quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Sobrinho de Jatene enriquece a olhos vistos e comanda o nordeste do Pará.

Jatene: sobrinho é o mais novo milionário do pedaço. E megaporto em Inhangapí vai aumentar ainda mais essa fortuna.

Só por um terreno ele pagou R$ 1 milhão e duas de suas fazendas somam mais de 5 mil hectares. E mais: um investimento de R$ 66 milhões do governo vai valorizar ainda mais as terras do sobrinho do governador. Afinal, de onde vem a fortuna de Eduardo Salles?  

No Blog da Perereca

Em outubro de 2011, um possível abalo estrutural no edifício Wing, em Belém, revelou um fato surpreendente: pelo menos quatro parentes diretos do governador Simão Jatene possuíam apartamentos naquele prédio – a ex-mulher dele, Heliana, os dois filhos deles, Izabela e Alberto, e a ex-sogra do governador.
A surpresa nasceu da disparidade entre as posses conhecidas da família Jatene e o valor de mercado dos apartamentos do Wing, localizado no bairro do Umarizal, o metro quadrado mais caro de Belém.
Cada apartamento ali (um por andar) valia, na época, um milhão de reais.
Além disso, na declaração que entregou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas eleições de 2010, Jatene afirmou possuir R$ 1,2 milhão em bens – e isso depois de se separar de Heliana.
No entanto, Jatene, Heliana e Izabela sempre foram apenas funcionários públicos.
E o próprio Alberto, o “Beto Jatene”, antes de se transformar em um esfuziante proprietário de bares e casas noturnas, também trabalhou como assessor, no Tribunal de Contas do Estado do Pará.
Daí a dúvida: de onde veio tanto dinheiro, já que o próprio Jatene declarou, em entrevistas e biografias eleitorais, que, na juventude, teve até de tocar em bares, para sobreviver?
No entanto, ainda mais impressionante do que os apartamentos do Wing é o enriquecimento de outro parente direto do governador: o empresário castanhalense Eduardo Salles, sobrinho de Jatene.
Eduardo está, simplesmente, milionário.
Só por um terreno na rodovia Mário Covas, em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, ele pagou, em abril do ano passado, R$ 1 milhão.
Apenas uma de suas fazendas, a Alvorada, no km 3 da PA-420, em Inhangapi, tem cerca de dois mil hectares e obteve autorização da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), para a criação de 700 reses da raça Nelore.
Outra fazenda, a Gato Preto, no km 9 da mesma rodovia, se estende por quase 3.500 hectares.
Além disso, uma de suas empresas, a ESalles Construções, ficou de integralizar R$ 3 milhões, até dezembro de 2015, num badalado empreendimento de Castanhal: o loteamento Salles Jardins, que abrange uma área superior a 400 hectares, no coração daquele município.
Mas o terreno da Mário Covas, o Salles Jardins e as fazendas Alvorada e Gato Preto são apenas uma parte do patrimônio de Eduardo, cuja dimensão exata ainda se desconhece - embora já se saiba que ele possui outras empresas, além de fazendas, e que até exporta gado para o Líbano.
O desconcertante é que, até 1997, Eduardo vivia numa situação aflitiva: dos sete imóveis que possuía, teve de se desfazer de quatro.
E dos três que restaram, dois estavam hipotecados ou foram parcialmente vendidos.
Ele, a mulher e os pais dele, aliás, chegaram a ser processados pela Caixa Econômica Federal, devido à falta de pagamento de um empréstimo.
Mas, a partir de 1997, Eduardo começou a adquirir dezenas de terrenos nos municípios de Castanhal e Inhangapi – e sabe-se lá onde mais.
Na época, Jatene era o todo poderoso secretário de Planejamento do governo, o braço-direito do então governador, Almir Gabriel.
Foi Jatene quem comandou, entre 1997 e 1998, a privatização das Centrais Elétricas do Pará (Celpa), sobre a qual até hoje pairam suspeitas acerca do destino dos R$ 400 milhões envolvidos naquela transação.
E foi Jatene quem comandou, também, a arrecadação financeira para as campanhas eleitorais do PSDB do Pará, em 1998 e 2002.
Devido à arrecadação da campanha de 2002, o governador até hoje responde a um inquérito, por corrupção, que se arrasta há 9 anos, nas idas e vindas entre a Justiça Federal do Pará e o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
No inquérito, Jatene e secretários de Estado da época são acusados de receber R$ 16,5 milhões da Cerpasa, uma cervejaria paraense, em troca do perdão de milionárias dívidas fiscais.
Desses R$ 16,5 milhões, R$ 4 milhões teriam abastecido o caixa dois da campanha eleitoral de Jatene, em 2002, quando ele se elegeu governador do Pará pela primeira vez.
O restante do dinheiro teria sido apenas e tão somente propina - e paga em prestações (leia aqui sobre o Caso Cerpasa: http://pererecadavizinha.blogspot.com.br/2013/01/um-comeco-preocupante-zenaldo-nomeia.html).
Em 2006, a Perereca da Vizinha publicou uma série de reportagens sobre o enriquecimento de Eduardo Salles, já então impressionante.
Na época, o blog mostrou que Eduardo havia adquirido nada menos que 35 terrenos, entre 1997 e 2001, apenas nos municípios de Castanhal e Inhangapi, que perfaziam mais de 2.700 hectares.
Desse total, 8 foram comprados entre 1997 e 1998.
6 foram adquiridos em 2000.
21 foram comprados em 2001.
E mais: esses 2.700 hectares adquiridos por Eduardo em apenas quatro anos, entre 1997 e 2001, representaram um patrimônio 7 VEZES SUPERIOR àquele que ele registrou nos 17 anos anteriores, entre 1979 e 1996.
O blog também mostrou os negócios de Eduardo Salles com o Governo do Estado, inclusive no primeiro governo de Jatene.
Além de alugar uma casa à Polícia Civil, para o funcionamento da Superintendência Regional do Salgado (o que lhe rendeu pelo menos meio milhão de reais), uma empresa ligada a Eduardo, a Engecon, faturou quase R$ 3,5 milhões em obras viárias, em valores da época.
Não bastasse isso, projetos do Governo do Estado, em Inhangapi, ajudaram a valorizar as terras compradas pelo sobrinho do governador.
Uma situação semelhante a que acontecerá agora, quando o Governo Jatene se prepara para investir R$ 66 milhões na construção de um megaporto em Vila Pernambuco, na já célebre Inhangapi.
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