Kardec tem o coração e a alma no lugar certo, e garante com honestidade um discurso
Em cartaz no Cine XV, no Shopping Cidade dos Lagos, desde a semana passada, a superprodução
nacional Kardec, um filme que tem todos os atributos de um longa-metragem imponente: fotografia,
direção de arte, figurinos e locações, todos cuidadíssimos (filmado parcialmente em Paris), além do
uso de efeitos visuais eficientes. Tudo para contar a vida do lendário Allan Kardec, fundador da
doutrina espírita.
O que chama atenção logo de cara no drama é a recriação de época. Somos transportados para a
França de 1800, de forma indefectível. Kardec relata um período histórico, refletindo costumes
sociais de uma época, que se tornam por si só uma experiência atrativa para os estudiosos e
entusiastas do tema, independente de crenças e religiões.
Obviamente, Kardec é impulsionando como ‘filme religioso’, um filão cada vez mais pulsante ao
redor do mundo. E aqui temos como figura central a imagem de um homem responsável pela fé e
espiritualidade de milhões de pessoas pelo planeta. E quem sabe através de outros planetas e planos.
Allan Kardec, independente de qualquer outro fator, é uma personalidade icônica, e retratá-lo da
forma correta era imprescindível.
Baseado no livro de Marcel Souto Maior, quem comanda o espetáculo é o cineasta Wagner de Assis,
acostumado a lidar com personalidades maiores que a vida, sejam elas rainhas do entretenimento
como Xuxa Meneghel (a quem dirigiu em alguns filmes) ou espíritos em uma jornada transcendental
para o outro lado. Mas sim, como afirmou o próprio diretor, o segredo está em humanizar tais
figuras, as descendo do pedestal e apresentando todas as suas falhas, inseguranças e frustrações.
Não vamos contar mais detalhes dessa cinebiografia que tem levado muita gente aos cinema, Mas
como bem disse Pablo Mazarello no Cinepop, Kardec tem o coração e a alma no lugar certo, erante
com honestidade um discurso altruísta e amoroso, muito necessário – cada vez mais – atualmente. A
venda fácil é logo deixada para trás em nome de seus muitos predicados, certos de assimilar o grande
público de forma geral, para além de seu alvo (os já ‘convertidos’). A energia é tão positiva que nem
mesmo a falta de inovação ou frescor ao tratar o material (bem conservador e antiquado em sua
narrativa) se mostram empecilho para o misto de entretenimento e mensagem edificante.
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