domingo, 23 de setembro de 2018

ANÁLISE: QUEM ESTÁ POR TRÁS DO ATENTADO NO IRÃ?


247, com HispanTV - O jornalista e analista internacional, Rasoul Goudarzi, mestre em Relações 
Internacionais da Universidade Azad do Irã, especialista em temas de Oriente Médio e Irã, analisa o 
atentado do último sábado na cidade de Ahvaz, no contexto geopolítico regional e internacional.
Mais um ataque terrorista ocorre no Irã. Desta vez o alvo foi um desfile militar na cidade de Ahvaz, 
no sul do país, deixando dezenas de mortos e feridos.
O atentado ocorreu no sábado (22), meia hora depois de iniciados atos comemorativos, quando 
vários terroristas, vestidos como soldados, dispararam contra a multidão que presenciava o desfile e 
também contra os militares que participavam do evento.
Deve-se mencionar que entre as vítimas mortais se encontravam crianças e jornalistas. 
Imediatamente dois grupos terroristas reivindicaram a autoria do atentado, o chamado Estado 
Islâmico e o A-Ahvaziya, apoiados pela Arábia Saudita.
As reações foram imediatas. O presidente do Irã, Hasan Rohani, advertiu que haverá uma resposta 
contundente e de imediato, afirmou: "A resposta da República Islâmica à menor ameaça será 
terrível". E acrescentou: "Os que dão apoio em matéria de inteligência e propaganda a estes 
terroristas terão que responder por isso".
Nesse mesmo sentido, o chanceler iraniano, Mohamad Yavad Zarif, acusou os patrocinadores do 
terrorismo e seus patrões estadunidenses pelos ataques terroristas e afirmou que os atacantes foram 
recrutados, treinados, armados e pagos por um regime estrangeiro.
A quem Zarif se referiu?
Imediatamente depois do ataque mortal, o assessor do príncipe herdeiro de Abu Dabi, Abdul Jaleq 
Abdulá, através de um tuíte defendeu o atentado, dizendo: "Um ataque militar a um alvo militar não 
é um ato terrorista". Acrescentou que "estender o conflito ao território iraniano é uma opção que 
tinha se manifestado antes e que aumentará no futuro".
Suas palavras concordam exatamente com as do príncipe herdeiro saudita que tinha afirmado 
previamente que se deve estender o caos ao território iraniano. Algo que põe em relevo que estes 
dois países podem estar por trás dos últimos dois ataques terroristas no Irã.
Deve-se mencionar que ambos os grupos terroristas que reivindicaram a autoria do atentado recebem 
apoios logísticos e financeiros de parte dos países do Golfo Pérsico. O objetivo principal dos 
patrocinadores é criar divisão no sul do Irã, para opor a minoria árabe local ao sistema.
Por que querem o caos no Irã?
O motivo reside no papel que Teerã desempenha nas equações regionais e sua postura antiterrorista. 
Desde o início dos conflitos na Síria e no Iraque, entre outros, há sete anos, o Irã se encontra na 
frente da luta contra os grupos terroristas que atuam na região para derrocar os governos do Iraque e 
da Síria. O resultado da presença iraniana foi o fracasso absoluto dos terroristas e a perda de sua 
influência que se estendia como uma sombra de morte na região.
É fácil entender que tais grupos não podem fornecer os fundos e os armamentos necessários para 
suas operações e devem receber ajudas. Portanto, o fracasso dos terroristas significa o de seus 
patrocinadores.
Neste caso, não só fracassou o plano da Arábia Saudita, dos Emirados Árabes Unidos e seus 
patrocinadores ocidentais de dividir a Síria e o Iraque para frear a influência do Irã na região, como 
também hoje o Irã tem uma maior influência na região e é considerado como um dos principais 
atores tanto nas equações regionais como internacionais. Algo que não agradou em absoluto esses 
países, razão pela qual se dedicaram a estender a insegurança ao território iraniano para poder assim 
reduzir sua influência.
Quais seriam as consequências de tais medidas 
desestabilizadoras?
Se nos fixamos bem na história recente do Oriente Médio, a região sempre esteve em conflito e isto 
mediante a presença direta e indireta dos estrangeiros, concretamente os Estados Unidos. O resultado 
deste cenário para os países da região tem sido o saque dos recursos petroleiros e a permanente 
insegurança que cobrou a vida de dezenas de milhares de pessoas. Mas para os Estados Unidos o 
resultado foi totalmente inverso, ou seja, beneficiou este país e seus aliados mediante a venda de 
armas e o saque de petróleo sem ter sido afetado negativamente.
Pode-se dizer que a perspectiva da situação no Oriente Médio tende a piorar e isto continuará 
enquanto os países da região não se unirem contra os planos separatistas e desestabilizadores de 
terceiros.

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