Adélio Bispo observa Bolsonaro pouco antes de atacá-lo, na foto de Fábio Motta Agência
Estado) publicada no Jornal do Brasil.
Marcelo Auler, em seu blog, relata a estranha movimentação em torno de entrevistas que,
liberadas pela Justiça, estariam para ser feitas com Adélio Bispo de Oliveira, aliás contra a
vontade da equipe de Jair Bolsonaro, a quem ele atacou a faca em Juiz de Fora, no dia 6.
Ontem, surpreendentemente – pois são imagens que já foram esquadrinhadas segundo a
segundo desde o dia da agressão – a Globo divulgou imagens de uma tentativa frustrada de
Adélio de atingir o ex-capitão, a centímetros de distância de seus seguranças e de policiais
federais, com gestos nada discretos que, entretanto, não teriam sido percebidos.
O fato ocorreu minutos antes do ataque consumado e não há o menor sinal de que o agressor
tivesse tido ajuda para se aproximar de seu alvo.
Todos sabem meu apreço as teorias da conspiração, mas ainda neste caso onde tudo é muito
obscuro e Auler nos põe a par do embrulho.
A quinze dias do primeiro turno das eleições, a movimentação em torno de Adélio Bispo de Oliveira,
réu confesso da facada desferida contra o presidenciável Jair Bolsonaro, em 6 de setembro, no centro
de Juiz de Fora (MG), desperta a atenção das assessorias jurídicas de candidatos receosos de
possíveis surpresas/armações que possam estar sendo urgidas na tentativa de interferir no resultado
do pleito.
Coincidência ou não, nessa última semana, ao mesmo tempo em que a Polícia Federal solicitou mais
15 dias para concluir a investigação que prometera entregar dia 21 passado (sexta-feira), ocorreu um
súbito interesse de órgãos de imprensa para entrevistarem Bispo, o agressor. Dos três pedido
protocolados, dois deles – da revista Veja e de Roberto Cabrini, do SBT –, foram autorizados, mas,
segundo consta, ainda não realizados. Um terceiro, de O Globo, está pendente de despacho.
O deputado Fernando Francischini, delegado federal licenciado e líder do PSL – partido de
Bolsonaro – na Câmara Federal, até tentou bloquear as autorizações. Alegou que isso poderá ser
prejudicial à candidatura. Porém não encontrou respaldo, O juiz Bruno Savino, da 3ª Vara Federal
em Juiz de Fora, não viu motivo para atender ao deputado e manteve as duas decisões. Embora não
tenham se manifestado até o momento, na cúpula do PT também há preocupação com esta
movimentação.
Tratamento diverso – Bispo encontra-se em prisão preventiva, enquanto a polícia trabalha no
inquérito que servirá de base a uma ação penal a ser aberta a partir da denúncia pelo Ministério
Público Federal. Está em um presidio cujo acesso, teoricamente, é limitado e controlado.
Ainda assim dois juízes federais
autorizaram jornalistas a entrevistá-lo.
Além de Savino, o juiz corregedor dos
presídios em Campo Grande, Dalton Igor
Kita Conrado, também teve que ser ouvido,
pois controla o acesso à penitenciária. Mas
não se opôs ao ingresso de jornalistas.
Já o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva cumpre uma antecipação de pena a
partir de uma decisão que fera a
Constituição justamente por não respeitar a
presunção de inocência que deve existir até
o trânsito em julgado de uma sentença
criminal.
Está recolhido a uma sala de estado maior
cujo acesso, teoricamente, é bem menos
cujo acesso, teoricamente, é bem menos
limitado do que em um presídio de
segurança máxima. Ainda assim, teve
todos os pedidos de entrevistas formulados
por jornalistas negados pela juíza Carolina
Moura Lebbos, da Vara de Execução Penal
em Curitiba.
Oficialmente, os advogados de Bispo, notadamente Zanone Manuel de Oliveira Júnior, de Contagem
(MG) e Fernando Costa Oliveira Magalhães, de Lagoa Santa (MG), que o visitaram no presidio
federal de Campo Grande (MS) na quinta e na sexta-feira, garantem que ele sustenta a mesma versão
apresentada logo após seu gesto transloucado, no centro de Juiz de Fora, em 6 de setembro. Insiste
que foi um ato solitário, sem mandantes. No dia em que foi preso, confessou ter agido “a mando de
Deus”.
Curiosamente, uma semana antes de pedir à 3ª Vara Federal de Juiz de Fora (MG) a prorrogação do
Curiosamente, uma semana antes de pedir à 3ª Vara Federal de Juiz de Fora (MG) a prorrogação do
inquérito, a Polícia Federal foi à penitenciária de Campo Grande. Sem qualquer comunicação à
defesa do preso, tomou seu terceiro depoimento. Até sexta-feira (21/09) os advogados desconheciam
o teor deste novo interrogatório. Souberam da versão apresentada pelo cliente.
De pronto, encaminharam à Justiça dois pedidos. Em Juiz de Fora, na 3ª Vara Federal, pediram
De pronto, encaminharam à Justiça dois pedidos. Em Juiz de Fora, na 3ª Vara Federal, pediram
acesso à integra do documento. Em Campo Grande, informaram ao juiz corregedor Dalton Igor Kita
Conrado (da 5ª Vara Federal) que não foram avisados do depoimento no presídio à Polícia Federal, o
que teria causado surpresa ao magistrado. Reivindicaram que o fato não ocorresse novamente.
Como ninguém esclarece o que foi falado neste novo interrogatório do dia 13, suspeita-se que ele
Como ninguém esclarece o que foi falado neste novo interrogatório do dia 13, suspeita-se que ele
tenha motivado o pedido de prorrogação do prazo. Um dos defensores admitiu essa hipótese. Afinal,
dias após o atentado, a polícia, convencida de que o atentado foi um ato de um “lobo solitário”, tal
como definiu o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, prometia encerrar a o IPL em 15
dias. Prazo que venceria sexta-feira (21/09). Na véspera pediu a prorrogação. Oficialmente, o
adiamento é atribuído à necessidade de concluírem os laudos periciais no notebook e celulares
encontrados com Adélio Bispo.
Cumprindo-se o novo prazo, o relatório da investigação poderá ficar pronto na véspera do primeiro
turno da eleição. Vazará, como ocorreu com a Operação Lava Jato, em outubro de 2014, no segundo
turno da eleição presidencial?
Os dois fatos – prorrogação das investigações e súbito interesse da imprensa em ouvir o réu-confesso
Os dois fatos – prorrogação das investigações e súbito interesse da imprensa em ouvir o réu-confesso
– provocam sérias suspeitas sobre uma possível utilização política do atentado na reta final do
primeiro turno. da campanha eleitoral.
Não será a primeira vez que se recorrerá à exploração de casos policiais na expectativa de se
interferir no resultado do pleito.
Os exemplos mais famosos se deram nas disputas dos segundos turnos de 1989 (Fernando Collor
versus Luiz Inácio Lula da Silva) e, mais recentemente, em 2014, quando Dilma Rousseff e Aécio
Neves concorreram.
Em 2014, na acirrada disputa entre Dilma e Aécio, a revista Veja antecipou sua edição 2397 na qual
publicava o depoimento do doleiro Alberto Youssef. Embora devesse estar sob sigilo foi
devidamente vazado sem qualquer consequência. Nele, o doleiro afirmava que a candidata à
reeleição, bem como seu padrinho político, o ex-presidente Lula, tinham conhecimento de toda a
bandalheira que ocorria na Petrobras.
Decorridos quatro anos desde que o vazamento veio a público na tentativa frustrada de impedir a
reeleição de Dilma, ela até hoje jamais foi denunciada por qualquer caso do chamado Escândalo da
Petrobras. Da mesma forma, Lula jamais teve comprovado seu envolvimento. Foi condenado e preso
em um processo julgado apressadamente em duas instâncias, sem que apontassem provas concretas.
Respaldaram-se apenas na deleção de outro réu. Um julgamento que vem sendo considerado suspeito
por mais de uma centena de juristas, brasileiros e estrangeiros, que analisaram os autos.
A pressa no julgamento e a prisão sem o trânsito em julgado da sentença – com o que ferem
frontalmente a Constituição – são vistos pelos críticos da decisão judicial como artimanhas judiciais
para impedir a candidatura do ex-presidente. Liderando todas as pesquisas de opinião, tinha
possibilidades de vencer no primeiro turno.
Em 1989, ocorreu uma tentativa de vincularem oPT aos sequestradores do empresário Abílio
Diniz. Capturado em uma segunda-feira, a
polícia somente chegou ao seu cativeiro no
sábado, 16 de dezembro, véspera do segundo
turno eleitoral em que Fernando Collor e Lula
disputavam a presidência da República.
A imprensa, respeitando um pacto para não
colocar a vida do empresário em risco, só
noticiou o crime a partir da descoberta e cerco
do cativeiro. Ou seja, a população, oficialmente
foi informada na véspera da eleição.
Para a rendição do grupo e a libertação do empresário foram fundamentais as participações do então
cardeal arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns – que ofereceu sua vida em troca da do
empresário – e do economista Luiz Carlos Bresser Pereira, amigo de Diniz e então diretor do Grupo
Pão de Açúcar, da família Diniz.
Quando a polícia resgatou o sequestrado e prendeu os sequestradores, divulgou que em um
apartamento utilizado pelo grupo, próximo ao cativeiro, foi encontrado amplo material de campanha
do Partido dos Trabalhadores. Dois dos sequestradores apareceram com camisetas da campanha de
Lula
Notícia amplamente explorada pelas redes de TV na tarde e noite do sábado, véspera do segundo
turno. Assim como foi destaque nos jornais no dia da votação. Anos depois descobriu-se que eles
foram obrigados a vestirem a camiseta. O envolvimento do PT com o caso jamais foi provado.
Entrevista à Veja falhou – A entrevista do réu confesso Adélio Bispo à Veja deveria ter ocorrido na
quinta-feira passada (20/09). Para realizá-la, a revista enviou a Campo Grande (MS) o repórter
Thiago Bronzatto que se apresentou no presídio federal naquele dia. Embora já tivesse a autorização
do juiz Savino, da 3ª Vara Federal de Juiz de Fora, ao que parece faltou a decisão final do juiz
corregedor do presídio, Kita Conrado, que deveria autorizar o ingresso da equipe de jornalistas. Tal
autorização foi para sexta-feira.
Bronzatto foi esperado no presídio na sexta-feira
por Zanone Oliveira Júnior, advogado de Adélio Bispo. A
defesa do preso, ao concordar com as entrevistas, impôs a
presença de algum advogado, no que foi acatada pelos
juízes. A espera foi em vão, pois o repórter não retornou ao
presídio, provavelmente porque a edição de Veja, àquela
altura, estava fechada.
O repórter é o mesmo que na edição nº 2581, com data de
09 de maio de 2018, mas que começou a circular na sexta-
feira anterior (04/05), escreveu a reportagem de capa na
qual dizia descrever os bastidores da vida de Lula dentro da
Superintendência Regional do Departamento de Polícia
Federal no Paraná (SR/DPF/PR). Entre outras coisas,
informava que o ex-presidente recebia diariamente injeção
de insulina no controle da diabetes.
Antes mesmo de a revista completar 24 horas circulando, a
Polícia Federal soltou nota desmentindo o noticiado. Nela,
especificou: Minucioso exame das imagens de circuito
interno de segurança permite verificar que o autor da
matéria não teve acesso à área restrita ao Ex-Presidente.
Grande parte das informações constantes na reportagem são equivocadas e imprecisas.
É absolutamente falso, por exemplo, que seja administrada insulina ao custodiado.
O jornalista esteve presente no edifício da Superintendência Regional recentemente, onde participou
de uma reunião com um servidor que não possui relação com quaisquer procedimentos relacionados
à custódia.
Embora o réu-confesso mantenha sua versão de ter agido sozinho, sem ajuda e sem estar cumprindo
ordens, ao que se suspeita a polícia, alguns políticos e jornalistas buscam provar o contrário.
Hipóteses das mais absurdas têm circulado, inclusive do financiamento da defesa dele pelo PCC, já
que um dos advogados atenderia presos daquela facção.
Zanone Oliveira Junior alega desconhecer isso e classifica os autores de tais especulações e boatos
de “muito criativos”. “Tem gente especulando de tudo, até que é por motivo político. Acho que o
delegado é imparcial, não acredito em nada disso não”, conclui.
Nos próximos 15 dias, porém, paralelamente às atenções as pesquisas eleitorais, muita gente ficará
de olho e ouvido atento ao que acontecerá na Penitenciária Federal de Campo Grande. Temem, ao
mesmo tempo que querem evitar, “novidades” que venham a interferir no resultado eleitoral.
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