segunda-feira, 28 de outubro de 2019
Por que aparecem agora os áudios do Queiroz sumido?
POR FERNANDO BRITO
O áudio revelado agora de manhã pela Folha, onde o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício
Queiroz, o operador das “rachadinhas” e milicianos no gabinete do Filho 01 na Assembleia do
Estado do Rio de Janeiro, um dia depois daquele em que aparece sugerindo nomeações de R$ 20 mil
em gabinetes do Congresso, por influência do ex-chefe, pode ter duas finalidades, diametralmente
opostas.
A de ser um recado para os seus chefes, que o teriam abandonado, sem defesa e homiziado em algum
lugar de São Paulo ou, ao contrário, por isso mesmo, mostrar uma “distância” dele que os proteja das
investigações.
Primeiro, ele “valoriza o seu passe”, lamentando não estar em condições de continuar funcionando
como “miliciano político” do clã:
“Com ele(s) lá em Brasilía eu podia estar que nem você, andando, aí dava para investigar, infiltrar…
Botar um calunga (informante) no meio deles, entendeu…levantar tudo? A gente mesmo levantava
essa parada aí…”
Depois lamenta o suposto abandono em que se encontraria:
“É o que eu falo, o cara lá está hiperprotegido. Eu não vejo ninguém mover nada para tentar me
ajudar aí. Ver e tal… É só porrada. O MP [Ministério Público] tá com uma pica do tamanho de um
cometa para enterrar na gente. Não vi ninguém agir”
Diz que o uso do Twitter, dirigido por Carlos Bolsonaro é uma tolice e recomenda usar Sergio Moro
para partir para cima de Rodrigo Maia:
É f…, cara, aí não dá para entender. (…)Tão fazendo chacota do governo dele, Rodrigo Maia está
esculachando. Rodrigo Maia, meu irmão, p… As declarações dele humilham o Jair, Jair tinha de dar
uma porrada neste filho da p…Botar o Sergio Moro para ir no [en]calço dele, porque tem pica na
bunda dele aí, antiga, cara…
E reclama que a pressão da imprensa fez Bolsonaro afastar funcionários antigos, como a ex-babá
Cileide (Barbosa Mendes), empregada no gabinete de Carlos Bolsonaro:
Na época, o Jair falou para mim que ele ia exonerar a Cileide porque a reportagem estava indo
direto lá na rua e para não vincular ela ao gabinete. Aí ele falou: ‘Vou ter que exonerar ela assim
mesmo’. Ele exonerou e depois não arrumou nada para ela não? Ela continua na casa em Bento
Ribeiro?
Manifesta, como se nada tivesse acontecido, o seu desejo de assumir o PSL no Rio, controlado por
Flávio – assim que essa ventania tiver passado – para “burilar” o partido e faz questão de dizer que
jamais irá trair o clã presidencial.
Seja qual for as intenções de começarem a surgir os áudios do desaparecido, uma coisa é certa: a
família presidencial brasileira é um caso de milícia.
Ouça os áudios:
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