sexta-feira, 16 de agosto de 2019

REBELIÃO NA PF: Irritados com a intervenção de Jair Bolsonaro, policiais federais mandaram avisar que não aceitarão a indicação de “cima para baixo” na superintendência do Rio


A intervenção de Jair Bolsonaro na Polícia Federal pode desencadear uma crise interna e 
resultar na demissão do ex-juiz da Lava Jato e ministro da Justiça, Sérgio Moro. A PF já 
mandou avisar que não aceita a indicação de “cima para baixo” para o preenchimento da 
superintendência do Rio de Janeiro e ameaça "implodir" caso o ministro ceda a uma 
interferência do Planalto.
Interlocutores da PF disseram ao jornalista Breno Pires, do Estado de S. Paulo, que se Bolsonaro 
insitir em impor sua vontade, para Moro restariam duas alternativas. Uma é aceitar e perder o 
controle da Polícia Federal. A outra é rejeitar a interferência e pedir demissão do cargo.
Dirigentes da PF dizem que não vão agir como os colegas da Receita Federal, que vêm sendo 
atacados pelo presidente constantemente sem reação.
A indicação dos superintendentes da PF é prerrogativa do diretor-geral da instituição, mas o 
presidente da República pode vetar qualquer nome por se tratar de cargo de confiança. Não é 
comum, contudo, a interferência.
Ontem à tarde escreveu-se aqui que a Polícia Federal estava “na fila” para sofrer a direta 
interferência do Presidente da República, passando por cima de sua autonomia, tal como se fez com 
o Coaf e com a Receita. E, de uma só tacada, da de Sérgio Moro.
Hoje, desmentiu a direção da PF, que já havia sido atropelada ontem com o anúncio, pelo presidente, 
de que seria trocado o Superintendente do órgão no Rio de Janeiro, Ricardo Saadi, por “questões de 
produtividade” e um “sentimento” de que evitaria problemas.
A PF soltou nota dizendo que Saadi sairia por vontade própria e que seria substituído por Carlos 
Henrique Oliveira, atual superintendente de Pernambuco, nome escolhido pelo diretor-geral 
Maurício Valeixo, homem de confiança de Sergio Moro.
Hoje, Bolsonaro disse à imprensa que não era “um presidente banana” e que o novo superintendente 
“seria o lá de Manaus”.
— O que eu fiquei sabendo, se ele resolveu mudar, vai ter que falar comigo. Quem manda sou eu.
Deixar bem claro. Eu dou liberdade para os ministros todos, mas quem manda sou eu. Pelo que está
pré-acertado, seria o lá de Manaus.
E mandou “ir perguntar para o Moro” quais seriam as razões:
— Pergunta para o Moro. Já estava há três, quatro meses para sair o cara de lá. Está há três, quatro
meses. O que acontece, quando vão nomear alguém, falam comigo. Ué? Eu tenho poder de veto. Ou
vou ser um presidente banana agora? Cada um faz o que entende e tudo bem?
Militares, juízes, promotores, policiais, todas as categorias – com honrosas exceções – que se
acumpliciaram para permitir a ascensão de Jair Bolsonaro ao poder, muito mais rápido do que se
pensava, estão sendo atropeladas e transformadas em empregados de servir ao atual presidente.

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