quinta-feira, 16 de maio de 2019

A CRISE TERMINAL DO GOVERNO BOLSONARO


Por Renato Rovai
Depois da CPI que levou ao impeachment de Fernando Collor o jornalismo político cunhou como
tese implacável a frase: você não sabe como uma CPI começa, mas sabe como termina. Como se 
todas levassem um governo à breca. FHC fugiu das CPIs como o diabo da cruz. Lula as enfrentou e 
terminou seu segundo governo com 87% de ótimo e bom.
Digo isso para registrar que toda regra tem exceção, mas a lógica diz que um governo não se sustenta 
muito tempo quando entra em fogo cruzado. Mesmo que ainda não esteja vivendo uma CPI.
E este 15M colocou Bolsonaro no pior dos cenários possíveis para quem mal passou de 100 dias à
frente do Executivo.
Seguimos com a lista de sete fatos só deste 15M que indicam um caminho de isolamento e fim de 
governo.
1) Imaginava-se que os protestos de rua seriam grandes, mas eles foram gigantes e movimentaram 
centenas de cidades. Até o MBL se rendeu a eles, dizendo que furaram a bolha.
2) Imaginava-se que a Globo faria uma cobertura razoável, mas ela foi excessivamente correta com 
o tamanho dos atos. A GloboNews dividiu a tela entre protestos e a fala do ministro da Educação. E 
o Jornal Nacional fez um giro pelo país mostrando a dimensão do que aconteceu. Nada de registros 
frios. Uma clara declaração de guerra ao governo.
3) Imaginava-se que o ministro da Educação se saíria mal no Congresso, mas não que seria 
humilhado da forma que foi. E tratado sem a menor cerimônia pelos parlamentares.
4) Imaginava-se que Bolsonaro pagaria um mico ao viajar para Dallas, mas não que fosse chamado 
de bicão por Bush.
5) Imaginava-se que a denúncia contra Flávio Bolsonaro era pesada, mas não que ele tivesse 
criminosa.
6) Imaginava-se que qualquer veículo pudesse publicar um escândalo deste porte contra a família 
Bozo, mas nunca imaginaria-se que isso saíria na Veja.
7) Imaginava-se que o PIB do primeiro trimestre deste governo seria ruim, mas nao se imaginava 
que seria negativo.

E fora esss sete pontos, a UNE já convocou novos atos para o dia 30. Ou seja, isso indica mais 
mobilizações que podem levar outras categorias a se juntarem, tornando os protestos ainda maiores.
A verdade é que a tsunâmi do 15M prevista pelo presidente virou chuva ácida. E seu governo 
apodreceu antes de madurar. Entrou em estado terminal. Pode sobreviver? Pode. Mas se isso 
acontecer será um governo em estado vegetativo.

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