quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Euler, o matador de Campinas, é o típico cidadão de bem

Provavelmente Euler era um cidadão de bem atormentado, doente. Aliás, como muitos desses 
cidadãos de bem que ficam fazendo arminhas com os dedos das patas superiores.
Por Renato Rovai
A categorização “cidadão de bem” é uma das mais abestadas das abestadas definições desses tempos 
bolsominions. Quando o interlocutor precisa de uma justificativa para defender a tortura, a violência 
nas periferias, um escracho público ou mesmo uma agressão a um atendente de companhia aérea 
pelo atraso do voo, ele tira da cartola a frase “o cidadão de bem já não está aguentando mais”.
Em geral, este tal cidadão de bem é homem, branco, incompetente, frustrado e que carrega consigo 
todas as injustiças do mundo. Se sente violentado por não ter chegado onde o destino lhe deveria ter 
colocado.
O conceito de meritocracia dessa gente é o pior possível. Ele deve ser alguém porque nasceu pra 
isso. 
Mesmo que não tenha feito qualquer esforço para atingir tal objetivo.
Euler Fernando Grandolpho, 49 anos, era um cidadão de bem. Nasceu no dia 8 de março, dia 
Internacional das mulheres, de 1969. Mesmo quase cinquentenário, como bom cidadão de bem, 
morava com os pais em um condomínio fechado de uma área nobre de Valinhos. Cidadãos de bem 
prezam pela sua segurança e vivem resguardados por grades e muros.
Pela apuração de jornalista amigo deste blogueiro, Euler antes de ficar desempregado, foi auxiliar de 
promotoria no Ministério Público Estadual. Deixou o cargo há pouco mais de um ano, em julho do 
ano passado. Um cidadão de bem que trabalhou ao lado da lei.
Pois, Euler Fernando Grandolpho, entrou na Catedral Metropolitana de Campinas na tarde de ontem, 
sentou-se entre os fiéis e após o final da missa matou quatro, feriu outras cinco pessoas e deu fim a 
própria vida.
Provavelmente Euler era um cidadão de bem atormentado, doente. Aliás, como muitos desses 
cidadãos de bem que ficam fazendo arminhas com os dedos das patas superiores. Como um que 
virou presidente falando em matar “petralhas”. Ou outro que se tornou ministro do Meio Ambiente 
fazendo campanha prometendo usar munição contra javalis e o cidadãos do mal do MST.
Euler poderia ter apenas gritado na igreja. Feito uma confusão e ter saído de lá carregado. Mas ele 
estava armado. E matou inocentes. Pessoas inocentes que sempre são a justificativa para cidadãos de 
bem andarem armados.
Ainda há inocentes achando que as armas vão melhorar a vida de alguém. Mas não há só inocentes 
defendendo isso. Há muitos espertos também.
Entre eles alguns que vão matar pra continuar no poder. E que vão transformar chacinas como essa 
em combustível para defender que naquela igreja até o padre estivesse armado.

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