quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Agronegócio sente pressão internacional e já se afasta de Bolsonaro


Diretor da Associação Brasileira do Agronegócio, Marcello Brito, acredita que é questão de 
tempo para o Brasil sofrer boicotes internacionais e que vai custar caro ao país reconquistar a 
confiança de alguns mercados. "Não podemos transformar o presidente da República".
Por Redação
Os discursos do presidente Jair Bolsonaro (PSL) com relação à política ambiental do país tem 
preocupado autoridades e empresários do agronegócio, em especial os exportadores. A percepção é 
de que o setor corre sério risco de sofrer boicotes internacionais, como já tem acontecido na área de 
proteção ambiental, e que será necessário agir sem o apoio do presidente. 
O chefe da Associação Brasileira do Agronegócio, Marcello Brito, disse em entrevista ao Valor que 
acredita ser “questão de tempo” tais boicotes e que “vai custar caro ao país reconquistar a confiança 
de alguns mercados”.
“Precisamos parar com essa mania de achar que o Brasil é o único produtor mundial de alimentos e 
que, se a gente não fornecer, ninguém o fará. A lei de mercado é clara: deixe um espaço vazio e 
alguém irá ocupar”, afirmou Brito. Para ele, o setor precisará trabalhar “de forma uníssona” para 
tentar reverter os danos causados pela percepção sobre a política ambiental do governo. “Não 
podemos transformar o presidente da República”, disse.
A exigência de um agronegócio que seja pautado na proteção ambiental é algo trivial fora do Brasil. 
No entanto, sustentabilidade é um tema que apresenta prioridades diferentes no governo Bolsonaro 
com relação aos países europeus. Esse choque de interesses poderá trazer consequências graves, 
como o cancelamento do acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia.
O ex-ministro da Agricultura no governo de Michel Temer, Blairo Maggi (PP), chama atenção para a 
cláusula do acordo entre os blocos permite que a Europa barre importações do Brasil, o que poderia 
ter complicações por conta das falas do presidente. “Essas confusões ambientais poderiam criar uma 
situação para a UE dizer que o Brasil não estaria cumprindo as regras. E não duvido nada que a 
gritaria geral que a Europa está fazendo seja para não fazer o acordo. A França não quer o acordo”, 
disse.

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