quarta-feira, 8 de janeiro de 2020
Lula: Brasil tem que agir como construtor da paz, não se meter em confusão
247 - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concede entrevista na manhã desta quarta-feira (8)
ao portal Diário do Centro do Mundo (DCM) e comenta o conflito entre Estados Unidos e Irã e o
posicionamento do governo brasileiro, de Jair Bolsonaro, em defesa do atentado cometido por
Donald Trump, que matou o general iraniano Qassem Soleimani.
Lula resgatou o papel do Brasil como articulador da paz no mundo, lembrou a intermediação feita
por seu governo para o acordo nuclear com o Irã e afirmou que o Brasil historicamente sempre foi
um país que buscou a paz. "Não tem que se meter em confusão com briga externa", ressaltou.
“O Brasil sempre manteve uma política diplomática coerente e corajosa, um construtor de
harmonia”, diz ele, referindo-se às últimas ações inconsequentes do Itamaraty, que em nota,
defendeu os EUA com "apoio à luta contra o flagelo do terrorismo". O Irã cobrou explicações do
Brasil sobre esse posicionamento.
Sobre as motivações de Trump, ele avalia que a potência estadunidense historicamente sempre
precisou “arrumar um inimigo” e considera que o ataque ao Irã “está cheirando a campanha eleitoral".
“Trump sabe que não está fácil uma reeleição com a quantidade de coisas que ele faz e fala, por isso
o discurso ‘América para os americanos’, essa coisa bem bairrista, funciona”, disse. "Ele pode perder
as eleições, e sempre uma guerra ajuda muito", completou.
Lula mandou um recado direto para o ocupante do Planalto: "Bolsonaro, o Brasil não precisa disso.
Não precisa ser lambe-botas de ninguém. Precisa ser respeitado pela Bolívia e pelos Estados Unidos,
pela China e pelo Uruguai, pelo Paraguai e pela Rússia. É assim que se constrói um país capaz de ser
um agregador".
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