segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

NÃO FOI SÓ O ES-FAKE-AMENTO NÃO! Haddad seria presidente se caso Coaf tivesse vindo à tona na campanha


Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Por Renato Rovai
A eleição de Bolsonaro se torna a cada dia que passa mais ilegítima. Ele venceu sem ir a debates 
mesmo no segundo turno, quando isso é quase uma exigência em qualquer país democrático. E só 
pôde fazer isso porque foi protegido por autoridades da justiça e pelo governo Temer.
Fabrício Queiroz e sua filha foram exonerados dos seus cargos nos gabinetes de Jair Bolsonaro e 
Flávio Bolsonaro no dia 15 de outubro. Ou seja, no meio do segundo turno. A família não tomou a 
atitude à toa. Tinha ciência do relatório do Coaf e das movimentações criminosas que haviam sido 
feitas nas contas do assessor e dos Bolsonaros. Se naqueles dias, as denúncias que vieram à tona no 
dia 9 de dezembro tivessem surgido, Bolsonaro não teria tido como fugir dos debates e perderia a 
eleição.
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Pode parecer uma suposição exagerada, mas em eleição funciona assim. Alguns fatos mudam 
totalmente a dinâmica da disputa.
Foi o que aconteceu com a facada no mito. Antes dela, Bolsonaro tinha 22% dos votos. Alckmin já 
estava perto dos dois dígitos e partia para cima do candidato do PSL. Seus ataques começavam a 
surtir efeito. Uma propaganda em que um homem falava frases que Jair Bolsonaro tinha dito para 
Maria do Rosário à sua parceira numa mesa de restaurante tinha sido muito bem avaliada nas qualis 
e já preocupava os marqueteiros do mito que está virando palmito. Nos debates, Bolsonaro não era 
bem avaliado e perdia pontos. Aí veio a facada e ele teve 46% dos votos no primeiro turno.
Com esses dados de lavagem de dinheiro vindo à tona no segundo turno, Bolsonaro teria de deixar o 
lugar de bela adormecida e precisaria vir a público se explicar. De 15 de outubro em diante este tema 
catalisaria os debates nas ruas e nas redes e quanto mais se soubesse do assunto, mais votos ele 
perderia. E num segundo turno, votos perdidos são votos do adversário.
Em resumo, ao esconder a investigação, o MP e o governo Temer elegeram Bolsonaro. E se 
associaram à tragédia que o país está vivendo.
Ao mesmo tempo naquela eleição, entre outras coisas, Moro e os lavajateiros deram um jeito de 
vazar a delação de Palocci, também vazaram delação contra Eduardo Paes, o que favoreceu Witzel, e 
prenderam no meio da campanha o ex-governador Beto Richa, do PSDB. O que fez com que o 
candidato de Moro ao Senado fosse eleito.
Ou seja, o judiciário e o MP interferiram diretamente no resultado das últimas eleições e isso deveria 
ser fruto de uma investigação no legislativo. Não vai acontecer, infelizmente, porque muitos que se 
elegeram foram beneficiados por isso. Mas a história ainda vai ser contada. E muito mais se saberá 
dessa eleição que foi uma das mais vergonhosas da história do Brasil.

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