Sua expectativa era que o Governo precisasse dele para aprovar a CPMF no Senado. Mas foi um equívoco que o levou a uma situação insustentável. Negociou com Mercadante a garantia do mandado pelo afastamento da Presidência. Acordou e não cumpriu.
Renan Calheiros tem ainda um mandado de Senador por mais três anos e cinco meses. Termina em fevereiro de 2011. Quando gostaria de retornar como Senador e como Presidente do Senado. Para isso precisa evitar a cassação, com perda de direitos eleitorais, e ser re(eleito) Senador por Alagoas em 2010.
O seu mandato como Presidente do Senado termina em fevereiro de 2009 e não pode ser reeleito.Está sob risco de perda antecipada da Presidência, do mandato e da sua carreira política. Mais ainda, sob risco de processos criminais, sem a cobertura do foro privilegiado.
Com o acumulação dos problemas, a sua última trincheira é a preservação do mandato, com a possibilidade de retorno em 2011.
Poderá tentar a candidatura ao Governo do Estado de Alagoas, quando então provavelmente teria que enfrentar o seu antigo aliado, Fernando Collor de Melo. Uma saída agora seria se candidatar à Prefeitura de Maceió, ou mesmo de Murici. Uma saída não tão honrosa, mas uma saída.
Para isso Renan precisa - em primeiro lugar - submergir, pessoalmente, e esperar que a pressão da mídia, sobre ele, amaine. Os colegas não estarão tão empenhados em combatê-lo, se a mídia não estiver com os holofotes em cima dele.
Precisa que a sua tropa de choque consiga postergar indefinidamente os processos contra ele, na Comissão de Ética. Evitar que cheguem ao plenário.
Para isso precisa que o Governo cumpra a sua parte no acordo, mantendo o apoio, que não é apenas político ou declarativo: está nas nomeações, liberações de emendas e outras medidas a favor dos seus aliados. Para assegurar uma votação contra a sua cassação.
As suas articulações serão feitas através de José Sarney, que é o principal fiador das estratégias de salvamento.
O Governo precisa do Senado para aprovar a prorrogação da CPMF e do Congresso para aprovar o orçamento para 2008. Não foi sem propósito que Renan aguardou até agora para pedir licença. Esperou que a PEC da CPMF fosse aprovada pela Câmara dos Deputados para ser encaminhada ao Senado.
À noite, na véspera do feriadão, a repercussão junto foi menor. Uma grande parte já estava presa nas estradas, sabendo - quando muito - pelo rádio. Apesar do alarde, os jornais serão menos lido. O noticiário da TV menos visto. A edição semanal da Veja poderá dar destaque, mas terá menos leitores.
Nos bastidores - agora com menos visibilidade - continuará articulando, tendo como uma outra batalha o seu afastamento definitivo e sua substituição na Presidência do Senado.
Aparentemente, o afastamento de Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon, da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) teria sido para forçar a saída deles do PMDB e com isso eliminar - definitivamente - o fantasma de sua substituição na Presidência do Senado, por Jarbas Vasconcelos.
A articulação será feita para um mandato "tampão", já que o novo Presidente do Senado não poderá ser reeleito em 2008, para o biênio 2009/10. O jogo será para encurtar o máximo esse mandato, o que significa, em contrapartida, o maior esticamento possível para permanência de Renan, com o todas as licenças legais possíveis, e Tião Viana, como o presidente interino.
O jogo é contra o tempo.
O que ainda não foi dito é porque a mídia resolveu "derrubar" Renan. Não podemos ter a ingenuidade que foi em nome da ética e da verdade. Há razões ocultas que não foram reveladas. Com a licença de Renan, essas razões teriam sido superadas?
O que o seu eventual sucessor terá que cumprir, que Renan não cumpriu?
O jogo não terminou.
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