terça-feira, 8 de março de 2011

BARACK IBROMA pede que Arábia Saudita arme rebeldes líbios

Por Robert Fisk, The Independent

Desesperadamente necessitado de evitar qualquer envolvimento direto do exército dos EUA na Líbia, no caso de luta prolongada entre o regime de Gaddafi e seus opositores, os EUA consultaram a Arábia Saudita sobre a possibilidade de fornecer armas aos rebeldes em Benghazi.
O reino saudita, que já enfrenta um “dia de fúria” dos seus 10% de muçulmanos xiitas, marcado para a próxima 6ª-feira, e já proibiu todas as manifestações públicas, ainda não respondeu à consulta ultrassecreta de Washington, apesar de o rei Abdullah odiar pessoalmente o líder líbio, que tentou assassiná-lo há apenas um ano.
A consulta-pedido de Washington soma-se a outras operações de cooperação militar dos EUA com os sauditas. A família real em Jeddah, que esteve profundamente envolvida no escândalo dos “Contra” durante o governo Reagan, deu então imediato apoio aos esforços dos EUA para armar guerrilheiros que combatiam contra o exército soviético no Afeganistão em 1980 e depois – o que causou profunda lástima em Washington – também garantiu dinheiro e armas aos Talibã.
Mas os sauditas são o único aliado que restou aos EUA, estrategicamente bem localizado e capaz de fornecer armas aos rebeldes anti-Gaddafi na Líbia. A ajuda dos sauditas permitiria que Washington negasse oficialmente qualquer envolvimento militar na cadeia de suprimento para os grupos anti-Gaddafi, apesar de as armas presenteadas aos rebeldes serem fabricadas nos EUA e compradas pelos sauditas.
Os sauditas foram informados de que, como artigos de primeira necessidade para resistir aos tanques de Gaddafi, os grupos da oposição estão carentes de foguetes antitanque e morteiros, além de também precisarem de mísseis terra-ar, para resistir aos jatos-bombardeiros.
Tais artigos de primeira necessidade poderiam chegar a Benghazi em 48 horas, mas teriam de ser entregues em bases aéreas em território líbio ou no aeroporto de Benghazi. Se os rebeldes conseguirem manter a ofensiva e atacarem as fortalezas de Gaddafi no oeste da Líbia, a pressão política que fazem EUA e OTAN – além da pressão que o Partido Republicano faz hoje no Congresso, para que se estabeleça uma zona aérea de exclusão [orig. a no-fly zone] – diminuiriam.
Os estrategistas militares dos EUA já informaram que, para estabelecer qualquer tipo de zona aérea de exclusão, é indispensável que a capacidade de ataque dos EUA contra a Líbia esteja ativa; com o quê, Washington já estaria diretamente inserida na guerra, ao lado dos que se opõem a Gaddafi.
Já há vários dias, os aviões espiões do Sistema Aerotransportado de Alerta e Controle (ing. Airborne Warning and Control System, AWACS) dos EUA circulam em torno de território líbio, em contato permanente com o controle aéreo de Malta, pedindo informações sobre os aviões líbios nas últimas 48 horas, planos de voo e rotas, inclusive todos os planos de voo do jato privado de Gaddafi – que voou da Líbia à Jordânia e de volta à Líbia, pouco antes do fim de semana.
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