que chegaram à sua casa a bordo de uma bicicleta. Após o assassinato, os criminosos teriam se escondido em uma fazenda de propriedade de brasileiros e não foram encontrados.
Ainda de acordo com a imprensa local, a polícia já deu início à investigação do crime, mas não conseguiu encontrar rastros dos assassinos. “Trabalhamos com a hipótese de que ele foi executado por pistoleiros dos produtores de soja brasileiros”, descreveu outro dirigente camponês local, Francisco Jara , a meios paraguaios.
Por meio de denúncias e protestos, Lezcano e seus simpatizantes intensificaram, em 2012, o combate contra a expansão dos agronegócios na região de Concepción e San Pedro. Meios locais relatam que Lezcano chegou a ser preso por invasão de imóveis, mas havia ganhado a liberdade recentemente.
Organizações do movimento camponês local ainda analisam as medidas que tomarão para esclarecer o caso. Pelo menos 129 camponeses já morreram nos últimos 25 anos devido ao conflito pela terra no país. Em declarações à imprensa local, Jara afirmou que este tipo de crimes é uma prática frequente de poderosos produtores da região contra camponeses que se manifestam sobre a concentração de terra e o agronegócio contaminante.
Em circunstâncias semelhantes, o dirigente camponês Vidal Vega , de 46 anos, foi assassinado a queima-roupa com três disparos de escopeta, em dezembro do ano passado. Presidente de uma comissão que reivindica terras em Curuguaty , Vega era considerado uma testemunha fundamental para a investigação do conflito que derivou em 17 mortes na região, em junho do ano passado. O evento desatou uma crise que serviu como pretexto para que os opositores do então presidente Fernando Lugo o julgassem politicamente e decidissem por sua deposição.
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Partido e governo
Discrepância. Os governantes foram fiéis aos planos iniciais. O partido nem tanto.
A ideia do PT já se fixava na cabeça de Lula quando o entrevistei pela primeira vez no começo de 1978. Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema, representava a vanguarda de um movimento operário em plena mudança. A reforma partidária engendrada pelo Merlin do Planalto, Golbery do Couto e Silva, na segunda metade de 1979, facilitou-lhe a tarefa.
Singular personagem, Golbery. Única, a seu modo. Fiel do maniqueísmo da Guerra Fria, inventou a ideologia destinada a sustentar o golpe de 1964, estranhamente impregnada por um pretenso, e de fato impossível, propósito democrático. Foi retirado da cena com o fim do curto mandato bienal de Castelo Branco, e só voltou ao governo no período de Ernesto Geisel. Partiu para a demolição do regime que contribuíra a criar, “lenta, gradual, porém segura”, sem que o próprio Geisel tivesse clara noção a respeito.
Enredo singular como a personagem. Mantido na chefia da Casa Civil por Figueiredo, Golbery deu prosseguimento ao seu plano, primeiro com uma anistia ardilosa que não foi “ampla, geral e irrestrita”, depois com a reforma partidária, cujo objetivo era estilhaçar a oposição reunida no MDB do doutor Ulysses, subitamente capacitado a se aproveitar daquelas pretensões democráticas e, a despeito de pressões, ameaças e riscos, a desempenhar um digno e importante papel.
De todo modo, a entrevista de Lula publicada na edição da primeira semana de fevereiro de 1978, deixou Golbery impressionado e muito interessado nos movimentos do astro nascente. Quando Lula ficou preso durante a greve do ABC de 1980, nas dependências do Dops, o mago planaltino enviou a São Paulo dois cavalheiros engravatados com a incumbência de entrevistar o preso no tom de uma conversa de amigos, peripatética, mas sutilmente inquisitiva. Apresentavam-se como subordinados do “cacique”, não melhor especificado, e queriam saber das ideias e tendências políticas do líder metalúrgico.
Golbery sairia do governo em agosto de 1981, em consequência das bombas do Riocentro e da tentativa de Figueiredo e de Octavio Medeiros de emperrar, se possível de vez, o processo de abertura. Da reforma eleitoral resultaram o PMDB de Ulysses, o PP de Tancredo Neves, o PDT de Brizola, a quem a legenda tradicional, PTB, fora sumariamente furtada para ser entregue a Ivete Vargas. E o PT de Lula, que dia 20 deste fevereiro celebrou dez anos de governo.
Longa caminhada, de êxito total. A busca do poder é o alvo de qualquer partido e se eleições fossem convocadas hoje, é mais do que certo que o PT continuaria folgadamente onde se encontra. Como dizia Raymundo Faoro, “eles querem um país de 20 milhões de habitantes e uma democracia sem povo”. Referia-se aos senhores da casa-grande. O governo Lula e agora o de Dilma Rousseff empenharam-se e se empenham para que os milhões se multipliquem às dezenas. E, quanto ao eleitorado, colhem os frutos de sua ação.
É do conhecimento até do mundo mineral que o Brasil progrediu nos últimos dez anos como jamais se dera na sua história, e fique claro que na sua desfaçatez, na sua parvoíce, na sua hipocrisia, a mídia nativa situa-se, queira ou não, em estágio anterior ao mundo mineral. Quem sabe, o magma primevo.
Não evito a seguinte consideração. Uma peculiar discrepância instala-se, na minha visão, entre partido e governo. O PT nasceu à sombra de um ideário político de franco esquerdismo, afinado com os tempos, no Brasil e no mundo. Sobretudo no Brasil, entregue à ditadura. Ao amadurecer, o partido soube adaptar-se às mudanças globais. Hoje pergunto aos meus meditativos botões se os avanços dos últimos dez anos se devem ao PT ou aos governos Lula e Dilma.
Governos do PT? Meus botões não são de cautelas, afirmam: mérito dos governantes, além do mais forçados a alianças nem sempre aprazíveis, a bem da governabilidade. Lula, divisor de águas. Dilma, firme continuadora. À época do surgimento do PT, imaginei um grande, versátil, inteligente partido de esquerda, capaz de produzir mudanças profundas sem maiores conflitos, como se deu em outros cantos do mundo, onde anéis saem dos dedos graúdos somente sob pressão.
O PT não foi essa agremiação ideal, e muitas vezes portou-se como as demais. E muitas vezes ofereceu munição de graça à feroz obsessão da casa-grande. E muitas vezes exibiu inúteis divergências intestinas, a lhe exibirem a fragilidade, quando não a má-fé. E muitas vezes levou a cargos de governos quem não merecia. É a voz dos meus botões.
Singular personagem, Golbery. Única, a seu modo. Fiel do maniqueísmo da Guerra Fria, inventou a ideologia destinada a sustentar o golpe de 1964, estranhamente impregnada por um pretenso, e de fato impossível, propósito democrático. Foi retirado da cena com o fim do curto mandato bienal de Castelo Branco, e só voltou ao governo no período de Ernesto Geisel. Partiu para a demolição do regime que contribuíra a criar, “lenta, gradual, porém segura”, sem que o próprio Geisel tivesse clara noção a respeito.
Enredo singular como a personagem. Mantido na chefia da Casa Civil por Figueiredo, Golbery deu prosseguimento ao seu plano, primeiro com uma anistia ardilosa que não foi “ampla, geral e irrestrita”, depois com a reforma partidária, cujo objetivo era estilhaçar a oposição reunida no MDB do doutor Ulysses, subitamente capacitado a se aproveitar daquelas pretensões democráticas e, a despeito de pressões, ameaças e riscos, a desempenhar um digno e importante papel.
De todo modo, a entrevista de Lula publicada na edição da primeira semana de fevereiro de 1978, deixou Golbery impressionado e muito interessado nos movimentos do astro nascente. Quando Lula ficou preso durante a greve do ABC de 1980, nas dependências do Dops, o mago planaltino enviou a São Paulo dois cavalheiros engravatados com a incumbência de entrevistar o preso no tom de uma conversa de amigos, peripatética, mas sutilmente inquisitiva. Apresentavam-se como subordinados do “cacique”, não melhor especificado, e queriam saber das ideias e tendências políticas do líder metalúrgico.
Golbery sairia do governo em agosto de 1981, em consequência das bombas do Riocentro e da tentativa de Figueiredo e de Octavio Medeiros de emperrar, se possível de vez, o processo de abertura. Da reforma eleitoral resultaram o PMDB de Ulysses, o PP de Tancredo Neves, o PDT de Brizola, a quem a legenda tradicional, PTB, fora sumariamente furtada para ser entregue a Ivete Vargas. E o PT de Lula, que dia 20 deste fevereiro celebrou dez anos de governo.
Longa caminhada, de êxito total. A busca do poder é o alvo de qualquer partido e se eleições fossem convocadas hoje, é mais do que certo que o PT continuaria folgadamente onde se encontra. Como dizia Raymundo Faoro, “eles querem um país de 20 milhões de habitantes e uma democracia sem povo”. Referia-se aos senhores da casa-grande. O governo Lula e agora o de Dilma Rousseff empenharam-se e se empenham para que os milhões se multipliquem às dezenas. E, quanto ao eleitorado, colhem os frutos de sua ação.
É do conhecimento até do mundo mineral que o Brasil progrediu nos últimos dez anos como jamais se dera na sua história, e fique claro que na sua desfaçatez, na sua parvoíce, na sua hipocrisia, a mídia nativa situa-se, queira ou não, em estágio anterior ao mundo mineral. Quem sabe, o magma primevo.
Não evito a seguinte consideração. Uma peculiar discrepância instala-se, na minha visão, entre partido e governo. O PT nasceu à sombra de um ideário político de franco esquerdismo, afinado com os tempos, no Brasil e no mundo. Sobretudo no Brasil, entregue à ditadura. Ao amadurecer, o partido soube adaptar-se às mudanças globais. Hoje pergunto aos meus meditativos botões se os avanços dos últimos dez anos se devem ao PT ou aos governos Lula e Dilma.
Governos do PT? Meus botões não são de cautelas, afirmam: mérito dos governantes, além do mais forçados a alianças nem sempre aprazíveis, a bem da governabilidade. Lula, divisor de águas. Dilma, firme continuadora. À época do surgimento do PT, imaginei um grande, versátil, inteligente partido de esquerda, capaz de produzir mudanças profundas sem maiores conflitos, como se deu em outros cantos do mundo, onde anéis saem dos dedos graúdos somente sob pressão.
O PT não foi essa agremiação ideal, e muitas vezes portou-se como as demais. E muitas vezes ofereceu munição de graça à feroz obsessão da casa-grande. E muitas vezes exibiu inúteis divergências intestinas, a lhe exibirem a fragilidade, quando não a má-fé. E muitas vezes levou a cargos de governos quem não merecia. É a voz dos meus botões.
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CUBANA NÃO QUER LEY DE MEDIOS. O ATAULFO TAMBÉM
A que veio a blogueira cubana, em debate no Estadão: LEI DOS MEIOS PODE PROVOCAR MAIS “MORDAÇAS DO QUE REGULAÇÃO”, ALERTA BLOGUEIRA
A blogueira cubana Yoani Sánchez disse que pode haver “mais mordaças do que regulação” nas leis que fiscalizam a imprensa. O tema foi abordado na manhã desta quinta-feira, 21, em encontro promovido pelo Estadão. Observada por 54 veículos de comunicação brasileiros e estrangeiros presentes no evento, ela avaliou que a questão é perigosa e a comparou a “brincar com fogo”.
Com a garganta cansada, depois de 55 minutos de conversa e de três dias intensos de palestras e encontros em solo brasileiro, Yoani tomou três goles d’água e chupou uma pastilha. Ela alertou que é preciso tomar cuidado ao falar em regulação da mídia e alertou que, se não for feita da forma adequada, pode resultar em repressão.
“Quando se regula os meios de comunicação há uma linha tênue entre responsabilidade jornalística e censura. Que a regulação seja em nível legal e não a mando de governos. Cuidado, porque podemos voltar a uma situação de mais mordaças do que regulação”, disse a dissidente da ditadura comandada pelos irmãos Fidel e Raúl Castro. (…)
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Como “blogueira suja”, por que ela não vai debater liberdade de expressão no Barão de Itararé?
Paulo Henrique Amorim
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LULA PROMETEU E CUMPRIU
O discurso do ex-presidente Lula no ato de comemoração dos 10 anos de governo democrático e popular.
Palestino indicado ao Oscar é detido nos EUA
Emad Burnat tentou desembarcar em Los Angeles para participar do Oscar, já que recebeu a indicação de melhor documentário Foto: Guy Davidi
Cineasta palestino detido nos EUA critica: "é uma ocorrência diária"
Indicado ao Oscar deste ano na categoria de melhor filme documentário, o co-diretor de Cinco Câmeras Quebradas Emad Burnat foi detido por agentes da Imigração dos Estados Unidos no aeroporto de Los Angeles, na terça-feira (19), ao tentar entrar no país para participar da premiação. O palestino, que estava acompanhado da mulher e do filho, foi alvo de vários questionamentos por parte dos funcionários. Resolvida a confusão, ele disse ao site The Hollywood Reporter que seu povo enfrenta esse tipo de situação diariamente.
“Embora essa tenha sido uma experiência desagradável, é uma ocorrência diária para os palestinos, a cada dia, em toda a Cisjordânia. Há mais de 500 postos de controle israelenses, bloqueios de estradas e outras barreiras à circulação em toda a nossa terra, e nenhum de nós tem sido poupado da experiência que eu e minha família experimentamos ontem. A nossa (experiência) foi um exemplo muito menor do que a que o meu povo enfrenta todos os dias", declarou Burnat.
O cineasta ainda detalhou como foram os momentos em que ficou detido no departamento de Imigração: "ontem à noite, a caminho da Turquia para Los Angeles, na Califórnia, eu e minha família fomos detidos pela Imigração dos EUA por cerca de uma hora e questionados sobre o propósito da minha visita aos Estados Unidos”.
"Os funcionários da Imigração pediram uma prova de que fui nomeado ao Oscar pelo documentário Cinco Câmeras Quebradas e eles me disseram que, se eu não pudesse provar o motivo da minha visita, minha esposa Soraya, meu filho Gibreel e eu seríamos enviados de volta para a Turquia no mesmo dia. Depois de 40 minutos de perguntas e respostas, Gibreel me perguntou por que nós ainda estávamos esperando naquela sala pequena. Eu simplesmente disse-lhe a verdade: 'talvez nós tenhamos que voltar'. Eu pude ver seu coração afundar”, continuou o palestino.
O cineasta Michael Moore, que recebeu em 2003 o Oscar de melhor documentário por Tiros em Columbine, comentou sobre o assunto em seu Twitter. "Apesar de ter apresentado o convite para a cerimônia do Oscar, isso não foi suficiente para as autoridades, que o ameaçaram de enviar de volta à Palestina", relatou ele na noite de terça-feira, quando ocorreu o incidente.
"Os agentes de Imigração e Alfândega não puderam entender como um palestino poderia ter sido indicado ao Oscar. Emad me enviou uma mensagem pedindo ajuda", acrescentou Moore, que afirmou ter entrado em contato com funcionários da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que consultaram seus advogados. "Depois de uma hora e meia, decidiram deixá-lo em liberdade", finalizou o cineasta.Um porta-voz do Escritório de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos, Jaime Ruiz, disse que a agência irá emitir uma declaração sobre o incidente, mas não fez nenhum comentário adicional.
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Cineasta palestino detido nos EUA critica: "é uma ocorrência diária"
Indicado ao Oscar deste ano na categoria de melhor filme documentário, o co-diretor de Cinco Câmeras Quebradas Emad Burnat foi detido por agentes da Imigração dos Estados Unidos no aeroporto de Los Angeles, na terça-feira (19), ao tentar entrar no país para participar da premiação. O palestino, que estava acompanhado da mulher e do filho, foi alvo de vários questionamentos por parte dos funcionários. Resolvida a confusão, ele disse ao site The Hollywood Reporter que seu povo enfrenta esse tipo de situação diariamente.
“Embora essa tenha sido uma experiência desagradável, é uma ocorrência diária para os palestinos, a cada dia, em toda a Cisjordânia. Há mais de 500 postos de controle israelenses, bloqueios de estradas e outras barreiras à circulação em toda a nossa terra, e nenhum de nós tem sido poupado da experiência que eu e minha família experimentamos ontem. A nossa (experiência) foi um exemplo muito menor do que a que o meu povo enfrenta todos os dias", declarou Burnat.
O cineasta ainda detalhou como foram os momentos em que ficou detido no departamento de Imigração: "ontem à noite, a caminho da Turquia para Los Angeles, na Califórnia, eu e minha família fomos detidos pela Imigração dos EUA por cerca de uma hora e questionados sobre o propósito da minha visita aos Estados Unidos”.
"Os funcionários da Imigração pediram uma prova de que fui nomeado ao Oscar pelo documentário Cinco Câmeras Quebradas e eles me disseram que, se eu não pudesse provar o motivo da minha visita, minha esposa Soraya, meu filho Gibreel e eu seríamos enviados de volta para a Turquia no mesmo dia. Depois de 40 minutos de perguntas e respostas, Gibreel me perguntou por que nós ainda estávamos esperando naquela sala pequena. Eu simplesmente disse-lhe a verdade: 'talvez nós tenhamos que voltar'. Eu pude ver seu coração afundar”, continuou o palestino.
O cineasta Michael Moore, que recebeu em 2003 o Oscar de melhor documentário por Tiros em Columbine, comentou sobre o assunto em seu Twitter. "Apesar de ter apresentado o convite para a cerimônia do Oscar, isso não foi suficiente para as autoridades, que o ameaçaram de enviar de volta à Palestina", relatou ele na noite de terça-feira, quando ocorreu o incidente.
"Os agentes de Imigração e Alfândega não puderam entender como um palestino poderia ter sido indicado ao Oscar. Emad me enviou uma mensagem pedindo ajuda", acrescentou Moore, que afirmou ter entrado em contato com funcionários da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que consultaram seus advogados. "Depois de uma hora e meia, decidiram deixá-lo em liberdade", finalizou o cineasta.Um porta-voz do Escritório de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos, Jaime Ruiz, disse que a agência irá emitir uma declaração sobre o incidente, mas não fez nenhum comentário adicional.
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