sexta-feira, 28 de junho de 2019

VERGONHA: BOLSONARO MENTIU ! REUNIÃO COM MACRON NUNCA ESTEVE NA AGENDA DO FRANCÊS E NO JAPÃO FALA SOBRE BIJUTERIA, SEM TER NOÇÃO DO ESCÂNDALO QUE ENVOLVE O NIÓBIO NO BRASIL

Uma das reuniões mais aguardadas da agenda do presidente Jair Bolsonaro no G20, uma reunião 
bilateral reservada com o presidente francês, Emmanuel Macron, aparentemente só existiu no 
cronograma do governo brasileiro. Na agenda do presidente brasileiro, havia uma reunião 
bilateral formal marcada para as 14h25. Na manhã desta sexta-feira (28), o Itamaraty e a Presidência 
informaram que a reunião bilateral havia sido cancelada, mas não deram motivo. A BBC News 
conversou com dois integrantes da delegação francesa em Osaka, no Japão, que mostraram a agenda 
de Macron e afirmaram: “Nós soubemos pela imprensa que havia reunião bilateral. Nunca houve 
essa previsão. O que há é uma conversa informal, após o almoço, num ambiente comum.”
por Luiz Carlos Azenha
Como correspondente, durante quase 20 anos cobri vários eventos internacionais, e visitei cerca de
50 países.
Na política, ficaram mais frescas na memória a visita de José Sarney à China, a do presidente eleito 
Fernando Collor ao Japão e a de Lula ao Haiti, acompanhando a seleção brasileira de futebol (passei 
mal por causa do calor e por pouco não acionei a Globo por apoio médico).
Estes eventos são frequentemente mais descontraídos, menos protocolares, já que giram em torno do 
encontro de apenas dois chefes de Estado.
Encontros de cúpula são muito mais formais, especialmente quando o futuro do planeta está 
realmente em jogo: foi assim quando vi Mikhail Gorbatchev e Ronald Reagan se encontrarem três 
vezes, primeiro em Reykjavik, na Islândia, depois em Moscou e Washington.
Ali ficou claro que era questão de tempo o Muro de Berlim desabar, o que também testemunhei 
pessoalmente. Foi o início de uma nova era na política internacional.
Finalmente, existem os eventos multilaterais. Frequentemente eles são menos ricos em notícias 
realmente importantes mas atraem uma tropa de jornalistas especializados, interessados em temas 
muito específicos.
O repórter russo quer saber do encontro entre Trump e Xi Jinping por causa da guerra comercial que 
tem repercussões planetárias, a repórter paquistanesa quer ver Putin com Modi pela implicações que 
isso pode ter na disputa fronteiriça entre Paquistão e Índia e a entrevistadora alemã vem ouvir 
Bolsonaro antes de um provável encontro com Angela Merkel, por causa dos contenciosos em torno 
da preservação ambiental entre Brasil e UE, notadamente Alemanha, França e Noruega.
Já estive na babel de repórteres e fotógrafos guiados por assessores feito gado até o Salão Oval da 
Casa Branca, a entrada do Palácio do Eliseu em Paris, o Grande Palácio do Povo em Beijing e o 
gigantesco Kremlin, em Moscou — onde, aliás, dei sorte, encontrei Mikhail Gorbatchev caminhando 
pelas alamedas com seus seguranças e, depois de tomar uns tapas, consegui a primeira entrevista não 
agendada com um secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética.
O evento fez as redes norte-americanas ABC, NBC, CBS e CNN baterem na porta de meu quarto de 
hotel em busca das imagens e saiu no Pravda e no Vremya, o Jornal Nacional de lá, tudo por causa 
do completo ineditismo.
Para os mais jovens, explico que os antecessores de Gorbatchev, como Leonid Brezhnev, se 
comportavam como verdadeiras múmias, muitas vezes reduzidas a figurantes de um poder que de 
fato já nem exerciam.
Mantinham distância quilométrica da imprensa e só se manifestavam em discursos escritos, sem 
qualquer improvisação.
A não ser por estes momentos simbólicos, de um Gorbatchev que surpreende o mundo com seu 
carisma e descontração, os encontros entre chefes de Estado frequentemente são arrastados, cheios 
de protocolo e muito chatos de cobrir.
Em geral, a diplomacia já fez todo o trabalho anterior e os líderes apenas formalizam algumas 
decisões, avançando outras de acordo com a capacidade de dialogar e aglutinar líderes em torno de 
suas propostas, processos que sempre, se derem frutos, serão de longo prazo.
Eu já me deparei com situações cômicas na cobertura de líderes, como quando um caminhão dos 
grandes estacionou ao lado do prédio do hotel Waldorf Astoria, em Nova York, exclusivamente para 
transportar ao aeroporto as malas da gigantesca delegação que o ex-presidente José Sarney levou a 
uma assembleia geral das Nações Unidas.
A TV Manchete, então devedora do Banco do Brasil e pendurada no governo, não pôs no ar a 
reportagem que fiz a respeito, mas outros colegas testemunharam — a repórter Renata Lo Prete, 
então na Folha de S. Paulo, viu o mesmo que eu e conseguiu emplacar a notícia no jornal.
É óbvio que, desde então, as redes sociais transformaram as comunicações institucionais e o próprio 
ciclo da notícia.
Por isso, os tweets de Donald Trump durante a cúpula do G-20 no Japão vão ser acompanhados de 
perto.
Porém, do que vi até agora, a viagem de Jair Bolsonaro pode estabelecer um novo recorde na 
degradação da política externa brasileira, mesmo no nível apenas formal, da simples educação com 
repórteres brasileiros e estrangeiros, para não falar de bobagens elevadas a assuntos de Estado.
Dois exemplos aparecem no vídeo acima.
Num deles, o mais bizarro, Bolsonaro conseguiu falar da bijuteria de nióbio sem dizer uma única 
palavra sobre a importância do nióbio brasileiro e o que está acontecendo com nossas reservas.
Por isso, o Viomundo trouxe de volta para a capa do site a reportagem de Marco Aurélio Carone 
Dodge.
Resumo: uma empresa estatal fixa seu teto de lucro em contrato, permitindo que a sócia privada 
fique com 75% do faturamento!
Curiosamente, a Lava Jato ainda não tem um núcleo de investigações em Minas Gerais. Não tem 
corrupção lá, é? Ou o Aécio Neves é uma “pessoa engraçada” — como o definiu o ex juiz federal 
Sérgio Moro, agora ministro da Justiça?

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