No mesmo dia em que a Lava Jato voltou a atacar a família Lula da Silva, o novo presidente
argentino assumiu o poder anunciando medidas contra o chamado lawfare em seu país.
Por Victor Farinelli
“Precisamos de cidadania na democracia”, começou dizendo Alberto Fernández, presidente da
Por Victor Farinelli
“Precisamos de cidadania na democracia”, começou dizendo Alberto Fernández, presidente da
Argentina, ao tocar no tema da Justiça, um dos mais delicados do seu discurso durante a cerimônia
de posse, nesta terça-feira (10), no Congresso Nacional do país.
Fernández disse que “sem uma Justiça realmente independente do poder político, não há república
nem democracia, somente um conjunto de juízes que passam a atuar para satisfazer os poderosos de
turno e a castigar aqueles que o enfrentam”.
Com a autoridade de quem é um dos mais renomados juristas da Argentina, professor decano da
Com a autoridade de quem é um dos mais renomados juristas da Argentina, professor decano da
Faculdade de Direito da Universidade de Buenos Aires, Alberto Fernández aproveitou essa
introdução para descrever o cenário dos últimos quatro anos como “um processo de deterioração da
Justiça, onde vimos perseguições indevidas e detenções arbitrárias, induzidas por aqueles que
governam e silenciada por certa complacência midiática”.
Fernández se referia aos mais de 9 processos judiciais contra a ex-presidenta, e agora sua vice-
Fernández se referia aos mais de 9 processos judiciais contra a ex-presidenta, e agora sua vice-
presidenta, Cristina Kirchner, além das prisões preventivas de ao menos dois de seus ex-ministros e
outras figuras dos anteriores governos.
“Por isso venho a manifestar diante desta assembleia e de todo o povo argentino, um contundente
“Por isso venho a manifestar diante desta assembleia e de todo o povo argentino, um contundente
nunca mais. Nunca mais a uma justiça contaminada por serviços de inteligência! Nunca mais a uma
justiça contaminada por operadores políticos! Nunca mais aos procedimentos judiciais obscuros e
aos linchamentos midiáticos! Nunca mais a uma Justiça que decide e persegue de acordo aos ventos
políticos do poder de turno! Nunca mais a uma política que criminaliza os dissensos para eliminar
seus adversários! E digo isso com a firmeza de uma decisão profunda. Quando digo nunca mais, é
nunca mais!”.
O trecho traz claras referências à forma como o governo de Mauricio Macri atuou neste aspecto,
perseguindo referentes kirchneristas e peronistas, fez a grande maioria dos deputados e senadores
presentes se levantarem para aplaudir de pé a declaração.
Em seguida, o presidente Fernández anunciou um projeto de reforma do Poder Judiciário, que
Em seguida, o presidente Fernández anunciou um projeto de reforma do Poder Judiciário, que
pretende criar um novo marco e evitar o uso político da Justiça. “Quando a política ingressa aos
tribunais, a verdadeira justiça foge pela janela”, comentou o mandatário argentino, para ilustrar o
pensamento que guiará o seu projeto.
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