quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Grupo da Lava-Jato na PGR pede demissão coletiva em protesto contra Raquel Dodge


Resta saber quanto tempo Sergio Moro resiste no cargo
POR FERNANDO BRITO
A decisão de Raquel Dodge de pedir o arquivamento do trecho da delação premiada do empresário 
Léo Pinheiro -o mesmo que deu motivos à condenação de Lula – que se referiam a Rodrigo Maia, 
presidente da Câmara, e a José Ticiano, irmão do presidente do STF, José Antônio Dias Toffoli, seria 
a razão do pedido coletivo de desligamento dos procuradores que compunham a seção da Força 
Tarefa da Lava Jato em Brasília, junto aos tribunais superiores.
Raquel Branquinho, Maria Clara Noleto, Luana Vargas, Hebert Mesquita, Victor Riccely e 
Alessandro Oliveira assinaram um comunicado onde dizem que “uma grave incompatibilidade de 
entendimento dos membros desta equipe com a manifestação enviada pela PGR ao STF ” os levou a 
pedir seu desligamento da Lava Jato brasiliense e, no caso de Branquinho, da Secretaria de Função 
Penal Originária, à qual a Força Tarefa está subordinada.
É, ao que parece, o ato final de desagregação do Ministério Público Federal, às vésperas da indicação 
do novo procurador, um processo que se tornou autofágico pela politicagem que tomou conta da 
Instituição.
Mas não é o único fato grave que acontece neste campo: a Folha diz que “a saída do diretor-geral da 
Polícia Federal, Maurício Valeixo, é tratada internamente como quase irreversível”. Valeixo, 
convenientemente, pediu férias e some do mapa esta semana.
Para o seu lugar, seria indicado o delegado , Anderson Gustavo Torres, atual secretário de Segurança 
Pública do Distrito Federal e amigo de Jair Bolsonaro.
Anderson tem uma ficha complicada. Foi acusado de tortura, em denúncia aceita pelo Tribunal 
Regional Federal de Brasília, acusação da qual foi absolvido em maio do ano passado na 12a. Vara 
Criminal de do DF. A acusação rendeu uma matéria na revista Época, em 2011, que hoje chegou a 
ser repetida pela publicação, mas logo depois retirada da internet.
Anderson não tem proximidade com Moro e estava afastado há algum tempo – pelo menos desde 
2011 – das atividades policiais, atuando como assessor na Câmara dos Deputados.
Resta saber quanto tempo Sergio Moro resiste no cargo. Já não engole sapos, engole brejos.

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