terça-feira, 4 de junho de 2019

Vale, Bradesco, Gerdau e outras empresas acumulam dívida de quase R$ 1 trilhão com a Previdência


Atualizada, dívida do Bradesco, Vale, Samarco e outros com a Previdência chega a R$ 935 
bilhões
do site da Central Brasileira de Sindicatos
A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN) atualizou o montante de dívidas de empresas 
com a Previdência, inicialmente estimada em R$ 432,9 milhões.
A atualização aconteceu devido à omissão dos débitos relativos à Contribuição para o Financiamento 
da Seguridade Social (Cofins), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e PIS.
[Constitucionalmente, esses impostos foram criados para financiar a Previdência Social. A reforma 
vai garantir 50 anos de corrupção e não pagamento de dívidas]
Dessa forma, o montante da dívida das 118,7 mil empresas chega a R$ 935 bilhões (quase R$ 1 
trilhão), de acordo com relatório do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos 
Socioeconômicos (Dieese/RS).
A PGFN relacionou as 118.714 empresas com dívidas ativas referentes a Cofins, CSLL e PIS 
superiores a R$ 100 mil, entre as quais figuram a Vale, a maior devedora, com R$ 12,7 bilhões, a 
Samarco (R$ 287 milhões, bancos como o Bradesco, que comercializa previdência privada e tem 
interesse direto na reforma da Previdência (para a qual deve R$ 1,5 bilhão); e a Gerdau.
 segunda maior sonegadora, a holding Carital Brasil, deve R$ 5,5 bilhões à Previdência.
Em 2014, o ex-diretor financeiro da empresa, Carlos de Souza Monteiro, foi acusado de sonegação 
de R$ 145,6 milhões e condenado pela 7ª Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo a mais de 
sete anos de prisão e pagamento de indenização de R$ 1 milhão ao Fisco por danos morais coletivos.
A economista Anelise Manganelli, do Dieese/RS, que elaborou o estudo, destaca que apesar das 
alterações dos instrumentos e a forma de atuação, concentrados atualmente no combate à sonegação, 
há somente cerca de 900 auditores fiscais da Receita Federal no trabalho voltado às contribuições 
previdenciárias.
A Anelise concedeu entrevista ao jornal Extra Classe, do Rio Grande do Sul.
Na entrevista a seguir, a economista explica ainda por que o “déficit” da Previdência alegado pelo 
governo para vender a reforma é um mito que não se sustenta.
Pergunta: De acordo com o levantamento do Dieese/RS junto à Procuradoria Geral da Fazenda 
Nacional (PGFN), as dívidas de empresas com a seguridade social atingiram em fevereiro de 2017 o 
total de R$ 935 bilhões, ou seja, mais que o dobro do que vinha sendo divulgado. A que se deve essa 
diferença?

Anelise Manganelli – Os totais que vêm sendo divulgados que, em geral atingem R$ 432,9 bilhões 
representam débitos de contribuições previdenciárias dos empregadores e dos segurados, 
contribuições devidas a terceiros, assim entendidos outras entidades e fundos, e a contribuição para o 
salário-educação.
Não estão incluídas nessas dívidas os valores devidos à Previdência relativos a Contribuição para o 
Financiamento da Seguridade Social (Cofins), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e 
PIS.
EC – Quais são os componentes desses débitos?
Anelise – Nesse total de R$ 935 bilhões verifica-se que além dos acima descritos há R$ 307,7 
bilhões relativos ao Cofins, que é calculada sobre a receita das empresas e deve ser destinada a 
financiar os fundos de previdência e assistência e ainda há R$ 194,9 bilhões relativos ao PIS e 
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.
Destaca-se ainda que entre esses totais estão apenas aqueles devedores com débitos acima de R$ 100 
mil, devendo, portanto, ser um débito ainda maior.
EC – Por que há tantos sonegadores, alguns com interesse direto na reforma, caso do Bradesco, que 
vende planos de aposentadoria complementar privada e é um dos maiores devedores da Previdência, 
mais de R$ 1,5 bilhão?

Anelise – Certamente, é necessário melhorar a fiscalização, uma vez que a própria PGFN diz que a 
dívida ativa cresce a um ritmo de aproximadamente 15% ao ano.
Em 2008, havia 4,1 mil auditores fiscais vinculados à Secretaria da Receita Previdenciária, atuando 
no combate à inadimplência e à sonegação das contribuições previdenciárias.
Hoje, após a incorporação à Secretaria da Receita Federal do Brasil, apesar de se terem alterado os 
instrumentos e a forma de atuação, concentrados atualmente no combate à sonegação, há somente 
cerca de 900 auditores fiscais da Receita Federal no trabalho voltado às contribuições previdenciárias.
EC – Ao defender a proposta de reforma da Previdência, o governo sustenta que o sistema é 
deficitário, argumento que não se sustenta nos indicadores do próprio governo. Como funciona essa 
contabilidade que o governo faz – e a imprensa reproduz – para alegar déficit?
Anelise – Conforme se constou, em uma das nossas recentes publicações, Reformar para excluir?, 
elaborada em parceria com a Anfip, esse argumento falso não é novidade no debate sobre a 
Previdência Social proposto pelos representantes do poder público.
Longe disso, é argumento que se repete incansavelmente desde 1988.
Essa visão ignora o fato de que a Constituição Federal de 1988 concebeu o direito à Previdência 
Social como parte integrante da Seguridade Social, um amplo sistema de proteção social ao cidadão. 
Para organizar e financiar a Seguridade, os constituintes de 1988 inspiraram-se nos regimes de 
Estado de Bem-Estar Social desenvolvidos, especialmente, pela socialdemocracia europeia após a 
Segunda Guerra Mundial.
Nesses países, o financiamento da Seguridade Social baseia-se no clássico “modelo tripartite”, no 
qual trabalhadores, empregadores e Estado são igualmente responsáveis pelo provimento das fontes 
de financiamento das políticas públicas que integram seus sistemas nacionais de proteção. Em 2015, 
num conjunto de 15 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico 
(OCDE), a participação média relativa das “contribuições do governo” no financiamento da 
Seguridade Social foi de 45% do total, seguida pela “contribuição dos empregadores” (34,6%) e pela 
“contribuição dos trabalhadores” (18%).
A Dinamarca é caso extremo, já que a participação relativa do governo no financiamento da 
Seguridade atinge 75,6% do total das receitas.
Isto quer dizer que se não fossem contabilizadas as receitas dos impostos gerais pagos por toda a 
sociedade, o “rombo” da Previdência dinamarquesa chegaria a 28,5% do PIB.

Um comentário:

Unknown disse...

Por que nada foi feito pelos governos Comunistas do Brasil nos últimos 25 anos (300 meses). Ou a culpa da dívida é do atual governo que aí está há 5 meses.