sábado, 28 de maio de 2011

Zelaya volta a Honduras em meio a divergências entre apoiadores e violações de direitos humanos

Depois de quase dois anos de negociações, o ex-presidente de Honduras, Manuel Zelaya, retorna ao país neste sábado (28/05), abrindo caminho para a reintegração do país a OEA (Organização dos Estados Americanos), órgão do qual foi suspenso em outubro de 2009, após o golpe de Estado que depôs o então presidente.
Exilado na República Domicana, Zelaya regressará agora para uma Honduras diferente da que deixou em janeiro do ano passado, a começar pelo cenário político. Após sua deposição, grande parte da base aliada de seu partido, o PL (Partido da Liberdade), deixou de apoiar Zelaya por considerá-lo muito radical e acusá-lo de abandonar a organização para dedicar-se apenas a FNPR (Frente Nacional de Resistência Popular), coalizão formada principalmente por simpatizantes de esquerda.
Durante seu exílio, Zelaya provocou polêmica com os aliados liberais ao dizer que se considera um "liberal pró-socialista", o que foi considerado contraditório já que o PL, junto com  o atual governante PN (Partido Nacional), é um dos dois grandes grupos conservadores que dominaram a política de Honduras.
Para o dirigente Edmundo Orellana, que foi seu ministro em três diferentes carteiras, em seu retorno Zelaya deve definir se militará pela FNPR ou pelo PL.
A FNPR, por sua vez, garante que Zelaya deixou o liberalismo e militará apenas para a frente. Para o subcoordenador da frente, John Baker, Zelaya chegou ao poder por meio de um "partido oligarca", mas agora, após o exílio, é a hora do ex-presidente atuar de uma forma mais próxima ao povo, por meio da FNPR.
Em declarações à imprensa hondurenha, Baker afirmou que para o sábado (28/05), os simpatizantes do ex-presidente prepararam carreatas e passeatas pelas principais ruas de Tegucigalpa. A FRNP, porém, proibiu bandeiras vermelhas e brancas, que representam o liberalismo, bem como as do partido esquerdista UD (Unificação Democrata).
Segundo o encarregado da FNRP para a recepção de Zelaya, Gilberto Ríos, a frente espera mobilizar um milhão de hondurenhos para a praça Isis Obed Murillo, localizada na zona sul do aeroporto internacional de Toncontín.
Nesta sexta-feira (27/05), trabalhadores, camponeses, indígenas, mulheres, políticos  progressistas, e representantes de outros setores no país foram convocados pela FNRP para participar das manifestações pró-Zelaya.
Zelaya foi deposto por um golpe de Estado militar em 28 de junho de 2009 e se exilou na República Dominicana. A efetivação de seu retorno foi fruto de um longo diálogo com o atual governo, intermediado pela Colômbia e pela Venezuela, que também lideraram as negociações para a reincorporação de Honduras à OEA.
O ex-presidente, por sua vez, impôs como condição para seu regresso a anulação dos processos de corrupção que corriam contra ele, decisão que foi tomada no início de maio.
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