sábado, 7 de março de 2020

DOSSIÊ: AS ILEGALIDADES DA LAVA JATO


Exclusivo: Pedro Serrano comenta a cooperação jurídica irregular na Lava Jato. Confirmada 
pelo dossiê Intercept, a atuação à margem da lei seria suficiente para anular a operação, avalia 
o jurista
Por Cíntia Alves
Jornal GGN – A Lava Jato perseguiu e tentou impedir que advogados descobrissem os rastros de 
“crimes” e “ilegalidades” cometidos na operação, sobretudo a respeito da cooperação jurídica 
informal com autoridades estrangeiras. É o que afirma o advogado constitucionalista Pedro Serrano, 
em entrevista exclusiva ao GGN.
Serrano está entre os advogados perseguidos pela Lava Jato, por ter buscado averiguar os 
procedimentos adotados na obtenção de provas no exterior – usadas contra os investigados 
principalmente para extrair acordos de delação premiada.
“Pedi certidões em casos anteriores ao da Lava Jato e na Lava Jato. Pedi certidão também ao 
Ministério da Justiça, com uma série de questões que são padrões, justamente para verificar [os 
procedimentos]”, diz.
As dúvidas em torno da lisura em trâmites seguidos pela Lava Jato estiveram presentes desde o 
início da operação. Mas ficaram escancaradas quando, em 2018, um procurador dos Estados Unidos 
admitiu a constante troca de informações com a força-tarefa do Ministério Público, à margem dos 
canais oficiais. Somente quando o caso estava pronto para ser apresentado ao Juízo, é que os 
procuradores acionavam o protocolo correto, para passar um verniz de legalidade na cooperação até 
então irregular. O GGN explica em detalhes no vídeo abaixo.

Ao revelar mensagens de Telegram trocadas entre os procuradores de Curitiba, o site The Intercept 
Brasil apenas confirmou as suspeitas antes levantadas: havia, de fato, uma parceria informal e 
indevida para processar determinados réus na Lava Jato. E não só com os procuradores norte-
americanos, mas também com os da Suíça.
“Em outros casos rumorosos no Brasil já havia esse tipo de prática ilícita e ilegal. Mas o pior é que 
eles [da Lava Jato] começaram a reagir contra advogados que tomaram medidas. Contra mim, contra 
uma série de pessoas, uma reação autoritária, querendo dizer que os advogados não poderiam saber 
dessas coisas”, conta Serrano.
“Advogado tem direito de saber de ilegalidades. Eu posso não saber do conteúdo da prova obtida 
(contra o cliente), se ela for sigilosa, mas o meio como ela foi obtida, o procedimento administrativo 
que foi seguido, é direito de qualquer cidadão saber, e do advogado”, defende.
“Na Lava Jato eu fui atrás e fui perseguido, e depois veio a revelação: é que tinha um monte de 
ilegalidades e de crimes ali cometidos. Eles [os procuradores de Curitiba] não podem ser processados 
porque a Vaza Jato não pode ser usada para condenar ninguém. Mas que a conduta ilícita houve, está 
ali, está provada”, dispara.
Serrano explica que, “quando você traz um documento ilicitamente da Suíça, você está vulnerando a 
Constituição suíça e a brasileira.” Não à toa, as autoridades de Berna batizaram a ação de 
“colaboração selvagem”, porque “não observa direitos e garantias na hora de mandar documentos 
para cá.”
Na Suíça, o procurador que se aventurou na cooperação irregular foi exemplarmente punido. No 
Brasil, a força-tarefa da Lava Jato segue intocada sob qualquer aspecto crítico de seu trabalho.
A opinião de Serrano, ao final, converge com a de outros advogados que atuaram na operação: “Em 
qualquer País sério do mundo”, essa cooperação irregular, “selvagem”, “seria motivo para anular 
toda a operação.” E conclui: “Aliás, é disso que eles tinham medo.”
Pedro Serrano recebeu a jornalista Cintia Alves em sua residência, em São Paulo, em novembro 
de 2019. O advogado foi entrevistado para a série documental “Lava Jato Lado B”, que expõe a 
influência dos Estados Unidos na Lava Jato e discute a indústria do compliance. Confira a 
playlist no Youtube:

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