Sargento Ailton posa com camisa de Bolsonaro durante ato de campanha em 2018Imagem:
Reprodução/ Facebook
Igor Mello Do UOLUm vereador bolsonarista está entre as lideranças do motim no quartel da Polícia Militar do Ceará
onde o senador Cid Gomes (PDT-CE) foi baleado na quarta-feira (19). Filiado ao Solidariedade,
Sargento Ailton é ligado a movimentos de direita e se engajou na campanha do presidente Jair
Bolsonaro e participa de atos de apoio a ele no estado ao menos desde 2017.
Sargento Ailton estava na espécie de trincheira improvisada pelos policiais no batalhão da cidade no
Sargento Ailton estava na espécie de trincheira improvisada pelos policiais no batalhão da cidade no
momento em que o senador foi baleado. À frente da manifestação, era um dos poucos presentes que
não estavam encapuzados. Instantes antes de os tiros serem disparados, o vereador —que é sargento
da Polícia Militar do Ceará— bateu boca com Cid, que chegou a tentar agarrá-lo pela
camisa.Sargento Ailton afirma em seu perfil no Facebook ter atuado como uma das lideranças da
última greve de policiais militares no Ceará, entre dezembro de 2011 e janeiro de 2012. Na ocasião,
Cid Gomes era governador do estado e decretou estado de emergência em razão da paralisação.
Homens das Forças Armadas e da Força Nacional foram deslocados pela ex-presidente Dilma
Rousseff (PT) para patrulhar as ruas do Ceará. Ele foi dirigente da Aspra-CE (Associação dos Praças
do Estado do Ceará).
Ao menos desde meados de 2017, ele demonstra estar integrado à liderança da militância
bolsonarista no estado. Ligado a grupos de direita da região, ele participou em novembro daquele
ano de uma carreata e da inauguração de um outdoor em homenagem a Bolsonaro na cidade. Ao lado
dele estava o hoje deputado federal Heitor Freire, presidente do PSL no Ceará e responsável pela
organização da campanha de Bolsonaro no estado.
Sargento Ailton e Arthur Freire voltaram a estar juntos em um evento bolsonarista em Sobral em
dezembro de 2017. Na ocasião, também estava presente o youtuber André Fernandes, eleito o
deputado estadual mais votado do Ceará pelo PSL.
Em 2018, Sargento Ailton lançou-se candidato a deputado estadual pelo Solidariedade, em
Em 2018, Sargento Ailton lançou-se candidato a deputado estadual pelo Solidariedade, em
dobradinha com o ex-deputado federal Cabo Sabino —apontado como líder do motim em todo o
estado. Apesar de seu partido formalmente ter feito parte da coligação de Geraldo Alckmin (PSDB),
ele fez campanha abertamente para Bolsonaro, deixando-se fotografar constantemente com camisas
em homenagem ao presidente. Mesmo assim, obteve apenas 7.387 votos e não conseguiu se eleger.
No ano passado, o vereador também participou de manifestações de rua em apoio ao governo
Bolsonaro em Sobral.
Em transmissão no Facebook após o tumulto, Sargento Ailton negou que tenha mobilizado policiais
Em transmissão no Facebook após o tumulto, Sargento Ailton negou que tenha mobilizado policiais
para a greve.
"Quando me viram, muitos me ameaçaram de morte. Atribuindo culpas que eu não tenho. Vim como
"Quando me viram, muitos me ameaçaram de morte. Atribuindo culpas que eu não tenho. Vim como
qualquer outro servidor, não instiguei ninguém. Quem está aqui, está porque quer", disse.
O UOL tentou contato com o gabinete do vereador na Câmara Municipal de Sobral, mas ninguém
O UOL tentou contato com o gabinete do vereador na Câmara Municipal de Sobral, mas ninguém
respondeu às chamadas.
Vereador filmou momento em que Cid foi baleado
Vereador filmou momento em que Cid foi baleado
Ativo nas redes sociais, Sargento Ailton fez transmissões ao vivo no Facebook durante o ato de
ontem. Em uma das transmissões, gravava a retroescavadeira usada por Cid Gomes quando o
senador foi baleado. Imagens obtidas pelo jornal Diário do Nordeste, do Ceará, mostram que ao
menos três homens atiraram contra o senador. Dois deles estavam próximos a Sargento Ailton, na
primeira fileira de manifestantes.
Antes do tumulto, o vereador havia gravado outra live onde ironizou Cid Gomes, que já havia
anunciado sua ida ao local. Ele disse que não havia policiais armados no piquete.
"Estão todos desarmados, ninguém quer confronto. Sei que ele quer tirar a nossa situação de ânimo
"Estão todos desarmados, ninguém quer confronto. Sei que ele quer tirar a nossa situação de ânimo
para que a gente possa revidar, mas ele não vai encontrar isso", afirmou.
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