sexta-feira, 28 de junho de 2019

AS CARTAS DO FINAL DE SEMANA PROMETEM !!!


POR FERNANDO BRITO
O final de semana promete.
Hoje ainda, mais tarde, uma nova leva de revelações do The Intercept sobre o caso Moro.
Quão grave e chocante vai ser, só Glenn Greenwald e sua equipe sabem.
É possível que haja repique na Folha, no domingo.
Domingo de manifestação pró-Moro que, pelo que é possível sentir, não anda empolgando muito, a
julgar pelas redes sociais.
Ou então estão escondidos de vergonha com as histórias da cocaína voadora e do vendedor de 
bijuterias de nióbio, que “bomba” na internet.
A notícia do acordo entre União Europeia e Mercosul até poderia ajudar Bolsonaro, não tivesse feito 
tantas manifestações de desprezo para com o Mercosul.
Sua conclusão, entretanto, parece ter sido acelerada mais como uma manobra de cautela dos 
europeus diante do acirramento da guerra comercial dos Estados Unidos com a China do que por 
uma ofensiva sulalmericana sobre o Velho Mundo, porque as duas principais economias do 
continente, Brasil e Argentina, não vão lá bem das pernas.
De toda forma, não é assunto que empolgue sua tropa.
Sérgio Moro não tem respostas incisivas, oscilando entre o “não me recordo”, “não tem nada de 
anormal” e o “foi uma interceptação criminosa” que, juntos e misturados, resultam em 
inconvincentes.
É um homem que construiu-se com a autoridade do cargo de juiz, não um polemista que saiba 
enfrentar ataques.
Da mídia, antes uníssona, resta-lhe como incondicional a Globo, mas já nem tanto e tão monolítica.
Greenwald vai movendo suas peças no tabuleiro com aparente maestria, até agora.
Conseguiu a legitimação da Folha e da Veja, saindo do universo dos blogs progressistas. E chamou 
para si a polêmica, na qual até é ajudado por sua condição de estrangeiro.
Tem todo o tempo – e no dia de hoje ainda mais – a iniciativa de lançar à mesa a primeira carta de 
cada vaza. É ele quem faz a pauta. quem decide a ordem em que descarta os trunfos e de dosar a 
força de cada um.
Não creio, por isso, que vá jogar já os maiores.

COMENTÁRIO DO DIA: QUINCALHARIA



Uma mente colonizada só pensa em quinquilharias
POR FERNANDO BRITO
O nióbio, do qual tanto fala o senhor Jair Bolsonaro, tem centenas de aplicações: de aços especiais
para motores a jato para aviões e foguetes, supercondutores, e várias aplicações médicas, como
aparelhos de ressonância magnética, marca-passos e elementos de osteointegração.
O nosso presidente, para demonstrar sua importância, exibiu ontem em sua “live” a mais
insignificante delas, a confecção de bijuterias.
É a mente colonizada, aquela que se encanta com miçangas e seu brilho, solta um suspiro e diz:
“custa uma fortuna”.
Bolsonaro, na sua microcefalia, não entende que o caro, no nióbio, é o desenvolvimento de
tecnologia para seu uso em indústrias de ponta – exatamente a razão de que os americanos e
canadenses a nos espionar, anos atrás, como foi revelado pelo agora odiado Glenn Grenwald.
O Brasil explora o nióbio há mais de 40 anos. Para ser preciso, produzimos 90% do nióbio do mundo.
O “pequeno problema” é que o essencial no nióbio não é a quantidade.
Para produzir aços especiais, por exemplo, o teor de nióbio é de meros 0,05%. Ou seja, para cada
tonelada de aço, 500 g de nióbio.
É por isso que, na Folha, há dois anos, dizia-se que as ” as reservas [brasileiras] já em exploração, de
842,46 milhões de toneladas, são suficientes para atender a demanda interna e externa do produto
pelos próximos 200 anos”
A demanda mundial do nióbio varia de 100 a 150 mil toneladas ao ano, em linha com a produção da
maior mina brasileira do produto, em Araxá (MG), que em 2015 produziu 132 mil toneladas.
Aumentar exponencialmente a produção vai fazer com que os preços caiam e, portanto, aumente-se a
devastação sem aumentar a renda.
O investimento que o Brasil precisa é em ciência e tecnologia para produzir as aplicações do nióbio
que realmente agregam valor ao minério.
A não ser que, depois do “garoto-propaganda” de ontem haja uma explosão na procura mundial por
brincos e cordões de nióbio, claro.
Mas não pense que o ex-capitão está pregando prego sem estopa, não.
É que grande parte das jazidas de nióbio estão na Amazônia, muitas delas em terras indígenas.
E sabe como é, tem muito índio de terno e gravata no Brasil disposto a entregar as riquezas da terra
por umas miçangas brilhantes.
E que nem dá alergia, na forma de brinquinho, na orelha da “menina-menina”.

Glenn Greenwald anuncia novo disparo contra Moro para o fim desta sexta-feira


"O desespero aqui é triste. Vamos esperar até o final do dia - hoje - e depois me dizer se o que o 
@Estadao publicou aqui hoje é verdade ou não. Eu acho que a resposta será bem clara", 
escreveu o jornalista Glenn Greenwald, ao comentar um post sobre a tese de que 'o pior já 
passou'.
247 – O Brasil conhecerá nesta sexta-feira mais um capítulo da Vaza Jato. O anúncio foi feito pelo 
jornalista Glenn Greenwald, do Intercept, em seu twitter. "O desespero aqui é triste. Vamos esperar 
até o final do dia - hoje - e depois me dizer se o que o @Estadao publicou aqui hoje é verdade ou 
não. Eu acho que a resposta será bem clara", escreveu o jornalista.
"A versão de integrantes da inteligência do governo dá conta de que já se esgotou o arsenal do The 
Intercept contra Moro."- rindo muito. De todos os dias para afirmar isso, hj é o pior dia possível para 
eles. E obviamente, eles não têm ideia do que temos, então por que fingir?", escreveu ainda o 
jornalista.
Confira abaixo:


O desespero aqui é triste. Vamos esperar até o final do dia - hoje - e depois me dizer se o que o @Estadao publicou aqui hoje é verdade ou não. Eu acho que a resposta será bem clara. https://politica.estadao.com.br/blogs/coluna-do-estadao/desgaste-gera-receio-de-mais-atraso-na-reforma/ 


Ver imagem no Twitter
"A versão de integrantes da inteligência do governo dá conta de que já se esgotou o arsenal do The Intercept contra Moro."- rindo muito. De todos os dias para afirmar isso, hj é o pior dia possível para eles. E obviamente, eles não têm ideia do que temos, então por que fingir?





O desespero aqui é triste. Vamos esperar até o final do dia - hoje - e depois me dizer se o que o @Estadao publicou aqui hoje é verdade ou não. Eu acho que a resposta será bem clara. https://politica.estadao.com.br/blogs/coluna-do-estadao/desgaste-gera-receio-de-mais-atraso-na-reforma/ 


ANÁLISE: Por que os psicopatas chegaram ao poder


Há uma dimensão pouco examinada no avanço das lógicas neoliberais. Um sistema que 
estimula competição, disputa e rivalismo produzirá “líderes” brutais e sem empatia. Eleger 
gente generosa e sensível requer uma nova democracia.
OUTRASPALAVRAS

Por George Monbiot | Tradução: Inês Castilho
Quem, em seu juízo perfeito, poderia desejar esse trabalho? É quase certo que acabará, como 
descobriu Theresa May, em fracasso e execração pública. Procurar ser primeiro-ministro britânico, 
hoje, sugere ou confiança imprudente ou fome insaciável de poder. Talvez necessitemos de uma 
ironia como a de Groucho Marx: alguém louco o suficiente para candidatar-se a essa função deveria 
ser desqualificado para concorrer.
Alguns anos atrás, a psicóloga Michelle Roya Rad listou as características de uma boa liderança
Entre elas figuravam justiça e objetividade, desejo de servir à sociedade e não a si mesmo, falta de 
interesse em ser famoso e ocupar o centro das atenções, resistência à tentação de esconder a verdade 
ou fazer promessas impossíveis. Por outro lado, um artigo publicado no Journal of Public 
Management & Social Policy (Jornal de Gestão Pública e Política Social) listou as características de 
líderes com personalidade psicopata, narcisista ou maquiavélica. Elas incluem: tendência à 
manipulação dos outros, disposição em mentir e enganar para alcançar seus objetivos, falta de 
remorso e sensibilidade, desejo de admiração, atenção, prestígio e status. Quais dessas características 
descrevem melhor as pessoas que estão competindo para ser “governantes” no mundo 
contemporâneo?
Na política, vê-se em todo lado o que parece ser a externalização de déficits ou feridas psíquicas. 
Sigmund Freud afirmou que “os grupos assumem a personalidade do líder”. Penso que seria mais 
preciso dizer que as tragédias privadas dos poderosos tornam-se as tragédias públicas daqueles que 
eles dominam.
Para algumas pessoas, é mais fácil comandar uma nação, mandar milhares para a morte em guerras 
desnecessárias, separar crianças de suas famílias e infligir sofrimentos terríveis do que processar sua 
própria dor e trauma. Aparentemente, o que vemos na política, em todos os cantos, é uma 
manifestação pública de profunda angústia privada.
Essa talvez seja uma força particularmente forte na política britânica. O psicoterapeuta Nich Duffell 
escreveu sobre “líderes feridos”, que foram separados da família na primeira infância para ser 
enviados ao colégio interno. Eles desenvolveram uma “personalidade de sobrevivente”, aprendendo 
a reprimir seus sentimentos e projetar um falso eu, caracterizado pela demonstração pública de 
competência e autoconfiança. Sob essa persona está uma profunda insegurança, que pode gerar 
necessidade insaciável de poder, prestígio e atenção. O resultado disso é um sistema que “sempre 
revela pessoas que parecem muito mais competentes do que realmente são”.
O problema não está confinado a estas paragens. Donald Trump ocupa a cadeira mais poderosa do 
planeta, e ainda assim parece roer-se de inveja e ressentimento. “Se o presidente Obama tivesse feito 
os acordos que fiz”, afirmou há pouco, “a mídia corrupta os consideraria incríveis… Para mim, 
apesar do nosso recorde em economia e tudo o que fiz, não há crédito!”. Nenhuma riqueza ou poder 
parece capaz de satisfazer sua necessidade de afirmação e segurança.
Penso que deveria ser necessário a qualquer um que quisesse participar de uma eleição nacional 
passar por uma formação em psicoterapia. A conclusão do curso seria a qualificação para o cargo. 
Isso não mudaria o comportamento de psicopatas, mas poderia evitar que, ao exercer o poder, certas 
pessoas impusessem sobre os outros suas próprias feridas profundas. Fiz dois cursos: um 
influenciado por Freud e Donald Winnicott, outro cuja abordagem tinha foco na compaixão de Paul 
Gilbert. Considero os dois extremamente úteis. Penso que quase todo mundo se beneficiaria desses 
tratamentos.
A psicoterapia não iria garantir uma política mais gentil. A abertura admirável de Alastair Campbell 
ao falar sobre sua terapia e saúde mental não o impediu de comportar-se – quando desempenhou as 
funções de assessor político e porta-voz de Tony Blair – como um valentão desbocado, que 
intimidava as pessoas a apoiar uma guerra ilegal, em que centenas de milhares de pessoas morreram. 
Tanto quanto sei, não demonstrou remorso por seu papel nessa guerra agressiva, que cabe na 
definição de “crime internacional supremo” do tribunal de Nuremberg.
O problema, na verdade, é o sistema no qual essas pessoas competem. Personalidades tóxicas 
prosperam em ambientes tóxicos. Aqueles que deveriam ser menos confiáveis para assumir o poder 
são justamente os que mais provavelmente vencerão. Um estudo publicado no Journal of Personality 
and Social Psychology sugere que o grupo de traços psicóticos conhecido como “domínio sem 
medo” está associado a comportamentos amplamente valorizados nos líderes, tais como tomar 
decisões ousadas e sobressair-se no cenário mundial. Se assim for, nós, por certo, valorizamos as 
características erradas. Se para alcançar o sucesso no sistema é necessário ter traços psicopatas, há 
algo errado com o sistema.
Para pensar uma política eficiente, talvez fosse útil trabalhar de trás para frente: primeiro decidir que 
tipo de gente gostaríamos que nos representassem e depois criar um sistema que as levasse ao 
primeiro plano. Quero ser representado por pessoas ponderadas, conscientes de si e colaborativas. 
Como seria um sistema que promovesse essas pessoas?
Não seria uma democracia puramente representativa. Esse tipo de democracia funciona com o 
princípio do consenso presumido: você me elegeu há três anos, então presumo que consentiu com a 
política que estou para implementar, não importa se na época eu a mencionei ou não. Ela recompensa 
os líderes “fortes e determinados” que tão frequentemente levam suas nações à catástrofe. Um 
sistema que fortaleça a democracia representativa com democracia participativa – assembleias de 
cidadãos, orçamento participativo, co-criação de políticas públicas – tem mais possibilidades de 
recompensar os políticos sensíveis e atenciosos. A representação proporcional, que impede governos 
com apoio minoritário de dominar a nação, é outra salvaguarda potencial (embora não seja garantia).
Ao repensar a política, é preciso desenvolver sistemas que incentivem gentileza, empatia e 
inteligência emocional. É preciso nos desvencilhar de sistemas que encorajem as pessoas a esconder 
sua dor e dominar os outros.

REVISTA VEJA OFERECE O APERITIVO DAS NOVAS REVELAÇÕES DA #VAZAJATO: Testemunha indicada por Moro a Dallagnol é acusada de corrupção por pagar propina a quadrilha


Da Veja:
Das muitas mensagens trocadas entre o então juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, o
chefe da força-tarefa da Lava-Jato, a mais comprometedora até o momento é a que mostra Moro 
passando ao procurador a dica de duas testemunhas que teriam informações relevantes sobre 
negócios envolvendo a família do ex-presidente Lula.
Para a maioria dos especialistas, essa parceria investigativa teria beneficiado uma das partes 
envolvidas no processo — no caso, os acusadores, o que seria ilegal.
Seguindo a orientação do juiz, Dallagnol procurou as pessoas citadas, mas elas teriam se recusado a 
colaborar. Em resposta a Moro, o procurador chegou a sugerir que se forjasse uma denúncia anônima 
para justificar a expedição de uma intimação que obrigasse as testemunhas a depor no Ministério 
Público.
O primeiro deles é o técnico em contabilidade Nilton Aparecido Alves, de 57 anos. Na mensagem, o 
então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba relata ao procurador ter recebido a informação de que uma 
pessoa fora instada “a lavrar escrituras de transferências de propriedade de um dos filhos do ex-
presidente”. “Seriam dezenas de imóveis”, segundo Moro. (…)
Nilton Aparecido tem um escritório no centro de Campo Grande (MS). Ele é conhecido no estado 
por fazer negócios, nem sempre lícitos, relacionados a terras. Em agosto do ano passado, agentes do 
Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) em Mato Grosso do Sul 
fizeram uma operação de busca e apreensão na casa de Nilton e recolheram escrituras, agendas, 
extratos bancários e pen drives.
Mas essa investigação não tem relação com a da Procuradoria da República no Paraná. O técnico em 
contabilidade é acusado de corrupção por negociar pagamento de propina com uma organização 
criminosa especializada em fraudar impostos que desfalcou o Estado em 44 milhões de reais entre 
2015 e 2018.
Abordado pela reportagem de VEJA na tarde de quarta-feira, Nilton foi evasivo. “Não sei por que 
meu nome está nessa história. Alguém deve ter falado alguma coisa errada”, disse. Indagado sobre se 
teria informações referentes aos filhos de Lula e se havia prestado depoimento aos procuradores da 
Lava-Jato com relação ao tema, ele encerrou a conversa dizendo que não iria declarar mais nada. (…)
As ‘testemunhas’ que puseram em xeque a 
imparcialidade de Sergio Moro
Das muitas mensagens trocadas entre o então juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dalla­gnol, o 
chefe da força-tarefa da Lava-Jato, a mais comprometedora até o momento é a que mostra Moro 
passando ao procurador a dica de duas testemunhas que teriam informações relevantes sobre 
negócios envolvendo a família do ex-presidente Lula. Para a maioria dos especialistas, essa parceria 
investigativa teria beneficiado uma das partes envolvidas no processo — no caso, os acusadores, o 
que seria ilegal. Seguindo a orientação do juiz, Dalla­gnol procurou as pessoas citadas, mas elas 
teriam se recusado a colaborar. Em resposta a Moro, o procurador chegou a sugerir que se forjasse 
uma denúncia anônima para justificar a expedição de uma intimação que obrigasse as testemunhas a 
depor no Ministério Público.
O diálogo entre Moro e Dalla­gnol foi publicado pelo site The Intercept Brasil há três semanas, mas o 
nome das testemunhas não havia sido divulgado. VEJA localizou os dois personagens ocultos da 
história. O primeiro deles é o técnico em contabilidade Nilton Aparecido Alves, de 57 anos. Na 
mensagem, o então juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba relata ao procurador ter recebido a 
informação de que uma pessoa fora instada “a lavrar escrituras de transferências de propriedade de 
um dos filhos do ex-­presidente”. “Seriam dezenas de imóveis”, segundo Moro. Durante o governo 
do petista, pipocaram na internet inúmeros boatos sobre supostos negócios imobiliários envolvendo 
o clã presidencial. Pela primeira vez, havia uma testemunha com nome, sobrenome e telefone. Vinte 
e quatro minutos depois da mensagem, Dalla­gnol escreve que tentou fazer contato com o técnico em 
contabilidade, mas a testemunha “arriou”, “disse que não tem nada a falar” e, “quando dei uma 
pressionada”, relata o procurador, “desligou na minha cara”.

Na parte suprimida da mensagem, Moro aponta como origem da informação contra Lula o 
empresário Mário César: “O pessoal do MP me ligou” (Reprodução/Veja)
Nilton Aparecido tem um escritório no centro de Campo Grande (MS). Ele é conhecido no estado
por fazer negócios, nem sempre lícitos, relacionados a terras. Em agosto do ano passado, agentes do
Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) em Mato Grosso do Sul
fizeram uma operação de busca e apreensão na casa de Nilton e recolheram escrituras, agendas,
extratos bancários e pen drives. Mas essa investigação não tem relação com a da Procuradoria da
República no Paraná. O técnico em contabilidade é acusado de corrupção por negociar pagamento de
propina com uma organização criminosa especializada em fraudar impostos que desfalcou o Estado
em 44 milhões de reais entre 2015 e 2018. Abordado pela reportagem de VEJA na tarde de quarta-
feira, Nilton foi evasivo. “Não sei por que meu nome está nessa história. Alguém deve ter falado
alguma coisa errada”, disse. Indagado sobre se teria informações referentes aos filhos de Lula e se
havia prestado depoimento aos procuradores da Lava-Jato com relação ao tema, ele encerrou a
conversa dizendo que não iria declarar mais nada.
Na mensagem publicada pelo The Intercept Brasil, logo depois de tentar, sem sucesso, falar com
Nilton, Deltan Dalla­­gnol diz a Sergio Moro que estava pensando em intimar o técnico em
contabilidade, se necessário, “até com base em notícia apócrifa”. Moro concorda em formalizar a
intimação, mas não fica claro se ele avalizou a ideia de forjar a origem da denúncia. O juiz sugere a
Dalla­­gnol que procure o homem que ouviu a história do técnico em contabilidade, e, de novo, passa
as coordenadas — o segundo personagem oculto da história, também localizado por VEJA. Trata-se
do empresário Mário César Neves, dono de um posto de gasolina também em Campo Grande. Ele
confirmou que, na época, em dezembro de 2015, um representante do Ministério Público Federal
entrara em contato para pedir-lhe informações sobre o técnico em contabilidade Nilton Aparecido.
“O pessoal do Ministério Público me ligou, não sei mais o nome da pessoa, mas ela queria saber
quem era o Nilton, que serviços ele prestava e como poderia encontrá-­lo”, contou o empresário.
Questionado sobre se ouvira do técnico em contabilidade algo referente a negócios do filho do ex-
presidente, o empresário também arriou. Disse que desconhecia o assunto. Ele, porém, confirma que
repassou ao Ministério Público o endereço e o telefone de Nilton. “Eu soube que o Nilton foi
chamado para prestar depoimento logo depois dessa ligação para mim”, diz Mário. O empresário
acrescenta que soube disso por meio de funcionários do escritório de Nilton, que trabalha para ele há
mais de quinze anos.
Se for verdade, a situação de Moro complica-se ainda mais do ponto de vista jurídico. A
comprovação de que o Ministério Público, de fato, não apenas ouvia, mas seguia suas orientações,
reforça a tese de que, quando magistrado, Moro abandonou a posição de imparcialidade para instruir
um dos lados da ação, algo considerado ilegal pelo Código de Processo Penal. (...)

VERGONHA: BOLSONARO MENTIU ! REUNIÃO COM MACRON NUNCA ESTEVE NA AGENDA DO FRANCÊS E NO JAPÃO FALA SOBRE BIJUTERIA, SEM TER NOÇÃO DO ESCÂNDALO QUE ENVOLVE O NIÓBIO NO BRASIL

Uma das reuniões mais aguardadas da agenda do presidente Jair Bolsonaro no G20, uma reunião 
bilateral reservada com o presidente francês, Emmanuel Macron, aparentemente só existiu no 
cronograma do governo brasileiro. Na agenda do presidente brasileiro, havia uma reunião 
bilateral formal marcada para as 14h25. Na manhã desta sexta-feira (28), o Itamaraty e a Presidência 
informaram que a reunião bilateral havia sido cancelada, mas não deram motivo. A BBC News 
conversou com dois integrantes da delegação francesa em Osaka, no Japão, que mostraram a agenda 
de Macron e afirmaram: “Nós soubemos pela imprensa que havia reunião bilateral. Nunca houve 
essa previsão. O que há é uma conversa informal, após o almoço, num ambiente comum.”
por Luiz Carlos Azenha
Como correspondente, durante quase 20 anos cobri vários eventos internacionais, e visitei cerca de
50 países.
Na política, ficaram mais frescas na memória a visita de José Sarney à China, a do presidente eleito 
Fernando Collor ao Japão e a de Lula ao Haiti, acompanhando a seleção brasileira de futebol (passei 
mal por causa do calor e por pouco não acionei a Globo por apoio médico).
Estes eventos são frequentemente mais descontraídos, menos protocolares, já que giram em torno do 
encontro de apenas dois chefes de Estado.
Encontros de cúpula são muito mais formais, especialmente quando o futuro do planeta está 
realmente em jogo: foi assim quando vi Mikhail Gorbatchev e Ronald Reagan se encontrarem três 
vezes, primeiro em Reykjavik, na Islândia, depois em Moscou e Washington.
Ali ficou claro que era questão de tempo o Muro de Berlim desabar, o que também testemunhei 
pessoalmente. Foi o início de uma nova era na política internacional.
Finalmente, existem os eventos multilaterais. Frequentemente eles são menos ricos em notícias 
realmente importantes mas atraem uma tropa de jornalistas especializados, interessados em temas 
muito específicos.
O repórter russo quer saber do encontro entre Trump e Xi Jinping por causa da guerra comercial que 
tem repercussões planetárias, a repórter paquistanesa quer ver Putin com Modi pela implicações que 
isso pode ter na disputa fronteiriça entre Paquistão e Índia e a entrevistadora alemã vem ouvir 
Bolsonaro antes de um provável encontro com Angela Merkel, por causa dos contenciosos em torno 
da preservação ambiental entre Brasil e UE, notadamente Alemanha, França e Noruega.
Já estive na babel de repórteres e fotógrafos guiados por assessores feito gado até o Salão Oval da 
Casa Branca, a entrada do Palácio do Eliseu em Paris, o Grande Palácio do Povo em Beijing e o 
gigantesco Kremlin, em Moscou — onde, aliás, dei sorte, encontrei Mikhail Gorbatchev caminhando 
pelas alamedas com seus seguranças e, depois de tomar uns tapas, consegui a primeira entrevista não 
agendada com um secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética.
O evento fez as redes norte-americanas ABC, NBC, CBS e CNN baterem na porta de meu quarto de 
hotel em busca das imagens e saiu no Pravda e no Vremya, o Jornal Nacional de lá, tudo por causa 
do completo ineditismo.
Para os mais jovens, explico que os antecessores de Gorbatchev, como Leonid Brezhnev, se 
comportavam como verdadeiras múmias, muitas vezes reduzidas a figurantes de um poder que de 
fato já nem exerciam.
Mantinham distância quilométrica da imprensa e só se manifestavam em discursos escritos, sem 
qualquer improvisação.
A não ser por estes momentos simbólicos, de um Gorbatchev que surpreende o mundo com seu 
carisma e descontração, os encontros entre chefes de Estado frequentemente são arrastados, cheios 
de protocolo e muito chatos de cobrir.
Em geral, a diplomacia já fez todo o trabalho anterior e os líderes apenas formalizam algumas 
decisões, avançando outras de acordo com a capacidade de dialogar e aglutinar líderes em torno de 
suas propostas, processos que sempre, se derem frutos, serão de longo prazo.
Eu já me deparei com situações cômicas na cobertura de líderes, como quando um caminhão dos 
grandes estacionou ao lado do prédio do hotel Waldorf Astoria, em Nova York, exclusivamente para 
transportar ao aeroporto as malas da gigantesca delegação que o ex-presidente José Sarney levou a 
uma assembleia geral das Nações Unidas.
A TV Manchete, então devedora do Banco do Brasil e pendurada no governo, não pôs no ar a 
reportagem que fiz a respeito, mas outros colegas testemunharam — a repórter Renata Lo Prete, 
então na Folha de S. Paulo, viu o mesmo que eu e conseguiu emplacar a notícia no jornal.
É óbvio que, desde então, as redes sociais transformaram as comunicações institucionais e o próprio 
ciclo da notícia.
Por isso, os tweets de Donald Trump durante a cúpula do G-20 no Japão vão ser acompanhados de 
perto.
Porém, do que vi até agora, a viagem de Jair Bolsonaro pode estabelecer um novo recorde na 
degradação da política externa brasileira, mesmo no nível apenas formal, da simples educação com 
repórteres brasileiros e estrangeiros, para não falar de bobagens elevadas a assuntos de Estado.
Dois exemplos aparecem no vídeo acima.
Num deles, o mais bizarro, Bolsonaro conseguiu falar da bijuteria de nióbio sem dizer uma única 
palavra sobre a importância do nióbio brasileiro e o que está acontecendo com nossas reservas.
Por isso, o Viomundo trouxe de volta para a capa do site a reportagem de Marco Aurélio Carone 
Dodge.
Resumo: uma empresa estatal fixa seu teto de lucro em contrato, permitindo que a sócia privada 
fique com 75% do faturamento!
Curiosamente, a Lava Jato ainda não tem um núcleo de investigações em Minas Gerais. Não tem 
corrupção lá, é? Ou o Aécio Neves é uma “pessoa engraçada” — como o definiu o ex juiz federal 
Sérgio Moro, agora ministro da Justiça?