quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

AMEAÇADO DE MORTE JEAN WYLLYS, DO PSOL, DESISTE DO MANDATO E DEIXA O BRASIL. BOLSONARO COMEMORA


Foi ele quem cuspiu no deputado Bolsonaro...
Com medo de ameaças, Jean Wyllys, do PSOL, desiste de 
mandato e deixa o Brasil. Bolsonaro Comemora

Em meio à grande repercussão da notícia de que o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) 
abandonou seu terceiro mandato e anunciou que deixará o Brasil, o presidente Jair Bolsonaro 
postou no Twitter a mensagem "grande dia", sem citar nomes; primeiro e único parlamentar 
assumidamente gay no Congresso, Jean foi o principal rival de Bolsonaro na Câmara e alvo 
diário de agressões e mentiras dele e de seus filhos
Eleito pela terceira vez consecutiva deputado federal pelo PSOL do Rio de Janeiro, Jean Wyllys vai 
abrir mão do novo mandato.
Em entrevista exclusiva à Folha, o parlamentar —eleito com 24.295 votos e que está fora do país, de 
férias— revelou que não pretende voltar ao Brasil e que vai se dedicar à carreira acadêmica.
Desde o assassinato da sua correligionária Marielle Franco, em março do ano passado, Wyllys vive 
sob escolta policial. Com a intensificação das ameaças de morte, comuns mesmo antes da morte da 
vereadora carioca, o deputado tomou a decisão de abandonar a vida pública.
"O [ex-presidente do Uruguai] Pepe Mujica, quando soube que eu estava ameaçado de morte, falou 
para mim: 'Rapaz, se cuide. Os mártires não são heróis'. E é isso: eu não quero me sacrificar", 
justifica.
De acordo com Wyllys, também pesaram em sua resolução de deixar o país as recentes informações 
de que familiares de um ex-PM suspeito de chefiar milícia investigada pela morte de Marielle 
trabalharam para o senador eleito Flávio Bolsonaro durante seu mandato como deputado estadualpelo
Rio de Janeiro.
"Me apavora saber que o filho do presidente contratou no seu gabinete a esposa e a mãe do sicário", 
afirma Wyllys. "O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, 
que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim", acrescenta.
Primeiro parlamentar assumidamente gay a encampar a agenda LGBT no Congresso Nacional, 
Wyllys se tornou um dos principais alvos de grupos conservadores, principalmente nas redes sociais.
Ele também se diz "quebrado por dentro" em virtude de fake news disseminadas a seu respeito, 
mesmo tendo vencido pelo menos cinco processos por injúria, calúnia e difamação.
"A pena imposta, por exemplo, ao Alexandre Frota não repara o dano que ele produziu ao atribuir a 
mim um elogio da pedofilia. Eu vi minha reputação ser destruída por mentiras e eu, impotente, sem 
poder fazer nada. Isso se estendendo à minha família. As pessoas não têm ideia do que é ser alvo 
disso", afirmou Wyllys.
Deputado federal eleito pelo PSL de São Paulo, Frota foi condenado em primeira instância na Justiça 
Federal, em dezembro do ano passado, a pagar uma indenização de R$ 295 mil por postar uma foto 
de Jean Wyllys acompanhada de uma declaração falsa: "A pedofilia é uma prática normal em 
diversas espécies de animal, anormal é o seu preconceito".
Wyllys se ressente, sobretudo, da falta de liberdade no Brasil. "Como é que eu vou viver quatro anos 
da minha vida dentro de um carro blindado e sob escolta? Quatro anos da minha vida não podendo 
frequentar os lugares que eu frequento?", questiona.
Também avisa que vai se desconectar das redes sociais temporariamente e que não pretende 
acompanhar a repercussão do seu anúncio.
"Essa não foi uma decisão fácil e implicou em muita dor, pois estou com isso também abrindo mão 
da proximidade da minha família, dos meus amigos queridos e das pessoas que gostam de mim e me 
queriam por perto", explica.
Sobre o futuro, ele ainda não tem planos definidos. "Eu acho que vou até dizer que vou para Cuba", 
ironiza.(...)

Nenhum comentário: