Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Por Renato Rovai
A eleição de Bolsonaro se torna a cada dia que passa mais ilegítima. Ele venceu sem ir a debates
Por Renato Rovai
A eleição de Bolsonaro se torna a cada dia que passa mais ilegítima. Ele venceu sem ir a debates
mesmo no segundo turno, quando isso é quase uma exigência em qualquer país democrático. E só
pôde fazer isso porque foi protegido por autoridades da justiça e pelo governo Temer.
Fabrício Queiroz e sua filha foram exonerados dos seus cargos nos gabinetes de Jair Bolsonaro e
Fabrício Queiroz e sua filha foram exonerados dos seus cargos nos gabinetes de Jair Bolsonaro e
Flávio Bolsonaro no dia 15 de outubro. Ou seja, no meio do segundo turno. A família não tomou a
atitude à toa. Tinha ciência do relatório do Coaf e das movimentações criminosas que haviam sido
feitas nas contas do assessor e dos Bolsonaros. Se naqueles dias, as denúncias que vieram à tona no
dia 9 de dezembro tivessem surgido, Bolsonaro não teria tido como fugir dos debates e perderia a
eleição.
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Pode parecer uma suposição exagerada, mas em eleição funciona assim. Alguns fatos mudam
Pode parecer uma suposição exagerada, mas em eleição funciona assim. Alguns fatos mudam
totalmente a dinâmica da disputa.
Foi o que aconteceu com a facada no mito. Antes dela, Bolsonaro tinha 22% dos votos. Alckmin já
Foi o que aconteceu com a facada no mito. Antes dela, Bolsonaro tinha 22% dos votos. Alckmin já
estava perto dos dois dígitos e partia para cima do candidato do PSL. Seus ataques começavam a
surtir efeito. Uma propaganda em que um homem falava frases que Jair Bolsonaro tinha dito para
Maria do Rosário à sua parceira numa mesa de restaurante tinha sido muito bem avaliada nas qualis
e já preocupava os marqueteiros do mito que está virando palmito. Nos debates, Bolsonaro não era
bem avaliado e perdia pontos. Aí veio a facada e ele teve 46% dos votos no primeiro turno.
Com esses dados de lavagem de dinheiro vindo à tona no segundo turno, Bolsonaro teria de deixar o
lugar de bela adormecida e precisaria vir a público se explicar. De 15 de outubro em diante este tema
catalisaria os debates nas ruas e nas redes e quanto mais se soubesse do assunto, mais votos ele
perderia. E num segundo turno, votos perdidos são votos do adversário.
Em resumo, ao esconder a investigação, o MP e o governo Temer elegeram Bolsonaro. E se
Em resumo, ao esconder a investigação, o MP e o governo Temer elegeram Bolsonaro. E se
associaram à tragédia que o país está vivendo.
Ao mesmo tempo naquela eleição, entre outras coisas, Moro e os lavajateiros deram um jeito de
Ao mesmo tempo naquela eleição, entre outras coisas, Moro e os lavajateiros deram um jeito de
vazar a delação de Palocci, também vazaram delação contra Eduardo Paes, o que favoreceu Witzel, e
prenderam no meio da campanha o ex-governador Beto Richa, do PSDB. O que fez com que o
candidato de Moro ao Senado fosse eleito.
Ou seja, o judiciário e o MP interferiram diretamente no resultado das últimas eleições e isso deveria
ser fruto de uma investigação no legislativo. Não vai acontecer, infelizmente, porque muitos que se
elegeram foram beneficiados por isso. Mas a história ainda vai ser contada. E muito mais se saberá
dessa eleição que foi uma das mais vergonhosas da história do Brasil.
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