terça-feira, 30 de outubro de 2018

Armas para Todos: Bolsonaro defende posse e porte e define que os “inimigos internos” serão o MST e o MTST


Já passou da hora de parar de usar o termo “populista” para gente como Bolsonaro ou Trump. 
Não há nada na política deles para a classe trabalhadora, a não ser o racismo e a misoginia. 
Nacionalista branco — ou neofascista — é o termo correto. Economista Paul Krugman, 
colunista do New York Times, no twitter, corrigindo o próprio jornal, que se refere a Bolsonaro 
como “populista”
Da Redação
O presidente eleito Jair Bolsonaro (veja acima) lançou o que poderia ser chamado de programa Arma 
para Todos na primeira entrevista dada depois de ser conduzido ao Planalto nas eleições de domingo.
Na mesma ocasião, disse que o Programa Mais Médicos foi criado — pela presidenta Dilma Rousseff — para beneficiar a ditadura cubana.
Afirmou que fará mudanças no programa, com provável exigência de que os médicos cubanos façam 
o exame do Revalida antes de atuar no Brasil.
Médicos brasileiros fizeram intenso lobby contra o programa de Dilma quando ele foi lançado, em 
defesa de seu “monopólio” de mercado.
O Mais Médicos se tornou um grande sucesso entre pacientes e prefeitos, especialmente em 
municípios distantes, nos quais os médicos brasileiros não estavam interessados em trabalhar.
Falando à RecordTV, Bolsonaro disse que pretende aprovar ainda este ano modificações no Estatuto 
do Desarmamento, que reduziriam a idade mínima para ter posse de armas de 25 para 21 anos e 
tornariam a posse definitiva — sem renovação periódica.
Um projeto neste sentido já tramita no Congresso, sob intenso lobby da bancada da bala, que ajudou 
a eleger Bolsonaro.
O presidente eleito também defendeu que algumas categorias, como a dos caminhoneiros, possam 
portar armas.
Segundo a Pesquisa Nacional de Amostras por Domicílio, PNAD, o Brasil tem cerca de 2 milhões de 
caminhoneiros.
Com a posse permitida em domicílios e na zona rural, o país teria um fabuloso mercado para a 
indústria das armas.
Diferentemente do que muitos imaginam, este mercado não seria suprido pela fabricante brasileira 
Taurus, do Rio Grande do Sul, que hoje praticamente exerce monopólio no fornecimento às polícias.
Nesta segunda-feira as ações da Taurus, que haviam disparado ao longo da campanha eleitoral por 
conta do favoritismo de Bolsonaro, cairam quase 25% na Bovespa.
Analistas disseram que a empresa tem cinco anos consecutivos de prejuízos e provavelmente terá de 
enfrentar fabricantes estrangeiros na disputa pelo mercado brasileiro.
O filho de Jair Bolsonaro, o deputado federal Eduardo, um dos mais próximos assessores do 
presidente eleito, é favorável à quebra do monopólio da empresa, alegando falta de qualidade.
No ano passado, quando o Fantástico, da TV Globo, denunciou problemas com as armas da Taurus, 
um coronel do Exército protestou.
Ele chegou a atribuir o problema ao DNA da “esquerda internacionalista”:
Esta campanha da Globo de fato busca fechar a Taurus Armas, e representa a vontade de parte da 
comunidade internacional. Isto é um risco, se não houver patriotismo mínimo nosso, senão pelo 
menos piedade, com os interesses maiores da nação. A Taurus existe há quase 80 anos, resistiu a 
tudo, mas não resistirá a falta de patriotismo desta era de cegueira e alienação estratégica, fruto da 
anarquia plantada pelo DNA da esquerda internacionalista, sem Pátria, em que vivemos. […] Muitos 
mistérios a desvendar no real motivo desta campanha demolidora da industria bélica nacional. O 
tempo dirá quem tem razão.
Eduardo Bolsonaro rebateu com sua própria postagem no Facebook:
Sempre digo: um pedaço de ferro pode sair da fábrica eventualmente com um ou outro produto 
defeituoso? Sim, óbvio. O complicado é fazer um produto defeituoso em série e, pior, esse material 
tratar da vida das pessoas. Eu trocaria todos os demitidos da Taurus pela vida da PM Izabelle Pereira 
e de todos os feridos e mortos em disparos “acidentais”. Não quero quebrar a Taurus, mas como 
fabricantes como Glock, CZ, Sig Sauer e outras têm competência para produzir armamento de 
qualidade no exterior mas não podem fabricar suas armas aqui no Brasil embora tenham tentado? 
Essa pergunta sim não tem resposta…
As três empresas citadas por Bolsonaro, da Áustria, da República Tcheca e da Alemanha, estão 
muito interessadas no mercado brasileiro.
Elas participaram de uma consulta da Polícia Rodoviária Federal, ao lado da Taurus, da Imbel 
(Exército), da Israel Weapon Industries (Israel), da Beretta (Itália) e da maior fabricante dos Estados 
Unidos, a Smith & Wesson.
Na entrevista à RecordTV, Bolsonaro ligou a questão das armas ao que chamou de “invasões” do 
MST e do MTST.
Segundo afirmou, a posse das armas daria aos proprietários o direito de se defender daqueles que o 
neofascista quer enquadrar como “terroristas”.
O discurso de Bolsonaro parece obedecer ao manual do ex-assessor de Donald Trump, Steve 
Bannon, que agora se ocupa de promover um “movimento” mundial rumo à extrema-direita.
Trump acaba de deslocar 5.200 soldados para a fronteira sul dos Estados Unidos, alegadamente para 
“enfrentar” uma caravana de imigrantes civis desarmados que ainda está a milhares de quilômetros 
de distância.
A jogada do presidente estadunidense é política: ele corre risco de perder as eleições legislativas de 
meio de mandato marcadas para o dia 6 de novembro.
A “ameaça” dos imigrantes é essencial para mobilizar a base e manter a maioria no Congresso. Além 
disso, desvia o foco da matança de 11 pessoas, num ataque antissemita a uma sinagoga dos Estados 
Unidos.
O terrorista era um nacionalista branco — na definição de Krugman — e proprietário de 21 armas.
Assim como Trump faz com os imigrantes, Bolsonaro definiu inimigos externo e interno para 
alimentar o rancor permanente de seus eleitores: Venezuela e os “vermelhos” do MST e do MTST.
Não por acaso, Trump já convidou Bolsonaro para visitar a Casa Branca.
Segundo a Small Arms Survey, os Estados Unidos são os maiores exportadores de armas leves do 
mundo, seguidos por Itália e Brasil.

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