sábado, 28 de maio de 2011

Berlusconi se agarra à tábua de salvação da xenofobia


Derrotado pela Refundação Comunista em seu reduto e despencando em popularidade, Berlusconi tenta salvar-se convocando italianos para xenofobia explícita.

Por Luís F. C. Nagao
O suposto cavaliere, enfim, soltou as frangas. No último domingo (22/5), mal terminara o primeiro turno das eleições para governos municipais italianos quando o primeiro-ministro Silvio Berlusconi dirigiu-se a correligionários e despejou seu ódio. Referindo-se a Milão, onde fez fama e fortuna, previu: em caso de vitória dos adversários, a elegante metrópole do Norte iria converter-se em “uma cidade islâmica, um acampamento de ciganos, cheia de romenos e assediada pelos estrangeiros, aos quais a esquerda tem dado o direito de votar”.
O orgulho do premiê fora humilhado. Sua popularidade, abalada pela crise econômica e escândalos sexuais, despencara a 31%, em abril. Nas eleições do fim de semana, seu partido, o “Poppolo della Libertà” (PDL) fora liquidado, já na primeira volta, em cidades importantes, como Bolonha e Turim. Mas o vexame mais arrasador deu-se no próprio reduto de Berlusconi. O advogado Giuliano Pisapia, quase outsider no grande jogo da política institucional – obtivera 48% dos votos, contra 41,6% dados à candidata da direita, Letizia Moratti. Tornara-se favorito para o turno decisivo (marcado para este 29/5). Giuliano, oriundo do Partido da Refundação Comunista (PRC), concorre pela coligação de centro-esquerda.
Mas o destempero que pareceu, à primeira vista, fruto de choque emocional do premiê converteu-se, nos dias seguintes, em estratégia. Ao invés de diluir o mal-estar provocado pelo discurso xenófobo, a direita italiana passou a explorá-lo. Em Milão, sua campanha degenerou para uma tentativa de fazer aflorar os recalques dos italianos conservadores contra o outro, na esperança de que uma onda de medo possa reverter a derrota.
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