quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

ANÁLISE: A GUERRA BOLSO X GLOBO E A COBERTURA DO FILHO DE MOURÃO

A Globo pode estar vendo mais longe que os brasileiros mortais e apostando no mercado 
futuro. Mourão pode ser o investimento para o que ela imagina ser uma possível derrocada 
rápida de Bolsonaro.
Por Renato Rovai
Ontem a apresentadora Renata Vasconcellos noticiou a promoção do filho do general Mourão para 
uma assessoria especial do novo presidente do BB, onde vai ganhar 36 mil reais por mês, lendo uma 
nota do vice presidente na qual ele acaba atacando o PT.
A notícia, também publicada no site das organizações Marinho, ressalta que há quem diga que, de 
fato, Mourãozinho merecia ter sido promovido antes.
Não há novidade em a Globo fazer isso com seus aliados. Ao contrário, essa é a regra. Mas por que 
faria algo tão generoso com um governo que está ameaçando-a com enormes cortes de verbas 
publicitárias? Por que faria isso com um governo que no mesmo dia mandou um parlamentar se 
reunir com representantes do SBT e da Record para explicar como é o seu projeto de lei de um 
mundo das publicidades sem o BV, um tipo de propina para as agências, que sempre beneficiou a 
Globo nas negociações com governos?
A Globo pode estar vendo mais longe que os brasileiros mortais e apostando no mercado futuro. 
Mourão pode ser o investimento para o que ela imagina ser uma possível derrocada rápida de 
Bolsonaro.
A primeira semana do capitão no governo foi um desastre. Além das notas fiscais de Onyx, dos 36 
mil de salário para o filho do Mourão e das fugas do Queiroz, que ontem se deixou fotografar de bata 
de hospital como já tinha feito o chefe, ainda teve as idas e vindas no debate da previdência, anúncio 
de juros mais altos para classe média na Caixa Econômica (isso é uma bomba para o setor da 
construção civil), a oferta e o recuo para instalação de base militar dos EUA no Brasil entre outras 
trapalhadas.
A Globo pode ter aliviado para o general Mourão exatamente para criar pontes com ele e, ao mesmo 
tempo, dar um recado para o capitão.
A guerra Globo x Bolsonaro ainda está começando. Pode não dar em nada. Mas foi sintomática a 
diferença de tratamento dada ao vice. Pode ser apenas um recado. Mas pode ser o início de uma 
operação mais elaborada. Pode ser que a Globo já tenha mais informações sobre descontentamento 
dos generais quatro estrelas com o estilo Bozo de governar. E ela pode ter escolhido seu lado nessa 
outra guerra. Em que ela seria parceira e não a jogadora principal.

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