Greve Geral de 14 de junho promete ser o estopim
Por Joaquim Xavier:Não adianta os acólitos de sempre tentarem jogar panos quentes. Tampouco o capital abutre e a
mídia gorda baterem na tecla da tal reforma da previdência, eufemismo para o fim da aposentadoria.
Como se mesmo essa excrescência tivesse algum efeito a médio prazo.
Todos, absolutamente todos os elementos convergem para uma desordem social de grandes
proporções.
Começando pelo primeiro e mais importante: desde o golpe de estado de 2016, o povo brasileiro
Começando pelo primeiro e mais importante: desde o golpe de estado de 2016, o povo brasileiro
retrocede a padrões de miséria com uma rapidez inédita. O desemprego aumenta a jato, disfarçado
com estatísticas que encobrem a penúria com vendedores de quentinhas, mercadores de bolos em
calçadas e motoristas de uber.
Um exemplo cotidiano: aqueles que frequentam bares, padarias, restaurantes, lojas notam que os
Um exemplo cotidiano: aqueles que frequentam bares, padarias, restaurantes, lojas notam que os
antigos funcionários não existem mais. Foram substituídos por boias frias instituídos pela reforma
patronal, apelido da reforma trabalhista.
A chamada classe média despenca. A inadimplência bate recordes, as ameaças de despejo e “luxos”
A chamada classe média despenca. A inadimplência bate recordes, as ameaças de despejo e “luxos”
como algum lazer, comer uma pizza aos domingos e as despesas elementares da família viraram um
suplício, quando não simplesmente eliminadas. O carvão e a lenha agora são combustíveis
obrigatórios para 25% das famílias.
A indústria brasileira está literalmente “passando o ponto”. Um cenário de escombros. A construção
civil definha, não contrata, só demite.
Programas como o Minha Casa, Minha Vida foram incinerados. Obras públicas estão paralisadas.
Programas como o Minha Casa, Minha Vida foram incinerados. Obras públicas estão paralisadas.
Investimentos, nem pensar. Basta ver os números do pibinho no vermelho.
Nem sequer é preciso falar da Educação. Os ataques econômicos, ideológicos e truculentos a um
Nem sequer é preciso falar da Educação. Os ataques econômicos, ideológicos e truculentos a um
setor estratégico desenham o tipo de país que este governo pretende. Um ministro que propõe a caça
às bruxas a reitores, professores, alunos, pais de família que discordam de suas políticas e posa
debaixo de um guarda-chuva não passa de um palhaço de circo mambembe.
Muito tempo se tem perdido com o lado pitoresco desta administração. Um presidente como
Muito tempo se tem perdido com o lado pitoresco desta administração. Um presidente como
Bolsonaro que chama manifestantes de idiotas úteis, diz que não nasceu para mandar no país, afirma
a um jornal argentino que é enviado de Deus, quer transformar o Supremo em uma salada de
religiões, defende um filho acusado de meliante contumaz e se orgulha de não entender nada de
economia definitivamente é um desequilibrado patológico – aliás, o que já se desconfiava nos 30
anos de nulidade como parlamentar. Chegou ao cúmulo de dizer que a culpa do desemprego é dos...
desempregados!
Já o Posto Ipiranga Paulo Guedes é uma provocação. Não passa de agente assumido do sistema
Já o Posto Ipiranga Paulo Guedes é uma provocação. Não passa de agente assumido do sistema
financeiro internacional. Quer vender tudo. Mesmo suas ideias são anacrônicas e imprestáveis.
Numa entrevista imperdível ao programa Contraponto, da rádio Trianon de SP, Paulo Nogueira
Batista Jr., um dos mais brilhantes economistas da sua geração, lembrou que mesmo os velhos
“Chicago Boys”, do tempo de Pinochet e do qual Guedes é idólatra, já mudaram de posição.
Numa economia despencando, o gasto público é impulso indispensável para fazer a máquina rodar.
Numa economia despencando, o gasto público é impulso indispensável para fazer a máquina rodar.
Guedes quer o contrário. Cortar tudo, vender a mãe, fechar o BNDEs, entregar a previdência aos
bancos, eliminar os subsídios à indústria local para entregar a prataria ao capital internacional – do
qual ele é beneficiário notório.
Um país de mais de 200 milhões de habitantes, por mais que os articulistas sabujos torçam, não
Um país de mais de 200 milhões de habitantes, por mais que os articulistas sabujos torçam, não
conseguirá suportar tamanho desgoverno. É questão de bolso, de tempo e de orgulho pela soberania
nacional. As gigantescas manifestações pela defesa da educação deram o sinal.
A greve geral de 14 de junho promete ser um marco. Que as forças progressistas e democráticas
A greve geral de 14 de junho promete ser um marco. Que as forças progressistas e democráticas
deixem as picuinhas de lado, empenhem-se na preparação e se unam num movimento capaz de
mudar o rumo do precipício.
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